sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Com Macri, Argentina passou de "Cambiemos" para "Jodemos"


Sem destaque, O Globo informa que a dívida argentina aumentou em cerca de US$100 bilhões desde dezembro de 2015, quando o neoliberal Maurício Macri entrou na Casa Rosada para impor na economia uma receita selvagem de centro-direita. Essa que candidatos brasileños querem copiar e agravar, dando sequência ao desmonte social implementado por Temer.

Os hermanos tiveram que se pendurar no FMI. O Banco Central deles já elevou os juros para 60%. A taxa de desemprego estava em pouco mais de 6% e já passou de 9%, em julho, com o ascensorista dizendo "subiiinnnndo"!

Macri se apresentou como o gestor que levaria a Argentina ao primeiro mundo. Conseguiu. Hoje, o hermano vai para a padaria levando uma maço de pesos e no caminho acessa a cotação do dólar para saber qual foi o aumento do dia do pan con mantequilla

O Mauricinho tinha tietes empolgados no Brasil, do mercado financeiro especulativo aos tiozões e tiazinhas colunistas de economia da mídia dominante. Era uma espécie de 'Justin Bieber' deles, que idolatravam o empresário como protetor de tela dos seus smartphones. Estão inconsoláveis.

Macri foi eleito por uma coligação chamada "Cambiemos'. Já mudou para nos "Jodemos".

Agência de checagem Casca de Ovo desmente boato - Revista Época não está fazendo propaganda eleitoral...

por O.V.Pochet

A revista Época publica na edição lançada hoje uma matéria sobre o visual de Jesus e os modelitos que ele usava. A matéria é enlatada, chega aqui com algum atraso - foi publicada pela historiadora Joan E. Taylor em The Conversation em fevereiro desse ano - e basicamente discute a aparência do líder dos cristãos, que jamais foi detalhada pela bíblia. Nos últimos anos, revisões estéticas desbancaram aquela imagem tradicional de um "Brad Pitt" em troca de feições mais típicas do biotipo que povoava a região entre o oeste da Ásia e o nordeste da África. Como estamos em pleno período eleitoral e atendendo a questionamentos dos leitores, a agência de checagem Casca de Ovo procurou várias fontes para esclarecer o assunto. E concluiu: é boato. Trata-se de uma matéria científica, a Época não está fazendo propaganda subliminar de Romário, atual candidato a governador do Rio de Janeiro.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Viu isso? É o "uber" financeiro. Sistema chinês de pagamentos móvel, que evita taxas extorsivas, está tirando o sono do cartel de banqueiros

Reprodução
O metrô de Londres exibe cartazes que começam a preocupar os carteis bancários mundiais.

A chinesa Alibaba desenvolveu uma plataforma de pagamentos móvel chamada Alipay que transfere valores de forma barata e fácil sem a intermediação e as altas taxas do sistema de cartões de crédito tradicional pagas por consumidores e lojistas.

A própria Alipay já não está sozinha no mercado. O novo ecossistema digital, que mescla mídia social e comércio, é também atendido pela WeChat Pay.

As duas plataformas já movimentam mais de 90% dos pagamento móveis chinesas e despontam como as mais valiosas do mundo. Banqueiros temem que a Amazon e o Facebook repliquem o sistema, o que seria um pesadelo ainda maior para as velhas corporações financeiras, que se tornariam tão obsoletas para o varejo como pontos de táxi desbancados pelo aplicativos de transporte.

A matéria está no site Truthdig.

O que incomoda o cartel financeiro é que os bancos entram nas transações apenas como lugar onde o usuário deposita o seu dinheiro, vinculando-o ao WeChat ou Alipay e fazendo retiradas eletrônicas comuns. "Com isso, o banco não recebe as altas taxas típicas de cartões de crédito", explica o Truthdig. Além disso, começam a ser implantados fundos de gestão próprios e até cooperativas ou comunidades onde os próprios usuários "carregam" o dinheiro que vão usar.

O Alipay foi criado em 2004 para permitir que milhões de clientes em potencial que não possuíssem cartões de crédito e débito comprassem no mercado on-line. O WeChat existe desde 2005. Mas só agora ambos se transformaram no principal meio de pagamento para os chineses e passaram a ambicionar alcance global. "Os consumidores podem pagar tudo com seus aplicativos móveis e podem fazer transações diretas de pessoa para pessoa. Todo mundo tem um código QR exclusivo e as transferências são gratuitas. Os usuários não precisam fazer login em um aplicativo de banco ou de pagamentos ao realizar transações. Eles simplesmente pressionam o botão "pagar" no aplicativo principal do ecossistema e seu código QR exclusivo é exibido para o comerciante digitalizar", resume o Truthdig.

A Amazon tem algo embrionário: um serviço relativamente novo chamado “Amazon Cash”, onde os consumidores podem usar um código de barras para carregar dinheiro em suas contas. Por enquanto, destinado apenas a quem não têm cartões bancários.

Quando ou se o sistema chegará ao Brasil, não é possível prever. O certo é que a famosa "bancada dos bancos" que reúne deputados que recebem financiamento eleitoral para serem os guardiões do sistema financeiro cartelizado vai ser convocada para mostrar serviço aos banqueiros e tentar barrar a nova economia.

Pode ser difícil impedir que a médio prazo o futuro atropele o lobby. Mas você conhece os podres poderes dos nossos "Odoricos", não duvide.

A matéria completa está no Truthdig, AQUI

WhatsApp alerta sobre notícias falsas


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Mamãe eu quero mamar... "Bolsa Mídia" de Alckmin dá uma força para Folha, Estadão, Veja, Istoé e Época. Leia reportagem exclusiva no DCM

Com base no Relatório de Gestão 2011-2014 da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin gastou cerca de R$28 milhões comprando sem licitação milhares de exemplares das revistas e jornais Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Veja (Editora Abril), IstoÉ (Editora Três) e Época (Editora Globo).

Reprodução DCM

Segundo apuração do DCM, em reportagem de Vinicius Segalla e Gustavo Aranda, as compras fazem parte de um programa de formação de docentes. "No mesmo período, o Estado derrubou o valor global investido na formação de seus professores em 67,8%. Já o montante consumido anualmente com os jornais não teve qualquer queda", informa o site, que completa: "De acordo com dados publicados pela Secretaria de Educação e pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, o recurso anual destinado ao treinamento dos docentes caiu de R$ 86,9 milhões para R$ 28,9 milhões. Já as compras de exemplares de periódicos não só não caíram como foram renovadas. Em novembro de 2015, só com a Folha e o Estadão, foram contratadas as compras de milhares de edições impressas diárias até 2017, a um custo adicional de R$ 6 milhões".

O polêmico programa de Alckmin teria como objetivo "incentivar a leitura" de professores de escolas da rede pública. A velha mídia agradece.

VOCÊ PODE LER A MATÉRIA COMPLETA SOBRE A 'BOLSA MÍDIA" 
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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Vinicius Jr. na terceirona, Paulinho no banco e Brasil na Quinta Divisão do futebol mundial... A culpa é do Titanic de Tite que bateu no iceberg belga...

por Niko Bolontrin 

Quem defende que o Brasil está hoje na Quinta Divisão mundial, depois da Inglaterra, Espanha, Itália e França, cujos campeonatos reúnem as maiores estrelas do futebol, ganhou fortes argumentos, ontem.

Reprodução jornal Marca

Vinicius Jr., ex-Flamengo, estreou no campeonato espanhol: disputou um jogo pelo Real Madrid B. Detalhe: o jogo foi da Terceira Divisão da La Liga.

Vinicius não fez gol, foi sacado do time no segundo tempo e a mídia espanhola considerou sua  estréia "discreta". O Real do B ganhou de 2X0 do Las Palmas Atlético.

Paulinho, ex-Vasco, outra promessa da nova geração do futebol brasileiro, ficou no banco no jogo em que seu novo time, o Bayern Leverkusen, perdeu para o Borussia Monchengladbach, pela Bundesliga.

