quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

As 10 melhores notícias do ano

 1 - A descoberta das vacinas

2 - Derrota de Trump na eleições americanas

3 - As manifestações chilenas que derrubaram a Constituição fascista de Pinochet

4 - Golpe boliviano derrotado nas urnas 

5 - Uma conquista das mulheres argentinas: a legalização do aborto

6 - Todas as derrotas de Bolsonaro no STF e no Congresso

7 - Crivella desmascarado

8 - As lives de Caetano e Paulinho da Viola

9 - Livro: República das milícias: dos esquadrões da morte à era Bolsonaro. Bruno Paes Manso. Todavia.

10 - Filme: 1917

Os 10 mais ridículos do ano

 1 - Bolsonaro

2 - Neymar 

3 - Damares 

4 - Pazuello  

5 - Anvisa 

6 - Ernesto Araújo

7 - Olavo de Carvalho s 

8 - Marcello Crivella

9 - Carla Zambelli

10 - Ricardo Salles

Hors-concours: todos os envolvidos na inacreditável reunião ministerial de 22 de abril no Palácio do Planalto. 


A Secom faz mea culpa...

Em mensagem de Ano Novo, a SECOM tem surto de sinceridade e admite que não se inclui entre os brasileiros honestos. Veja um trecho:

“FELIZ ANO NOVO. Num ano em que muitas dificuldades surgiram; e muitas dificuldades foram criadas e impostas, os brasileiros honestos e trabalhadores levaram este país adiante e mostraram seu monumental valor”.

A SECOM não mostrou valor algum, não trabalhou e não levou o país adiante, logo...

Votos para 2021: que as equipes do Ministério da Saúde e da Anvisa pensem, pelo menos, nos seus próprios pais, avôs e amigos idosos. Que desafiem o chefe e comecem a vacinação já...

por Flávio Sépia 

O ano da Covid-19 termina com a campanha de vacinação em curso em 50 países, oito vacinas liberadas, das quais seis com eficiência comprovada. A maioria dos países com estoques de seringas e agulhas adquiridos há quatro e seis meses. 

Não vou dizer que o Brasil está uma zona, porque zonas não são tão desorganizadas assim. A questão que não quer calar: a catatonia do Ministério da Saúde e a inoperância da Anvisa, o show de explicam o caos. O negativismo e o desprezo militante do sociopata maior explicam tudo isso. Ninguém quer desagradar o chefe. Mas será que Bolsonaro chegou a proibir a compra de vacinas e seringas com antecedência ou foi apenas incompetência e desleixo? Os funcionários dessas instituições não poderiam ser mais afirmativos, questionar os gabinetes da raiva e do ódio, o que seja? Será que não têm famílias, não pensam nos pais idosos, nos avós, no risco que correm, na angústia que vivem? 

Esses funcionários bem que poderiam aproveitar a virada do ano, se não estiverem em alguma balada bolsonarista,  para refletir sobre isso. 

Na década em que patrocinou mais um golpe de Estado, a Folha agradece aos leitores por "campanha pela democracia".


A Folha aproveita uma revisão da década e faz, hoje, um balanço da sua campanha em defesa da democracia ameaçada por parte de Bolsonaro e suas milícias. É campanha louvável, claro. E, talvez, quem sabe, ensine à própria Folha, mais uma vez, o risco que é atacar as instituições. O jornal tem um histórico antidemocrático. Não só encampou o autoritarismo e a violência que o golpe de 1964 implantou no país, foi colaborador ativo, através da cessão de carros e sabe-se lá o que mais, para ações de repressão da ditadura nos anos 1970. 

A Folha se orgulha de ter apoiado a campanha das Diretas, nascida nas ruas, nos sindicatos, nos diretórios estudantis, em alguns partidos, e em órgãos progressistas de classe. Mas quando se pensava que o jornal tinha aprendido algumas coisa naquela jornada, vem a campanha demolidora e novamente o apoio a um golpe, o  de 2016, que derrubou uma presidente legitimamente eleita. Golpe, sabe-se como começa, como 64 ensinou, e não se faz ideia de como termina. O resultado está aí: o odioso governo de Jair Bolsonaro que tem, na sua origem, as digitais da Folha e dos demais veículos das oligarquias conservadoras da mídia. esclareça-se. 

Uma boa resolução de Ano Novo seria a Folha admitir que ser democrático não se resume a um título no alto de uma página

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Do Twitter: que hora elas voltam?

 

Reprodução Twitter

Em 2013, no embalo do golpe, atrizes da Globo se vestiram de preto. Dramático. A foto foi distribuída nas redes sociais. Eram, em mão invertida, as pasionarias  do Projac. Juliana Paes, Rosamaria Murtinho, Nathalia Timberg, Susana Vieira e Bárbara Paz.  Juliana Paes provocou recente polêmica nas redes sociais ao defender Bolsonaro, mesmo após a atuação do sociopata negando a Covid. Rosamaria, Nathalia e Susana, aparentemente, não se manifestaram ultimamente. Bárbara Paz acaba de ter seu filme indicado pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil no Oscar. A atriz já criticou a atuação do governo na pandemia. A peça política para a qual elas posaram voltou às redes sociais nessa semana. O pessoal ironiza. O Brasil precisa que essas senhoras voltem a mostrar indignação contra a situação para a qual, de alguma forma, deram uma contribuição patriótica. Será que estão felizes com as consequências da ruptura constitucional?  
Estão de parabéns as envolvidas. Deu nisso. 

Gonzagão canta Mangaratiba (para compensar a má fama da festa de Neymar)

A bela Mangaratiba frequenta o noticiário pelo lado negativo. Não por culpa dos moradores, mas de um forasteiro. Neymar escolheu o local para fazer uma festa de arromba em plena pandemia. A cidade se revolta, mas pouco pode fazer. A balada vai rolar. O risco para Mangaratiba é que a maioria do pessoal que vai trabalhar para a diversão do jogador e sua curriola é local. O risco de contaminação por se estender aos moradores. 

Melhor ficar com Gonzagão, que cantou Mangaratiba em tempos menos revoltos e de maior respeito e solidariedade.  E a letra é apropriada

Mangaratiba

Luiz Gonzaga

Ôi, lá vem o trem rodando estrada arriba

Pronde é que ele vai?

Mangaratiba! Mangaratiba! Mangaratiba!

Adeus Pati, Araruama e Guaratiba

Vou pra Ibacanhema, vou até Mangaratiba!

Adeus Alegre, Paquetá, adeus Guaíba

Meu fim de semana vai ser em Mangaratiba!

Oh! Mangarati, Mangarati, Mangaratiba!

Mangaratiba!

Lá tem banana, tem palmito e tem caqui

E quando faz luar, tem violão e parati

O mar é belo, lembra o seio de Ceci

Arfando com ternura, junto a praia de Anguiti

Oh!…

OUÇA AQUI

Minha parceria com Lady Day • Por Roberto Muggiati


O sistema de som do supermercado Pão de Açúcar de Botafogo sempre me recebeu com Billie Holiday cantando uma das 230 faixas que gravou na Columbia entre 1933 e 1944, geralmente um Lado A com o sax tenor de Lester Young, tipo All of Me ou This Year’s Kisses. Agora, morando em Laranjeiras, vejo a banca de vinis do Miranda perpetuar Lay Day com umas trinta capas de seus LPs no mostruário de cinquenta. E ainda outro dia entreouvi na veterinária: “Como é mesmo o nome da gatinha? Billie?” “Sim, da cantora, Billie Holiday.” São amostras cariocas que se repetem mundo afora, fixando Lady Day como uma das maiores figuras cult do nosso tempo.


