PANIS CUM OVUM - o blog que virou Fatos&Fotos

sábado, 10 de maio de 2025

Ok, habemus papam. Mas você sabe o que é um papa? Carlos Heitor Cony explica


Para melhor nitidez, acesse o conteúdo da matéria do Cony Manchete na Biblioteca Nacional
https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=004120&pasta=ano%20198&pesq=%22Carlos%20Heitor%20Cony%22&pagfis=194941




por José Esmeraldo Gonçalves 

1980. Em dias como esses de posse de um novo papa - agora Leão XIV - só se falava nisso no mundo. Talvez para muita gente a função principal do pontífice era aparecer em uma janela do Vaticano, dar a benção ao povo reunido na Praça de São Pedro ou embarcar no jato especial da Alitália e visitar alguns países. E, sim, celebrar a missa de Natal. 

Talvez por isso, Carlos Heitor Cony usou seu espaço de crônica na antiga revista Manchete para detalhar o expediente do papa que, aliás, mora no local do emprego. 

A propósito, a antiga Manchete manteve, desde que foi criada, em 1952, uma afinidade jornalística com o Vaticano. Ligação oportuna, aliás, já que, no jargão da redação, papa é bom de venda em bancas. 

São memoráveis - com destaque para a épica cobertura da visita de João Paulo II ao Brasil, que resultou em edições que alcançaram vendas astronômicas - as matérias de capa com a linha do tempo dos pontífices. Quando o nada carismático Bento XVI veio ao Brasil, a antiga Manchete já havia virado memória; Francisco, que visitou o Rio de Janeiro e levou mais gente do que Madonna e Lady Gaga à Praia de Copacabana também nao alcançou vivas as rotativas da antiga Manchete


Vale citar, também, como um inestimável produto jornalístico, a série "A História dos Papas" que o redator Flávio de Aquino escreveu para a antiga Manchete. Procure ler. O conteúdo da revista, como sabem, está digitalizado na Biblioteca Nacional. O mecanismo de busca do canal de periódicos da BN levará você facilmente aos textos e à pesquisa gigante do jornalista Flávio de Aquino.  

Quando Carlos Heitor Cony escreveu a crônica O Que é um Papa ao cinema não interessava o Vaticano como tema de grandes produções. O Google relaciona, se não todos, os principais filmes que desvendam os mistérios do Vaticano em documentários, séries ou ficções bem documentadas, hoje bem mais frequentes nas telas ou nos canais de streaming.  

Veja algumas produções marcantes. 

* João Paulo II (2005) - A vida de Karol Wojtyla.

* Anjos e Demônios (2009) - Do livro de Código Da Vinci, do escritor Dan Brown.

* Habemus Papam (2011) - Ambientado no clima de um conclave. 

* O Papa do Povo (2015) - Sobre a vida de Franciso antes do papado.

* The Young Pope (2016) - Série fictícia da HBO sobre um papa revolucionário.

* Dois Papas (2019) - A convivência de Franciso e o papa emérito Bento XVI.

* O Sequestro do Papa (2023) - Ficção.

* O Exorcista do Papa (2023) - Sobre acontecimentos reais em torno de um padre que era o exorcista oficial do Vaticano  

* Conclave (2024) - Sobre os bastidores políticos da escolha de um novo papa.



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Congresso brasileiro sofre de obesidade mórbida

Câmara Federal cria mais vagas de deputados. Na linguagem popular, o nome disso aí é cabeçada sinistra. Foto: Reprodução You Tube


por José Esmeraldo Gonçalves 

O Congresso brasileiro tem uma doença que não é comum entre os países democráticos. De tempos em tempos suas (deles) excelências criam novas vagas de deputados. Nesse semana, enquanto a mídia se ocupava da eleição do papa, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de vagas para novos legisladores.  

Os interesses por trás disso não têm nada a ver com as prioridades do Brasil. Sob o falso pretexto  de "melhorar" a representação" de alguns estados, os deputados favoráveis ao projeto objetivavam mesmo era criar cargos e mordomias em uma sequência nada virtuosa.. 

