domingo, 30 de setembro de 2018

Brasil na capa do Le Monde hoje. E não é pra elogiar...


William Waack agora é coisa de Band

Segundo o Na Telinha, William Waack vai exibir o seu "Painell WW" na Band. Cinco meses depois de tentar emplacar um canal próprio no You Tube, o jornalista encerra seu projeto digital e volta a um veículo tradicional.

ATUALIZAÇÃO EM 04/10/2018 - a Medialink Comunicação, que assessora William Waack nega que o jornalista tenha sido contratado pela Bandnews. Nega, mas não de forma absoluta. A agência informa que o projeto de webjornalismo de Waack tem atraído interessados, mas como canal de distribuição, "sem alterar o que existe hoje", e permanecerá nas redes sociais "mesmo com a eventual transmissão em TV fechada". 

A primavera é das mulheres: "Ele Não!"


São Paulo. Foto Rovena Rosa - Fotos Públicas
Rio de Janeiro. Foto de Bruno Alencastro. Reprodução Twitter

Rio de Janeiro. Foto bqvMANCHETE


Curitiba. Foto Ricardo Stukert
Brasília. Foto Lula Marques. Fotos Públicas

O dramático alerta de Stephen Fry

Stephen Fry entrevistou Jair Bolsonaro em 2013. Não guarda boas lembranças. O cineasta, ator, roteirista e apresentador britânico acaba de divulgar um vídeo onde relata sua experiência - que chama de "tenebrosa". Fry manda de Londres um grito de alerta. Veja o vídeo AQUI

Jóias do twitter... Janaína dá um gás na campanha eleitoral...


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Políticos brasileiros obrigam Deus a fazer hora extra

por O.V.Pochê

Deus não esperava ser tão convocado para intervir nas atuais eleições.

O Cabo Daciolo garante que Deus o levará à vitória.

A família Bolsonaro diz que Deus desviou a faca de um órgão vital e o salvou da morte.

O autor do atentado, Adélio Bispo de Oliveira, informa à PF que agiu "em nome de Deus".

A CNBB pede que os eleitores sejam iluminados pelo Espírito Santo de Deus na hora do "confirma".

O ex-governador Garotinho, condenado em segunda instância sob acusação de desvio de verbas, tem sua candidatura barrada pelo TSE, com base na Lei da Ficha Limpa, e avisa que vai resistir. "Deus é maior", afirma.

Não está fácil nem pra Deus.

Do Jornalistas & Cia: o dia em que um repórter da Manchete ajudou Éder Jofre a mandar um adversário à lona...

José Maria dos Santos foi repórter da Manchete nos anos 1970, atuando na Sucursal de São Paulo. A matéria acima foi reproduzida do Jornalistas & Cia. Clique na imagem para ampliar.

Ainda sobre passaralhos que atacam a qualidade do jornalismo...

por Flávio Sépia

Passaralhos em série estão levando no bico a precisão que o jornalismo exige. Exemplos são diários. Hoje, Estadão, Globo e O Dia dão pequena prova disso. Um turista foi preso acusado de racismo no Museu de Arte do Rio (MAR). Segundo funcionários do museu e testemunhas, o americano se recusava a ser atendido por negros ("não quero negros"). Ao chegar à delegacia e ser revistado por policiais negros, repetiu a frase "no black people".

A matéria ainda informa que o turista estava sem documento e "foi identificado apenas como  Anthony, natural dos Estados Unidos" e que, ao sair da delegacia, se negou a falar sobre o caso. Há lacunas. Não informa se o sujeito foi indiciado e se o B.O. classifica a agressão de racismo, que é mais grave, ou injúria racial. Nem como a delegacia consegui indiciá-lo se o elemento, ainda segundo a reportagem, estava sem documentos e nem a polícia tem certeza de que ele é quem diz ser. Mesmo sendo acusado de um crime e apesar de não ter sido identificado, o turista quase anônimo, indiciado ou não, foi liberado em pouco tempo. A matéria não teve a curiosidade de saber porque.

Se o leitor ou internauta quiser se informar desses detalhes que, ao que parece, foram considerados irrelevantes vai ter que ir à delegacia.

A reportagem até poderia vir com um aviso: "não tem spoiler".  Claro, não informa o desfecho da trama.



Política do 'ajuste fiscal' leva Flamengo pro buraco...

por Niko Bolontrin

O Flamengo lembra Argentina e Brasil. Os três têm a economia controlada pelo "homens do mercado financeiro" e gostam mais da "religião" do ajuste fiscal do que de desenvolvimento e gols, respectivamente.

Dizem que na sala da presidência e no caixa, o Flamengo vai bem, refinanciou dívidas, parcelou, saiu do SPC etc.

Se fosse uma corretora ou emprestasse dinheiro a juros estava bem.

O problema é quando entra em campo. Está sempre negativado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Memória da propaganda: Há 40 anos, o balanço de Adele Fátima vendia uma marca cheia de curvas: as Sardinhas 88


por Ed Sá 

Em 1978, a moça de biquini amarelo conquistou o Brasil ao cruzar as areias cariocas. O comercial das Sardinhas 88, estrelado por Adele Fátima estava em todas as TVs. A musa reinava nos intervalos e viralizava no Brasil. Se fosse hoje, "quebraria a internet", como se diz.

Não se sabe se inspirado pela curvas da sua marca - as Sardinhas 88 - o português Rubens Gomes da Costa, dono da fábrica de processamento de pescados, em Niterói, convidou Adele Fátima para incendiar corações e mentes. Foram gravados ao longo do ano três comerciais da campanha.

Os leitores da faixa sênior lembram da musiquinha? "Nem oito, nem oitenta, sardinha é... 88"

VEJA O COMERCIAL DAS SARDINHAS 88 NA MOFO TV, CLIQUE AQUI

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Eu vi (e vivi) o Exército... e não gostei • Por Roberto Muggiati

Com minha mãe no baile da Sociedade Thalia


Confraternização na caserna com o cadete das Agulhas Negras Pimpão
(o nome diz tudo), veja minha cara de tédio.


Por Roberto Muggiati
Fotos: Arquivo Pessoal

Arrastando-me de noites insones pela manhã de Botafogo, depois de – num gesto de cortesia e para fazer algum exercício – passear os cachorros Belo e Linda, de minha doce amiga e vizinha Dona Irinéia, 92 anos, costumo tomar o café da manhã tardio – já tem gente chegando para o almoço à quilo, sim com crase mesmo, é mais gostoso – na Lanchonete Kemp’s (preciso perguntar se é homenagem ao herói argentino da Copa de 78). Média meio-a-meio com pão-na-chapa tostadíssimo, o melhor do Rio, apenas seis 'real', servido por uma garçonete mignon fofíssima - a Gabriela, de Carnaubal, CE -  com um sorriso que já me faz ganhar o dia.

A capa da biografia do patrono da Arma  de Engenharia.

Atravessando a Rua das Palmeiras, esquina com Voluntários, tem um xexelento sebo de rua ao qual não resisto. Hoje mesmo encontrei – e comprei – um livro sobre o patrono da arma de engenharia, Vilagran Cabrita – um uruguaio, imaginem só – biografia assinada pelo General A. de Lyra Tavares – o Aurélio que não era o Aurélio e cometia poesias sob o pseudônimo um tanto suspeito de Adelyta, imortal da ABL.