Orgulho-me de ter participado da sua história. E isso só aconteceu graças à experiência adquirida na Manchete. Quando a editora Zahar me convidou em 2003 para fazer uma nova tradução da autobiografia de Billie, Lady Sings the Blues, sugeri acrescentar um epílogo. A edição original, publicada em 1956, não cobria os três anos e meio derradeiros da cantora, que morreu em 17 de julho de 1959. O livro não foi daqueles trabalhos convencionais de ghost writer. Amigos de longa data – ela era madrinha do único filho dele – Billie e o jornalista William Dufty compartilhavam ideias progressistas e lutavam por justiça social. Ele já conhecia a maior parte da história de Lady Day quando se sentaram para fazer o livro. O modo descontraído de ser e de falar de Billie foi admiravelmente captado pelo escritor de ouvido musical. A primeira frase do livro é exemplar; “Mamãe e papai eram só duas crianças quando se casaram. Ele tinha dezoito anos, ela dezesseis e eu três.” Os 24 capítulos do livro receberam títulos de canções de Billie. O último se chamava God Bless the Child. Completei a trágica história de Billie com um epílogo intitulado Please Don’t Talk About Me When I’m Gone, uma de suas canções favoritas. Raros artistas construíram seu repertório com tanto rigor. Ela preferia cantar várias vezes o mesmo standard, a fazer concessões às chamadas novelties, como Mack the Knife ou La Vie en Rose. 

Pesquisando nas muitas biografias da cantora que continuavam – e continuam – saindo, encontrei fatos ignorados sobre seu intenso final de vida. Numa de suas últimas turnês à Europa, ela se apresentou em uma sala do teatro La Scala de Milão – imaginem só, Lady Day invadindo o sacrossanto espaço da divina Callas! Foi o marido Louis McKay, que vivia às suas custas, quem insistiu na ideia da autobiografia, visando a um filme: estavam em moda as biografias de cantoras como Jane Froman (interpretada por Susan Hayward) e Ruth Etting (Doris Day). A primeira estrela cogitada para o papel de Billie foi Dorothy Dandridge, uma morena light que fizera sucesso em Carmen Jones. Depois se falou em Ava Gardner e – pasmem! – na loura gelada Lana Turner... Só em 1972 o filme, Ocaso de uma estrela, chegaria às telas, numa versão equivocada, com Diana Ross, uma negra de alma branca, no papel de Billie e – pior – destroçando suas canções. 

Em novembro de 1956, numa volta triunfal aos palcos, Billie apresenta-se no Carnegie Hall. No intervalo de cada canção, o jornalista Gilbert Millstein lê trechos da autobiografia. No final de 1957, ela é documentada admiravelmente em vídeo em “The Sound of Jazz”, da CBS, cantando Fine and Mellow com os três grandes do sax tenor – Lester Young, Coleman Hawkins e Ben Webster – nove minutos preciosos da cantora em close num preto-e-branco intimista.

A morte de Lester Young em março de 1959, aos 49 anos, foi um choque brutal para Billie. Por um quarto de século os dois viveram a grande love story musical do jazz. Foi ele quem a apelidou de Lady Day. E ela retribuiu, apelidando-o de Prez. Billie ridicularizava a quantidade de realeza entre os jazzistas – Counts, Dukes, Kings. Earls... “Porra, quem manda mesmo neste país é o Presidente!” E Lester tornou-se The President, ou simplesmente Prez.  A partir dessa grande perda, Billie começou a definhar. Depois de um colapso em 31 de maio, acabou numa tenda de oxigênio. Mal saiu, voltou a fumar. Seu problema principal era a cirrose hepática, mas o coração, os rins e outros órgãos estavam comprometidos por sua péssima condição física. Hospitalizada, foi flagrada por posse de heroína – possivelmente “plantada” por uma enfermeira. 

O teatrólogo Edward Albee escandalizou o mundo em 1960 com sua peça A morte de Bessie Smith, baseada na história real da cantora que sangrou até morrer num hospital de Memphis que se recusou a atender uma paciente negra. O que aconteceu com Billie foi ainda mais brutal. Cito do epilogo:

“No dia 12 de junho ela foi presa e acusada da posse de narcóticos. Tiraram-lhe tudo: o rádio, o toca-discos, as flores, as revistas de fofocas e de quadrinhos, uma caixa de chocolates, um sorvete italiano, o telefone, e dois guardas foram postados diante da sua porta. Dizem até que levaram graxa preta e almofada de carimbo para tirar suas impressões digitais. Billie foi algemada à cama de hospital por dois detetives.”

Um depoimento à revista de fofocas Confidential, escritor por William Dufty, rendeu a Billie 750 dólares. Ela ocultou na sua vagina as quinze notas de cinquenta dólares presas num rolo com fita adesiva. No livro de 2002 Jazz and Death, o médico Frederick J. Spencer argumenta: “O esconderijo secreto de Billie Holiday pode ter contribuído para sua morte. Provavelmente tinha um cateter urinário inserido como parte do tratamento, uma avenida potencial para que a infecção alcançasse a bexiga. Esconder qualquer substância na vagina aumentaria esse risco. Se uma infecção subisse pelo trato urinário até a bexiga ou os rins, qualquer complicação seria fatal. Isso ocorreu sob a forma de ‘edema dos pulmões’, uma consequência comum do repouso prolongado numa cama. A aeração inadequada das bases dos pulmões leva ao edema, o que aumenta a carga de esforço sobre o coração. A condição de Billie já era séria demais sem esta tensão.”

Das dezenas de reedições americanas e traduções nos mais variados idiomas, a que eu fiz para a Zahar em 2003 é a única que conta a história completa de Billie Holiday. Verifiquei pela Estante Virtual que ainda existem exemplares da tradução de 1985 da Brasiliense, mas a edição da Zahar está praticamente esgotada – o que mostra a sua boa aceitação. Sinto-me gratificado por ter acrescido, às 204 páginas da autobiografia original, onze páginas de novas informações. Entre elas a antevisão que Billie teve do seu destino ao afirmar: “Você não é ninguém nos Estados Unidos antes de morrer. A partir daí, você é a maior.”

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Réveillon de Copacabana segundo os fotógrafos da Manchete: o panorama de uma tradição que faz uma pausa enquanto a vacina não vem


A foto de Armando Borges em página dupla da Manchete, em 2000. Foi a saideira. Naquele mesmo ano, em agosto, a Bloch foi à falência. 

A foto de João Silva, em 1987, mostra o réveillon de Copacabana com luzes, cores e a multidão chegando e que faria a fama do espetáculo em todo o mundo. Ao fundo, a cascata de fogos do Méridien, extinta em 2004.

O fotógrafo Raimundo Costa fez, em 1985, uma panorâmica da virada em Copacabana. Manchete fazia uma prévia ainda básica do que se ampliaria muito mais nos anos seguintes. A cena se tornaria clássica nas páginas da revista.

1984: com fotos do alto, Manchete focalizava pela primeira vez o novo ângulo do réveillon de Copacabana. O crédito era de equipe, não sendo possível identificar com precisão o autor da foto, mas ´provavelmente foi o Nilton Ricardo, que registrou muitas vezes essa cena. Ressalte-se que a reprodução obtida não traduz a qualidade da página dupla de abertura da edição daquele ano.  


Em 1981, com fotos de Frederico Mendes, a edição da Manchete ainda destacava a celebração de Iemanjá em Copacabana e reservava a maior parte das páginas para a cobertura de festas privadas com celebridades e socialites.


por Ed Sá 

Uma tradição carioca sucumbe ao vírus. A prefeitura do Rio de Janeiro cancelou os fogos e a aglomeração em Copacabana na virada do ano. A praia estará em silêncio, não haverá shows e estão proibidos equipamentos de som nos quiosques. Se o povo vai obedecer, é outra história. A noite calma na areia deverá remeter aos anos 19601970, quando os cariocas comemoravam o réveillon em boates, clubes e em reuniões familiares. As areias de Copacabana recebiam umbandistas e candomblecistas. A noite era de Iemanjá. 

Manchete fez, durante anos, ensaios fantásticos dessas cerimônias que atraíam principalmente os adeptos das religiões afro e turistas estrangeiros. 

Foi no final da década de 1970 e começo dos anos 1980 que a Churrascaria Mariu's, no Leme, passou a fazer uma queima de fotos na areia em frente ao restaurante. Na mesma época, alguns hotéis das Av. Atlântica celebravam a virada com espetáculos pirotécnicos, ainda modestos. Em 1987, surgiria a famosa cascata do Hotel Méridien, que logo se tornou uma atração a mais. 

