segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Carnaval 2020: Globo renova por seis anos contrato de transmissão dos desfiles do Grupo Especial no Sambódromo carioca


A Globo divulgou na última sexta-feira nota à imprensa confirmando a renovação do contrato de direitos de transmissão do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro com a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). O acordo envolve G1 e Globoplay, além da Rede Globo. Os desfiles da Série A, na sexta e sábado de carnaval, também será exibidos para o Rio de Janeiro, enquanto os demais estados verão as escolas do Grupo especial de São Paulo. 

Mão boba na coxa! Jornalista acusa Boris Johnson de apalpá-la "sem acordo".

Reprodução The Sun

por Jean-Paul Lagarride 

A jornalista Charlotte Edwardes revela que o atual primeiro-ministro britânico Boris Johnson apalpava assessoras. Ela mesma foi vítima quando trabalhava no Spectator, revista política da qual ele era editor.

Em sua coluna de estreia no Sunday Times, Edwardes contou que durante um almoço sentou-se ao lado de BJ e sentiu sua mão agitada apertando-lhe a coxa por baixo da mesa. “Eu estava sentada à direita de Johnson e à sua esquerda estava uma jovem que eu conheço. Debaixo da mesa, senti a mão de Johnson apertando minha coxa. Após a refeição, em conversa com a outra mulher, esta me disse: 'Meu Deus, ele fez exatamente o mesmo comigo”, descreve Edwardes, que tinha na época 26 anos.

O fato aconteceu há 20 anos. O acusado nega o assédio. Mas Charrlotte Edwardes twittou: "Se o primeiro-ministro não se lembra do incidente, é evidente que tenho uma memória melhor do que ele".

Políticos dizem que não se surpreendem com nada que as mãos do imprevisível BJ possam fazer. Assim como quer fechar o Brexit sem acordo, nada impede que tenha apalpado funcionárias sem pedir licença.

A notícia está no The Sun e em todos os jornais do Reino Unido.

Jennifer Arcuri.
Reprodução Twitter
Recentemente, Boris Johnson foi acusado de favorecer a empresária e modelo americana Jennifer Arcuri em acesso privilegiado a missões empresariais nos Estados Unidos e Israel.

Ela teria recebido verba pública para isso quando Johnson era presidente da Câmara de Londres. Arcuri, segundo o Sunday Times, não cumpria os requisitos para tais missões comerciais.

Documentário do Financial Times focaliza a destruição da Amazônia




Após o impacto das queimadas na Amazônia e a cobertura factual da tragédia, a mídia internacional entra na fase dois, a das matérias mais analíticas, aprofundadas, e os documentários jornalísticos como esse, do Financial Times, lançado há poucos dias.

Você pode ver  "How crime drives deforestation in Brazil's Amazon (Como o crime impulsiona o desmatamento na Amazônia brasileira)  AQUI

O Portal Imprensa publica matéria sobre o assunto AQUI

domingo, 29 de setembro de 2019

A história secreta do castelinho que virou Manchete

As duas primeiras casas foram ao chão em nome da expansão do conjunto de prédios
da Manchete. A última, tombada, resistiu. Foto/D.A

A ponta final da Rua do Russell, no sentido do antigo Hotel Glória ao também extinto Hotel Novo Mundo, sofreu abalos arquitetônicos no anos 1970-1980. E coube à Manchete passar o trator em algumas construções da área.

O blog teve acesso a uma rara foto da configuração original da rua. A imagem foi feita no dia 17 de maio de 1972, uma terça-feira pós-fechamento da revista, a partir do terraço do primeiro prédio da Bloch, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado no fim dos anos 1960.

Disposto a expandir a sede, Adolpho Bloch comprou o castelinho. Curiosamente, a casa tinha um pé direito na mídia. Pertencia a José Soares Maciel Filho, que foi ligado a Getúlio Vargas (fundou o jornal A Nação destinado a defender o governo do amigo e também foi dono do O Imparcial). Ele faleceu em 1975. Adolpho adquiriu dos herdeiros a casa que cedeu lugar ao segundo prédio do conjunto inaugurado em 1980, também projetado por Niemeyer.

Anos depois, ao receber do governo federal a concessão dos canais da Rede Manchete, a Bloch quis construir um terceiro prédio. A negociação foi um pouco mais demorada. A proprietária residente não queria inicialmente deixar a casa, a segunda na foto, de torres menores. Por incrível que pareça, coube a um contínuo da revista Manchete, apelidado de Sammy Davis  pela semelhança com o ator e cantor americano. convencê-la a vender. Sammy, que soube na redação da pretensão da Bloch, se ofereceu para resolver o impasse e passou meses argumentando como bom carioca. Contam os corredores que coube a ele o êxito da negociação. Se é verdade ou não, a casa foi abaixo para o terceiro edifício assinado por Niemeyer.

A Casa Villino: a única a resistir
à expansão do conjunto de
prédios da Manchete. 
Reprodução Instagram
A terceira casa vista na foto, vizinha ao edifício de apartamentos, resistiu à expansão do conjunto de prédios da Manchete. Não se sabe se Adolpho Bloch pensou em comprá-la. O fato é que ela sobreviveu e é hoje imóvel tombado, assim como todo o conjunto que pertenceu à Manchete.