Abro mais um parêntese. Fui colega de vestibular do Itamaraty em 1965 dos irmãos Alfredo e Mário Grieco, cujo pai também diplomata, Donatelo, era filho do velho Agripino Grieco. Não passei no Itamaraty e tive de me consolar com a Manchete, acho que até foi melhor assim. Com seu invejável “QI”, Alfredo foi designado, nos Anos de Chumbo, para seu primeiro cargo no exterior, na Embaixada do Brasil em Paris, avenue Montaigne, uma rua de nobreza excepcional. Ao chegar, o embaixador, Aurélio de Lyra Tavares, designou-lhe uma mesa no posto mais nobre da grande sala no andar térreo. “Mas, embaixador,” contestou o Alfredo “por que está me colocando na mesa mais hierárquica da sala, que deveria caber ao embaixador?” O general-embaixador respondeu: “Com todas estas bombas explodindo por aí, este lugar, perto da janela dando para a rua, é o mais visado...” Por estas e outras, Alfredo não ficaria muito tempo na carrière. Em 1985, foi colaborador da revista Fatos, da Bloch, um projeto que, vinculado a Tancredo Neves, começou sua vida já na UTI e fecharia pouco mais de um ano depois.

Voltando à manhã de hoje. No livro sobre Vilagran Cabrita é transcrito o hino da engenharia – que eu era forçado a suportar no CPOR – e, justamente, as letras são “versos do tenente A. Lyra Tavares.” Uma pequena amostra; “Companhia de louros e de glória/ Das vanguardas impávido cruzeiro/ Pois a estrada do triumpho e da victoria/ É feita pelo sapador mineiro.”

Transcrevo a seguir uma memória da minha experiência castrense, encerrada sete anos antes do golpe militar de 1964. O texto foi publicado em 2016 na revista da Academia Paranaense de Letras.


DIREITA, VOLVER! 

1955-1957: Memórias do quartel

Por ROBERTO MUGGIATI

Quartel do CPOR, em Curitiba, hoje: a moldura foi preservada,
o miolo transformado em shopping. Foto: Reprodução


Em dezembro de 1955, terminado o curso científico no Colégio Estadual do Paraná, vesti pela primeira vez a farda. Começava meus dois anos de CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) no imenso quartel que ocupava uma quadra inteira diante da Praça Oswaldo Cruz, em Curitiba.

Naqueles tempos você só escapava do serviço militar obrigatório se fosse cego ou aleijado. Jovens que se destinavam à universidade podiam fazer o CPOR e fugir do castigo e humilhação de passar dois anos encarcerados como soldado raso na caserna. A coisa funcionava assim: nos meses de férias (dezembro a março e julho), o aspirante a oficial da reserva comparecia ao quartel todo dia (menos domingo) e, no fim da tarde, voltava para casa. Havia marchas forçadas e acampamentos fora de Curitiba nesses períodos. Quando as aulas na faculdade recomeçavam, você só precisava comparecer ao CPOR aos sábados. Como ia fazer vestibular para engenharia, incorri no erro de me inscrever na arma de engenharia. Arrependo-me dessa escolha até hoje. Podia ter-me alistado na cavalaria e pelo menos uma coisa útil aprenderia – a montar – além de conviver com um animal que sempre admirei, o cavalo.

A arma de engenharia era um horror. A maioria dos oficiais frequentava a Faculdade de Engenharia em anos mais avançados – eu ainda nem havia passado no vestibular. Eram cursos tão puxados e áridos quanto os da própria faculdade. Passados vinte anos da data em que deixei o CPOR, eu ainda tinha pesadelos recorrentes em que era reprovado e ficava condenado a repetir eternamente o ano. O objetivo da engenharia militar era construir pontes e outras estruturas juntando pesadas partes de madeira e metal que pareciam aquelas peças de montar Mecano, precursoras do Lego. Mas uma das atividades mais importantes da nossa arma era também destruir e demolir todo tipo de estrutura e aprender a lidar com explosivos.

 A partitura do Sapador Mineiro com versos
do então tenente Lyra Tavares

Daí o hino da engenharia exaltar o sapador mineiro em meio a toda aquela patriotada (“Lança pontes e estradas, nunca falha,/E em lutas as suas glórias ressuscita,/Honrando, em todo o campo de batalha,/As tradições de Villagran Cabrita./O castelo lendário, da Arma azul-turquesa/Que a tropa ostenta, a desfilar, com galhardia/É um escudo de luta, é o brasão da grandeza/E da glória sem fim, com que forja a defesa/E é esteio, do Brasil, a Engenharia.”)

Não pensem que basta enrolar umas bananas de dinamite ao redor de uma pilastra. Toda explosão, para funcionar, precisa ter rigorosamente calculada a quantidade exata de explosivo e sua localização precisa. Só lamento não ter me dedicado a fundo a essa arte e ciência para usar aqueles conhecimentos doze anos depois, nos Anos de Chumbo, e explodir com a ditadura.

Curioso: quando deixei o CPOR, estávamos a sete anos do golpe, mas as relações entre civis e militares eram mansas. Não senti naqueles homens de farda nenhum açodamento pelo poder, nenhuma noção de que a classe militar fosse ungida da missão de “salvar o país”. Na verdade, em 1964 foi a própria sociedade civil que empurrou os militares para o poder: as ilusões de uma esquerda despreparada (estimulada pelo exemplo de Cuba) e o reacionarismo da classe média apavorada pelo fantasma do comunismo (El paredón de Fidel era assustador...)

Apenas um oficial da Engenharia não ia com a minha cara. Usando uma palavra atual, eu poderia dizer que o capitão Castilho praticava bullying contra mim. Eu era jornalista, portanto – na cabeça dele – comunista. Baixote, com um bigodinho brega, o capitão Castilho me escalou para dar guarda na noite do Ano Novo de 55 para 56. Aquela era uma das datas que eu mais prezava, quando ia com a família ao Réveillon do Graciosa Country Club, os homens de smoking, as mulheres de longo, o acontecimento social mais chique da cidade. Lá pelo fim da tarde de 31 de dezembro apresentei-me no quartel para a infausta obrigação. Troquei a farda pelo uniforme de serviço e preparei-me para o pior. Ao lado da guarita havia um quartinho infecto com um catre pulguento onde você dormia enquanto o companheiro fazia a vigília. De repente, uma novidade: o comandante determinou que apenas as guaritas da frente e dos fundos ficariam abertas; as guaritas laterais seriam fechadas. Quatro sentinelas seriam dispensadas. O capitão Castilho decidiu que seria por sorteio. Pediu que eu escrevesse em oito retalhos de papel os nomes dos guardas escalados. Papeis dobrados, jogados dentro de um capacete, mandou que eu fosse o primeiro a sacar. Pincei um papel e desdobrei-o: MUGGIATI. Para desgosto supremo do capitão Castilho. Eu estava liberado para o Réveillon do Graciosa. Da farda de serviço infecta para o requintado smoking. Foi minha primeira epifania castrense.

Cartum autocrítico publicado na Revista do CPOR de Curitiba de 1957. 
A segunda ocorreria no sábado de Carnaval, 11 de fevereiro de 1956. Naquele verão do meu descontentamento, eu andava às voltas com dois problemas: amigdalites que minavam meu sistema imunológico e me botavam de cama com muita frequência; e o vestibular para a Faculdade de Engenharia, no final  de fevereiro. Nos primeiros dias do mês, partimos para o primeiro grande acampamento na cidade de Porto União, Santa Catarina, onde ficava o 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado. Éramos 44, na turma da Engenharia – de Álvaro Doubek a Werner Zulauf. Domingo, sete da manhã, embarcamos num trem na Estação Ferroviária de Curitiba. Era uma composição da RVPSC (Rede Viação Paraná-Santa Catarina) – sigla com uma irônica sugestão de convite social: Répondez S’il Vous Plait (RSVP). Embora menos de 200 quilômetros separassem Curitiba de União da Vitória – a cidade do Paraná geminada com Porto União – a viagem levou o dia inteiro, o trem levantando poeira ao longo do percurso, para agonia do meu aparelho respiratório. Já era noite quando acampamos em barracas às margens do rio Iguaçu, que separava as duas cidades. O Iguaçu (“Água Grande” em guarani) nasce como um filete d’água nos arredores de Curitiba e, seguindo o sentido geral leste a oeste, vai terminar, mais de mil quilômetros depois, nas espetaculares cataratas de Foz do Iguaçu. Em muitos pontos, o rio faz a divisa natural entre Paraná e Santa Catarina.