Vinicius e Paulinho devem ser pacientes. Mesma alguns grandes craques, como Marcello, Jesus, Phillipe Coutinho, William e Neymar, perderam certo brilho após o fiasco da Rússia. No momento, estão ralando para recuperar relevância. Dois sobreviventes do Titanic de Tite na Copa do Mundo saem na frente: no último fim de semana, Neymar, com "nova postura", segundo a imprensa francesa, fez gol e foi aplaudido na vitória do PSG sobre o Angers por 3x1. E a torcida do Liverpool vibrou com defesas do goleiro brasileiro Allison no jogo em que seu time venceu o Bringhton por 1X0.

A coisa está tão feia que a CBF só conseguiu marcar seus próximos amistosos com El Salvador e Estados Unidos. Peru conseguiu adversários melhores: Holanda e Alemanha. Na retomada da preparação pós-Copa, os europeus farão amistosos mais produtivos: Croácia X Portugal,  Inglaterra X Suíça, Bélgica X Holanda, Croácia X Portugal...

O patrão ficou maluco! STF virou varejão...

por O.V.Pochê

O STF vai se reunir para julgar o preço do frete de caminhões. O ministro Fux é o relator. Jura que isso é assunto para corte constitucional do país? Se for, vou entrar com ADIs (Ações Diretas de Constitucionalidade) contra o preço do coco gelado, do aluguel de cadeira e barraca na praia, o torresmo do boteco, o dízimo superfaturado, o saco de gelo no posto, o preço da visita do desentupidor de privada, a caixinha de tomate mini, a fralda geriátrica da vovó, o sacolé gourmet de morango, o quilo de bacalhau... 

Já a votação da constitucionalidade do auxílio moradia para juízes pode acabar em pizza jurídica: alguns ministros defendem que o benefício seja "extinto", desde que incorporado aos salários da suas (deles) excelências... Entendeu?

Vale a pena ler de novo: saiba porque o mercado quer se apropriar do voto popular

O professor de Economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, publicou na Carta Capital, em 29/7/2017, o artigo "Capitalismo" brasileiro: todo poder emana do mercado". Na sua análise, mostrou o "fosso profundo entre os anseios da população e os desígnios dos detentores da riqueza financeira". 

É oportuna a releitura agora, na boca da urna.

As linhas gerais dos programas de Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Álvaro Dias, Marina Silva, Henrique Meirelles e João Amoêdo soam, com uma ou outra variação de tom, como música de harpa do paraíso aos fones do mercado.

Colunistas de política e economia da mídia dominante vão aos poucos relevando as questões morais, sociais, de comportamento etc, pregadas pelo capitão inativo à medida em que seu futuro ministro detalha sua certidão de casamento com comunhão de bens com o poderoso mercado financeiro.

Daqui a quatro dias começa a propaganda eleitoral na TV e no rádio, vista como a última chance para um candidato conservador, Alckmin, por exemplo, se viabilizar como opção a Bolsonaro. Caso isso não ocorra, a mídia porta-voz do mercado vai vestir de vez suas gandolas táticas e cravar apoio à trifeta mercado-capitão-general. Nessa ordem unida.    

Pouco mais de um ano depois da publicação do artigo de Fagnani, torna-se claro, quanto mais se  desenvolvem as campanhas eleitorais, que a maioria dos candidatos se apresenta mais sob a identidade de operador financeiro de faixa presidencial à disposição do mercado do que como um representante do povo. Para estes, o povo, esse obsoleto, é um mero ativo social desvalorizado a importunar o sistema com reivindicações recorrentes como emprego, saúde, educação, qualidade de vida, enfim, essas "irrelevâncias" que enchem o saco do mercado.

Veja abaixo alguns tópicos selecionados do artigo que você pode ler na íntegra AQUI

* "No passado, um prócer da ditadura sentenciou que "a economia vai bem, mas o povo vai mal". Hoje os sábios das finanças e seus porta-vozes não se cansam de repetir que a economia vai bem, apesar de o País ser governado pelo "chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil", da gravíssima crise institucional e da putrefação do sistema político e partidáriol A economia vai bem, a despeito da taxa de desemprego ter mais que dobrado em dois anos por conta das políticas de austeridade que provocaram a maior recessão da história."

* Vale tudo, desde que a equipe econômica seja preservada, pois nela se reúnem os únicos iluminados supostamente capazes de "proteger o País contra medidas populistas" e encontrar saídas para a recessão resultante das ideias desses mesmos atores, falsas saídas, as quais, por irônico que pareça, foram acolhidas pela candidata vitoriosa em 2014."

* "Sem desfaçatez e com aparente normalidade, os intérpretes do tal mercado arrogam-se o direito de falar em nome da sociedade que eles desprezam absolutamente. Se "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", como reza o primeiro artigo da Carta de 1988, soa como deboche a declaração do parlamentar que a preside de que e que 'a Câmara dos Deputados vai manter a defesa da agenda do mercado'."

* "Sem base científica consistente, impõem-se reformas "para o Brasil não quebrar, voltar a crescer e gerar emprego". Tanto faz se, no caso da reforma tributária e da reforma previdenciária, elas sejam rejeitadas, respectivamente, por 71% e 58% dos brasileiros. "Mas o mercado vai adorar, porque o capitalismo não é antiético, é aético."

 * "Escárnios à parte, o fato é que no Brasil todo o poder emana do mercado, que o exerce diretamente, ou por meio de representantes eleitos e porta-vozes travestidos de economistas e jornalistas. O fato é que, em ultima instância, o golpe jurídico-parlamentar é bem-vinda oportunidade para radicalizar o projeto liberal derrotado nas últimas quatro eleições. Em trinta anos, não há nada de novo no front. Parafraseando Cazuza, a conjuntura é 'um museu de velhas novidades'.

* "Essa construção inicia-se nos anos 1990s e prossegue com a "Agenda Perdida" (2002-2003), com o "Programa do Déficit Nominal Zero" (2005); após breve pausa, retorna com a "Agenda Brasil" (2015) e, de forma odiosa e antidemocrática, aí está hoje, no documento "Uma ponte para o futuro" –, que é uma negação do documento "Esperança e Mudança" (1982), escrito pelo mesmo PMDB –, agora transformado em "programa de governo" da coalizão espúria que está no poder. O mesmo projeto velho, com nova roupagem."

* "Em terceiro lugar, destruir o Estado Social de 1988, pois "as demandas sociais da democracia não cabem no orçamento". Privatizações, teto para gastos não financeiros, ampliação da desvinculação constitucional de recursos (de 20% para 30% do percentual de impostos da Desvinculação de Receitas da União), Reforma da Previdência e da Assistência Social, terceirização irrestrita, desmanche da legislação do Trabalho e Reforma Tributária a favor dos mais ricos (além dos ataques recente ao FGTS e ao programa Seguro-Desemprego), estão em curso, sob o rolo compressor do Congresso e contra a sociedade, mas afinado com 'a defesa da agenda do mercado'."

* "Os donos do Brasil jamais aceitaram os avanços sociais de 1988, fruto da longa luta pela redemocratização do país. O "capitalismo" brasileiro não aceita, sequer, conquistas mínimas da socialdemocracia europeia, aqui taxadas de 'populistas' e 'bolivarianas'. "

domingo, 26 de agosto de 2018

Era fake news...


A edição do JB reproduzida aqui é de 1969. O ditador Garrastazu Médici ocupava a presidência e prometia "a volta ao regime democrático".

O JB, que ao lado da grande mídia (exceção da Última Hora), apoiou o golpe, acreditou.

Era fake news.

Na prática, encenação à parte, Médici foi nomeado por uma "ordem do dia" emitida pelos generais.