Ainda bem que o último imóvel daquele trecho da rua resistiu. Trata-se da Casa Villino Silveira, de 1915, projetada pelo arquiteto italiano Antônio Virzi. Ali morou o fabricante do Elixir de Nogueira, Gervásio Renault da Silveira. A casa é um exemplo do estilo art nouveau e, ainda com a Manchete funcionando, abrigou um restaurante. Restaurante caro e obviamente não frequentado pelo proletariado da Rua do Russell, que continuou fiel ao Color Bar, point etílico situado no térreo do prédio de apartamentos que fecha a foto histórica e cheia de histórias. 


Publimemória: cadê o sabonete que estava aqui?


Pascale Petit cuidando do seu banho

Romy Schneider esfregando suas costas

Jane Fonda garantindo sua beleza

Antonella Lualdi apanhando o sabonete para você

por Clara S. Britto  

Você viu anúncios de sabonete por aí? Pois é, sumiram.

Sabonetes como Lux, Lifebouy, Palmolive e Phebo já foram grandes anunciantes de revistas no anos 1950/1960. A Lux, por exemplo, ostentava: gastava altas verbas para usar a imagem das grandes estrelas de cinema de Hollywood. Suas campanhas estavam obrigatoriamente nas páginas de O Cruzeiro e Manchete.

Talvez fossem de uma época em que o Brasil se industrializava rapidamente e grande parte da população abandonava o velho sabão em barra ou o reservava apenas para lavar roupa e aderia à espuma suave da modernidade. O mercado, portanto, explodia. 

As marcas ainda existem firmes e fortes, mas não se destacam em campanhas publicitárias. O fato é que as revistas ilustradas de formato maior que tornavam mais vistosas as propagandas também desapareceram.

Era o tempo em que as mulheres iam ao chuveiro como se fossem uma entre dez estrelas e os homens sonhavam com Hollywood esfregando suas costas. Só que acabou.  Os sabonetes estão aí, mas provavelmente perderam a aura do estrelato.

São simples e frugais... sabonetes.

sábado, 28 de setembro de 2019

Sábado no Rio... é isso mesmo?

Lagoa. Fotos J.E.Gonçalves

O bode que deu vou te contar...

Para a Manchete, o julgamento de Charles Manson foi a sentença dos hippies. 

por José Esmeraldo Gonçalves

Na gíria atual, 'bode' é o apelido que a periferia dá às motos. Na origem, significava tristeza, depressão. Também era usado como sinônimo de bad trip, a viagem lisérgica de quinta classe sem direito a bagagem de mão nem lanche a bordo.

A mídia americana reavivou recentemente cenas e memórias de Woodstock. A revisita datada manteve o tom nostálgico da euforia do rock e dos hippies que marcou aquele festival com repercussão global.

Sharon Tate. Reprodução
O cinema e a TV americanos se ocuparam de outro acontecimento de 1969, este no sentido oposto, o do "bode", que abalou aquele agitado agosto, há 50 anos. Pelo menos duas produções, além de documentários jornalísticos exibidos pela TV, tiveram como tema o assassinato da atriz Sharon Tate, grávida de oito meses meses e então casada com o diretor Roman Polanski, pela Família Manson, uma seita liderada por Charles Manson.

Três anos antes, ao deixar a prisão onde cumprira pena por roubo e estelionato, Manson se aproximou dos hippies de São Francisco e Los Angeles. Apropriou-se de alguns estereótipos do movimento dos jovens - roupas, cabelos, inspiração budista, a postura anti-sistema  - e formou seu próprio grupo. Tornou-se um guru para muitas meninas de classe média que moravam nas ruas por opção filosófica e comportamental. Logo promovidos a seita, eles viviam de pequenos roubos, pegavam comida em abrigos e portas de restaurantes. Manson convenceu seus seguidores de que logo haveria uma grande guerra entre negros e brancos. Como parte da estratégia de antecipar o conflito planejou assassinar celebridades de Hollywood. Imaginava que negros seriam apontados como culpados, o que desencadearia repressão policial violenta. A consequente resposta dos guetos se tornaria o gatilho da guerra mansoniana.

Não é exagero dizer que centenas de outras teorias surgiram sobre a motivação da Família Manson ao assassinar Sharon Tate. Ele mesmo "viajou " até a morte (em 2017) em versões sobre os propósitos da ação.

O certo é que o impacto emocional causado pelo crime brutal tornou-se - junto com o concerto dos Rolling Stones em Altmont, Califórnia, em dezembro de 1969, quando um garoto foi assassinado a facada na plateia - um marco do começo da  estigmatização e decadência do movimento hippie. A morte da atriz não provocou a "guerra" imaginada por Manson. Quem lubrificou as armas e lustrou as botas foi a repressão do governo americano que viu ali a oportunidade para uma ofensiva política contra o pacifismo, uma das bandeiras dos jovens. A Casa Branca - então de Richard Nixon - estimulou a formação de organizações de jovens conservadores ao mesmo tempo em que o FBI atacou "células" (o nome sinistro dado às comunidades) que organizavam protestos contra a guerra do Vietnã. Foi também nessa época que surgiu a política oficial de "guerra às drogas" então com um alvo único e preferencial: os jovens hippies.