A primeira edição de  réveillon da Manchete a dar maior destaque aos fogos e publicar uma foto panorâmica da celebração, já com a praia atraindo milhares de pessoas, foi a de 1984. A partir daí, a festa só cresceu. Em 1985, o fotógrafo Raimundo Costa repetiu a foto aberta, a partir do terraço de um hotel, ainda com poucas luzes no céu. A cena se tornaria um clássico da Manchete nos anos seguintes. A cada ano, aquela imagem ganhava mais importância, era promovida a capa e página dupla.  Em 1987, o fotógrafo João Silva repetiu a composição já então com maior impacto visual. E os jornais do Rio começavram a explorar a panorâmica nas primeiras páginas, com a praia cada vez mais iluminada e lotada,  a avenida com luzes mais brilhantes, fogos mais poderosos e maior duração de queima. Depois vieram os grandes shows de artistas brasileiros e estrangeiros. Rod Stewart baixou em Copa em 1994, a Manchete registrou. E os Rolling Stones fizeram a praia explodir de gente em 2006, quando a Manchete não estava mais lá. 

Em 2000, o último réveillon da Manchete (a Bloch faliu em agosto daquele ano) coube ao fotógrafo Armando Borges encerrar o ciclo da revista para páginas duplas e capas do réveillon de Copacabana. Naquele ano, os fogos ainda foram lançados da areia, mas um acidente com vítimas transferiu a queima para balsas a partir de 2001. Três anos depois, o Corpo de Bombeiros proibiu a cascata de fogos do Méridien. O réveillon de Copacabana mudou, mas foi em frente, já então como um dos maiores espetáculos do mundo, capaz de atrair cerca de três milhões de pessoas. 

A festa, que passou a concorrer com o Carnaval em número de turistas nacionais e internacionais, só não resistiu à pandemia. 

Fica para o ano que vem. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Terrorista de Nashville achava que a 5G mata pessoas. O pessoal que acredita em teorias da conspiração começa a ficar perigoso...

Depois de identificar o terrorista de Nashville, a polícia americana começa a  desvendar os mistérios que cercam o motorhome-bomba. Antony Warner, o homem que planejou o atentado e morreu na explosão, queria atingir a AT&T. Ainda falta muito a apurar, segundo os investigadores, mas os primeiros indícios levam à conclusão de que o terrorista acreditava que a tecnologia 5G está matando pessoas. A morte recente do pai o levou a desenvolver essa teoria. E daí o plano para atingir um centro de dados da empresa telefônica. Se confirmada a motivação, é bom ter cuidado com os malucos terraplanistas, antivacinas, antimáscara, 5G e outros. Podem deixar de ser apenas ridículos e se transformarem em hordas perigosas. 

Fora do campo, a imagem do Neymar é de pereba

 


Neymar assume publicamente que é bolsonarista, visita o sociopata no palácio e, deduz-se, concorda com a insanidade e o comportamento do parça. Recentemente, quando do episódio de racismo durante o jogo do PSG contra o Istambul, a mídia destacou a participação de Neymar, aderindo à decisão de abandonar o campo em protesto contra a agressão racial ao auxiliar técnico do time turco. Aparentemente, aquilo foi um ponto fora da curva. Ao promover uma festão em Mangaratiba, em pleno avanço da pandemia no Rio de Janeiro, o jogador volta a mostrar um lado nada solidário e compromete um pouco da sua imagem no Brasil e no mundo. As redes sociais condenam a atitude de quem despreza milhares de vítimas da Covid e, lá fora, os jornais também destacam a irresponsabilidade do anfitrião desse pagode viral. Alguém reparou que Neymar começa a sumir das campanhas publicitárias? Será por acaso? Provavelmente não. É normal marcas pesarem dez vezes antes de se ligarem a figuras polêmicas. Claro que isso afeta pontualmente o bolso do jogador, mas não a fortuna que acumulou até aqui. 

Por tudo isso, a imagem do brasileiro fora de campo não é lá essas coisas. 

Dentro no campo, ele viverá em 2021 um ano decisivo. O PSG levou Neymar com um único objetivo: ganhar um título continental. Até agora não recebeu esse retorno. 

Para ser apenas campeão francês não terá valido a pena gastar tanto.  É como se o Flamengo comprasse o Messi para ser campeão da Libertadores e levasse apenas o título carioca.     

domingo, 27 de dezembro de 2020

Brasil na rabeira da vacinação. E não existe imunização para incompetência, má fé e fanatismo ideológico

por Flávio Sépia

Mais de 40 países estão fazendo campanhas de vacinação neste domingo.  E cerca de quatro milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo. 

O Brasil  não faz ideia de quando começará  a imunizar a população em campanha nacional. Não que falte tudo: o governo só não tem a vacina, a seringa, a competência, a vontade e a condição moral para enfrentar a tarefa.  

O Globo de hoje publica matéria sobre a "Geopolítica da Covid" onde informa que "países de alta renda dão as cartas no acesso às vacinas e os mais pobres ficam para trás". Em parte é verdade, segundo o Duke Global Health Innovation Center, da Carolina do Norte (EUA). Mas vários países fora do G-7 mostram que a eventual barreira não é intransponível. O Chile, por exemplo, aparece em sétimo lugar, tendo encomendado vacinas suficientes para o dobro da sua população. O México já tem contratos para compra de doses suficientes para mais da metade da população. Em vacinas encomendadas, o Brasil aparece atrás da Argentina e supera os hermanos apenas no vago quesito de "doses em negociação". 

A verdade é que vacina efetivamente comprada só a Coronavac adquirida por São Paulo. O governo federal tem, por enquanto, um memorando de compra, uma espécie de promessa, assinado com a Pfizer no tardio dia 10 de dezembro.  E um acordo de parceria da Oxford com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para fabricação da Astrazênica. E espera receber doses do consórcio Covax Facility, da OMS, criado para contornar a ameaça de monopólio dos países ricos  e levar a vacina aos pobres. A maioria das nações adquire vacinas de várias procedências porque uma ou duas marcas não vão alcançar produção suficiente para atender aos mercados globais em 2021. Aqui, o governo federal segue a cartilha de Bolsonaro que renega a pressa, torce contra por motivos políticos, tem surtos ideológicos e não comprou, até agora, as vacinas desenvolvidas pelo chineses (Coronavac) e pelos russos (Sputnik V). Também não se habilitou a comprar a Moderna. Os governadores dos estados do Paraná, Bahia e Maranhão têm negociações em andamento para compra da Sputnik. Ceará assinou acordo com o Butantã para compra da Coronavac.

Fora o esforço de alguns governadores e prefeitos, o Brasil está catatônico e na rabeira.

O dia em que Betty Friedan encurralou Adolpho Bloch • Por Roberto Muggiati

Tiroteio no "Bloch Corral": no centro da foto, Betty Friedan e Adolpho Bloch. A imagem é uma reprodução precária de uma edição da Manchete (de 1° maio de 1971), mas vê-se, de camisa branca, Renato Sérgio; Heloneida Studart, de óculos;  Tânia Quintilhiano, sentada, de cabelos curtos; e, à esquerda da foto, em primeiro plano e de mão erguida, Vera Gertel. Em torno da entrevistada, reuniam-se, ainda, outros jornalistas das revistas da Bloch. A foto é de Sebastião Barbosa.

A primeira vez em que o salão do décimo andar do prédio do Russell ficou lotado para uma entrevista coletiva foi durante a visita da feminista Betty Friedan à Manchete em 1971. 