No ano que vem, 50 anos anos depois, tomará posse o presidente que vai sair das urnas. No momento, sem levar em conta a liderança de Lula, as pesquisas indicam que a chapa que enfileira dois militares da reserva, defensores da ditadura, pode subir a rampa.

Vai descer mesmo essa ladeira Brasil ?

Pornochanchada na ditadura: os filmes que os censores liberavam no escurinho do cinema da Divisão de Censura




por Ed Sá 

O documentário "Histórias que nosso cinema não contava", sobre os filmes brasileiros que mais atraiam público nos anos 1970 entrou em cartaz.

Dirigido pela cineasta Fernanda Pessoa, o filme retrata o fenômeno das pornochanchadas em plena ditadura militar. Em centenas de filmes, o gênero expôs o machismo e a visão estereotipada da mulher, mas revelou comportamentos, ambientes e referências do Brasil sob o regime militar.

Na época, a revista EleEla, da Bloch Editores, lançada em maio de 1969, estava sob censura prévia. Decreto dos militares, número 1077,  assinado em janeiro de 1970, declarava guerra à sensualidade e estabelecia o veto a revistas ou livros que exibissem mulheres nuas.

Curiosamente, no escurinho das salas da Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal, censores e censoras que mal seguravam a excitação moral e cívica não passavam a tesoura na nudez das musas da pornochanchada e deixavam escapar muitas cenas de sexo. Na época, dizia-se que interessava aos guardiões da família liberar um pouco de sacanagem. Seria o circo oportuno para disfarçar as putarias propriamente ditas que o regime fazia com o país fora das salas de cinema.

Veja o trailer, clique AQUI

sábado, 25 de agosto de 2018

As mensagens cifradas e difusas da capa da Veja sob Recuperação Judicial e o recado mais claro do New York Times sobre o capitão dos "dark days"


A capa da Veja dessa semana está gerando as mais variadas interpretações. A revista tem uma antiga tradição de apelar para o terror jornalístico em campanhas eleitorais, mas o recado dessa semana é simbólico e de múltiplas telas. Para internautas a imagem apavorada pode servir para a selfie dos Civita atolados em dívidas; pode também retratar o drama dos funcionários da Abril, vários deles da própria Veja,  que foram demitidos e tiveram suas indenizações atreladas aos demais credores no processo de Recuperação Judicial da empresa; retrata, quem sabe a angústia da velha brigada colunista de ódio, alguns já afastados; pode ser a imagem apreensiva dos credores do grupo encalacrado; e há até quem peça a Freud para explicar porque na recriação do quadro O Grito, de Munch, a boca do indigitado parece clonada de uma boneca inflável. Chupa essa!

A agenda de Bolsonaro não se choca tanto assim com a pregação da Veja, o que ficará claro na hipótese de um confronto entre o capitão e Haddad. Dai, a revista amplia seu leque de "terror", lamenta a paralisia de Alckmin, se assusta por enquanto com Bolsonaro e definitivamente com Lula.  O New York Times, em matéria no seu site, identifica com maior foco a ameaça de retorno aos dark days.

Checagem de fake news... Advogado de porta de cadeia, Alckmin faz figuração de "pobre", Globo não "curte" mais o Face de Maluf, candidato promete "cerveja digna" para todos, Branca de Neve morreu e a Disney escondeu o fato...

por O.V.Pochê 

* Estadão revela que ao deixar o governo, Temer pretende voltar à advocacia. Será especialista em "pareceres". Ao contrário do que notícias falsas definem, especialista em parecer não é o que "parece" inocente, "parece" presidente, "parece" legítimo, "parece" constitucionalista, "parece" que tem que manter isso, viu? Também não é verdade de que ele será advogado de porta de cadeia nem que atuará pelo lado de dentro.


* Alckmin em momento Geraldo. Circula no twitter a figuração instante exato em que o candidato tucano veste a fantasia do que o programa do PSDB define como "pobre cenográfico segurando sua marmita". Não é verdade que dentro da marmita Alckmin em tour nordestino carregava como entrada Tartare de Salmão e como prato principal, le plat du jour aliás, um rolê de vitela com cogumelo e acelga. A sobremesa era frugal, um simples Ile Flottante para não parecer esnobe no sertão.

* Alckmin acreditou nos colunistas e comentaristas e se mandou pro sertão. A mídia costuma enfatizar o apoio a Lula só como "coisa do Nordeste". Pesquisa do Ibope (de 16 a 22 de agosto) mostra que a análise tem falso fundamento. Entre 20 estados pesquisados, Lula lidera em 18. Só perde para Bolsonaro em Santa Catarina e Roraima. Em grandes colégios como Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, o capitão inativo leva goleada. Essa é a real news. Se Lula vai transferir votos para Fernando Haddad é outra história que só poderá ser pesquisada com precisão no curso da campanha.

* Se existisse Facebook nos tempos da ditadura e até muitos anos depois, a página de Paulo Maluf teria muitas "curtidas" do Globo. Ambos também seriam do mesmo grupo no Whatsapp e compartilhariam stories no Instagram. Por motivo de força maior, só recentemente Maluf teve que deixar a comunidade. O jornal publica hoje pequeno editorial em que festeja"enfim" a cassação pela Câmara do mandato de deputado por crime de lavagem de dinheiro. Mas não é verdade que O Globo, na seção "Desculpa Aí" pede perdão oficial pelos longos anos em que apoiou com entusiasmo o ex-prefeito e governador de São Paulo.

* A direita brasileira caminha rápido para voltar à Alemanha dos anos 1930. Depois de defender que a escravidão foi um programa sócioeconômico inventado pelos próprios negros, prega, agora, que os judeus se entregavam aos carrascos dos campos de concentração "por falta de motivação".  Mas, não estão confirmadas, por enquanto, outras afirmativas do tipo como dizer que os índios se suicidavam ao verem os bandeirantes.

*  É comum e compreensível a glorificação de personalidades falecidas, mas não é verdade o boato de que Otávio Frias Filho vai ser canonizado.

* Não é fakenews - João Pescocinho (foto), candidato a deputado distrital de Brasília promete, se eleito, "cerveja digna" para os cidadãos. E cervejinha na sombra. A notícia é do Conexão Jornalismo. Ouça o áudio AQUI

* Era uma vez uma fake news. Branca de Neve morre no fim do filme clássico de Walt Disney. O beijo do príncipe é, na verdade, o beijo da morte dado pelo Ceifador. As nuvens que envolvem o castelo, no final, representam o paraíso e a vida após a morte. O desfecho fatal foi amenizado para não chocar o público e por não ser comercialmente favorável. "Foi para evitar que crianças surtassem", argumenta o pesquisador Matt Morgan.
A personagem Branca de Neve foi inspirada em uma aristocrata alemã do século 19 e embora em 1937, quando o filme foi lançado, não existisse o "politicamente correto",  teve outros trechos adaptados.  A nobre marquesa, que morreu envenenada aos 21 anos, por uma madrasta não aprovava seu casamento com Felipe II, da Espanha, era dona de minas de carvão onde explorava trabalho escravo infantil. Na ficção da Disney, os garotos viraram os Sete Anões. Se essa teoria destrói lembranças e atrapalha um tema muito usado em festas de aniversário, reclame com o Daily Mail, que publica a matéria que rasga de vez a fantasia.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Vai ver? Os "anos loucos" de Sérgio Cabral vão virar filme...

por Ed Sá 

Lauro Jardim, do Globo, revela hoje na sua coluna que a cineasta Daniella Thomas fará um filme inspirado no ex-governador Sérgio Cabral.

Daniella é filha de Ziraldo, amigo de Sérgio Cabral pai, que foi parceiro do cartunista no Pasquim.

Não há maiores detalhes sobre o roteiro, se chegará ao regabofe dos guardanapos cabralianos em Paris ou se será um thriller psicológico.

Comédia, não é.

Segundo o colunista, o drama vai se desenrolar em torno de uma adolescente, filha de um ex-governador que vê sua vida desabar sobre uma montanha de bilhões de dólares da corrupção.