Entre União da Vitória e Porto União, o Iguaçu ostenta uma largura superior a trezentos metros. Já naquela primeira noite eu conheceria na pele a força de suas águas: às três da madrugada o Iguaçu transbordou e invadiu nosso acampamento. Acordamos dentro das barracas boiando em suas águas. Um temporal a montante, em poucas horas engrossara o fluxo do rio. Escorraçados pela cheia, batemos em retirada para o quartel do 5º B.E. Fomos levados a uma grande sala sem móveis com assoalho de tábuas. Os mais rápidos ocuparam os armários vazios que cobriam as paredes laterais. Tínhamos lençóis e cobertas, mas nenhum colchonete para aliviar o lombo do contato com a madeira dura do piso.

Na manhã seguinte, exaustos, iniciamos as manobras às margens do inflado Iguaçu, com a montagem de pontes, em que éramos obrigados a carregar pesados módulos de madeira e ferro como burros de carga. Ao meio-dia, os trabalhos eram interrompidos para a hora do rancho. Entra em cena o versátil capacete de aço, que protege nossa cabeça das balas inimigas, mas não protege o nosso estômago da boia hedionda. É no bojo do capacete que os taifeiros despejam grandes porções de salada de tomate com cebola crua, macarrão com carne assada e arroz com feijão, tudo misturado num caldeirão infernal que ingerimos a duras penas, valendo-nos da colher de alumínio que carregamos na mochila com o cantil. A enchente, o trabalho pesado, o sono perdido, o rango infecto acabaram me derrubando: baixei enfermaria. E, o que é pior, num fim de semana. Embora já estivesse recuperado no sábado, eu e o colega Aramis Meyer Costa – à falta de um médico autorizado para nos dar alta – ficamos encarcerados na enfermagem sábado e domingo, olhando as nuvens brancas desfilarem num céu azul, reduzidos a uma sopinha rala como refeição. Companheiros solidários cataram espigas de milho das redondezas do quartel e as jogaram pela janela. E lá foram eles pimpões para os embalos de sábado à noite de Porto União, antecipando a dança de rosto colado com as donzelas locais, descendentes germânicas e eslavas de boa cepa. E eu tinha uma cantada irresistível. Os catarinenses são chamados de “barrigas verdes” por causa de sua heroica participação nos Voluntários da Pátria, durante a Guerra do Paraguai, ostentando na barriga uma faixa verde. Eu pediria à lourinha de olhos azuis: “Posso ver se a sua barriga é verde mesmo?” 

A volta a Curitiba estava prevista para a sexta-feira antes do Carnaval e eu contava em sair no sábado tocando tamborim no bloco dos Capetas, formado por uma turminha do Clube Curitibano. Mas temporais, quedas de barreiras e descarrilamentos na linha da RVPSC ameaçaram, de repente, nos deixar ilhados em Porto União até depois do Carnaval. Na manhã de sábado fui à estação em busca de informações. Na rua principal, esbarrei com o irmão mais velho do meu vizinho Nilson, acompanhado da noiva. Estava de carro, prestes a voltar para Curitiba. Uma carona salvadora fez toda a felicidade do meu Carnaval.

Passei em vigésimo lugar no vestibular de engenharia. Como recompensa, extraí as amídalas e convalesci tomando sorvete e lendo O velho e o mar. Nas férias de julho, encarei outro acampamento insólito, nas campinas do Primeiro Planalto, às margens da estrada para Joinville, a rota do balneário de Guaratuba, que eu costumava frequentar em meus tempos de liberdade. Garotas, amigos desobrigados do serviço militar, famílias conhecidas e até parentes, a caminho dos seus folguedos, paravam por alguns minutos no acostamento para lastimar nossa triste sina. O local de exercícios da engenharia era, volta e meia, atingido por bombas dos morteiros e canhões da artilharia, que abriam crateras enormes na grama virgem das encostas. Eu não confiava muito na logística daquelas manobras, estávamos a um passo de uma grande tragédia, mas no final, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Isto é, com um pequeno reparo: numa noite de lua cheia, eu e dois colegas mais afoitos – um deles era o Leo Casella Bittencourt, com seu indefectível bigodinho – percorremos quilômetros da estrada deserta em busca de bebida. Encontramos, num rancho de colonos, um vinho caseiro, ainda em processo de fermentação, que prosseguiu seu estrago em nossos estômagos e provocou uma ressaca homérica.

Dois filmes marcaram fundo essa fase da minha vida. Não imagino por que motivo aconteceu no próprio quartel a projeção de um filme antimilitarista: Stalag 17/Inferno Nº 17, de Billy Wilder, com meu ator favorito, William Holden. E, no verão de 1957, programou-se uma marcha noturna de 30 quilômetros com mochila equipada de 36 quilos no lombo. Valendo-me de uma unha encravada, provocada por aqueles elegantes sapatos pretos de bico fino, consegui dispensa médica. Resolvi pegar a sessão das oito no Cine Luz. Quando ia saindo de casa às sete e meia, no alto da Carlos de Carvalho – o céu ainda claro, no verão curitibano – ouço aquele tropel cadenciado subindo a rua. Era a marcha dos meus colegas, a caminho das ladeiras do Bigorrilho e dos descampados da Campina do Siqueira e do Parque Barigui. Me escondi por trás da sebe de hortênsias que cercava o jardim da minha casa. Passado o perigo, peguei o ônibus na Vicente Machado rumo ao centro. O prazer estético de ver pela primeira vez Casablanca – a maior história de amor em tempo de guerra – foi intensificado mil vezes pelo senso do interdito, de ter escapado ao castigo da marcha.

Em agosto de 1957, o martírio chegou ao fim em clima festivo. No estádio Dorival Brito e Silva, houve o juramento à bandeira e a entrega das espadas aos novos aspirantes a oficial. Depois, a missa solene na Catedral Metropolitana e, à noite, o baile de gala na Sociedade Thalia. Cito da revista do CPOR: “As belas jovens que lá comparecem dão um colorido maior às festividades e aumentam em muito a alegria dos novos aspirantes. São milhares e milhares de belas toilettes a enfeitar os majestosos salões da Sociedade Thalia...”

A Engenharia brilhou. Nas Olimpíadas do CPOR, retomadas depois de vários anos, fomos os campeões disparados, 54 pontos à frente da segunda colocada, a Saúde, com 23 pontos. A Cavalaria teve apenas um ponto: imagino, mas não tenho certeza, que foi na prova de hipismo. A capa da revista do ano foi estampada pelo porta-estandarte do CPOR, a melhor nota de todos os cursos: o aluno da Engenharia Celso Luiz Pasquini Esmanhoto. E, quando todas as armas se reuniam em frente do quartel para cantar o Hino Nacional, o maestro era o sargento Sátiro Pohl Moreira de Castilho, da nossa Engenharia.

*      *      *

Em 2006, quarenta e nove anos depois, cruzei de novo os portões do quartel na praça Oswaldo Cruz. Não mais quartel, agora era o Shopping Curitiba, mas os incorporadores tiveram a sensibilidade de preservar a moldura da fachada em toda a quadra. Percorrendo a parte antiga da estrutura, dava ainda para sentir as velhas vibrações da caserna, os fantasmas de incontáveis gerações que viveram seus dias da juventude brincando de soldado dentro daquelas imponentes fortificações.