Já em 1792 a inglesa Mary Wollstonecraft publicava Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher. Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir introduzia em 1949 a discussão do tema entre a intelectualidade. Mas foi Betty Friedan – lidando com fatos concretos ao invés de teses filosóficas – quem jogou no ventilador a ideia do feminismo para a mulher da classe média americana, ao publicar A Mística Feminina em 1963. A luta pela igualdade dos sexos caiu como uma bomba no caldeirão dos movimentos radicais que agitavam os sixties. O movimento assumiu a designação genérica de Women’s Lib(eration), com facções radicais dispostas até a pegar em armas pela causa, como a SCUM, da radical Valerie Solanas, autora de um atentado a tiros contra o célebre artista pop art Andy Warhol, considerado o símbolo do “machão porco-chovinista”. Filha de judeus russo e húngara, Bettye Naomi Goldstein desde cedo militou em movimentos marxistas e judaicos. Em 1966, fundou e foi eleita presidente da NOW (National Organization for Women), que visava a integrar as mulheres “à corrente principal da sociedade americana, com participação total e igual à dos homens.” 

No Brasil, o movimento feminista confundiu-se com a resistência contra a ditadura militar. Após a decretação do AI-5 no final de 1968, muitas mulheres pegaram em armas e enfrentaram ações arrojadas – como o sequestro de embaixadores – durante os Anos de Chumbo. Uma destas – participou do “confisco” do mitológico cofre de Adhemar de Barros – se elegeria Presidente do Brasil quarenta anos depois: Dilma Rousseff.

Foi nesse clima que Betty Friedan encontrou o Rio em 1971. Redatores(as) e repórteres de todas as revistas da Bloch – àquela altura eram mais de uns dez títulos – comprimiram-se no salão do décimo andar do primeiro prédio do Russell, que até 1980 receberia celebridades do mundo inteiro – do Dr, Christiaan Barnard a Mtislav Rostropovich, da Princesa Alexandra de Kent ao cineasta Franco Zeffirelli, do criador da aeróbica Kenneth Cooper ao best seller Sidney Sheldon. 

Claro que Adolpho Bloch não poderia perder aquela oportunidade de brilhar em público. Gostava de comparecer como penetra de luxo aos eventos jornalísticos da sua empresa, mas daquela vez se deu mal. A palavra ainda não existia, mas Adolpho padecia de um incurável “machismo estrutural”. E Betty Friedan conhecia todos os cacoetes da cultura judaica. Rebatendo os chistes antifeministas baratos de Adolpho, ela arrancou dele informações pontuais que o caracterizavam como um típico “filhinho de íidiche mame.” 

Caçula, Adolpho tornou-se aos 50 anos – com a morte súbita dos irmãos Arnaldo e Boris – o filho varão único, reinando sobre as mulheres da família. Revelou ainda, inadvertidamente, que só tinha casado depois dos trinta anos. Betty o tripudiou por ter vivido tempo demais debaixo das saias da mãe.

Além disso, casou com uma Miss – Lucy Mendes, Miss Rio Grande – engraçado, os dois principais artífices da Manchete, a revista das Misses, casaram com uma Miss, Justino Martins com a primeira Miss Brasília, Martha Garcia. 

Adolpho tinha então 62 anos, Betty 50. Castigado pelos negócios e pela idade, ele morreria em 1995, aos 87. Betty morreu em 2006 no dia em que completava 85 anos. 

Voltando à coletiva do décimo andar: sentindo-se em inferiorizado no debate, Adolpho bateu em retirada e, pretextando uma reunião de negócios, deixou Betty Friedan com os jornalistas, livres para fazerem o seu trabalho. A matéria publicada na Manchete, assinada por Heloneida Studart, intitulou-se “Betty Friedan: ‘O segundo sexo quer ser igual ao primeiro.’” Entre outras coisas, foi lembrada a frase do livro que justificava seu título: “Toda mulher é criada como tendo sua própria cruz para carregar caso não consiga ser o clone perfeito do macho super-homem e o clone perfeito da mística feminina.” 

sábado, 26 de dezembro de 2020

O espião que foi para o frio - Morre em Moscou, aos 98 anos, George Blake, o agente duplo que era uma lenda da Guerra Fria



George Blake era um mito da espionagem na Guerra Fria. Manchete publicou várias matérias sobre ele. Acima, o espião em foto dos anos 1950 e... 

já em Moscou, na década de 1960, depois de uma fuga espetacular de uma prisão britânica. Reprodução Manchete

por Jean-Paul Lagarride 

Morreu hoje em Moscou, ao 98 anos, uma lenda da espionagem. O holandês George Blake, que entrou para a inteligência britânica durante a Segunda Guerra, era um dos mais ativos espiões da Guerra Fria. Tornou-se agente duplo para a União Soviética no começo dos anos 1950, quando se revoltou ao testemunhar o massacre das populações civis da Coreia do Norte pelos bombardeios da aviação americana. Declarava-se marxista-leninista e não se considerava um traidor. Preso, foi condenado a 42 anos, mas logo fugiu de uma prisão londrina e se exilou em Moscou, onde recebia aposentadoria da KGB. A morte de Blake foi informada por Serguei Ivanov, porta-voz da inteligência russa. "Ele amava sinceramente nosso país, admirava as façanhas do nosso povo durante a Segunda Guerra Mundial", disse. O presidente Vladimir Putin expressou condolências à família. É provável que Blake seja enterrado em Moscou como honras militares. Em vida, ele já era celebrado como herói pela URSS, que lhe deu o posto de coronel.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

O ano da Covid também foi marcado por duas doenças sociais: o racismo e o feminicídio

A Revista Família Tupi incluiu o Feminicídio e o Racismo entre os temas do ano. Roberto Muggiati abordou a violência contra a mulher, a partir do assassinato de Ângela Diniz... 



...e a repórter Dani Maia registrou a reação da sociedade contra o avanço do preconceito. 


Feita por revisteiros (*) ex-Manchete  para a Rádio Tupi FM, a Revista Família Tupi Especial de Natal e Ano Novo apontou como Temas do Ano o racismo e o feminicídio. 

A publicação, que foi para a gráfica no dia 7/12 e está nas bancas desde o fim de semana seguinte, chama a atenção para a incidência de crimes com essas características ao longo de 2020. 

Infelizmente, na saideira do ano, novos fatos referendam as pautas. 

No dia 9/12, durante jogo do PSG contra o Istambul Basaksehir, pela Liga dos Campeões, o quarto árbitro Sebastião Coltescu proferiu ofensa racista contra Pierre Webo, ex-jogador e atualmente auxiliar técnico do time turco. Os demais jogadores se revoltaram, interpelaram o árbitro e se retiraram de campo. Pela primeira vez na história, um jogo de futebol foi suspenso em protesto contra o racismo. A partida só foi retomada no dia seguinte. E no dia 20/12, em jogo no Maracanã,o Brasil assistiu à indignação do jogador Gerson, do Flamengo, que denunciou em campo ter sofrido ofensa racial por parte de Ramirez, jogador do Bahia. Os dois acontecimentos reacenderam na mídia a discussão sobre o racismo e o feminicídio, crimes em alta no Brasil. 

A repórter Dani Maia, ex-Contigo! e colaboradora da Família Tupi, abordou o racismo a partir dos casos George Floyd, assassinado pela polícia nos Estados Unidos, e João Alberto, o soldador morto por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre. A matéria registra a opinião de militantes do movimento negro que pedem união contra o racismo. 

O outro tema do ano apontado pela Família Tupi - o feminicídio - se evidenciou ontem de forma cruel. A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas na frente das três filhas, na véspera do Natal. O suspeito, o ex-marido dela, o engenheiro Paulo José Arronenzi, foi preso em flagrante. Viviane estava antes sob proteção policial por ter sofrido lesão corporal e ameaças do ex-marido. A pedido de uma das filhas, que teria dito que o pai não era bandido, ela havia dispensado a escolta. 

Na noite de Natal, Thalia Ferraz, 23 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro, que está foragido.. O crime aconteceu em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. O assassino enviou mensagem pouco antes avisando a Thalia que faria uma "surpresa".

Em Recife, o sargento Ademir Tavares de Oliveira matou a tiros, também na noite de Natal, a esposa Ana Paula dos Santos. O assassino foi preso em flagrante.