O mago em transe... Paulo Coelho dá entrevista, mas se estressa e pede que repórter apague tudo...


Como parte da divulgação do seu novo livro, "Hippie", Paulo Coelho concordou em dar uma entrevista para a revista XLSemanal, do jornal espanhol ABC. A repórter Virginia Drake parecia desconfiar que a tarde à margem do Lehman, em Genebra, na Suíça, poderia não acabar bem. "Sempre paguei um preço por tudo o que fiz. Por exemplo, esta entrevista", disse o mago, como que abrindo os trabalhos. O escritor se irritou com perguntas sobre sua fortuna, não gostou que a repórter duvidasse quando afirmou "sigo siendo hippie", nem quando disse que "dinheiro é uma abstração",
Veja em XLSemanal a conversa que o mago preferia que não tivesse acontecido.
CLIQUE AQUI 

Grupo Abril demite jornalistas e não paga...

Como todas as grandes empresas jornalísticas, a Abril defendeu a reforma trabalhista como um talibã se agarra ao seu Corão. Achou até pouco, a abdução de direitos sociais soa como música zen para os princípios neoliberais da casa.

Agora está explicado: a Abril agia em causa própria. 

O Comitê dos Jornalistas Demitidos da Abril, reunido no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, divulgou ontem um comunicado oficial no qual denuncia um golpe da editora sobre centenas de profissionais demitidos. A empresa, na prática, liga o foda-se: congela o pagamento de indenizações e vincula todas as verbas rescisórias ao longo processo de recuperação fiscal que se inicia.  

Leia o comunicado dos ex-funcionários: 

"Abril demite e não paga"

"Posição oficial dos jornalistas dispensados pela Editora Abril"

"Na manhã de 6 de agosto, os funcionários da Editora Abril foram surpreendidos pelo fechamento de revistas do grupo e pela dispensa em massa de jornalistas, gráficos e administrativos. Nos dias seguintes, os números estavam em torno de 800 profissionais. Ao todo, 11 títulos foram encerrados. Na vida particular dos empregados da Abril, as medidas têm sido devastadoras. A empresa desligou de forma injusta, sem negociação com as entidades de representação trabalhista e sem prestar esclarecimentos oficiais. 


Em 15 de agosto, nove dias após o início das demissões, a Abril entrou com pedido de recuperação judicial (acatado pela Justiça) incluindo nesse processo todas as verbas rescisórias dos dispensados e também a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Ou seja, um dia antes do prazo final para indenizar integralmente os ex-funcionários, a empresa realizou a manobra, fazendo crer que as duas ações (demissão em massa e pedido de recuperação judicial) foram arquitetadas em conjunto, tendo como um dos seus objetivos não pagar os empregados.

Além disso, suspendeu a prestação de contas (antiga homologação), não liberou a chave para o saque do FGTS e as guias do seguro-desemprego, deixando os demitidos sem nenhuma cobertura financeira. Quando tentam contatar o RH, recebem informações contraditórias – portanto, os demitidos permanecem no escuro.

A Editora Abril há muito vem descumprindo outros compromissos com as mulheres e os homens que se doaram e participaram bravamente de um esforço cotidiano para que a empresa se recuperasse da crise pela qual enveredou. Um exemplo: os profissionais desligados em 2017 e no começo deste ano viram suas indenizações sendo pagas em parcelas, algo considerado ilegal. Com a recuperação judicial, eles tiveram as parcelas finais congeladas. Assim, pessoas que não mantêm vínculo com a empresa há pelo menos sete meses se encontram listadas como credoras e impedidas de receber o que resta. Foram também atingidos fotógrafos, colaboradores de texto, revisão e arte, que, igualmente, não verão o seu dinheiro.

Deixemos clara nossa profunda indignação com o fato de a família proprietária da Editora Abril – que durante décadas acumulou com a empresa, e com o nosso trabalho, uma fortuna na casa dos bilhões de reais – tentar agora preservar seu patrimônio e não querer usar uma pequena parte dele para cumprir a obrigação legal de nos pagar o que é devido.

Por fim, é preciso considerar o prejuízo cultural da medida. Com o encerramento dos títulos Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, Viagem e Turismo, Mundo Estranho, Guia do Estudante, Casa Claudia, Arquitetura&Construção, Minha Casa, Veja Rio e Bebe.com, milhares de leitoras e leitores ficaram abandonados. Para a democracia brasileira e para a cultura nacional, a drástica medida representa um enorme empobrecimento. Morrem títulos que, ao longo de décadas, promoveram a educação, a saúde, a ciência e o entretenimento; colaboraram para a tomada de consciência sobre problemas da sociedade; formaram cidadãos e contribuíram para a autonomia e o desenvolvimento pessoal de todos os que liam e compartilhavam a caudalosa quantidade de conteúdos produzidos pelas revistas impressas, suas versões digitais ou redes sociais. Nada foi colocado no lugar desses veículos, abrindo enorme lacuna na história da comunicação no nosso país.

Parte da crise, sabe-se, é global e impactou a imprensa do mundo inteiro. Outra parte deve-se ao fato de a Abril ter perdido o contato com a pluralidade de opiniões e se afastado da diversidade que caracteriza a população brasileira. Uma gestão sem interesse no editorial sucateou as redações, não soube investir em produtos digitais e comprometeu a qualidade de suas publicações sob o pretexto de “cortar custos”. Além disso, deu ouvidos apenas a executivos e consultorias, sem levar em consideração os profissionais da reportagem e o público.

Neste momento difícil para toda a nação, com o desemprego se alargando, nós, jornalistas demitidos, estamos organizados e contando com o apoio do Sindicado dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). Também estamos unidos às demais categorias – gráficos e funcionários administrativos. É uma demonstração de tenacidade na defesa da integralidade dos nossos direitos e um sinal de prontidão para enfrentar as necessárias lutas que virão. Não pedimos nada além do que o nosso trabalho, por lei, garantiu.

São Paulo, 20 de agosto de 2018

Comitê dos Jornalistas Demitidos da Abril"

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Pegando carona na nova Guerra Fria... Aston Martin relança o carro que James Bond usou em 007 Contra Goldfinger

Sean Connery e o Aston Martin do filme Goldfinger. Reprodução

Aston Martin relança o carro que James Bond usou em Goldfinger. É o marketing da nova Guerra Fria.
Foto:Aston Martin/Divulgação
por Jean-Paul Lagarride

No embalo da Guerra Fria contra a Rússia e a China revitalizada por Donald Trump e, em segundo plano, pela paranoia britânica, as mais diversas marcas descobrem um jeito de faturar. Que a corrida armamentista revigorada e a fabricação de conflitos enchem cofres é jogo antigo. A venda de abrigos antinucleares nos Estados Unidos também está em alta. A novidade é que a cultura pop não fica atrás. Sites de memorabilia soviética que oferecem relógios, pôsteres, mostradores do cockpit de Migs, peças de uniforme, viseiras, bandeiras e insígnias etc se espalham na internet. Em Moscou, um museu de videogames e fliperamas dos tempos de Nikita Kruschev e Leonid Brezhnev é um dos mais procurados por turistas.

Nessa onda de nostalgia da Bomba H, está de volta para venda ao público o Aston Martin DB5. Se não liga o carro a pessoa, foi o famoso modelo que o agente criado por Ian Fleming usou em 007 Contra Goldfinger, de 1964, e 007 Contra Chantagem Atômica, de 1965, dotado de metralhadoras embutidas nos faróis, assento ejetor e outros gadgets. A versão civil 2018 agora à venda não traz equipamentos mortais, mas, entre outros, o dispositivo giratório que trocava placas está mantido. O revival do DB5 é iniciativa da Aston Martin em parceria com a EON Productions, que realiza os filmes de Bond.