Mesmo que a experiência seja adversa, sua lembrança meio século depois se torna agridoce. Ao deixar o CPOR, a primeira sensação foi de alívio. Lembro até hoje com intensidade um momento poético único, pessoal e intransferível, minha derradeira epifania castrense. Num dos últimos sábados que dediquei à Pátria, justo quando saía do quartel no fim de uma tarde cinzenta, tremendo de frio debaixo da farda fina, vi baixarem do céu silenciosamente em câmera lenta flocos de neve, que logo se derretiam ao contato do ar e eram apagados para sempre. Veio-me então à cabeça um refrão antigo de mais de quatrocentos anos, do transgressor poeta francês François Villon: “Mais où sont les neiges d’antan?”

domingo, 23 de setembro de 2018

Homenagem a Gervásio Baptista, 95 anos - "Importante é estar entre amigos", diz o fotojornalista que fez história na revista Manchete

Gervásio Baptista; uma vida dedicada ao fotojornalismo. Foto de Marcelo Camargo/Agência Brasil


Brincalhão e bem-humorado, Gervásio se emociona com a homenagem da Associação Baiana de Imprensa.
Foto de Marcelo Camargo/Agência Brasil


Com a Medalha Ranulpho Oliveira. Foto de Marcelo Camargo/Agência Brasil


Gervásio mostra uma das suas fotos. Foto de Marcelo Camargo/Agência Brasil

por Ana Cristina Campos - Repórter da Agência de Brasil)

Rodeado de amigos, o repórter fotográfico Gervásio Baptista foi condecorado ontem, em Brasília, (22) com a Medalha Ranulpho Oliveira, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), destinada aos maiores nomes do jornalismo que trabalharam na imprensa da Bahia.

Ícone do fotojornalismo brasileiro, Gervásio emocionou-se com a homenagem e mostrou que o lado brincalhão e bem-humorado ainda predomina. “O importante é estar com os amigos”, destacou.

Ao receber a medalha, Gervásio, com 95 anos, repetiu com seu chapéu o gesto do presidente Juscelino Kubitschek, acenando com a cartola para o povo na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960 – instante que Gervásio captou com suas lentes, em uma de suas fotos mais emblemáticas. “Tenho saudade do velho JK”, disse. “Para mim, é uma surpresa agradabilíssima relembrar JK”.

 Nascido em 1923 em Salvador, um dos maiores fotógrafos da história brasileira também foi homenageado com uma exposição de imagens e reportagens dos mais diversos períodos da sua longa carreira, iniciada aos 12 anos no extinto O Estado da Bahia. Atualmente, o fotógrafo está numa cadeira de rodas, depois de cair e fraturar o fêmur.

O diretor de divulgação da ABI, Valber Carvalho, disse que a homenagem tem como objetivo reconhecer a importância de Gervásio na história do jornalismo no Brasil, em particular, na Bahia. “Ele é fundador da Arfoc [Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos] na Bahia”, lembrou. “Gervásio tinha uma coragem extrema de enfrentar autoridades, militares, delegados, que, muitas vezes de maneira acintosa, não deixavam que ele fizesse a notícia.”

Para o fotógrafo Orlando Brito, Gervásio é um símbolo do fotojornalismo no país. “Ele é uma figura quase que onipresente na história do Brasil desde o governo de Getúlio Vargas”, disse. “Toda a carreira do Gervásio é ponteada de fotos magníficas. Mas a que mais vem à minha memória é a do JK com o chapéu que revela a novidade que era Juscelino e toda a modernidade de Brasília que está atrás da foto.”

Segundo a associação, aos 27 anos, quando já se destacava no Diário de Notícias de Salvador, Assis Chateaubriand viu o talento do jovem fotógrafo e o levou para o Rio de Janeiro para trabalhar na revista O Cruzeiro, mas logo Gervásio mudou-se para a revista Manchete de Adolpho Bloch no início dos anos 1950.

Em 80 anos de carreira, Gervásio registrou raridades de Getúlio Vargas, Tancredo Neves, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Fotógrafo oficial de Tancredo Neves, Gervásio fez com exclusividade a clássica e última foto do presidente, acompanhado da equipe médica do Hospital de Base do Distrito Federal, em que ele aparece sentado de pijama e roupão.

Na ditadura, foi preso e, em uma das ocasiões, dividiu a cela com o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (avô do ex-governador Eduardo Campos, ambos mortos).

Registrou momentos da Revolução Cubana, em 1959, fotografou os líderes Fidel Castro e Che Guevara. Acompanhou a Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974, e foi ao Vietnã, nos anos de 1970, para registrar a guerra. Fotografou sete copas do mundo e 16 concursos de miss universo.

Até 2015, Gervásio Baptista fotografava no Supremo Tribunal Federal e na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A lei do vento livre: Brits comemoram chegada do Outono com peladaço no Mar do Norte ...


VEJA FOTOS E VÍDEO, CLIQUE AQUI

Já tomou seu veneninho hoje? O Brasil já é o campeão mundial dos alimentos contaminados por agrotóxicos. E a bancada ruralista no Congresso quer é mais...


A matéria de capa da Superinteressante é o próprio soco no estômago. A bancada ruralista sempre foi poderosa em todos os governos. Obtém dinheiro público a juros de amigo, planta subsídio e colhe perdão de dívidas. Sob o desgoverno Temer, a festa ficou ainda mais animada. Eles exigem ainda mais liberdade para usar venenos e até importar agrotóxicos proibidos em outros países.

Para a saúde dos brasileiros, a única esperança é a consciência dos consumidores nos países que compram alimentos do Brasil.

Na Europa, principalmente, crescem as restrições à entrada de produtos suspeitos. A tendência é que, diante do apetite dos ruralista brasileiros por venenos, alguns mercados se fechem ao longo dos próximos anos. O uso indiscriminado de agrotóxico e flagrantes de falta de higiene e contaminação por bactérias se somam ao desmatamento que a agroindústria  - que cria emprego, mas a que custo -  promove. E isso sensibiliza militantes e eleitores europeus.

São duas as opções: ou pagam o preço do futuro boicote ou descobrem que a ética empresarial e o respeito aos consumidores pode ser bom negócio.

Você ou algum jornalista de bancada entrevistadora já perguntou ao seu candidato a presidente o que ele pensa do envenenamento em massa dos consumidores e ainda mais financiado pelo contribuinte?

Passaralhos são predadores do jornalismo...

Boletim da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) informa sobre onda de demissão em massa no Sistema Verdes Mares, que controla o jornal Diário do Nordeste, a Rádio Verdes Mares, TV Diário e TV Verdes Mares, esta afiliada da Rede Globo.

Nos últimos anos, o passaralho é recorrente nos grandes veículos do jornalismo brasileiro e já dizimou centenas de publicações menores.

O predador levou embora milhares de empregos. Mas não só isso. Em boa parte, a qualidade do jornalismo brasileiro também se foi no bico da ave. Uma das razões é que a peneira costuma cortar cargos e selecionar consciências ou optar por aquelas mais gelatinosas e que mais se ajustam às formas patronais.

Se já era quase imperceptível, o contraditório na cobertura dos fatos, o outro lado, tornou-se microscópico, quase vencido pelos interesses políticos, financeiros e corporativos.

Passaralhos se alimentam de empregos, comem a ética no café da manhã, fazem da consciência social um lanche vespertino e jantam a honestidade.

O passaralho é um neoliberal voraz.

Não sofre risco de extinção. A reforma trabalhista da marionete Temer e dos lobbies empresariais que puxam seus cordões é o habitat e parque de diversões da espécie.

sábado, 22 de setembro de 2018

Viu isso? Time de futebol lança camisa antifascista...

No momento em que o fascismo ganha espaço na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, o Clapton CFC, modesto time inglês de futebol, dá exemplo de cidadania.