A revista registra o aumento dos casos de feminicídio em 2020, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública,  e pontua o tema através de matéria sobre um caso marcante: o assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, em Búzios, alvo de tiros desfechados no rosto pelo empresário Doca Street. O texto, assinado por Roberto Muggiati, conta que no primeiro julgamento do assassino, o seu advogado, Evandro Lins e Silva, conseguiu livrá-lo da cadeia usando o odioso argumento de "legítima defesa da honra". Na época houve protestos. Só em segundo julgamento, Doca Street, que morreu no último dia 18, foi condenado a 15 anos de prisão. 

O Brasil vive dias em que a ultradireita se manifesta nas redes sociais invariavelmente tentando minimizar esses dois tipos de crimes, às vezes até depreciando as vítimas. Neste crítico 2020, a mídia em geral teve um papel importante ao aprofundar o debate sobre racismo e feminicídio, ao dar espaço aos protestos, denunciar os crimes e expor essas graves questões. Que 2021 se mostre mais civilizado.

(*) José Esmeraldo Gonçalves, Dirley Fernandes, Sidney Ferreira, Alex Ferro, David Júnior, Tânia Athayde e Roberto Muggiati.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Exclusivo - Previsões de Allan Richard Way II. O vidente diz que 2021 será um "2020 com vacina". Melhor, mas nenhuma maravilha.


Foto Istock

Allan Richard Way II,  herdeiro de Allan Richard Way, o famoso vidente que durante anos fez previsões para a Manchete, anuncia que já foi devidamente vacinado pelo National Health Service, o Serviço Nacional de Saúde britânico, e informa que não sofreu quaisquer reações. Suas previsões para 2021 foram concluídas e enviadas ao Brasil, dessa vez através de um ex-aluno em especial cortesia de malote diplomático.


POR ALlAN RICHARD WAY II (By order ARW 2021)


* Virão à tona novos casos de corrupção envolvendo nomes do alto escalão relacionados a transferências de dinheiro de organizações criminosas ligadas ao mercado imobiliário e ao comércio de armas. Apesar da repercussão, o escândalo será abafado.  

* Um importante museu será destruído em incêndio de grandes proporções. 

* Figura da República morrerá em acidente aéreo. 

* A economia do país recuará em 2021. O ministro da Economia será demitido. Para seu lugar será indicado um sargento da Intendência. Haverá reação das entidades financeiras e empresariais. 

* No Brasil, a vacinação acontecerá em meio a desorganização. Manifestantes de seita contrárias à vacinação farão piquetes em postos. Haverá protestos com queima de máscaras. A pandemia se arrastará até o segundo semestre do ano. A nota dramática é que um bolsominion se imolará na Avenida Paulista ateando fogo a uma camisa amarela da CBF em protesto contra a vacina.

* Bandidos de poderosa facção invadirão depósitos e roubarão grande quantidade de vacinas, que serão vendidas no mercado ilegal e em países vizinhos, especialmente o Paraguai. As chamadas milícias entrarão no milionário negócio da vacinação privada.

* Site revelará desvios de vacinas para imunizar com prioridade pessoas com ligações poderosas: políticos e famílias, desde prefeitos passando por vereadores, deputados, ministros, senadores e governadores e cantores sertanejos. Suspeita de que núcleo do Planalto receberá vacinas na calada da noite. Pastores, juízes, donos de clubes de tiro e demais empresários ligados ao governo também serão beneficiados.

* Um dos mais famosos atores brasileiros morrerá subitamente em sua fazenda. 

* Os executores de Marielle Franco e Anderson Silva serão condenados. A Justiça não informará quem foram os mandantes do crime. 

* O ministro do Meio Ambiente anunciará um plano para lotear a Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele argumentará que se a mata for ocupada será mais fácil preservá-la. 

* O ministro do Meio Ambiente anunciará que parte da Amazônia será terceirizada para organizações sociais ligadas a igrejas que já atuam na região. 

* Os órgãos responsáveis pelo Patrimônio Nacional finalmente localizarão a goiabeira onde uma ministra do atual governo deparou-se com Jesus, segundo ela. O Ministério do turismo transformará o local em sítio sagrado e os brasileiros serão incentivados a visitar a árvore em peregrinação pelo menos uma vez por ano. Quem comprovar a ida ao local participará do sorteio de uma viagem à Terra Santa. 

* Escândalo na corte. Vazará um vídeo íntimo de importantes autoridades. Cenas terão sido gravadas em apartamento reservado para encontros decorado em verde e amarelo. Os figurões em questão não demonstrarão nas suas performances qualquer preconceito contra gêneros, muito ao contrário. Mulheres aparecerão fantasiadas de generais, portando fuzis. O vídeo será divulgado por uma organização internacional de hackers.

* O São Paulo será campeão mundial em 2021. 

* O Brasil registrará um das suas piores performances na Olimpíada

* O STF terá duas vagas a serem preenchida no próximo ano. 

* Mesmo número de vagas a serem abertas na Academia Brasileira de Letras. O governo tentará emplacar Olavo de Carvalho. 

* Rompimento de barragem causará tragédia em Minas Gerais. A Vale do Rio Doce culpará as vítimas e pedirá indenização.

* Grande derramamento de petróleo atinge litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos. governo culpará Joe Biden e Nicolás Maduro, nessa ordem

* Apagão atingirá vários estados, incluindo o Rio de Janeiro onde só não faltará luz no Condomínio Vivendas da Barra.  

* Forças Armadas simulam invadir os Estados Unidos. O treinamento acontecerá na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, local que, segundo os estrategistas militares, é muito assemelhado a Miami por onde as tropas brasileiras deverão adentrar no país de Joe Biden. O dia da invasão entrará para a história como o DIA B.

* O Vaticano estudará liberar a maconha

* Donald Trump visitará o Brasil. Pedirá apoio para voltar ao poder alegando que houve fraude nas eleições. Brasília colocará as Forças Armadas à disposição do americano e sugerirá  que Trump seja nomeado presidente autoproclamado dos Estados Unidos.

* Investigação nos Estados Unidos apura suposto pagamento de propina a Trump relaionado a venda de caças para um país do Oriente Médio. O ex-presidente também é acusado de comprar com dinheiro público 5 mil tubos de fixador, máscara capilar, hidratante e tintura de saturação tonalidade mel para cabelos.

* Donald Trump será detido por agentes do serviço secreto por ser flagrado perambulando nos jardins da Casa Branca portando um cartaz em que pede a anulação das últimas eleições. Ele baterá panelas e acordará o presidente Joe Biden. 

* Importante grupo de comunicação entrará em regime de recuperação fiscal.

* Morre atleta muito famoso.

* Um casal importante se separará. O motivo envolverá uma conjugação do verbo na terceira pessoa do singular.

* Brasil viverá drama social com índices de desemprego que não recuarão da casa dos 15 milhões de pessoas. O ministro da Economia e os jornalistas de mercado culparão os desalentados, os deprimidos, os desanimados, os esmorecidos, os prostrados e os acabrunhados. 

* Mídia denunciará formação de grupos paramilitares clandestinos no Brasil voltados para ações políticas. 

* Atuação das milícias do Rio de Janeiro chegará a trechos de bairros da Zona Sul após conquista de territórios que pertenciam ao tráfico..

* Desabamento de prédio comove o país.

* Direita perde terreno no Leste Europeu, mas avança na França. 

* Reino Unido sofre efeitos do Brexit, apesar de acordo, e recorrerá aos Estados Unidos para criação de de zona especial de comércio privilegiado com os Estados Unidos. Joe Biden resiste à ideia.

* China fará exercícios militares e estocará toneladas de removedor de tinta depois do ministro das Relações Exteriores do Brasil declarar que esgotada a diplomacia terá chegado a hora de enviar uma tropa de assalto das Forças Armadas para pintar de branco as árvores e o meio fio das ruas de Pequim. . 

* Deputado pede investigação sobre a milionária compra de Cloroquina feita pelo governo brasileiro. O objetivo será saber quem ganhou dinheiro na transação.

* O Brasil sofrerá aceleração das queimadas no segundo semestre do ano. Mas dessa vez a reação internacional será mais forte. Ecologistas exigirão extradição de Bolsonaro e Ricardo Salles.

* Famosos cantor sertanejo morrerá vitima de acidente automobilístico em estrada do Centro-Oeste.