Em todo o mundo, a mídia conservadora espelhou a estratégia de Nixon. A Manchete (capa acima) é um mero exemplo da repercussão política do fato explorado pela direita. Afinal, o  Brasil em plena ditadura também estava em guerra contra os jovens "subversivos". A propósito, com o "olho rútilo" da direita, Nelson Rodrigues, colunista da revista, escreveu uma crônica sobre os hippies. Título? "A revolução dos idiotas". 

Voltando ao "bode" agora em versão cinematográfica atualizada: as produções que "viajam" de alguma forma em torno da tragédia de Sharon Tate são: "Era Uma Vez em… Hollywood", de Quentin Tarantino, em exibição nos cinemas brasileiros, e a nova temporada do seriado "Mindhunter", do Netflix.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

"Terrorismo" digital moralista ataca duas fotos nas redes sociais. Veja porque...

Naomi Campbell/
Reprodução Twitter
por Clara S. Britto 

A claque das redes sociais atacou nos últimos dias duas fotos em especial.

Uma de Naomi Campbell postada no Twitter mostra a modelo na Semana da Moda de Londres usando um vestido branco que à altura da cintura simula uma marca de tiro. Seria um protesto imaginado pelo designer Mowalola Ogunlesi. Naomi que quis levantar o assunto como forma de denúncia da violência que atinge os negros, principalmente nos Estados Unidos. As redes sociais não entenderam assim e até grupos que combatem as armas interpretaram o gesto da modelo como inadequado por supostamente glamurizar um problema grave. Outros viram como provocação, já que o vestido teria sido usado em uma festa de uma empresa que fabrica armas.

Aline Riscado/
Reprodução Instagram
A outra vítima do tiroteio digital foi a modelo e atriz Aline Riscado que postou no Instagram uma simples foto em que aparece de biquini em passeio com o filho na praia de Jericoacoara, no Ceará. A patrulha moralista e religiosa da Internet ficou histérica por achar imoral a mãe usar um biquíni ao lado do filho. Armário de moralista costuma guardar segredos inconfessáveis, o que deve justificar verem "indecência" até em poste ereto de iluminação pública. Felizmente houve muitos comentários em defesa da modelo. Alguns apontaram que os fanáticos sonham com o dia em que as praias brasileiras adotem a burca como vestimenta obrigatória. Aline evitou polemizar com as tais figuras e limitou-se a responder a uma delas: "Hahaha. Só sorrisos para você e muita luz"...

Foto dos Beatles na Abbey Road é alterada pela Volkswagen. Motivo: Fusca que aparece na famosa imagem comete infração de trânsito

O Fusca com duas rodas sobre a calçada e a "correção": estacionado segundo o código de trânsito. Reprodução/Design Taxi (link abaixo)

por Flávio Sépia 
Meio século depois, o politicamente correto e o oportunismo publicitário  alcançam uma foto lendária dos Beatles. O famoso Fusca branco que aparece na imagem estacionado com duas rodas sobre a calçada da Abbey Road, em infração às leis do trânsito, foi manobrado para obedecer ao código. A correção foi feita pela Volkswagen que produziu uma campanha comemorativa dos 50 anos do álbum para divulgar o "Park Assist", a tecnologia que presta assistência eletrônica aos motoristas na hora de estacionar.
A dica é do Blue Bus e você pode ver a matéria original completa no Design Taxi AQUI

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Operação "Lava Hollywood" : Jennifer Lopez agita mercado financeiro


por Ed Sá
Os novos escândalos financeiros brasileiros andam carentes de musas que tornam o noticiário da corrupção mais palatável. Na falta delas , o cinema concorre para quebrar o tédio. Mais precisamente, Jennifer Lopez agita o mercado. No filme "As Golpistas", que deverá chegar ao Brasil antes do fim do anos, a atriz e cantora lidera um grupo de strippers que arma um golpe contra investidores de Wall Street. Também fazem parte da gangue Julia Stiles, Lili Reinhart e as cantoras Lizzo e Card B. 

Nem tudo foi ódio - Deu match: "I love you!" (declaração de Bolsonaro para Trump)

Reprodução You Tube
por O.V.Pochê 

Segundo revelação de diplomatas brasileiros registrada pelo colunista Lauro Jardim (O Globo), Bolsonaro finalmente se comunicou em inglês ao encontrar Trump. "I love you", teria dito o brasileiro ao americano, que respondeu apressadamente com um casual "bom te ver por aqui". O Bozo escolheu uma frase cinematográfica. "I love you" é provavelmente a mais ouvida nas telas desde o fim do cinema mudo. Claro que o brasileiro poderia ter escolhido declaração mais complexa, mas precisaria de um teleprompter. Por exemplo," I would rather share one lifetime with you than face all the ages of this world alone (algo como "eu prefiro compartilhar uma vida inteira com você a encarar todas as eras deste mundo sozinho". A frase é do filme "O Senhor dos Anéis". Ou copiar Forest Gump: "I'm not a smart man, but I know what love is" ("Eu não sou um homem inteligente, mas eu sei o que é o amor"). Ou, ainda, "você me enfeitiçou, corpo e alma, e eu te amo. A partir deste momento, eu nunca mais quero me separar de você" (do filme "Orgulho e Preconceito"). "O amor é uma palavra muito fraca para descrever o que sinto", de "Noivo neurótico, Noiva Nervosa", também serviria. E finalmente, a frase “eu prometo que voltarei para te buscar. Eu prometo que nunca te vou deixar.”, do filme "O Paciente Inglês', diplomaticamente inspiradora, poderia ajudar a estreitar as relações Brasil-Estados Unidos. Bolsonaro teria esperado cerca de uma hora para dizer a frase ao Trump. Para os adoradores do "mito", valeu o esforço. 