O preço só está ao alcance dos serviços secretos dos países ricos ou dos vilões milionários ou, ainda, dos ricos delatores premiados da Lava Jato: 3,5 milhões de dólares para entrega em 2020.

Vai vendo essa historinha ilustrada de como empresas não devem brincar com redes sociais. É sobre a mentira da Samsung que viralizou na web...

O post original da Samsung e...
...a mentira desmascarada por um internauta e assumida depois pela Samsung, que saiu de fininho e apagou os posts. A crise de imagem deve ter sobrado para a "estagiária'.  

MAIS INFORMAÇÕES NO FHOX, CLIQUE AQUI

Viu isso? Artista plástica Adriana Varejão revitaliza casa projetada por Oscar Niemeyer e matéria é destaque no New York Times, hoje


Assim o New York Times descreve a casa, no Jardim Botânico, projetada por Oscar Niemeyer e recentemente renovada. "É uma pilha de caixas brancas ao longo de um morro, em ângulos retos contra a flora verde exuberante do Brasil, com uma escada em espiral para alcançar a caixa mais alta, que se assemelha a uma torre com vista para a cidade. As falésias que circundam a torre do Rio se elevam drasticamente, além das quais surgem os braços estendidos da estátua do Cristo Redentor da cidade". 

Originalmente, Niemeyer projetou a construção a cunhada Carmen Baldo. Há alguns anos, os filhos de Baldo venderam a propriedade para Adriana Varejão e seu parceiro, o produtor de cinema Pedro Buarque. Para o NYT, a restauração "homenageia a herança e a filosofia arquitetônica de Niemeyer - suas sensibilidades líricas e idiossincráticas, perfeitamente adaptadas ao terreno montanhoso, com grandes espaços abertos onde o interior se mistura perfeitamente com o ambiente. lado de fora.

VEJA FOTOS E LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO NYT,  AQUI

domingo, 19 de agosto de 2018

Samba dos Jornalistas no Baródromo. É terça-feira, 21/8



(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

"Este show é o primeiro esforço externo que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) realiza para arrecadar fundos, indenizar os empregados e saldar pequenas dívidas. O Baródromo gentilmente nos cedeu o espaço e o palco, e todos os artistas abriram mão de qualquer cachê para ajudar ao SJPMRJ.

Com o fim do imposto sindical e o desemprego crescente, a entidade está vivendo uma crise financeira sem precedentes na sua história. A diretoria continua atenta e atuando, em revezamento, para atender à categoria – trabalho voluntário sem qualquer tipo de remuneração.

No evento, será divulgada uma assembleia para resolver a venda ou não de parte do patrimônio do SJPMRJ para pagar dívidas.

Não se esqueça: é o SJPMRJ que negocia seus reajustes e briga pela manutenção dos seus direitos. Portanto, está nas mãos dos jornalistas cariocas o presente e o futuro do SJPMRJ. Não deixe a nossa Casa cair! Não vamos dar este gostinho aos pilotos das barcas, aos comandantes dos passaralhos e aos sabujos patronais.

Venha ao samba, traga um grupo de colegas, curta os shows, brinde com os amigos e faça novos amigos!

Contamos com você! Ajude a salvar o SJPMRJ.

SAMBA DOS JORNALISTAS NO BARÓDROMO

Apresentação: Maurício Menezes (Plantão de Notícias)

Artistas confirmados:

*André Lara *Agrião *Dorina *Gabriel Azevedo (Casuarina)

*Gabriel Cavalcante * Gustavo Martins

*Jorge Nunes * Marcelinho Moreira * Mário Medella

*Muxima Muato * Reza a Lenda * Paulão Sete Cordas

* Sara Shi * Tania Malheiros * Tetê Cavalcanti

E quem mais chegar!

Produção e venda de ingressos antecipados:
9-8761-4039 / 9-9889-4435 – Dir. de Comunicação do SJPMRJ
Ingressos: antecipados: R$ 25,00 e R$ 30,00 na bilheteria"

Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro


Bossa Nova, 60 anos: o Globo resgata foto histórica da Manchete


O Segundo Caderno do Globo publica hoje boas matérias especiais sobre os 60 anos da Bossa Nova. Um dos textos, o de Joaquim Ferreira dos Santos, é ilustrado com uma foto da Manchete, devida e justamente creditada. Nara Leão e outras jovens ouvem o violão de João Gilberto nas areias de Ipanema.

Reprodução Revista Manchete, 1959.

Uma "roda de violão" histórica vista em uma série de fotos de Carlos Kerr. Naquele dia, o repórter Aloísio Flores fez um dos primeiros registros da Bossa Nova em revista. A partir de 1958, a Manchete, principalmente sob a direção de Justino Martins, cobriu com regularidade o nascimento do novo gênero musical. Os arquivos sumidos da extinta Bloch guardam ou guardavam centenas de fotos dos primeiros acordes da revolução musical que embalou Ipanema e seduziu o mundo. Memória que, ainda bem, rompe o esquecimento em reprodução digital como essa que O Globo resgata.

A força-tarefa do sistema na mídia - por Dênis de Moraes


Reprodução Blog da Boitempo

por Dênis de Moraes, para o Blog da Boitempo

Em um dos seus textos mais imprescindíveis, lido ao receber o título de professor emérito da Universidade de São Paulo no dia 28 de agosto de 1997 e publicado postumamente em livro, pela primeira vez, em Combates e utopias: os intelectuais num mundo em crise, por mim organizado [1], Milton Santos delineou o cenário que hoje se consolida: a “instrumentalização pela mídia” de intelectuais que trabalham no interior das organizações do setor, ou que, vinculados à academia, ao mercado ou a instituições específicas, com elas se entrelaçam por convergências político-ideológicas ou motivações outras.

Não escapou à aguda percepção do mestre da geografia humana que a reputação do intelectual já não depende do valor de sua obra e da força de suas tomadas de posição; agora, confunde-se com a consagração pelas engrenagens midiáticas, baseada na visibilidade alcançada pela inserção nos veículos por elas controlados. Daí a reação de Milton contra o declínio da figura do intelectual crítico na sociedade de telas e monitores: “Nosso trabalho não é produzir flashes, frases, mas ajudar a produzir consciência. A cautela do intelectual perante a mídia televisiva não significa recusá-la, porque ele necessita da difusão de seu trabalho. Mas é necessário ser prudente, prudência que vem apenas da consciência plena do papel que temos para exercer.”

Com efeito, a maior parte dos espaços de opinião na chamada grande mídia está atualmente preenchida por dois tipos de intelectuais: aqueles formados dentro das próprias empresas ou por elas projetados (colunistas, comentaristas, âncoras, autores, roteiristas, etc.), em sintonia com seus princípios e prioridades; e os selecionados externamente pelas corporações a partir de suas habilitações profissionais ou acadêmicas e, sobretudo, por seus perfis ideológicos.

LEIA O ARTIGO COMPLETO AQUI

A mão boba...

Reprodução Twitter
por O.V. Pochê

Bolsonaro foi flagrado em rede nacional colando um tosco roteiro para não se perder ainda mais no debate da RedeTV. Não está claro se ele mesmo rascunhou os temas ou se é uma contribuição do seu "Posto Ipiranga", o economista Paulo Guedes. Como virão outros debates, sem falar em entrevistas e falas em comícios, Bolsonaro deverá sujar a mão de tinta com muitas outras informações importantes ao longo da campanha.

Um calígrafo pré-presidencial poderá preparar uma série de subsídios. Fidel Castro fazia discursos de cinco horas de duração. O capitão inativo está longe disso, ou teria que tatuar o corpo com a cola indispensável. Por isso, além da mão mal traçada, também é indicado um método que já foi muito usado no teatro e nos primórdios da TV: a "dália".  Era o nome que os atores e apresentadores davam aos pequenos cartazes espalhados pelo estúdio, geralmente disfarçados em vasos de plantas, contendo falas para ajudar os esquecidos. A ideia é que cada pessoa do staff bolsominion passe a carregar uma "dália" com lembretes ao líder.