Nos países que têm legisladores sérios, a representatividade não depende de quantidade de parlamentares.  

Se o prédio idealizado por Oscar Niemeyer não cabe tantos deputados e falta espaço para gabinetes cheios de apadrinhados, não tem problemas, eles criam "puxadinhos". Nesse ritmo chegará o dia em que será necessário construir o Congresso 2 para caber tantas "excelências". No plenário projetado por Niemayer no fim da década de 1950,  cabem apenas 396 assentos. Por isso, em sessões concorridas o espaço é atolado por uma muvuca anárquica. 

E tem mais:  a cada vaga para novo deputado a engrossar certas bancadas de estados corresponde um arrastão de assessores abrigados em gabinetes, altos custos de planos de saúde para o parlamentar e sua família, dinheirinho para o combustível dos carrões oficiais, passagens aéreas 0800 e direito a emendas milionárias e nada transparentes que irrigam sabe-se lá quais projetos nos redutos das "excelências". 

É ou não é uma epidemia de obesidade mórbida e um cuspe na cara dos cidadãos que pagam os impostos que financiam essa orgia financeira?

O projeto aprovado na Câmara, que ainda passará  pelo Senado, aumenta o número de deputados federais de 513 para 531. Suas excelências apontam que a lei obriga aumentar a representação dos Estados que registram aumento de população. Alegam que apenas cumprem a lei. "Menas" verdade, como diria o genial Odorico de Dias Gomes. Tanto que o projeto "anistia" malandramente as consequências de uma lei que optaram por anular: estados que de acordo com o Censo de 2022 tiveram diminuição  de população e, por isso, deveriam perder vagas, foram "perdoados". 

Outra consequência da jogada "izperta": como outra lei malandra determina que se a bancada de deputados federais de um estado aumentar, será turbinado proporcionalmente o número de deputados nas respectivas Assembléias Legislativa. 

Então é isso. Festa de arromba em cascata e com dinheiro público.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

O Brasil na 2ª Guerra: “Sacanagem do Tio Sam” • Por Roberto Muggiati


Cais do Porto do Rio de Janeiro. Primeiro escalão da FEB pouco antes do embarque para a Itáliaa em 28 de junho de 1944. Foto National Archives. 

A frase é de Getúlio Vargas, anunciando a entrada do país na luta contra as forças do Eixo: “ O Brasil acaba de fazer um grande negócio, troquei com os americanos a instalação da siderúrgica de Volta Redonda pelo envio de uma tropa simbólica para a Europa. Trabalhadores do Brasil! Tive que aceitar essa barganha do Presidente Roosevelt senão ele jura que afunda todos os nossos navios mercantes. Sacanagem do Tio Sam... Deus salve a América!”

A sacanagem não foi só do Tio Sam, mas também do Pai dos Trabalhadores, que mandou implacavelmente para a morte uma tropa nada “simbólica”, mas milhares de indivíduos de carne e osso que sucumbiram ao frio e às balas inimigas. Despreparados, sem treinamento e equipamento (fuzis obsoletos e uniformes de soldados mortos, cheios de furos de balas), aqueles brasileiros inocentes de classes sociais menos favorecidas, foram servir – para a dor e o desespero de suas famílias – como bucha de canhão para os americanos. É o que mostra esse documentário pungente e chocante, Rádio Auriverde (1990), de Sylvio Back, um de nossos cineastas mais polêmicos, que Panis Cum Ovum, autorizado pelo diretor, oferece aos seus leitores nos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

VEJA AQUI


domingo, 4 de maio de 2025

Trump revela sua mais nova bizarrice sexual

 


Trump travestido de papa. Imagem reproduzida do site oficial.da Casa Branca  


por Clara S. Britto

Donald Trump é tipo um moleque preconceituoso, arrogante e desrespeitoso diante de culturas e etnias que não sejam do seu esgoto autoritário e protofascista. 


Ao postar nas contas oficiais da Casa Branca uma imagem que incorpora digitalmente as vestes papais no dia da abertura do conclave para escolha do novo pontífice, ele propaga um deboche sobre os símbolos de milhões de católicos. 