"Bispo" Macedo é o novo redator do Globo?


Tudo indica que o estilo "bispo" Macedo fez a cabeça do jornalista (a) do Globo que escreveu a notícia acima.

Para ele (a), Isis Valverde devia ficar em casa cuidando de fraldas e papinhas.

Como a atriz ousa viajar para um compromisso profissional em Paris e "deixa" o filho? Isso deixou o autor (a) da nota nervoso (a).

Isis explicou que tinha agenda rápida e atribulada na França e preferiu não alterar a rotina do bebê Rael, que fará um ano em novembro e ficou aos cuidados de ninguém menos do que o pai, André Resende.

As redes sociais ficaram chocadas com o machismo do jornal.

Essa semana, Macedo revelou que não deixou as filhas fazerem faculdade porque não poderiam, "segundo a vontade de Deus", serem superiores aos maridos caso se casassem com um simples portador de diploma de ensino médio. O "bispo" já pode se candidatar a redator do Globo.

Banqueiro falando "papo reto"?

por Ed Sá

A nova campanha publicitária da Febraban na internet foi buscar inspiração nas gírias do tráfico carioca. "Papo reto" quer dizer "conversa franca", "direta", "séria". Quase invariavelmente, a expressão aparece em gravações telefônicas interceptadas entre criminosos e policiais corruptos durante 'acertos' de propina.
As gírias do tráfico, assim como aquelas que vêm do funk, costumam ser assimiladas rapidamente pelos cariocas de todas as classes. Muitas captadas a partir de letras de músicas que fazem a crônica das comunidades. Chegar a slogan de campanha de uma instituição conservadora como a Febraban é mais raro. No caso, com o "papo reto", os banqueiros tentam vender empréstimos para pequenas e médias empresas. Na cabeça do publicitário que foi buscar o slogan é a linguagem que a audiência entende. Então, tá.   

Trump, Boris, Macri e Netanyahu: o inferno astral dos "parças" de Bolsonaro



Depois de Macri (Argentina) e Netanyahu (Israel), Trump (EUA) e Boris (Reino Unido) veste saia justa política. A ultra direita amiga de Bolsonaro anda nervosa. O argentino tem pela frente uma reeleição difícil, o israelense não surfou nas urnas como esperava e vê o cerco se apertar no processo por corrupção que responde há anos e vinha conseguindo travar na justiça local. Boris Johnson tem sofrido seguidas derrotas no Parlamento, o que abalou sua arrogância. Donald Trump é agora alvo de pedido de impeachment por ter telefonado ao presidente da Ucrânia para investigar  Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca, e seu filho que é do conselho de uma empresa de gás ucraniana. Não há evidência de corrupção dos Biden no caso.
Em troca de um possível dossiê para uso eleitoral Trump prometeu favores à Ucrânia, provavelmente em forma de ajuda militar.
Se ficar provado que Trump pressionou um governo estrangeiro para obter vantagem na campanha para reeleição, o escândalo pode evoluir e caracterizar conspiração eleitoral, algo semelhante à interferência de Nixon no Caso Watergate, quando mandou invadir um escritório dos democratas em busca de documentos que pudesse usar nas eleições.

No El País: o neofascismo do governo brasileiro


Em entrevista publicada hoje no El País, com chamada na primeira página, Dilma Rousseff, a presidente deposta pelo golpe jurídico-parlamentar de 2016, reforça um rótulo que cada vez mais a mídia global associa ao governo Bolsonaro: é neofascista.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Ágatha: assassinato social



O assassinato da menina Ágatha, no Rio de Janeiro, domina a mídia social, principalmente, e os demais veículos. A clima é de indignação. Um sentimento que se repete a cada morte de crianças por balas perdidas ou perfeitamente direcionadas. 2019 já contabiliza milhares de mortes durante operações em favelas. Inocentes, suspeitos e PMs são os alvos que avolumam as listas de baixas na política de guerra. O tráfico mesmo pouco se abala, mantém-se, como é público em numerosos inquéritos, à base da sua própria política, a intimidação de moradores e a cooptação de agentes corruptos.