Algumas frases e tópicos já vazaram na web:

* Não deixar que Marina Silva grite comigo. Pega mal para um capitão.
* Falar do botóx do Álvaro Dias.
* Não esquecer de falar da loteria que vou criar: a megabala. Vai sortear 10 pistolas por semana para o povo brasileiro.
* Não fazer perguntas para Ciro Gomes. Ele fala difícil, fala que escreveu livros, não entendo porra do que ele diz. Paulo Guedes, ajuda aí!
* Tá me dando vontade de votar no Cabo Daciolo, mas vai passar...
* Lembrar de responder a Boulos:  "Wal é a mãe!"
* Lembrar de falar que vou acabar com dez ministérios, vou fechar a ONU, a URSAL e o Vaticano.
* Lembrar de ligar para Alexandre Frota e Roger
* Visitar a Folha, a Veja e a Globo News
* Ligar para Donald Trump. Quero ajudar a destruir a China. Pedir a Paulo Guedes que faça as legendas
* Falar dos colégios militares "John Wayne", "Dirty Harry", "Charles Bronson", "Rambo", "Chuck Norris", "Sergio Fleury" e "Brilhante Ulstra" que vou criar em todo o Brasil
* Pedir a Wal para passar a farda que vou usar na subida da rampa

sábado, 18 de agosto de 2018

Revista Veja: a primeira capa pós-recuperação judicial ninguém esquece - "Ele pode ser presidente do Brasil" - Azar seu, eleitor...


Alguns candidatos que admitem seu total despreparo - e até fazem piadas disso, como lembrar o comercial do Posto Ipiranga - estão arrumando uns engomadinhos para pensar por eles.  Montar assessorias técnicas é um dever de quem pretende conduzir o país, mas terceirizar decisões ao engravatado mais simpático que o vizinho indicou é falsificar o mandato que o eleitor vai conferir nas urnas de outubro.

Na capa da Veja, o economista Paulo Guedes, um quadro do neoliberalismo, é apontado como o homem que "faz a cabeça" de Bolsonaro..

Errado. Bolsonaro é quem fez a cabeça de Guedes e o arrastou para o seu bolsonarismo.

No debate de ontem, na Rede TV, o capitão aposentado fugiu em desabalada carreira de todas as questões que lhe foram feitas. Invariavelmente,  não importa o teor da pergunta, ele respondia sobre o 'bolsa pistola" para cada brasileiro, a castração de estupradores, o aborto, a "doutrinação" nas escolas ou informava ao distinto público que não devemos nos preocupar com o problema das mulheres. Bolsonaro gaguejava e balançava o corpo visivelmente desconfortável com a oportunidade de exibir seu "potencial".

Não se sabe se Paulo Guedes, o guru que é capa da Veja, orienta Bolsonaro em questões morais e fundamentalistas, além da tecnocracia, e nem se ele estava na claque da plateia, mas seu pupilo parece desorientado no calor dos debates. Precisava de ajuda. Melhor os dois mergulharem em um intensivão e tomarem uns açaís em Angra feitos pela Wal, a funcionária fantasma do gabinete do capitão inativo. Nos debates, o candidato parece perdidaço. Mas Guedes deve ser, na verdade, o pretexto e verniz acadêmicos para a mídia casar mais adiante com o pensamento rasteiro bolsonarismo, se um eventual adversário lhe parecer mais assustador. . 

Paulo Guedes, para quem não sabe, é um sujeito do mercado financeiro. E isso pesa para as oligarquias do Brasil pós-golpe. Foi fundador do polêmico Pactual, banco que depois se envolveu na Lava Jato, e do Instituto Milenium, uma facção chique do neoliberalismo mais selvagem. A vantagem de Paulo Guedes existir é que o eleitor não pode se queixar de ser, depois, miseravelmente enganado pela cabeça terceirizada de Bolsonaro: a agenda neoliberal que eles pregam já está instalada no Brasil há tempos e faz muita gente contente. Sua carteira de trabalho sabe disso. Você que não tem emprego já sabe que os neoliberais que fazem cabeças acabam de congelar as verbas de saúde, educação, investimentos, pesquisa, segurança, meio ambiente e programas sociais pelos próximos 20 anos.

Para os brindes espumantes, os guardanapos de linho e a interminável festa dos especuladores financeiros.

Seleção Brasileira; Tite sendo Tite...

por Niko Bolontrin 

Se ainda existisse videocassete, a entrevista coletiva da CBF, quando foi anunciada a convocação para os dois próximos amistosos de categoria duvidosa (El Salvador e Estados Unidos), mostraria Tite apertando a tecla rebobinar. Pelo menos, em relação ao vocabulário típico de apostilas de "auto-ajuda".

Tite falou sobre o fiasco na Copa. "Faltou mais equilíbrio", disse ele. "Equilíbrio", no caso, diz absolutamente nada ou pode significar tudo e mais alguma coisa. Nenhum repórter pediu que ele exemplificasse o que diabos foi aquilo que aconteceu na Rússia. Nem perguntou porque ele esperou dois meses para sacar Jesus do time (o jogador do Manchester City não foi convocado), entre outras mudanças adiadas até se consumar o desastre.

Quando justifica convocações, Tite sempre encaixa um "fulano está jogando em alto nível", cicraninho está em fase de "alto nível". Pelo visto, reconheceu que Jesus não está. Na última coletiva, ele também usou a abusou da palavra "oportunidade", outro verbete de aujo-ajuda que é multiuso.

Tite admitiu que o treinador da Bélgica, Roberto Martinez, foi ao vestiário após a eliminação da seleção pentacampeã e, como consolo, lhe disse que o Brasil "jogou melhor". Tite acreditou. Mas em entrevista coletiva no dia 7 de julho, Martinez havia feito uma curiosa revelação. Uma conversa com um ex-treinador da seleção o ajudou a preparar a Bélgica para enfrentar o Brasil. O encontro foi proveitoso - disse ele - é o ajudou a orientar melhor sua equipe. Felipe Scolari, o Felipão, foi o  homem com quem Rodriguez bateu papo antes de encurralar a seleção do Canarinho azarado e nada "pistola'.

Mês de desgosto (na mídia)...

por Ed Sá 

A história conta que agosto é um mês de encrencas na política brasileira. E não é que a mídia impressa está aderindo à mala suerte atribuída ao oitavo mês do calendário gregoriano?

O calendário das crises editoriais já assinala três datas nada comemorativas: a Manchete pediu falência em 1° de agosto de 2000; a Abril entrou em recuperação judicial em 16 de agosto de 2018; o Jornal do Brasil encerrou sua edição impressa em 31 de agosto de 2010, voltando a circular há seis meses.

A Manchete completava, em 2000, 48 anos de banca. O JB, em 2010, 119 anos. A Veja fará 50 anos em 11 de setembro próximo.

A revista O Cruzeiro quase caiu nas garras de agosto: fechou em julho de 1975. O jornal Última Hora, também. Parou as máquinas na última semana de julho de 1991.

Há pouco dias, a Abril cancelou várias revistas, assim como a editora Escala encerrou uma dezena de publicações. Ainda sob a urucubaca de agosto.

"O Processo": documentário que mostra bastidores do golpe já pode ser visto nos serviços de streaming...

O documentário "O Processo", que reconstitui a conspiração que sequestrou o mandato da presidente Dilma Rousseff, já está disponível nos serviços de streaming Vivo Play, Now, iTunes e Oi Play.

Dirigido pela cineasta Maria Augusta Ramos, o filme foi premiado no Festival Indie Lisboa, em Portugal e no Festival Visions du Réel, na Suiça e figurou em terceiro lugar como Melhor Documentário no Festival de Berlim.