Novo escândalo de assédio abalará a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Dessa vez um deputado se defenderá afirmando que "ouvia vozes do diabo" mandando passar a mão em funcionárias. O deputado acusado, considerado um "homem de bem", receberá a solidariedade dos colegas.

* 2021 será considerado um ano pré-eleitoral. No segundo semestre, aparecerão vários pré-candidatos. Obterão legendas um general, um delegado da PF, um bombeiro, um guarda civil, um PM, um escoteiro, um segurança, um miliciano, um templário, um pastor, um apresentador de TV, um produtor de fake news, um ex-Lava Jato e um ex-doleiro.

Democracia continuará ameaçada no Brasil.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Crivella foi preso, virou piada e memes. Mas riu por último. Vai ficar de boa, em casa, no QG, tranquilão.

 

O problema é que Crivella, que tem preconceito contra símbolos das religiões afro, debochou de Zé Pilintra ao associar a entidade com o chapéu usado por Eduardo Paes. Sem passagem pela polícia como o elemento que o ofendeu, Zé deu o troco no prefeito suspeito de presidir o QG da Propina. 

O clã Bolsonaro fechou com Crivella na eleição. Não ajudou e ainda sai respingado pelo lamaçal.

Não foi dessa vez. Com costas largas, Crivella passou apenas algumas horas preso. Nem bem foi preso, ganhou uma "saidinha de Natal" antecipada. E deve voltar para o conforto do lar. 

O jornalismo da Record é famoso por seguir o manual de redação dos pastores. Para a emissora do "bispo", Crivella não foi preso, apenas convidado para dar um passeio com os tiras. 


Márcia era a quebra-galho do Crivella. A do famoso "fala com a Marcia". Ontem, a assessora não ajudou: Crivella foi acordado às 6 da manhã como meliante suspeito. 
A adaptação musical do compositor Edu Krieger bombou nas redes sociais, apesar de Crivella rir por último. Veja AQUI

A mentira e o cinismo

por J.A.Barros

O Brasil de hoje é um país onde a mentira e o cinismo se tornaram o comportamento social–político de muitos dos nossos governantes. Eleitos para, nos seus mandatos delegados pelos seus eleitores, atuarem como defensores dos direitos dos cidadãos e na criação de projetos que venham beneficiar os crescimentos indústrial, comercial e rural, certos mandatários políticos se esquecem da ética e honestidade nas suas decisões politicas e governamentais. Com alguns governadores e prefeitos, temos administrações em que a corrupção tem sido a constante, com a criação de sistemas de corrupção em que a "propina" passa a ser a moeda de troca nas relações entre governos e empresas de construção de obras licitadas nas suas administrações. Exatamente nesse processo, embora as normas e regras previstas, a corrupção se cria e se fortalece, passando a dimensões inimagináveis. 

Como resultado, milhões de reais desviados. Na avidez de ganhar concorrências públicas, empresas desonestas despejam propinas à vontade para grupos políticos dentro desses governos. O objetivo é ter privilégio nos processos em que disputam entre si o melhor preço para a realização de obras. 

Essa corrupção se torna tão relaxada e visível, que os órgãos de vigilância e segurança públicas passam a investigar e acompanhar esse processo político desonesto, levando dois ou três anos para conseguir colher provas suficientes para enquadrar e prender os corruptos governamentais. Os denunciados deveriam aguardar encarcerados o processo judicial que se seguirá. Para isso existe a prisão preventiva.

Mas, aí, a sociedade ofendida e ultrajada se vê mais ofendida, quando poderes maiores do  Estado, numa simples canetada, põem em liberdade esses desonestos e corruptos políticos, que passam a gozar da liberdade em suas casas. Ou, com as suas contas bancárias aumentadas em dez vezes mais, se refugiam em balneários internacionais, rindo e felizes por terem enganado e ridicularizado toda uma nação. Essa é a cara do Brasil de hoje, enquanto poderes maiores colocarem em liberdade corruptos e ladrões do erário público, criminosos revestidos de políticos. Protegê-los é tornar endêmica a corrupção, travando o crescimento deste país. 

Só o que podemos fazer, e aí deve entrar a consciência e o sentido de dever público do eleitor, é pensar muito na escolha de candidatos a qualquer cargo eletivo, porque desta escolha dependerá o futuro deste país. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Mike Tyson, fã de Pelé. Já viu esse vídeo?

 


Durante um podcast com Snoopy Dog, Mike Tyson mostra sua admiração por Pelé. Divulgado há poucos dias por @lucianopotter, no Twitter, esse vídeo viralizou. Veja AQUI

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Amai-vos uns aos outros: vazam fotos de Diego Costa, Gabriel Jesus e uma fiel amiga encontradas dentro de uma bíblia...

 

     O jornal The Sun, que adora um escândalo, publicou... 
... as fotos de Gabriel Jesus, Diego Costa encontradas entre as páginas de uma bíblia que...

...estava à venda em uma loja de caridade. Os dois jogadores aparecem na cama com 
a mesma mulher não identificada


por Jean-Paul Lagarride

Londres está em choque em meio ao rebote de Covid e ao vírus mutante família Sars que assusta todos. Mesmo assim, houve espaço para repercussão de um curioso vazamento de fotos. É comum viralizar nas redes sociais imagem escapada de celulares. 

Inédito é achar fotos íntimas na bíblia.

Estrelas da Premier League, os jogadores brasileiros Gabriel Jesus, do Man City e Diego Costa, do Chelsea, foram parar nas páginas do The Sun e nas redes sociais depois que fotos dos dois na cama, aparentemente em momentos diferentes, com a mesma mulher, foram encontradas dentro de uma bíblia. Aconteceu que a jovem em questão, que em algum momento foi compartilhada pelo craques, doou a bíblia a uma instituição de caridade que revende objetos. O fiel que comprou o livro, provavelmente cheio de boas intenções, se deparou com cenas inspiradoras, entre um salmo e outro, mas não no sentido que esperava. 

Não se sabe se o comprador apenas publicou as fotos nas redes sociais ou se vendeu o material ao jornal por 30 dinheiros. 

Jornalismo ou torcida organizada?

 Nesses dias finais de 2020, os principais jornalistas de mercado estão usando seus programas e comentários nos jornais, revistas, rádio, TV e redes sociais para divulgar as previsões da economia para 2021.  Parecem felizes com o que, segundo eles, vem por aí. É uma espécie de coro dos contentes.

Será que esse pessoal não poderia dar uma um busca nas análises que fizeram no ano passado? Como a maioria é fã de Paulo Guedes e como os números vêm do mercado que apoia o ministro, invariavelmente, as tais previsões também foram super otimistas. Um jornalista encantado com as frases e bordões de Paulo Guedes chegou a escrever que o ministro é "brilhante".

Os jornalistas de mercado quebraram a cara em 2020 ao falar em "retomada", "emprego", "investimentos" etc. E o desastre não veio apenas pela Covid - onde o governo errou tanto na questão sanitária quanto na econômica. Os dois primeiros meses de 2020 já apontavam para uma explosão do desemprego.  Os sêniores, as moças e os rapazes comentaristas de mercado estão de novo acreditando e reverberando um 2021 promissor nos quesitos "inflação", "reformas", "privatizações", "teto", "equilíbrio fiscal". Nenhum deles fala em contenção da escalada do desemprego e recuperação de vagas, em tirar brasileiros da miséria extrema, em combater o aumento da fome no país. 

Para muitos, o país profundo, as pessoas reais, não existem. 

O mercado financeiro é o altar supremo diante do qual a imensa maioria da população brasileira tem que se sacrificar. Não raro, à custa da própria vida. 

2001 não foi um bom ano. Todo mundo entendeu, Caetano quis desejar um feliz 2021...