O Rio tem escolhido para todos os níveis uma maioria de políticos afinados com essa guerra sem trincheiras. Contraditoriamente, esses são bem votados nas comunidades pobres. Um fenômeno que é, em si, uma tragédia à parte. Traficantes, milícias, elementos que utilizam a religião como palanque eleitoral e currais políticos assimilados por essas forças controlam eleitoralmente milhões de votos no estado. Esse tipo de voto é o dedo invisível a apertar o gatilho que dispara contra inocentes.

sábado, 21 de setembro de 2019

A internet é folgada. Veja 5 exemplos...

por O. V. Pochê 

Você está no smartphone, clica em um link que interessa e do nada seres digitais se metem onde não foram chamados. Veja alguns exemplos:

* Você clica no X e deleta um anúncio. E aí o Google quer saber porque você não gostou do tal anúncio.

* Em um dia de calor você pesquisa preços de ventilador. Pra quê? Você vai passar uma semana recebendo mensagens sobre ventiladores em oferta.

* Você acaba de almoçar em um restaurante, tranquilão, e o celular dá sinal. Claro, você verifica, pode ser sua mãe reclamando que quase foi atropelada por uma patinete. Que nada. É o restaurante perguntando se você gostou e porque não posta uma foto sobre aquele momento inesquecível.

* Você sai do restaurante depois de finalizar o café com quatro Cointreau, já bambo, chega em casa e dorme no meio da série da Netflix. No dia seguinte, o localizador do Google te diz que você foi a tais e tais lugares, passou na rua tal... Não se pode ter mais amnésia alcoólica em paz.

*  Você está conversando, fala a palavra "futebol" e, de repente, o Google Assistente ouve o que você diz e começa a desenrolar a lista de jogos do dia, inclusive os da terceira divisão.


CNN Brasil: o que tem dentro dessa caixa preta jornalística?

O canal CNN Brasil está em construção desde o ano passado. A data de estreia ainda é um mistério. Fala-se em novembro próximo, outros rumores marcam o lançamento para o começo de 2020. Estará na TV paga e em plataforma digital.

Por enquanto, o que chama atenção são as contratações de apresentadores. Na lista estão Monalisa Perrone, Evaristo Costa, Reinaldo Gottino e William Waack. Este último, assumidamente alinhando com a direita, pode ser a pista de um segundo mistério que envolve a chegada do canal: é neoliberal, é ultradireita, é bolsonarista? É isentão?

A CNN americana vende a licença de uso da marca mas aparentemente não se preocupa muito com o que o adquirente fará dela em termos de linha editorial. Isso significa que o jornalismo da CNN original não necessariamente será espelhado pela franqueada. A CNN turca, por exemplo, é chapa branca e apoia o polêmico Tayyip Erdogan.

Há alguns meses, a Agência Pública publicou uma matéria razoavelmente esclarecedora sobre o dono da CNN Brasil e suas conexões políticas. O DNA está lá à vista. Pode ser um pista. Infelizmente os controladores da CNN Brasil não costumam dar entrevistas. E desde a reportagem da Pública nada mais aprofundado foi publicado sobre o novo canal.

Seu jornalismo é caixa preta ainda.

Veja a reportagem da Pública AQUI

O som ao redor. Olha o nível...


 Nada contra todos os gêneros musicais. Mas é osso a predominância de um só. Também na música popular, a crise está ligada. O quadro acima foi reproduzido de uma matéria do Globo de hoje sobre "as novas medidas do sucesso". À parte o novo mercado, é o som ao redor desses dias. Conclusão? O Brasil precisa de um divã urgente. (Ed Sá)

Profissões em alta no Brasil. Depois não digam que o governo não está criando empregos...

por O.V. Pochê

Especialistas em RH avisam que o Brasil precisa se preparar para o mercado de trabalho do futuro e as novas funções que surgirão. que nada, o Brasil já saiu na frente e abriu novos posto de trabalho. Veja alguns:

* Miliciano - um mercado em alta e que se espalha de norte a sul. Rende muito,  é isento de impostos e não é muito incomodado pelas autoridades.

* Criador de fake news - políticos estão contratando turmas de olho nas eleições do ano que vem.

* Robôs da internet - Ainda no campo promissor de redes sociais, cresce a procura por pessoas que se dedicam a retuitarr fake news ganhando por produção em regime de home office.

* Delator premiado - profissão muito rentável e o mercado tem previsão de alta. Há cases de sucesso. Fala-se que o MPF pode abrir concurso para vagas permanentes.

* Pastor evangélico - outro mercado em expansão. O problema é a concorrência. Em muitas cidades há ruas com cinco franquias de igrejas. A atividade é livre de impostos e não sujeita a Procon, Anvisa e Coaf.

* "Uber" do agrotóxico - Com o governo liberando centenas de novos venenos por mês, a demanda cresce exponencialmente. Aplicativos especializados abrirão milhares de vagas para entregador de defensivos agrícolas aos ruralistas. Fique de olho.

* Filósofo-guia para excursões à Terra Plana - O que começou como uma piada virou um negócio. Incentivados por autoridades do novo governo, brasileiros procuram fazer turismo em locais que provam a teoria. Há excursões marítimas e terrestres, sendo que essas serão feitas de bicicleta obviamente em regiões planas que comprovam a tese. Os guias são filósofos credenciados pelo ministério da Educação.

Gerente de "rachadinha" - Outro posto de trabalho requisitado. Com a popularização e impunidade do sistema usado por políticos para ficar com parte dos salários dos funcionários dos seus gabinetes há alta demanda por coordenadores do fluxo de dinheiro vivo gerado pelo esquema de baixo risco e grande rentabilidade. Não exige experiência nem curso superior.