O bullying criado pelo psicopata se soma a demostrações de desprezo por imigrantes, países e instituições multilaterais. 

Trump não é um case político, é uma doença mental em estágio galopante. Sabe-se que o atual presidente dos Estados Unidos têm um histórico de fantasias sexuais. Já vieram a público sinais do seu comportamento bizarro na cama. Talvez posar de papa seja uma dessas esquisitices.  Para um sujeito condenado por abuso sexual, nada é surpresa. 

Fixações à parte, o magnata está agindo para manipular a eleição do papa. A imagem pode revelar também que, se pudesse, o novo Pontífice seria ele mesmo. Na impossibilidade de isso acontecer, ele desfila travestido de branco papal na alcova da Casa Branca. Na plateia, Elon Musk em êxtase. 

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Na capa da New Yorker: sob Trump, a liberdade encarcerada


 

Remoção de lixo histórico

O Conselho Universitário da UFRN cassou títulos de Doutor Honoris Causa concedido há 59 anos aos ditadores Castelo Branco e Garrastazu Médici. Boa notícia. Mas o Brasil ainda deve à nação remover homenagens semelhantes a responsáveis por políticas "institucionais" que levaram a assassinatos, torturas e sequestros de opositores da ditadura, em forma de nomes de rodovias, pontes, viadutos e até cidades. 

terça-feira, 29 de abril de 2025

Do JORNAL GGN - Beatriz contra o dragão da revista Veja, por Luís Nassif



Meu termômetro passou a ser o Blog de Beatriz Nassif que ela, com apenas 10 anos. Cada crônica que ela escrevia me aquecia o coração.

Os amigos que me acompanham desde os tempos do Blog do Luís Nassif, certamente se lembram da enorme luta que empreendi – armado apenas de um blog – contra a maior máquina de destruição de reputações que o país conhecera até então: a revista Veja.

Na época, já tinha saído da Folha, depois de acordo dos Frias com o BTG, após eu atrapalhar a compra da Goldman Sachs com matérias mostrando os problemas do banco com o CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

Veja foi pioneira na introdução da ultra direita no país. Inaugurou a fase com uma capa violentíssima, defendendo a liberação das armas. E prosseguiu com ataques contra tudo, governo, artistas tido como progressistas, o politicamente correto. 

Roberto Civita aproveitava o temor infundido pela revista para chantagens claras. Como quando ameaçou o Ministro Tarso Genro com uma capa, se ele não mudasse o novo esquema de venda de livros do Ministério da Educação – uma publicação entregue nas escolas para cada diretor escolher os livros que quisesse – que atrapalhou o sistema de vendas da Abril, com vendedores indo a cada escola.

Para esse mergulho no esgoto, Veja montou as primeiras personas para o novo mercado digital que se formava.

Um deles era o jovem ousado, atrevido, que não respeitava biografias, destruía o politicamente correto, atacava unanimidades – como Mozart, Chico Buarque. O personagem foi entregue a Diogo Mainardi que, até então, era um tímido colunista de cultura.

Copiava o modelo de um filme espanhol que retratava uma disputa comercial para adquirir uma empresa de telecomunicações. No filme, um jovem colunista cultural passa a ser alimentado com dossiês, denúncias, até ganhar musculatura perante a opinião pública. Depois, era utilizado como ferramenta da guerra empresarial, sem comprometer diretamente a emissora.

O segundo personagem foi calçado inteiramente nas ferramentas do fascismo. Era a persona virulento, agressivo. Esse papel foi encenado por Reinaldo Azevedo. Utilizava o chapéu Panamá como marca dos grupos que aderíam a ele. Foi o primeiro ensaio para a formação das milícias fascistas que passaram a atuar na Internet. Em breve havia Grupos do Chapéu atuando nas eleições de vários estados, emulando o guru. Nos lançamentos de seus livros, acorriam dezenas de jovens com chapéu Panamá com seus gritos de guerra contra os “petralhas”.

Aliás, todo esse ferramental, mais as teses defendidas pela revista e seus personas, comprova de modo claro que, naquele fim da década de 2000, a ultradireita – e a geopolítica norte-americana – já tinham suas estratégias claramente definidas.