Para alertar os países democráticos sobre as ameaças que pesam sobre a liberdade, o clube lançou uma camisa com as cores da Segunda República Espanhola e a estrela de três pontas das Brigadas Internacionais que lutaram contra o ditador sanguinário Francisco Franco, que recebeu armas e apoio aéreo de Adolf Hitler durante a Guerra Civil Espanhola. The Guardian publica matéria sobre o assunto.

Em pouco tempo, foram vendidos milhares de exemplares, principalmente na Espanha. O uniforme vermelho, roxo e amarelo, que marca os 80 anos do fim conflito,  foi usado pela primeira vez no sábado passado. Nas costas, a camisa exibe a frase "No Passarán", o famoso slogan dos antifascistas inspirado na frase de Dolores Ibárruri, La Passionaria.

Para o clube, o futebol também deve travar algumas batalhas fora de campo. Parte do dinheiro arrecadado com a venda das camisas será destinado a projetos culturais que preservem a memória dos heróis que foram á Espanha lutar contra o nazi-fascismo.

Nos últimos meses, ativistas encomendaram a fábricas da Itália, França, Alemanha e Inglaterra camisetas que alertam contra os avanços dos fascistas e neonazistas na Europa. Nos Estados Unidos, o alvo são Trump e os supremacistas brancos.



As novas tshirts políticas se revelaram um sucesso e despertaram interesse muito além dos movimentos organizados. Em tempos digitais, a camiseta resiste como veículo de mensagens pollíticas.

A maioria está à venda na internet. Basta digitar antifascist tshirt.

Pelo jeito, o Brasil está precisando importar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Registrou? São as pérolas do idioma Titês

Ninguém parece interessado, mas Tite acaba de convocar a seleção brasileira que vai jogar amistosos armados pela CBF contra a "poderosa"Arábia Saudita, país que submete seus cidadãos a regime tirano e promove guerra cruel no Iêmen, e a Argentina, que vive momento deprê bem parecido com o do Brasil.

O time atual não mudou muito: são 13 jogadores que participaram do naufrágio na Rússia. Já o palavreado de Tite na coletiva não mudou nada. Continua em formato de palestra motivacional.

Leiam as 'pérolas' do Titês lançadas aos jornalistas na coletiva de hoje: "equalizar', "harmonizar", "plataforma tecnológica", "futebol é intuição, convívio, contato", "força máxima tem' que ser contextualizada", "temos que traduzir em alto desempenho mesmo com oportunidades", "possibilidades táticas para potencializar o Neymar.", "procuramos potencializar e dar oportunidade, "manter a coerência do desempenho em alto nível para decidir", "capacidade de absorver a informação e traduzir, no argumento com o técnico, "equilibrar a emoção e a razão, cabeça e coração, racionalidade com emotividade".

Juntando tudo parece significar nada.

Pena que a Bélgica não deu a menor bola pra esse futebol que é perfeito em áudio mas não funciona em campo...

Memória da propaganda: chiclete sem banana


por Ed Sá 
César de Alencar era, digamos, o William Bonner dos anos 1950. No auge da Rádio Nacional, tornou-se a voz mais ouvida do país. Era disputado por marcas para recomendar produtos. Nesta propaganda, sugeria um macete que devia ser bom para políticos em campanhas de palanques, que exigiam muito gogó, para usar uma gíria da época.

Mas, assim como os palanques, chiclete ainda existe, mas saiu de moda. E os políticos que dão entrevistas na TV nem precisam disso. Os entrevistadores não os deixam falar sozinhos nem por alguns segundos, imaginem por quatro horas...

Ciro na capa da Época: próximas pesquisas mostrarão se a terceira via chega ao segundo turno




Com Bolsonaro consolidado, segundo os analistas de pesquisas, e Haddad em ascensão, Ciro Gomes se apresenta como a terceira via.

É a estratégia que lhe resta. 

Capa da Época e tema dos principais colunistas do Globo, hoje, Ciro espera que as próximas pesquisas reflitam fuga de votos de Marina, Alkmin, Meirelles, Amoedo e Álvaro em direção ao seu projeto. 

No momento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulga uma “carta aos eleitores e eleitoras” pedindo que não apostem em "soluções extremas” e apoiem o presidenciável que “melhores condições de êxito eleitoral tiver”, Ciro deve achar que é o "cara". 

Para ele, a 17 dias das eleições, é crucial que as sondagens passem a refletir, e provar, se a tendência existe ou não e se alguém ainda ouve os mantras oscilantes de FHC. 

Aparentemente, a grande mídia, quem diria, já vê Ciro, famoso por sofrer pane no botão de autocontrole, como a última e mais "serena" opção entre o que chama de extremos. A conferir nos Ibope, Data Folha, Vox Populi e mesas de botecos dos próximos dias.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Bancas: o jornaleiro pede desculpas e, aos poucos, se despede das ruas...

por Ed Sá

Algumas prefeituras, como a de Campo Grande (MS), planejam rever regras para o funcionamento das bancas de jornais e discutem o futuro do negócio. Com a crise do meio impresso, elas, já há alguns anos, diversificaram ofertas de produtos. Recarga e capas de celulares, doces e balas, cigarros, canetas, sorvetes etc dividem lugar com as revistas que restam e as pilhas de jornais cada vez menores.

Muitas cidades despertam para o mesmo problema.

Em muitas bancas, os impressos já são minoria, as vendas de jornais e revistas despencaram em cerca de 70%.

Uma das propostas é transformá-las em ambientes virtuais.

Qualquer projeto de mudança deverá levar em conta a questão social. A maioria das bancas sustentou famílias por várias gerações, mas não foram poucos os jornaleiros tradicionais que passaram o ponto.

Em capitais como Paris, Lisboa, Londres e outras com público leitor muito maior, o anunciado fim dos impressos é um processo mais lento. São centros de países que ainda sustentam um número expressivo de títulos. No Brasil, a crise que atinge as versões impressas de jornais e revistas avança em velocidade muito maior. Centenas de títulos foram extintos nos últimos anos. Com uma característica que fragiliza ainda mais os jornaleiros. Em cidades como Rio e São Paulo, os políticos de olho em voto deram ao longo dos anos um número excessivo de licenças para bancas. Em certas quadras, são de dez a 15 instalações a poucos metros uma da outra. Já há pontos abandonados ou quase vazios.

O futuro, ou a falta dele, atropela os velhos jornaleiros.

The Economist: "Bolsonaro é ameaça para o Brasil e América Latina"


Na CBN, Ciro mostra que ponto eletrônico na orelha de jornalista não é brinco...

O site DCM comentou a saia justa. 

Durante entrevista na CBN, Ciro Gomes parece ter desvendado de vez a razão pela qual os entrevistadores do Grupo Globo interrompem tanta vezes os candidatos.

Seria para controlar os rumos da conversa e tentar neutralizar assuntos incômodos?

Ciro falava sobre o golpe que derrubou Dilma Rousseff e atribuía a conspiração à cobiça pelo petróleo da Petrobras. Os jornalistas ficaram ansiosos de repente e tentaram mudar de assunto.

- Tem ordem editorial aí?" - indagou o candidato.

O mediador quis disfarçar e responder, mas Ciro insistiu na observação.

O ponto eletrônico não está pra brincadeiras.

O vexame está no vídeo com a íntegra da entrevista a partir do minuto  43.35

VEJA AQUI

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Vai ter cola na cabine. FHC erra toda hora o nome do candidato tucano.

por O.V.Pochê
Fernando Henrique Cardoso diz que vai votar em Geraldo José Alckmin Filho, pelo menos no primeiro turno. Mas o ex-presidente vai ter que levar uma cola. Ele erra seguidamente o nome do candidato do seu partido. Ao fazer campanha pro amigo no twitter só escreve Alkmin.