* Analista de sexo e gênero - O governo está precisando de observadores culturais focados em ocorrências de casos de gênero LGTB, de livros obscenos, objetos suspeitos (caso da mamadeira de piroca), peças teatrais de sacanagem, filmes e exposições de putaria, mulheres com roupas curtas demais provocando estupradores, safadeza em baile funk etc. Será recrutado pessoal para denunciar tais ocorrências. Vagas ilimitadas. Denúncias serão premiadas em dinheiro.

* Desenvolvedor de xingamento - O ministério do Exterior está convocando profissionais criativos para criar memes e redigir ofensas espirituosas ou apenas grosseiras a chefes de Estado, suas mulheres, diretores da ONU, da União Europeia, institutos de clima e meio ambiente, China, críticos de armas para todos, direitos humanos etc.   

O Congresso não é deste planeta...

Reprodução/O Globo, 20/9/2019. Clique 2x na imagem para ampliar

A jornalista Ruth de Aquino (*) comentou no Globo, o projeto que em tempo de crise, e quando se exige dos brasileiros sacrifícios diários, turbina à estratosfera as verbas públicas para os partidos. Pior: "legaliza" o Caixa 2 e abre uma avenida para a lavagem de dinheiro.
O Congresso brasileiro está em plena jornada para as estrelas.

* Ruth de Aquino foi repórter da Manchete nos anos 1970

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Sujou! X-Men decretam o Brasil como o novo vilão mundial

Reprodução/Jamesons
É fato: a imagem do Brasil está no valão global. Mas o mundo não precisava exagerar.

Agora são os X-Men que estão tirando sarro da pátria amada. O Brasil entra nos quadrinhos da House of X#6 - que será lançado nos Estados Unidos em outubro -  como vilão da trama. É o novo inimigo dos Mutantes.

Acontece que Krakoa, país dos Mutantes, reivindicou assento na ONU para se consolidar legitimamente como nação independente e soberana. A maioria dos países votou a favor levando em consideração questões humanitárias. Mas algumas nações autoritárias preferiram acusar questões ideológicas e foram contrárias à admissão de Kakoa usando como pretexto a produção pelos Mutantes de uma droga que poderia curar doenças e melhorar a vida da população. 

Quem votou contra? Brasil, Irã, Coreia do Norte, Letônia e Venezuela, Honduras, Quênia e mais uns poucos países verdadeiros e fictícios.

A notícia que circula nas redes sociais foi publicada no blog Jamesons, de fãs dos X-Men.

Mais informações AQUI

Conselho de Barack Obama: presidentes não deveriam ver TV ou ler mídias sociais.

De Barack Obama em entrevista durante uma conferência de tecnologia em São Francisco, ontem.

* "Presidentes não deveriam assistir TV ou ler mídias sociais". Apenas obscurecem seu julgamento. Essas são duas coisas que eu recomendaria se você fosse presidente, porque isso cria muito barulho e atrapalha seu julgamento".

* "O que você precisa fazer é criar um processo no qual tenha confiança de que quaisquer dados disponíveis foram analisados, classificados e então você poderá ver os principais problemas que serão importantes para sua decisão". 
isco.
* "A ascensão da divisão globalmente - não apenas aqui nos Estados Unidos - e o grau em que nos tornamos mais tribais, mais polarizados, menos dispostos a ouvir um ao outro. Isso antecedeu as mídias sociais - mas as mídias sociais aceleram ".

Obama não mencionou Donald Trump em seus comentários sobre a TV e as mídias sociais. Nem foi necessário. O sucessor de Obama é um espectador viciado em twitter e tem três telas de TV no quarto que costuma ver até a madrugada comendo torrada com pasta de amendoim,  além de vários smartphones. Melania Trump dorme em outra suite e há anos não recebe likes.


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Pacaembu: exemplo de arquitetura art déco, estádio é privatizado às vésperas de comemorar 80 anos.

O Pacaembu com a arquibancada "tobogã" atrás do gol. Reprodução

Com a privatização, os concessionários construirão um edifício no local do "tobogã".
Reprodução/Divulgação 

Originalmente, havia a Concha Acústica, local para espetáculos. A faixa comemorava a conquista
da Copa do Mundo de 1958.  Reprodução.

por Niko Bolontrin 

No ano que vem o Estádio do Pacaembu comemorará 80 anos. Foi inaugurado no dia 27 de abril de 1940. Projetada o final dos anos 1930, a obra adotou o estilo art déco predominante na época. Outra influência visível é a presença de elementos, como as colunatas, semelhantes ao do Estádio Olímpico de Berlim, que havia sediado os Jogos de 1936, incorporados pelo arquiteto Domínio Pacheco em meio ao clima de grandiosidade das obras públicas do Estado Novo de Getúlio Vargas.

No mundo, algumas praças de esporte se destacam como obras art déco: além do Pacaembu e o de Berlim, o Estádio Olímpico de Los Angeles, erguido para os Jogos de 1932, é exemplo marcante. A Itália também preserva alguns estádios no estilo.