Na live de sábado, Caetano desejou um bom 2001 pra todo mundo. Sei não. Aquele começo do terceiro milênio foi meio esquisito, fora da curva. De cara, a nave da Xuxa pega fogo e deixa 20 pessoas feridas no cenário do programa da Globo.  George Bush toma posse. Herbert Vianna sofre um grave acidente de ultraleve. Em abril, o Brasil engrena o maior apagão da sua história, com a mídia poupando FHC e o povão detonando o governo, que acaba perdendo a eleição do ano seguinte. Plataforma da Petrobras naufraga e deixa 14 vítimas fatais. Marcelo Fromer, dos Titãs, morre atropelado. Patricia Abravanel, filha do Silvio Santos, é sequestrada. Terroristas islâmicos fazem ataques suicidas contra as Torres Gêmeas e o Pentágono matando 3 mil pessoas. George Harrison morre de câncer.  Cássia Eller morre de infarto. 

São apenas alguns fatos de 2001 coletados na Wikipédia que, aliás, estreava sua edição em português. 

Todo mundo entendeu o que Caetano quis dizer. Bom 2021 pra nós.

domingo, 20 de dezembro de 2020

Deu jacaré


Desde que Bolsonaro disse que quem tomar vacina pode virar jacaré, as redes sociais não param de ridicularizar o sequelado. 

O problema é que sendo a fala de um presidente, a declaração repercute internacionalmente.  O New York Post noticiou. 

Já deu entrada no seu pedido de um passaporte uruguaio? 

Trump reúne o seu "gabinete do ódio" e promete fazer um "protesto selvagem" no dia 6 de janeiro. Seus assessores querem que o chefe decrete Lei Marcial e anule as eleções...

por Flávio Sépia 

O barraco antidemocrático não acabou. Segundo as agências internacionais, que repercutem o New York Times, Donald Trump reuniu o seu "gabinete do ódio", na última sexta-feira, no Salão Oval, e a coisa fedeu. Dizem que os Pais Fundadores tremeram nas sepulturas. Os mais exaltados, já embalados pela happy hour, sugeriam aos gritos que Trump decretasse Lei Marcial e anulasse as eleições. Alegam que a Venezuela, que não tem mais dinheiro nem para pagar a conta de luz, liderou uma gigantesca operação para fraudar as eleições em favor de Joe Biden. 

Não ficou claro se Trump vai liderar um golpe e instaurar a primeira ditadura nos Estados Unidos desde que Thomas Jefferson redigiu a Constituição, mas o presidente prometeu fazer um "protesto selvagem" no dia 6 de janeiro, quando o Congresso se reúne para confirmar o resultado das eleições.

Infiltrada na adversária

 


Hoje, às 12.31, quem entrava na página da Istoé recebia uma proposta de assinatura da... Veja. Isso não é assédio jornalístico?

sábado, 19 de dezembro de 2020

Paçoca: o Viagra do pobre • Por Roberto Muggiati

Sim, a paçoca, aquela guloseima do nosso dia-a-dia, ganhou destaque na mídia em função da live deste sábado que mostra Caetano Veloso na intimidade. Entre outros detalhes, as imagens do celular de sua companheira Paula Lavigne revelam uma paixão gastronômica irresistível do cantor-compositor, a "fissura na paçoca". Cito da matéria do segundo caderno de O Globo, "O Mito de Pijama": "Paula achou engraçada a fixação dele pelo doce de amendoim e passou a registrar toda vez que papito, como ela o chama, abria um pacotinho. Era paçoca na cama do casal, no sofá amarelo da sala, na poltrona de leitura. Os flagras de um Caetano que parecia estar sendo pego numa travessura lhe renderam o apelido de Seu Paçoca."

Como sócio de carteirinha do clube dos consumidores de paçoca, só faço restrição à escolha que Caetano faz da modalidade diet, um verdadeiro crime de lesa-paçoquice ... Aliás, um de meus projetos literários pós-Covid é um tratado sobre filosofia budista intitulado Zen a arte de comer paçoca-rolha sem esfarelar.

Típica da comida caipira do estado de São Paulo, a paçoca de amendoim, ou capiroçava (na Região Norte), vem do tupi po-çoc ("esmigalhar") é feita de amendoimfarinha de mandioca e açúcar, e tradicionalmente preparada para as festividades da Semana Santa e festas juninas

Mas tem mais nessa história, muito mais. Por seu alto teor energético, o amendoim é reconhecido como um possante afrodisíaco. Sua versão concentrada, faz da paçoca uma verdadeira bomba. Nem todos os consumidores da guloseima de amendoim o fazem com segundas intenções. Mas a devastação na economia causada pela Covid-19 levou uma quantidade de casanovas inadimplentes a buscarem na paçoca o seu genérico barato do Viagra. Só podemos desejar boa sorte para eles...


Família Odebrecht ou Família Novonor?

por Ed Sá 

A Justiça permite em algumas situações e sob justificativas aceitáveis que uma pessoa peça a mudança do seu nome. Imagine: se um pai desnaturado batiza o filho ou a filha de Bolsonaro, Donald Trump, Hitler, Mussolini, Pinochet, Crivella, Flodelis, Janaína Paschoal, Damares ou qualquer outro nome que por acaso ofenda o rapaz ou a moça ao crescer, é justo que ele tente se livrar do peso. Há toda uma burocracia, mas a lei permite a mudança em casos pontuais. 

Para empresas, é mais fácil. Se, por algum motivo, a imagem da marca foi enlameada, os marqueteiros passam um pano no passado, desenham novo logotipo e vida que segue. 


O novo nome e marca da Odebrecht

A Odebrecht acaba de passar por uma dessas crises de identidade. Com o nome associado à corrupção desembestada, a holding quer ser chamada agora de NOVONOR. A marca escolhida estimulou especulações nas redes sociais. Há quem diga que é NOVONORMAL, uma tentativa de esquecer o antigo anormal. Também pode ser NOVONOR...BERTO, alusão sutil ao fundador do grupo, Norberto Odebrecht. Ou o ONOR seria uma insinuação da raiz latina para HONOR? Uma busca inconsciente da honorabilidade perdida? 

Entendi. Só não ficou claro se Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht e Maurício Odebrecht, da família que controla o grupo, passarão a se chamar Marcelo Novonor, Emílio Novonor e Maurício Novonor.

PêGê, o garoto das capas da Veja


Tudo bem que a Veja é atualmente propriedade de corretores do mercado financeiro e Paulo Guedes é figura-chave no setor. Mas a revista não precisava exagerar. PêGê é capa da Veja dessa semana, Onde promete O Ano da Virada. Não fica claro se é "virada" no sentido de capotagem, de rolar a ribanceira. Não há duvidas de que PêGê, o recordista de capas da Veja, trabalha pela reeleição de Bolsonaro. Na famosa e desclassificada reunião dos palavrões de 22 ~e. de abril, o ministro da Economia foi enfático: “Não pode ministro pra querer ter um papel preponderante esse ano destruir a candidatura do presidente, que vai ser reeleito". 

As oligarquias da mídia neoliberal amam Paulo Guedes. O mercado ama PêGê, os (as) jornalistas de mercado amam PêGê. Pode-se dizer que fazem uma oposição superficial ao governo Bolsonaro, que ajudaram a colocar lá, mas fecham mesmo é com o amado PêGê. 

Recentemente, o Ministério da Economia, do PêGê, encomendou um relatório investigativo sobre jornalistas. Um monitoramento que classificou os coleguinhas como  "detratores", "neutros informativos" e "favoráveis". O relatório foi encomendado pela pasta do Guedes. Pois bem, o arapongagem, embora grave, ficou pouco tempo na mídia e, enquanto ficou, a mídia conservadora fez um esforço danado para não vincular o monitoramento, que lembrou as fichas da ditadura, a Paulo Guedes, em suma, o homem que pagou a empresa para fazer o levantamento. Ninguém nem mesmo perguntou ao PêGê de quem foi a ideia do dossiê. 

Voltando à Veja. Geralmente, escolher a capa  de uma revista é tarefa crucial para um editor. A foto, a chamada, o impacto. Para a Veja, não. Se a semana não produz fatos relevantes, basta ao diretor mandar o rapaz do cafezinho pedir ao pessoal do banco de dados para enviar uma foto qualquer do Guedes, ele olhando de ladinho e se parecida com as demais de capas anteriores não em problema.