A revista era dirigida por Eurípides Alcântara e Mário Sabino, mas provavelmente o mentor intelectual era José Roberto Guzzo, diretor editorial, reportando-se a Roberto Civita.

Foram dias e dias do mais puro esgoto. Minha então esposa passava as noites lendo aquele lixo, indignando-se. Tinha um blog de poesia e colocou nele seu desabafo. Descobriram o blog, perceberam que poderia ser o ponto fraco para me desestabilizar, e despejaram toneladas de ódio no blog.

Nesse quadro dantesco, eu tinha dois pontos de sustentação emocional. Uma, os leitores do blog que todos os dias deixavam mensagens de apoio.

Lembro-me até hoje de um deles pedindo “por favor, não desanime” e outro, de Goiás, que me disse que ele e a esposa rezavam todos os dias por mim e ele estava fazendo uma rifa de sua bicicleta para me ajudar.

E havia personagens que surgiam das brumas da Internet, como Stanley Burburinho, misterioso, mas profundo conhecedor de tecnologia, formado no MIT, que trazia as informações mais estratégicas, depois de escarafunchar servidores. Virou uma lenda e até hoje não se sabe de sua identidade e sequer se ainda está vivo.

Ou a moça especialista em Diário Oficial, que trazia periodicamente informações sobre o governo José Serra – como a compra, pelos órgãos do governo do estado, de milhares de assinaturas da Veja e de outras revistas da Abril. De quebra, sua mãe rezava diariamente por mim, da mesma maneira que minhas tias e minha avó.

Eram os apoios. O medo que Veja infundia calava a todos, Federação Nacional dos Jornalistas, Sindicato dos Jornalistas, a então Associação Brasileira de Imprensa, grupos de defesa dos direitos humanos, juristas, e as centenas de vítimas dos ataques da mídia nos anos 90, que tiveram na minha coluna o único ponto de apoio. Condensei os 10 anos de luta contra abusos da imprensa no livro “O Jornalismo dos anos 90”, lançado em 2002.

No início, Veja contratou Reinaldo especificamente para rebater os ataques que sofria. Guardei 500 páginas de ataques, onde pululavam palavras como “ratazana”, “mão peluda”, “achacador”, “frequentador de sauna gay”.

Era uma autêntica antecipação do personagem do futuro filme Coringa. Posteriormente, crônicas futuras dele sobre traumas pessoais de infância confirmariam essa suspeita.

Pelo talento, sobreviveu a esse período de matador profissional e reinventou-se, ao contrário de Mainardi. Mas, a exemplo dos carrascos da ditadura, jamais se desculpou das baixarias. O receio é como se comportará na próxima onda de ódio.

O maior desafio que enfrentei foi não devolver as baixarias. Na época, indignado, o jornalista Nirlando Beirão me contou um episódio que teve com Reinaldo. Já era noite avançada quando Reinaldo bateu na sua porta, fora de si. Tinha entrado em uma briga com o jornalista Pepe Escobar e despejava imprecações, lamentos de forma desconexa, deixando Nirlando em dúvida sobre as motivações da crise.

Poderia maliciar o episódio, devolver os ataques com casos concretos, mas lembrei-me que ele também tinha filhas. E poupei-o – e poupei-me – de baixarias.

A série que escrevi ainda está em um site do Google, O Caso de Veja e o perfil de Reinaldo no artigo A Cara de Veja, no momento em que a revista iniciava uma campanha publicitária tentando mudar sua imagem.

A guerra acabou quando Sidnei Basile, em nome de Roberto Civita, propôs um armistício: se eu parasse de falar da Veja, eles retirariam os 5 processos que abriram em nome de seus jornalistas. Recusei. Os processos permaneceram, mas os ataques cessaram. No meio deles, fui abandonado pelos meus advogados Tais Gasparian e Samuel McDowell Figueiredo.

O levantamento da guerra está no livro “O Caso Veja”


O Blog de Beatriz Nassif

O segundo ponto de sustentação, o ponto focal de equilíbrio, eram as minhas menininhas, as caçulas de 9 e 10 anos. 