O prefeito Bruno Covas, de São Paulo, acaba de assinar a concessão do estádio a uma empresa privada. Estão previstas reformas, modernização e, no lugar da arquibancada conhecida como "tobogã", a construção de um edifício para escritórios, eventos, praça de alimentação etc.

A arquibancada "tobogã" foi inaugurada em 1970 e recebeu muitas críticas por ser um elemento de linhas retas a agredir a harmonia art déco do estádio. Em plena ditadura, os dirigentes não costumam ouvir qualquer voz contrária que fosse e a polêmica arquibancada tomou o lugar da Concha Acústica do Pacaembu, que recebia concertos de música clássica, balé, teatro e comemorações cívicas.

Segundo os concessionários, o novo edifício respeitará o estilo arquitetônico do estádio. Mas há preocupações com as condições imprecisas da privatização. Teme-se, por exemplo, a utilização pelos concessionários do potencial construtivo no local e o respeito ao zoneamento de proteção cultural (o conjunto é tombado) e ambiental.

Trump: nota de 20 dólares para ajudar a combater as queimadas da Amazônia...


Reprodução twitter/Reuters

por O.V. Pochê

A Reuter publicou no twitter, hoje, essa foto de Donald Trump embarcando no Air Force One.

Embora de rotina, a imagem chama a atenção por alguns detalhes: a nota de 20 dólares quase escapando do bolso traseiro e o chuca-chuca de bebê na cabeleira esvoaçante junto com a gravata.

A Casa Branca não informou ser o dinheiro é pessoal, se é verba publica ou se foi recolhido da caixinha de emergências do Salão Oval e ainda não declarado na contabilidade federal.
Também não se sabe se foi um presente discreto de algum amigo da NRA, a poderosa National Rifle Association que ele tanto apoia.

Pode ser também uma ajuda para combater as queimadas da Amazônia, reforço que o presidente americano está levando para seu tiete Jair Bolsonaro caso este apareça na ONU. 

O resto é mistério.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Mídia: revolução digital e democracia


Em entrevista para a GaúchaZH, o jornalista Rosental Calmon Alves fala sobre democracia e revolução digital, o chamado jornalismo declaratório e a consequências do jornalismo neutro. Seguem-se dois trechos da entrevista que você pode acessar no link abaixo.
GaúchaZH - Estamos na era da pós-verdade: o compromisso em discutir com base em fatos não é mais um pressuposto. O terreno é fértil para fake news. O que fazer?
Rosental Calmon Alves - Não gosto muito da expressão "era da pós-verdade", porque é como se a "era da verdade" tivesse sido encerrada. Na realidade, estamos na era dos ataques à verdade ou de assalto à verdade, que ocorre graças a um dos aspectos mais importantes da revolução digital: a democratização da informação. Um dos privilégios que os meios de comunicação tinha era deter quase que o monopólio da distribuição de informações. Isso foi rompido, o que empoderou as pessoas e organizações da sociedade civil a terem algumas dessas habilidades. Para nós, veteranos na revolução digital, essa mudança nos dava um grande otimismo sobre o futuro. Sonhávamos que isso fortaleceria a democracia, que as pessoas seriam mais bem informadas. Mas o sonho virou pesadelo. Não pensávamos que os maus seriam mais eficientes e rápidos do que os bons em aproveitar as características desse novo ecossistema. Chamo de maus aqueles que têm usado a tecnologia para manipular informação, influenciar as eleições e o pensamento político, levando a essa polarização que vemos ao redor do globo.

GaúchaZH - Por definição, o que governantes dizem é notícia ou tem potencial de ser. Mas como lidar com a profusão de declarações de políticos sem base em fatos e na ciência? A imprensa deveria deixar de reportar?

Rosental Calmon Alves - A imprensa não pode usar a mesma metodologia de avaliação do que é notícia que usava no mundo anterior. De maneira geral, na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, vemos que a maior parte da imprensa continua usando esse critério. Em uma situação de assalto à verdade como vemos hoje, o jornalismo feito simplesmente com a mesma neutralidade anterior torna-se um amplificador das mentiras, falsidades que os news makers (pessoas que a imprensa acompanha) tentam levar à população. Sabe-se que muitos leitores não passam da manchete e do primeiro parágrafo da notícia. Se você simplesmente dá uma manchete que reproduz uma falsidade que um poderoso disse, não importa que, no quinto parágrafo, você diga que ele se contradiz. Você já ajudou a espalhar a mentira. O jornalismo é dinâmico e precisa mudar com a criação desse novo ambiente midiático. Deve tomar medidas de precaução para não ser só uma correia de transmissão de mentiras.
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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O brado retumbante da censura



Na ditadura a tesoura tinha assinatura e carimbo do Divisão de Censura de Diversões Públicas. Era o autoritarismo explícito que o Brasil imaginava ter eliminado. Bolsonaro e dos seus adeptos em vários níveis de governo instituíram a censura dissimulada em total desprezo pela Constituição. O cinema tem sido um alvo preferencial. Pelo menos dois filmes são vítimas dos neofascistas de Brasília. "Marighella", dirigido por Wagner Moura, está em exibição em vários países mas teve sua estréia suspensa no Brasil. O filme conta a história do guerrilheiro que lutou contra a ditadura. "Chico, artista brasileiro", que deveria participar da mostra Cine de Brasil 2019, no Uruguai, segundo noticia a Revista Fórum, mas telefonema de "uma mulher que falou em nome do ministro das Relações Exteriores do Brasil" obrigou o exibidor a cancelar a participação do filme de Miguel Faria.
Os tempos sombrios estão de volta.