As redes sociais já estão prevendo que virão mais variações por aí:

- Jeraldo
- Alkmin Júnior
- Zé Alquimin 
- Zé Jeraldo
- Joaquim Filho

Só falta chamar o homem de Santo ( apelido de Alckmin na famosa lista da Odebrecht, segundo delação).

terça-feira, 18 de setembro de 2018

TSE nega direito de resposta de Ciro Gomes a reportagem da Veja. E advogado da revista inova ao defender o jornalismo da "verossimilhança"...

Talvez a definição mais precisa sobre o atual método de trabalho do jornalismo político na mídia conservadora tenha sido dada pelo advogado da Veja, Alexandre Fidalgo.

Confira.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou por 6 votos a 1, um pedido de direito de resposta de Ciro Gomes a uma reportagem "O Esquema Cearense" publicada pela revista.

Segundo a Veja, Cid Gomes, irmão de Ciro, teria dado benefícios fiscais a empresas no Ceará em troca de caixa dois para campanhas eleitorais. A reportagem tinha como base apenas a declaração de
Niomar Calazans, ex-tesoureiro do Pros, mas o próprio entrevistado afirmava à revista não ter provas da acusação que fazia. O acusador, inclusive, segundo o advogado de Ciro, André Xerez, já havia sido condenado por difamação.

Os ministros Sérgio Banhos, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Jorge Mussi, Tarcísio Vieira e Luis Felipe Salomão negaram o direito de resposta. Rosa Weber, presidente do TSE, votou a favor com base na argumentação do vice-procurador-geral-eleitoral, Humberto Jacques, segundo o qual “não se compreende a liberdade de expressão sem a possibilidade de direito de resposta”.

É surpreendente a posição do TSE porque a reportagem foi publicada, sem censura ou qualquer dano à liberdade de expressão da mídia. O veto do tribunal foi ao direito de resposta, obviamente posterior. A verdade é que a legislação brasileira recente precarizou esse instrumento democrático. O Brasil está hoje entre os países onde p direito de resposta é dos mais frágeis.

Em defesa da Veja, o advogado Alexandre Fidalgo usou uma argumentação que é um primor de sinceridade. Segundo ele, "a imprensa trabalha com elementos de razoabilidade, de verossimilhança. Eu não preciso necessariamente saber de verdade se a declaração será provada ou não provada”, acrescentou.

Fidalgo acaba de criar o jornalismo da "verossimilhança", o que não precisa necessariamente da verdade, nem está preocupado se o conteúdo será provado ou não provado.

Então é isso: sem querer ele escreveu o tutorial da velha mídia brasileira.

E o Brasil ganha a honra de criar o jornalismo investigativo da verossimilhança.

É nóis!

Revista Time passa o ponto. Bilionário do setor de software é o novo dono

Depois de passar alguns meses com a placa de vende-se na porta, o grupo que controla a revista Time finalmente fechou negócio. Por 190 milhões de dólares, a Meredith, conhecida editora de publicações femininas passou ponto para Marc Benioff, presidente da empresa de tecnologia Salesforce.

 Time perdeu espaço no impresso mas mantém 100 milhões de leitores somadas as versões digital e tradicional.

A Salesforce se destaca na tecnologia da computação em nuvem,inteligência artificial, marketing e gestão de comunidades. Benioff é definido como um "CEO ativista" pela atuação social em São Francisco, onde tem a sede da empresa. Programas de habitação, saúde e educação e saúde na cidade contam com seu apoio financeiro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Eliud Kipchoge faz história na Maratona de Berlim

Eliud Kipchoge na linha de chegada após a marca histórica a Maratona de Berlim. Foto Getty Images/IAAF/Divulgação

Como é que é mesmo? Indolente e preguiçoso. Assim os racistas rotulam os negros.

Que tal botar esse pessoal para correr contra Eliud Kipchoge?

Ontem, o queniano correu a Maratona de Berlim em 2h1m39 segundos. Ele ameaça cruzar a barreira de 2 horas para a prova de 42 quilômetros, o que muitos consideram impossível para a modalidade. Kipchoge já baixou o recorde anterior em mais de um minuto. A última vez que um maratonista quebrou uma marca com margem de mais de 60 segundos foi em 1969.

Especialistas europeus e americanos já fizeram estágios no Quênia para tentar descobrir o segredo do sucesso dos atletas locais. A maioria levava na mochila teorias preconceituosas ligadas a "características animais". Lá, descobriram que não basta ser queniano para se tornar superatleta em provas de resistência. Se fosse assim, o país inteiro subia ao pódio. Aqueles que se destacam treinam muito, geralmente em grupo, usam subidas, de preferência, no dia a dia andam a pé, sobem escadas, desenvolveram um método de preparação em ciclos de três semanas, não comem fast food, têm dieta simples e barata, com baixo teor de gordura, muito carboidrato, pouca proteína e assim mesmo sempre equilibrada com grãos e legumes. A genética, claro, conta. Mas ninguém lembra desse fator "animal" quando fala de fenômenos brancos como Yelena Isinbayeva (atletismo), Michael Phelps (natação), Novak Djokovic (tênis) e tantos outros não quenianos.

sábado, 15 de setembro de 2018

A pauta é calote - Funcionários demitidos fazem protesto em frente à Editora Abril, que chamou a PM....

Foto: Cadu Bazilevski/ Jornalistas Livres 

Funcionários demitidos pela Abril, entre jornalistas, gráficos e administrativos, que não receberam verbas rescisórias, nem a multa de 40% do FGTS, fizeram um protesto, ontem, em frente à gráfica da empresa.

Os trabalhadores vítimas de calote divulgaram uma carta aos Civita.

“CARTA ABERTA À FAMÍLIA CIVITA

Abrimos esta carta – e fazemos sua leitura em voz alta – porque nossa mensagem não tem caráter privado. Ela diz respeito à sociedade brasileira, e não apenas aos 804 empregados covardemente descartados a partir de 6 de agosto, aos demitidos em meses anteriores, aos profissionais freelancers igualmente dispensados. Foram atingidos 1.500 homens e mulheres – e suas 1.500 famílias. Com a última demissão em massa, nos vimos sem trabalho, sem dinheiro e pilhados no que há de mais caro e precioso: direitos! Direitos duramente conquistados com criatividade, dedicação, empenho, entrega e suor. O abatimento emocional e moral já produz depressão, desesperança e sérias dificuldades na vida cotidiana. Em muitas casas, falta comida. Alguns dos funcionários cortados não têm como pagar remédio, luz, transporte, a escola dos filhos…

Diante desta árvore, que já foi ícone de potência e de imprensa forte, símbolo de cultura, humanidade e entretenimento, lembramos à família Civita que, durante quase sete décadas, o Grupo Abril fez parte da formação dos brasileiros, que leram os conteúdos gerados por seus mais de 150 títulos lançados. Para ficar só nos dias atuais: o manancial de informações produzidas pelas 11 publicações que morreram, numa só tacada, em 6 de agosto, é um patrimônio que não pertencia mais à família Civita. As ideias e as reflexões propostas nelas frutificaram, produziram pensamento crítico e, por isso, pertencem aos trabalhadores que as produziam e ao leitor brasileiro. Perde, assim, o povo, de quem a Abril, há muito, vem se distanciando. Perdem, sobretudo, as mulheres, uma vez que, dos títulos destruídos, oito eram dirigidos ao público feminino.

Perde ainda o mercado de trabalho. A atitude intempestiva da família Civita, que demitiu em massa – sem negociar com os sindicatos, oferecer contraproposta ou dar a chance de demissão voluntária –, estrangula os meios de produção de informação. Encerra centenas de postos de trabalho. Abala os jornalistas do país inteiro. Atinge as universidades que preparam jovens para o exercício da profissão em veículos impressos e digitais. Golpeia os cursos que formam profissionais para TI, impressão, acabamento, distribuição e serviços. E afeta, brutalmente, a logística de outras editoras e empresas.