"O Processo" leva ao mundo os bastidores do recente golpe jurídico-midiático e desfila cenas especialmente patéticas como a votação Câmara em que vários personagens posteriormente denunciados por corrupção expressam seus votos "em nome de deus" e "da família" para cassar um mandato legítimo e pertencente ao voto popular. Muitos  dos votantes, como o Brasil sabe, fartamente citados em denúncias de desvio de verbas públicas e recebimento de propinas, sublinharam seus votos com um surreal "pela moralidade".



sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Mancada do Jornal da Band irrita Boechat


Âncora fazia a escalada de notícias e as imagens mostravam cenas aleatórias. Esse tipo de erro deixa os apresentadores p. da vida. Com razão: com a cara no ar, são eles que fazem o "papel de bobo" diante do telespectador. VEJA AQUI. 

Serena Williams na capa da Time: Agência Antidoping dos Estados Unidos persegue tenista.


Em entrevista à Time dessa semana, a tenista Serena William, entre outra coisas, revela que a Agência Antidopingo dos Estados Unidos a convocou para teste de doping cinco vezes só em 2018. Como comparação, ela cita uma atleta branca, Sloane Stelphens, que venceu o Aberto dos Estados Unidos há um ano e foi testada apenas uma vez. Serena chama essa discrepância de discriminação e diz que algumas pessoas não aceitam que ela esteja limpa. "Olhe para mim", diz ela, "Eu nasci assim. Eles pensam: 'Oh, ela não pode ser tão boa assim, ela deve estar fazendo alguma coisa'. Eu nem levanto pesos. É tudo Deus, você sabe", diz ela. O detalhe é que a atleta já foi analisada centenas de vezes ao longo da carreira e jamais testou positivo para doping.

Até o Globo Esporte, em 26/6/2018, escorregou em relação a Serena no título acima reproduzido. Apesar de estar voltando às quadras após a gravidez e ainda figurar lá atras no ranking mundial, ela recebeu em casa mais um visita dos caçadores de doping. A atleta protestou, sua assessoria divulgou uma nota em que afirmou que tem se submetido aos testes voluntariamente, mas reclamou do "tratamento invasivo e direcionado" que recebe da agência americana. Aliás, depois disso, foi testada negativo mais uma vez. O título, que não expressa o conteúdo da própria matéria e induz o leitor a considerá-la "suspeita". Perseguição da agência à parte, o fato de uma atleto ser convocada para teste antidoping não o torna "suspeito".  O "estagiário" do Globo Esporte errou. 

Menos do mesmo...

A crise dos meios impressos está mais acelerada no Brasil. Nenhum país está à margem dos efeitos do digital sobre o papel, mas aqui o ritmo de encerramento de publicações é brutal. Várias razões podem se apontadas, além das econômicas. Uma delas, é a concentração de propriedade de veículos da mídia dominante. Outra, a ausência de pluralidade. Quem leu um, leu todos. Não adianta acionar o controle remoto, acessar o portal, rodar o dial, virar a página, os principais veículos pertencem a clãs que fazem circular as mesmíssimas opiniões e ideias: as dos seus grupos, corporações, ideologia e projetos de poder. Recentemente, um jornal passou a diagramar seus colunistas em um curralzinho de opiniões. Serviu para mostrar que até um copydesk distraído conseguiria resumir todos os artigos em um só.

Da Carta Capital - A tragédia do jornalismo neoliberal

por Ulysses Ferraz de Camargo Filho (para o  Blog do Sócio - Carta Capital

O problema dos jornalistas das Organizações Globo e similares não está nos conteúdos publicados ou nas opiniões que defendem. A liberdade de expressão, atendidos alguns pressupostos mínimos de respeito à dignidade humana, deve ser protegida.

O problema tampouco está nos argumentos utilizados pelos seus articulistas, eivados de lugares comuns e irracionalidades, quase sempre sem nenhum rigor formal e cujas conclusões raramente derivam das premissas. Não há nenhum problema nisso.

Tampouco é problemática a falta de embasamento técnico demonstrado em reportagens sobre assuntos mais complexos, como economia, meio ambiente, administração, direito e, agora, a contabilidade pública. O nível de conhecimento apresentado nessas áreas está em conformidade com o pensamento médio de grande parte da sociedade brasileira com acesso ao sistema de educação formal e que se abastece de informações periodicamente por meio dos jornais/revistas de grande circulação e dos telejornais. Até aí nada demais.

O jornalismo não cria conhecimento novo, apenas reproduz, em doses diárias e homeopáticas, e com superficialidade, o estado da arte dos saberes dominantes produzidos por uma boa parte da academia.

Onde estaria o problema? Ele parece estar no fato de seus articulistas acreditarem apaixonadamente no que escrevem e falam, ainda que isso implique altas doses de autoengano. Os conteúdos expressam aquilo que eles de fato pensam. Ao menos, na maior parte das vezes, não se trata de canalhice, de conspiração golpista, nada disso. Os textos e os discursos representam a mais completa tradução da visão de mundo de seus autores.

Indivíduos comuns, "gente como a gente", que buscam um lugar ao sol, um espaço digno em seus campos de atuação profissional, lutam por bons salários, crescimento na carreira, consagração e reconhecimento entre os pares.

Quanto mais acreditam no que defendem, mais úteis são para os veículos dos quais fazem parte, os grandes beneficiários do sistema que buscam perpetuar.

LEIA O ARTIGO COMPLETO AQUI

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Lula já tem crachá de candidato e militantes vão ao TSE- Veja as escolhas dos editores para as primeiras páginas dos jornais de hoje...


Estadão destaca uma sugestiva boca de jacaré
e informa que PGR agiu rápido para vetar Lula


Folha enfatiza condenação de Lula, mas mostra
foto da manifestação do PT


O Globo evita destacar foto da manifestação e registra petistas
que exibem protocolo de entrega do
pedido de registro de Lula


Jornal do Commercio valoriza a foto da manifestação


Correio do Povo não ignora a imagem dos petistas diante do TSE

Diário de Pernambuco opta por foto da cúpula do PT e o gesto de "Lula Livre". 

2018: o drama, a tragédia e a comédia eleitoral em números...



Em dados divulgados ontem e levantados entre 9 e 13 de agosto, o Instituto Paraná Pesquisas aponta o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, como líder das intenções de voto para as eleições de outubro. Sem Lula na sondagem, o capitão aposentado alcança 23,9 por cento de preferência do eleitorado (em julho, ele tinha 23,6). Fernando Haddad figura como nome no PT. com 3,8%, embora ainda não seja o candidato oficial do partido (em julho, tinha 2,8%). Marina Silva (Rede) apresenta 13,2 %, (em julho, estava com 14,4%). Ciro (PDT) fica com 10,2% (em julho, tinha 10,7%). Alckmin vem com 8,5% (em julho atingiu 7,8%.).

Cabo Daciolo (do Patriota), no momento recolhido a um "monte" onde afirma fazer jejum contra supostas ameaças de morte por parte "dos illuminati" e outras sociedade secretas, está com 1,2% na nova pesquisa.

Quando incluído na sondagem de agosto, Lula lidera com 30,8%. O adversário mais próximo é Bolsonaro com 22,0%.

Quando indagados se a candidatura de Lula será impugnada pelo TSE, 64,1 por cento dos entrevistados acham que sim.

A grande expectativa, agora, é para o desenrolar dos acontecimentos a partir do registro das candidaturas feito ontem, o início da campanha eleitoral nas ruas e internet, desde hoje, a prevista impugnação de Lula e a propaganda eleitoral no rádio e na Tv a partir de 31 de agosto.

Especialista em pesquisas e diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra avaliou em entrevista à TV247,  que, ao sair do páreo, Lula transferirá votos para Fernando Haddad "em horas". E ressalta que Bolsonaro representa uma parte do Brasil e não é, ao contrário do que se imagina, "um adversário fácil".