Barack Obama inclui "Bacurau" entre os melhores do ano... Filme foi esnobado pela Academia Brasileira de Cinema

 


"Bacurau". dos diretores  pernambucanos Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, perdeu no ano passado a vaga brasileira de concorrente a Melhor Filme Estrangeiro no Oscar em uma escolha discutível e politicamente suspeita. Na ocasião, o eleito foi "A Vida Invisível", que foi logo desclassificado pelos americano. Apesar de esnobado pelos "especialistas" da Academia Brasileira de Cinema, "Bacurau", que a "kultura" bolsonarista detesta,  tornou-se um sucesso mundial, arrebatando prêmios em vários festivais. 


Ontem, o ex-presidente americano Barack Obama incluiu o longa brasileiro na sua lista de melhores filmes. New York Times e o The Guardian também elegeram ‘Bacurau‘ como um dos filmes do ano.

E "Bacurau" pode ter ainda uma chance no próximo Oscar marcado para 25 de abril de 2021. Em exibição nos Estados Unidos, e diante da repercussão, a distribuidora local faz campanha para submetê-lo à seleção para a premiação. 

Empresas privatizadas devem ajudar os governos a comprarem vacinas e seringas. Ganharam tanto dinheiro na xepa das estatais que poderiam retribuir o presente neste Natal

 O governo federal já avisou que não tem dinheiro para comprar vacina para todos os brasileiros. Na verdade Bolsonaro e o seu bando ligaram o foda-se desde que a pandemia chegou ao Brasil. 

O Brasil não tem tradição de magnatas preocupados com questões sociais do país. A grande maioria só se mexe em interesse próprio. Mas diante da tragédia do Covid-19 muitas empresas teriam condições de ajudar, comprando vacinas e seringas, por exemplo. Este seria o momento dos donos de empresas retribuírem. Afinal, ganharam presentões do Estado nas últimas décadas, participando da maior black friday do mundo, arrematando a preço de banana rico patrimônio e, ainda, por força de suspeitos contratos de privatização botando no bolso recursos do BNDES a jurus subsidiados, recebendo trens, barcas e até ajuda estatal para pagar até contas de luz, sem falar em dispensa de investimentos que deveriam ter sido assumidos. 

Diante do maná, Vale, CSN,  concessionários de estradas e aeroportos (que recentemente tiveram alívio na dívida de outorgas), distribuidoras de eletricidade, portos, Embraer, Embratel e demais telefônicas, metrôs, ferrovias e bancos poderiam patrocinar parte da vacinação. Ou, pelo, menos, pafgar impostos atrasados ou sonegados, isso já seria um ajuda substancial.

Em tempos de neoliberalismo selvagem poucos lembram que entre as funções sociais das empresas está a solidariedade. 

Se nada disso sensibiliza as corporações, debelar a pandemia é agora um importante pilar da economia. 

Até Paulo Guedes demorou mas percebeu isso.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

ACONTECEU, FILMOU... DEPUTADA É VÍTIMA DE ASSÉDIO SEXUAL EM SESSÃO NADA NOBRE...


Faltava a disseminação de câmeras para a humanidade ser desvendada ou revelada. Câmeras de segurança e câmeras de celulares estão reescrevendo comportamentos. Para pior, com maior frequência, diante de tantas cenas degradantes que nos chegam via redes sociais e para melhor, quando os vídeos mostram dignidade, coragem, honestidade, solidariedade. 

As câmeras fazem, afinal, uma ultrassonografia útil e social e exibem os sociopatas em ação. É bom que eles se revelem. Melhor vê-los do que desconhecê-los. 

É estarrecedor o vídeo que circula desde ontem na internet e nos veículos jornalísticos. Durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, um deputado abusador cola o corpo ostensivamente em uma deputada, toca-lhe o seio e aproxima o rosto do pescoço da mulher. Antes, parece avisar a um colega sobre o que iria fazer, e este, aparentemente, tenta impedir a investida. A jovem assediada é a deputada do PSOL Isa Penna. O importunador sexual é o deputado Fernando Cury, do Cidadania. Entre os colegas, já apareceram desclassificados que o defendem, talvez por acharem normal atacar as mulheres que começam a conquistar espaços que lhes pertencem e que o machismo estrutural lhes negava. Ou, talvez, por serem filhos de chocadeira, não têm filhas, irmãs, mães, esposas... 

A deputada Isa Penna contou à CNN Brasil que há outros casos de assédio na ALESP, a diferença é que este foi filmado. Deputadas também são importunadas em Brasília. Há muitos relatos de jornalistas que são assediadas por políticos vulgares no centro do poder. 

O crime cometido contra Isa Penna será apurado por comissões de ética. Espera-se que o importunador seja punido e que nenhum deputado apresente uma resolução para retirar as câmeras do plenário. Tirar o sofá da sala é, às vezes, a solução ditada pelo corporativismo.

VEJA O VÍDEO. É UMA CENA ABSURDA E GROSSEIRAMENTE REAL, AQUI

Feminismo 2020, parte 2: o antivírus chinês • Por Roberto Muggiati


Tan Weiwei: uma canção contra o machismo chinês

Uma em cada cinco mulheres no planeta é chinesa. Ou seja, dez por cento da população mundial persistiam sendo um mistério até bem pouco tempo atrás. Num dos países de cultura mais tradicionalista e machista, elas começam finalmente a romper as correntes que as mantinham em absoluto isolamento e silêncio. O mais recente grito de protesto é a canção da estrela pop Tan Weiwei Xiao Juan, do seu novo álbum, inteiramente dedicado à violência contra as mulheres no seu país. 

Em três dias, o lançamento teve 320 milhões de visualizações no Twitter chinês, o Weibo. Diz a canção, inspirando-se em casos reais de agressão à mulher: “Vocês gastam enorme energia para nos silenciar/Ninguém ousa desobedecer/Usam punhos, gasolina, ácido sulfúrico/Raspam nossas cabeças. Nos assediam, ou nos julgam em silêncio.” Xiao Juan – o título da canção – é o pseudônimo genérico usado pelas autoridades para as vítimas de crimes violentos. Tan Weiwei canta, nos versos de abertura: “Nossos nomes não são Xiao Juan. O pseudônimo é a nossa última defesa.”

A pressão mais recente das mulheres chinesas obteve resultados. Só em 2015, foi aprovada a primeira lei contra a violência doméstica, ainda assim contraditória, pois seu texto fala em preservar “a harmonia da família e a estabilidade social.” E só em maio de 2020 o assédio sexual foi introduzido como crime no Código Civil chinês. Enfim, é um mundo a ser descoberto. Se querem saber mais, leiam o livro da jornalista Leta Hong Fincher Enfrentando o Dragão: o despertar do feminismo na China (Editora Matrix). E se querem sentir mais, vejam e ouçam esse vídeo de Tai Weiwei cantando Xiao Juan.

https://www.youtube.com/watch?v=B8Ygse_mJzo

E, em tradução livre, conheça trechos da canção: Nossos nomes não são Xiao Juan/A propósito, essa é a nossa última defesa/Você nos vê nas últimas notícias/Em fotos pixelizadas da cena do crime/Você gasta muita energia para nos silenciar/Ninguém se atreve a desobedecer/Você usa seus punhos, gasolina e ácido sulfúrico/Raspar nossas cabeças, nos rastrear ou nos julgar em silêncio/No final, é assim que você nos descreve: megera, prostituta e prostituta/Mulher-peixe, vadia, devoradora de homens,vadia/Olha, é assim que você nos menospreza/Apague nossos nomes, esqueça nossos seres/a mesma tragédia continua e se repetir/Prenda nossos corpos, corte nossas línguas/E silenciosamente use nossas lágrimas para tecer um brocado de seda/Jogue-nos pelo ralo/Do leito nupcial ao leito do rio/Enfiar meu corpo em uma mala/Ou coloque-o em um freezer na sua varanda/Perto de uma escola, fábrica ou rua movimentada/Um bom lugar que nossos entes queridos escolhem/No final, é assim que você nos disciplina.