sábado, 18 de agosto de 2018

Revista Veja: a primeira capa pós-recuperação judicial ninguém esquece - "Ele pode ser presidente do Brasil" - Azar seu, eleitor...


Alguns candidatos que admitem seu total despreparo - e até fazem piadas disso, como lembrar o comercial do Posto Ipiranga - estão arrumando uns engomadinhos para pensar por eles.  Montar assessorias técnicas é um dever de quem pretende conduzir o país, mas terceirizar decisões ao engravatado mais simpático que o vizinho indicou é falsificar o mandato que o eleitor vai conferir nas urnas de outubro.

Na capa da Veja, o economista Paulo Guedes, um quadro do neoliberalismo, é apontado como o homem que "faz a cabeça" de Bolsonaro..

Errado. Bolsonaro é quem fez a cabeça de Guedes e o arrastou para o seu bolsonarismo.

No debate de ontem, na Rede TV, o capitão aposentado fugiu em desabalada carreira de todas as questões que lhe foram feitas. Invariavelmente,  não importa o teor da pergunta, ele respondia sobre o 'bolsa pistola" para cada brasileiro, a castração de estupradores, o aborto, a "doutrinação" nas escolas ou informava ao distinto público que não devemos nos preocupar com o problema das mulheres. Bolsonaro gaguejava e balançava o corpo visivelmente desconfortável com a oportunidade de exibir seu "potencial".

Não se sabe se Paulo Guedes, o guru que é capa da Veja, orienta Bolsonaro em questões morais e fundamentalistas, além da tecnocracia, e nem se ele estava na claque da plateia, mas seu pupilo parece desorientado no calor dos debates. Precisava de ajuda. Melhor os dois mergulharem em um intensivão e tomarem uns açaís em Angra feitos pela Wal, a funcionária fantasma do gabinete do capitão inativo. Nos debates, o candidato parece perdidaço. Mas Guedes deve ser, na verdade, o pretexto e verniz acadêmicos para a mídia casar mais adiante com o pensamento rasteiro bolsonarismo, se um eventual adversário lhe parecer mais assustador. . 

Paulo Guedes, para quem não sabe, é um sujeito do mercado financeiro. E isso pesa para as oligarquias do Brasil pós-golpe. Foi fundador do polêmico Pactual, banco que depois se envolveu na Lava Jato, e do Instituto Milenium, uma facção chique do neoliberalismo mais selvagem. A vantagem de Paulo Guedes existir é que o eleitor não pode se queixar de ser, depois, miseravelmente enganado pela cabeça terceirizada de Bolsonaro: a agenda neoliberal que eles pregam já está instalada no Brasil há tempos e faz muita gente contente. Sua carteira de trabalho sabe disso. Você que não tem emprego já sabe que os neoliberais que fazem cabeças acabam de congelar as verbas de saúde, educação, investimentos, pesquisa, segurança, meio ambiente e programas sociais pelos próximos 20 anos.

Para os brindes espumantes, os guardanapos de linho e a interminável festa dos especuladores financeiros.

Um comentário:

J.A.Barros disse...

É muito dificil uma empresa se recuperar sob "recuperação judicial", muito menos sendo uma empresa editorial.
aos poucos a revista Veja irá caindo nas vendas, porque seus criadores e jornalistas competentes foram demitidos e as grandes re[ortagens não acontecerão mais na revista Veja.