Memória da redação: Há 50 anos, a cobertura do sequestro do embaixador americano pelos guerrilheiros da ALN

Charles Burke Elbrick na Fatos & Fotos, Setembro de 1969

A página dupla de abertura da reportagem. 

O Fusca dos sequestradores fechou o Cadillac de Charles Elbrick na rua Marques, em Botafogo. 

Outro Fusca , um táxi, devolveu Elbrick três dias depois à rua São Clemente, onde morava. 

Operação militar para prisão dos guerrilheiros. E a casa onde Elbrick foi mantido em cativeiro,
na Rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido. 
Na Base Aérea do Galeão, treze dos 15 presos políticos libertados, entre os quais Luiz Travassos, Vladimir Palmeira, José Dirceu, Flávio Tavares, Maria Augusta Ribeiro, Outros dois embarcaram em Recife, Gregório Bezerra e Mário Zanconato. 

Gregório Bezerra, que sofria bárbaras torturas na prisão, chega ao México. 

A edição 451 da Fatos & Fotos trazia na capa o embaixador americano Charles Elbrick fotografado no momento em que chegava em casa na Rua São Clemente, no Rio, depois de passar 75 horas em poder de guerrilheiros da Aliança Libertadora Nacional (ALN).

Ele havia sido sequestrado na noite de 4 de setembro de 1969. Foi libertado após a ditadura concordar com as duas exigências dos sequestradores: divulgar na imprensa um manifesto que justificava a ação e soltar 15 presos políticos que eram vítimas de torturas diárias e levá-los ao exílio do México.

Fatos & Fotos cobriu o passo a passo da ação da ALN realizada por um grupo de 15 guerrilheiros entre os quais Manoel Cyrillo, Cid Queiroz Benjamin, Vera Magalhães, Franklin Martins, Fernando Gabeira e Joaquim Câmara Ferreira.

O prédio da Manchete, em 1969. No canteiro em frente, no interior de uma escultura de Bruno Giorgi (à esq. do Fusca vermelho) os guerrilheiros deixaram
bilhete com instruções para as negociações. 

O embaixador foi devolvido ileso, à exceção da coronhada que sofreu, razão do band-aid que exibia na foto. Infelizmente, como era comum na época, o crédito da intensa cobertura da Fatos & Fotos foi registrado à "Equipe", não é possível identificar repórteres e fotógrafos envolvidos. A Bloch foi, ainda, uma coadjuvante involuntária da notícia: um dos bilhetes dirigido às autoridades contendo as instruções para a devolução do embaixador tão logo as exigências fossem aceitas foi deixado no canteiro em frente ao Edifício Manchete, na Rua do Russell, então recém-inaugurado.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Censura: o ataque histérico dos Odoricos Paraguaçus da vida real

O ataque censório do prefeito-"bispo" Crivella à Bienal do Livro do Rio de Janeiro foi felizmente rebatido pela Justiça, pela opinião pública que se manifestou com ênfase nas redes sociais e pelos cariocas que compareceram em peso ao Riocentro em evidente demonstração de repúdio à ofensiva contra a cultura e contra a Constituição.

Mas é preciso destacar no episódios dois absurdos

- Um prefeito e um governador (em outro caso, em São Paulo, João Dória mandou recolher arbitrariamente uma apostila escolar. A Justiça também corrigiu o rompante de autoritarismo) simplesmente têm um ataque de talibanismo e decidem como se Odoricos Paraguaçu fossem. Se essa moda se espalha, a cultura fica a depender de qualquer boçal do executivo. Um cidadão que se sinta ofendido por qualquer forma de arte ou de comunicação pode se queixar ao Ministério Público, as autoridades nervosinhas ou preocupadas com eleições devem fazer o mesmo.

- Outro fato sempre chocante mas típico do atual governo: presidente e ministros ficaram em absoluto silêncio diante da ofensiva censória. Não apenas nos dois casos recentes, mas em episódios semelhantes que atingiram espetáculos, exposições, livros e filmes. Obviamente porque concordam. 

Marie Claire inglesa: fim de linha para a edição impressa

por Clara S. Britto

Em 2000, reportagem premiada
por denunciar o drama das mulheres
na guerra no Congo.
A edição impressa da britânica Marie Claire pede desculpas e sai de cena. Em um ano, a tiragem caiu quase 40% e os editores decidiram concentrar esforços na versão digital.

Foram 31 anos nas bancas. O novo site estará integrado a uma plataforma de compras operada por parceiros varejistas.

A revista marcou época - ganhou prêmios da Anistia Internacional por matérias como uma que denunciava o estupro como arma de guerra no Congo -  mas carrega uma marca negativa: demitiu uma editora, a jornalista Liz Jones, que se recusou a usar modelo bulímicos nas produções de moda da revista.