Donald Trump: o "citizen hate" responde ao editorial-manifesto dos jornais norte-americanos






Ontem, liderados pelo Boston Globe, mais de 300 jornais dos EUA denunciaram ataques de Trump à imprensa. A hastag #EnemyOfNone (“inimigo de ninguém”) viralizou na web.

Hoje, o magnata recarregou seu twitter (reproduzidos acima( e disparou os insultos de sempre contra a mídia norte-americana. "Eles são todos corruptos. Todos eles abusaram de seu poder. Todos eles traíram o povo americano com uma agenda política. Eles tentaram roubar e influenciar uma eleição nos Estados Unidos", escreveu.

Depois de afirmar que "uma imprensa livre precisa de você", trechos do editorial conjunto defendem que "criticar a mídia noticiosa - por subestimar ou exagerar nas histórias, por entender algo errado - está inteiramente certo. Repórteres e editores de notícias são humanos e cometem erros. Corrigi-los é fundamental para o nosso trabalho. Mas insistir que verdades das quais você não gosta são "notícias falsas" é perigoso para a alma da democracia. E chamar jornalistas de “inimigos do povo” é perigoso, ponto final".

O embate Mídia X Trump amplia um debate em curso em todo o mundo. Pressões políticas, econômicas, corporativas, jurídicas, religiosas e tecnológicas ameaçam a comunicação em vários países. Os Estados Unidos exibem uma robusta e histórica pluralidade na mídia. Não é exatamente uma estrutura 'contestadora do sistema', faz parte dele, mas abriga as mais diversas opiniões. Muitos veículos apoiam Trump, como a rede Fox identificada com a direita. O presidente, lógico, aponta sua metralhadora para os que estão fora do jogral adesista, como o próprio Boston, o Washington Post, o New York Times, além de jornais de porte médio em centenas de cidades da "América profunda".

Há diferenças fundamentais entre a mídia americana - que tem até grandes jornais de centro-esquerda, como o próprio Boston Globe, coisa inimaginável aqui - e a grande imprensa cartelizada e uniforme do Brasil. Aqui, dependendo do adversário nas próximas eleições, a grande mídia até topará gestar o "Trump" tropícal e conservador, identificado com o mercado, com a direita, com o neoliberalismo e, em muitos pontos, até com ela própria.


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Grupo Abril pede recuperação judicial

O Grupo Abril, não apenas a Editora, já formaliza no sistema eletrônico da Justiça, em São Paulo, um pedido de recuperação judicial. A dívida declarada, que o grupo pretende negociar caso a medida seja aprovada, é de 1,6 bilhão de reais. Em declaração à Exame, o atual presidente, Marcos Haaland, afirma que há outras dívidas que ficam fora da Recuperação Judicial porque têm garantias específicas, com alienação fiduciária.

A lei permite que durante 180 dias a empresa não seja executada, prazo em que negocia com os credores. Desde 2013, a Abril promove sucessivas ondas de demissões de jornalistas, além de funcionários de outros setores, e encerra títulos tradicionais.

Folha de São Paulo e Bolsonaro: deu match? ..

Por falar em Bolsonaro, as chamadas do site da Folha, hoje, são praticamente links para o programa de governo do capitão aposentado e seu general a reboque.

Confiram a afinidade nos destaques entre aspas:

* Condenando as cotas raciais "Bolsonaro acerta sobre África, mas erra sobre cotas. História da escravidão na África é inconveniente, mas há argumentos melhores contra cotas sociais" 

(N.R. Observe que a Folha, como uma velha dama vitoriana,  considera a história da escravidão apenas "inconveniente". A palavra também significa "embaraço", "desagradável", "inesperado", "impertinente", "inoportuno", "impróprio" ou, para o jornalão, um mero "acidente de percurso")

* Ainda relativizando o racismo - "Brasil não é o país mais racista do mundo"

* Detonando ecologia"Reacionários verdes precisam fazer as pazes com a modernidade"

* Orgasmo hater  -  "País seria melhor se Dilma integrasse o elenco de Zorra Total"

* Defendendo venenos "Bela Gil, Marcos Palmeira e Greepeace contra o meio ambiente. Burocracia para registro de agrotóxicos impede a entrada de produtos mais modernos e seguros no Brasil"

* Calando vozes - "O ativista que sabota a própria causa. Tudo que negros, liberais e feministas não precisam é de malucos criando polêmicas imbecis"

* Revivendo a teoria fake da ditadura de que o bolo deve crescer antes de ser distribuido - "Distribuição e crescimento são dois lados da mesma moeda, todo o resto é enganação"




Lembra disso? Quando Collor confiscou a poupança, houve quem vibrasse em editorial com a "austeridade" do eleito que teve seu apoio... Foi há 30 anos...

Reproduçãç/ 17, março, 1989. 

Em 1989, o Brasil passou por uma eleição tão crítica como a que vem aí. Lula era a "ameaça", Collor a "salvação". O alagoano carregava bandeiras que seduziam os conservadores.

Austeridade e fim das estatais era as duas mais festejadas.

Curiosamente, Bolsonaro anuncia para 2019, 30 anos depois, alguns planos parecidos. Caso eleito, pretende extinguir a maioria das estatais e privatizar outras, prega o arrocho fiscal...

Alguns analistas da grande mídia fizeram piadas com o programa de Bolsonaro. Melhor, não. Entre o quepe e o coturno do capitão e do seu vice não há espaço para caricaturas.

Trump já deu essa lição ao mundo.

No mesmo dia em que divulgou as medidas de Collor, o jornal (veja chamada de editorial "Imperativo Moral" no canto superior à direita) recebeu com aprovação as propostas do presidente que ajudou a eleger ("As profundas mudanças na administração federal instituem uma mentalidade de severa austeridade - e mostram um caminho a seguir aos demais Poderes e níveis de governo do País").

Avalia-se que o mercado, assim como o setor industrial, se aproxima do capitão da reserva e o considera de fácil digestão, é "amigo", tem propostas neoliberais, promete fazer seu próprio puxadinho de reforma trabalhista ao criar um carteira de trabalho alternativa, sem coisas que incomodam os patrões, como direitos e garantias, vai reformar a Previdência etc.

Não será surpresa se ganhar outros poderosos seguidores até chegar à urna. Basta que Bolsonaro tenha como adversário alguém que pense em atropelar o que está divulgado no seu próprio programa de governo ou anuncie que vai revogar o legado do golpe referendado pela caneta de Temer, com o apoio dos mesmos setores que entronizaram Collor de Mello como o gestor do desastre do anos 1990.

Duvida?

Editora Escala fecha as revistas Tititi e Minha Novela...

Há menos de três meses, a Editora Caras transferiu para a Escala as revistas Tititi e Minha Novela, ex-Abril. Durou pouco. Mais veículos impressos abatidos pela internet e menos empregos para jornalistas. A informação é do colunista Fernando Oliveira, do Zapping (Agora São Paulo).

Atualização em 15/8 - A Escala não confirmou oficialmente a medida, até o momento, e não se pronunciou sobre rumores de que outros títulos impressos seriam cancelados.

Atualização em 16/8 - A Editora Escala divulgou ontem nota oficial sobre o assunto. Segue:  

As revistas impressas, de um modo geral, atravessam seu momento mais crítico, devido à desestruturação logística e financeira do atual processo de distribuição.

Sem um novo modelo para entregas e administração, as revistas que mais sofrem são as que dependem exclusivamente das vendas em bancas, como é o caso das semanais de novelas e celebridades.

Ainda que tenham forte apelo junto ao público leitor e vendas bastante expressivas de suas edições, a Editora Escala se viu obrigada a descontinuar os títulos Tititi, Minha Novela, Conta Mais, TV Brasil e 7 Dias.

Outras seis revistas que seriam atingidas por essa deficiência do processo foram descontinuadas ou sofreram fusão de seus conteúdos com as de melhor penetração junto a assinantes.

Comunicação Escala”