O rombo é mais fundo. Nesse episódio, há também prejuízo para a liberdade de expressão, a denúncia, a crítica. Perde, enfim, a defesa da democracia. Não se trata de constatação recente. Os herdeiros vêm descuidando do Grupo Abril há anos. A falta de investimento no editorial, a equivocada entrega da gestão a consultores estranhos ao universo da informação, o afastamento da diversidade de opiniões e a ausência de sensibilidade para entender os novos rumos da sociedade levaram a Abril à derrocada, à recuperação judicial.

Nós nos vimos metidos nela – como parte de uma interminável lista de credores, a quem o Grupo Abril deve 1,6 bilhão de reais. Mas não somos credores. Esse papel é dos bancos, dos grandes fornecedores, das empresas globalizadas com quem o Grupo faz negócios. Nós somos trabalhadores! Levantamos cedo, enfrentamos a madrugada no fechamento das revistas. Estamos na gráfica, na logística, na distribuição, no escritório… Não somos credores. Nossa única fonte de sobrevivência é o salário que vem, exclusivamente, do trabalho árduo que entregamos. A dívida que os Civita têm com a massa de profissionais jogados na rua é de 110 milhões de reais. Somando o que os senhores devem aos profissionais freelancers – muitos deles tinham horário a cumprir, obrigações e subordinação à chefia –, representamos uma fatia magra, menos de 7% do total da dívida de 1,6 bilhão.

Os senhores podem amenizar o malfeito. Têm como minorar a injustiça que cometeram contra as mulheres e os homens que fizeram a história da Abril – e colaboraram para o enriquecimento da família Civita, que detém, reconhecidamente, uma das maiores fortunas do Brasil. O caminho está previsto na legislação. Basta que os irmãos, controladores do Grupo Abril, sub-roguem os nossos créditos, assumindo o nosso lugar no processo de Recuperação Judicial. Os senhores podem sub-rogar 100% dos créditos trabalhistas, pagando de uma vez os 110 milhões que pertencem aos demitidos, tomando o lugar deles e dos freelas como credores na recuperação judicial. E devem acrescentar ainda a multa referente ao artigo 477 da CLT, que determina ao empregador o pagamento de um salário por descumprimento da obrigação de acertar as verbas rescisórias dez dias após a demissão.

Reivindicamos, então, dos senhores, que assumam pessoalmente a dívida trabalhista da empresa, de imediato, pagando a todos, pois se trata de verba de natureza alimentar. Seu valor total é de apenas 1% da fortuna que a família Civita acumulou com o Grupo Abril, estimada recentemente em mais de 10 bilhões de reais, conforme publicado na revista Exame. Cabe demandar também o reconhecimento dos profissionais freelancers na categoria de trabalhadores, uma vez que não se trata de empresas, mas sim de quem depende dos proventos do trabalho individual para pagar as contas, assim como os demitidos.

Os senhores não podem fugir da responsabilidade trabalhista que têm com os descartados, da responsabilidade social que assumiram – e sempre apregoam – com o país. É preciso lembrar o que foi manifesto por Victor Civita, o fundador do Grupo, quando explicou o emblema que o identifica: “Escolhi a árvore como símbolo da Editora Abril porque é a representação da fertilidade, a própria imagem da vida. O verde porque é a cor da esperança e do otimismo”.

Nossa “esperança” é a de que os senhores, herdeiros, honrem os seus compromissos com os demitidos. Façam valer o tanto que a família Civita acumulou em décadas com o nosso trabalho. E respeitem as nossas famílias.

Comitê dos Jornalistas Demitidos
Comitê dos Gráficos Demitidos
Comitê dos Distribuidores Demitidos
Comitê dos Administrativos Demitidos
Comitê dos Profissionais Freelancers Dispensados”

MAIS INFORMAÇÕES E FOTOS NO SITE JORNALISTAS LIVRES, CLIQUE AQUI

A solidão do entrevistado...

Jornalista, escritor, professor universitário e cartunista que já atuou no Estadão, Gilberto Marigoni foi candidato a governador de São Paulo, em 2004, pelo PSOL. Ele conta no Facebook sua experiência como entrevistado e debatedor na alta tensão da campanha política.

por Gilberto Maringoni

Fernando Haddad deu um baile nesta sexta-feira (14), no Jornal Nacional! Seu brilhante desempenho me evocou lembranças. Fiz uma campanha para governador de São Paulo (PSOL), em 2014, que tem residual importância histórica.

Assistindo o petista - em situação mil vezes mais importante e dramática - me voltaram sensações que talvez todo candidato em desafios semelhantes tenha. Digo dos candidatos que não rezam pela cartilha dominante.

Montamos há quatro anos uma pequena e dedicada equipe, com a qual aprendi muito. Entre eles estavam Francisvaldo Mendes de Souza, Denise Simeão , Edson Carneiro Índio e Pedro Ekman. Bia Barbosa e Cláudio Camargo também deram apoio fundamental

A primeira sensação que se tem em debates desse tipo é uma solidão quase absoluta.

A SOLIDÃO - Você está num estúdio, com jornalistas à sua frente que - quase sempre - querem apenas jogar cascas de banana esperando você fazer um papelão. Ao entrar e se sentar, você está só - sozinho! - e com uma responsabilidade monumental nos ombros. Se vacilar ou falar bobagem, centenas de camaradas, candidatas e candidatos que dão o sangue para construir uma ideia, um projeto e um partido podem ser rejeitados nas ruas e nas urnas. Vale uma analogia.

Fui nadador desde a adolescência e participei de dezenas de campeonatos. É talvez o esporte mais solitário existente. Quando você é chamado para a borda da piscina, posta-se atrás da baliza e aguarda o apito do juiz para subir. Entre o segundo silvo, para se abaixar, e o tiro de largada, passa-se no máximo um segundo. Nesse microtempo, você olha cinquenta metros de água adiante e a solidão é parecida. É você com você. Uma saída malfeita, uma entrada torta na água ou uma virada ruim, pronto! Está comprometido não apenas seu desempenho, mas a pontuação de toda a equipe.

A OFENSIVA - A segunda sensação nos debates é que você está num jogo de esperteza, muito mais do que numa troca de idéias. Se vacilar, dança. Não pode baixar a guarda em momento algum É algo extremamente tenso.

Haddad começou nervoso e foi se assenhorando do ambiente. É essencial nunca deixar a bancada tomar a ofensiva. Ou seja, as perguntas não podem lhe pautar. Há que virar o jogo e tentar você definir o ritmo da batalha. Como dizia Brizola, "Estamos numa democracia, você pergunta o que quiser e eu respondo o que quero".

Nesse ponto, eu fazia outra comparação. "Estou numa guerra e ninguém aqui é meu amigo", pensava. E me vinha à mente uma longa conversa mantida há exatas duas décadas com M. Roger Brochet, um francês de 80 anos, casado com Mme. Suzanne, uma extrovertida e divertida professora de francês, dois anos mais velha que ele. Moravam ambos numa casinha com quintal ao fundo, no bairro de Perdizes em São Paulo, desde o final dos anos 1940, quando chegaram ao Brasil.

M. Roger me fascinava. Fora piloto de caça na II Guerra Mundial. Com a França ocupada, integrou-se a uma esquadrilha de Spitfires da RAF, sediada em Nice. Sua história nada tinha de romântica: dos 72 pilotos, apenas ele e outro conterrâneo sobreviveram. Falava com amargor de episódios que eu via como heroicos.

Duas frases grudaram na minha cabeça. A primeira é: "Nunca deixe o inimigo ficar em sua cauda. A possibilidade de ser atingido é de 110%". A segunda era: "Quando você o tiver na alça de mira, não vacile, abra fogo. Em combate não existe segunda chance".

Nos debates, a analogia da solidão se completava com as palavras de M. Roger, que em gestos contidos desenhava no ar manobras realizadas mais de meio século antes.

JUNTO E MISTURADO - Não permita que assumam a ofensiva, quando puder, vá para cima, não os deixe pautá-lo, mentalize o tempo de fala, vá direto ao assunto, não enrole, não demonstre intimidade com quem está no estúdio. Isso repetiam meus camaradas de campanha nas reuniões preparatórias. E sobretudo, lembre-se, diziam eles, você não está conversando com quem está à sua frente. Abstraia-os. Tem de falar com quem está em casa!

Piscina, Spitfires e a paciência dos amigos se fundiam em vastas emoções e pensamentos imperfeitos. Eu ia com um frio na espinha para as emissoras. Às vezes me saia bem, às vezes malomenos.

A campanha, como disse, foi microscópica. Não quero fazer nenhuma egotrip aqui. Detesto ser cabotino.

Mas ao assistir Haddad hoje - e Boulos e Ciro em outras oportunidades -, eu me admiro com a maestria deles, embora cada um exiba um estilo. Encaram situações muito mais duras e cheias de armadilhas do que as enfrentadas por mim. Tenho enorme orgulho em ver gente do nosso lado dando show de arte e competência!

P. S. Disso tudo, só uma tristeza fica. Nunca mais vi M. Roger. Não havia celulares em profusão há vinte anos. Quando, tempos depois, busquei a casinha em Perdizes, um edifício tinha lhe tomado o lugar.

M. Roger Brochet, herói da luta contra o nazismo, faria cem anos neste 2018. Sei lá, tem tudo a ver com o que vivemos...

Vidente avisa que mídia brasileira está sob forte estresse...

De: allanrway@celticcave.com.uk
para: paocomovo@gmail.com
cc ursal@state.org.ur; illuminati@vat.org.vt; allien@allien.ma; davidiano@star.org; racionlasuperior@maia.org; sociedadealternativa@sky.org

Allan Richard Way II, o herdeiro recluso do vidente que fazia o mapa astral dos acontecimento para a Manchete, através do seu contato brasileiro Carlos Heitor Cony, enviou de Londres um email, ontem, onde faz um inusitada previsão.

Não, ele não aponta o vencedor da corrida presidencial no Brasil, mas é quase isso.

Sir Richard informa aos seus seguidores e parceiros que as casas astrológicas indicam que Jair Bolsonaro e Fernando Haddad irão ao segundo turno das eleições. Raramente, o famoso guru ingressa no pantanoso terreno da análise política. Ocorre, segundo o vidente, que Mercúrio, que rege a Comunicação, transitará no fim de outubro por signos e casas imprevistos. Sir Richard interpreta que o segundo turno será fase de muita angústia para a mídia conservadora brasileira nas conjunções dos seus editores, colunistas e articulistas.

Eles já admitem em conversas privadas que no caso de um confronto em Haddad e Bolsonaro apoiarão o capitão. Mesmo se o adversário deste for Ciro Gomes, a maioria ficará com o militar, o candidato assimilado pelo mercado financeiro, de acordo com as oscilações do dólar e da Bolsa.


Mas a angústia não se torna aguda pelo apoio em si. Segundo Sir Richard, o que os rapazes e moças buscam é uma "narrativa", é o que fazer com as respectivas biografias, é o que dizer às famílias, é como justificar a escolha radical já praticamente consolidada diante da perspectiva de que Alckmin, Meirelles, Marina, João Amoedo e Álvaro Dias estão praticamente atropelados pelos astros.

Grupos privados de Whatsapp dos principais analistas entraram em modo estresse.

A propósito, Allan Richard Way II - que no momento começa a preparar suas previsões para o Brasil e o mundo em 2019 -, admite ao fim da mensagem que a tarefa nunca foi tão difícil.

Diz ele que os corpos celestes, de acordo com os desígnios da ciência milenar nascida na planície dos rios Tigre e Eufrates, ficam bagunçados quando o assunto é Brasil.

"I’m knackered!", encerra.

Jornal Nacional inaugura nova modalidade de jornalismo: a entrevista-selfie. Os jornalistas perguntam e eles mesmos respondem...

por Ed Sá 

Na série encontros da bancada do JN com os candidatos a presidente,William Bonner e Renata Vasconcelos praticam o que, no futuro, a arqueologia jornalística chamará de entrevista selfie.

Trata-se do formato no qual o entrevistador fala a maior parte do tempo e o entrevistado balbucia alguma coisa entre uma e outra intervenção. A coisa é tão caótica que, às vezes, Bonner e Renata falam juntos, enquanto o candidato fica perdidão, sem saber pra qual âncora vai olhar.

Outra coisa curiosa, reparem: os dois âncoras do JN não parecem preocupados com a resposta do entrevistado, tanto que enquanto este tenta espaço para responder algo sem ser interrompido, o que é quase impossível, o entrevistador ou entrevistadora fica lendo uma papelada e de olho no notebook já buscando inspiração para a próxima pergunta que vai fazer a si próprio, claro.

Curiosamente, no fundo, não dão muito importância nem à pergunta que fazem. Se achassem o questão relevante, talvez deixassem o entrevistado responder.

O público espera que o candidato, seja lá qual for, fale o que pretende fazer quando subir a rampa. Tem algum projeto para criar empregos? Vai acabar com o SUS ou vai recuperá-lo? Tem um método para combater o crime organizado que se espalha pelo país ou vai fazer 'acordo" com o diabo? O que vai fazer com a Previdência? Acabar? Privatizar? E a sua política para o salário mínimo? E para os altos salários dos privilegiados? O país está estagnado, como o candidato vai nos tirar do buraco? Vai vender o Brasil na bacia das almas? Vai estatizar tudo? Vai seguir o "programa de governo" de Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg ou vai cuidar de itens como saúde, educação, segurança, infraestrutura e deixar o mercado pra lá? Vai pedir a Neymar que não caia tando em campo?

Enfim, quais são as ideias do sujeito, nem digo projetos detalhados, mas as intenções, o que vai fazer, afinal, com o nosso voto?

Esqueça: Bonner e Renata não acham que isso dê audiência. Preferem fazer antes uma espécie de laboratório para instalar armadilhas ao longo da entrevista.

Pegadinhas pseudo-espirituosas.

A apresentador João Kleber, lembram, é bem melhor nessa área.
 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

...E na capa da Piauí...


Mundo em Manchete - Estudantes da Universidade de Cambridge posam para calendário beneficente.



Estudantes e atletas de Cambridge posaram em points da universidade e da cidade histórica para arrecadar dinheiro para instituições de caridade. Mesmo em tempo de internet, a folhinha impressa da universidade fundada em 1209 resiste.

Antes que alguém coloque em dúvida o ensino e o talento das alunas, bom ressaltar que não é fácil entrar lá. Cambridge, aliás, é recordista de prêmios Nobel: 82 vencedores saíram das suas salas.

E não se espante se uma dessas meninas seguir os passos de um famoso ex-aluno: Isaac Newton.

A notícia está no The Sun.

50 anos: veja algumas das piores capas da Veja...

O charme da ministra que confiscou a poupança

O "simpático" corrupto

A capa "collorida"

Tietando a musa do Maranhão

Sem poder acusar Itamar Franco de corrupto a revista culpa o mineiro por "oportunismo" e "loucura". 

O golpe que virou "reconstrução"

Para a revista, o 'legado' de Ellis não foi a a voz. 

A Veja culpa Cazuza por ousar não morrer na cama

O deslumbramento e o "competidor honesto", segundo a empolgadíssima chamada de capa. 


Jornalismo de fã babão...