Quando entrei na guerra, sabia que seria inclemente e eu ficaria só. Antes, fiz uma reunião com as duas filhas mais velhas, e com a então esposa, mostrei o que vinha pela frente, que afetaria a elas também, e pedi sua opinião. A opinião foi unânime:

Pai, se você não entrar nessa guerra, você morre.

Mas e as menininhas?

Todo o arsenal de lixo da ultradireita – com o canhão da Veja na frente – era direcionado a poucos blogs. E eu merecia sua preferência, pelas críticas que fazia à revista. Toda manhã elas saíam para a escola, e não sabia o que chegaria a elas dos ataques recebidos, das baixarias despejadas pela cloaca de Reinaldo.

Meu termômetro passou a ser o Blog de Beatriz Nassif que ela, com apenas 10 anos, montou no WordPress.

Era um refrigério tanto para mim como para a comunidade que se formou em torno do meu Blog, todos sufocados pelo clima lançado no país pelo antijornalismo da Veja, e assumido pelos demais veículos.;.

Cada crônica que ela escrevia me aquecia o coração, por saber que não tinha sido atingida pelo mar de lama.

E me davam grande orgulho pela menininha tornando-se gente. 

Como esse poema, escrito aos 11 anos:

Diferenças

Publicado por: Bibi em 14 novembro, 2009

Todos nós temos diferenças

Alguns são bonitos, outros são feios

Alguns são céticos, outros tem crênças

Alguns são implicantes, outros são sensíveis

Alguns são mal humorados, outros são bem humorados

Alguns são fáceis de entender, outros são difíceis

Algumas pessoas podem ter uma vida madura, outros uma vida complicada

Mas todas as pessoas tem a mesma semelhança:

Todas têm diferenças


LEIA A MATÉRIA COMPLETA PUBLICADA NO DIA 27/4/2025 NO JORNAL GGN, DE LUÍS NASSIF

CLIQUE NO LINK ABAIXO

https://jornalggn.com.br/noticia/beatriz-contra-o-dragao-da-revista-veja-por-luis-nassif/e

Deu no Marca - Ancelotti é o novo treinador da seleção brasileira. Veja atualização

 




Atualização em de 30/5/2025. Há dois dias o Marca cravou a bondade Ancelotti para a seleção brasileira. Ontem surgiram rumores de que não  é bem assim. As conversas existem, o contrato estaria pronto para ser assinado, mas o treinador do Real Madrid ainda não decidiu a parada. E o Madrid também poderá dificultar a transação. A novela, portanto, prossegue. Investida dos árabes e resistência da família em se mudar para o Brasil estariam entre motivos para o impasse. Agora, os nomes preferidos da CBF são Abel. Ancelotti  desistiu pela segunda vez Abel Ferreira, do Palmeiras e Jorge Jesus. Se demorar muito a CBF vai acabar buscando Joel Santana, Tite de novo, Felipão... Se

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Do jornal Valor - Roberto Muggiati escreve: Eu & Laranjeiras dos Livros (*)

 


Reproduzido do Valor. Clique nas imagens para ampliá-las


(*) O texto de Roberto Muggiati foi publicado originalmente na edição do Valor em 25 de abril de 2025.

domingo, 27 de abril de 2025

Deu no New York Times: Ronaldo não é "fenômeno". O ex-jogador não funciona como dono de times de futebol . Valladolid e Cruzeiro que o digam...


"Ronaldo the owner: ‘Before he was seen as a god, now he’s like the devil"

O jornal New York Times publicou na edição da última sexta-feira uma matéria sobre a revolta da torcida do Valladolid contra Ronaldo Fenômeno. O jogador comprou o clube espanhol há cinco anos. De lá pra cá, o time foi rebaixado de La Liga três vezes. A última decepção foi no fim de semana quando o Pucela foi goleado pelo Real Bétis por 5 x  1 e enviado de volta à segunda divisão da Espanha. Em Valladolid, cidade qure é sede do time, torcedores se manifestaram: querem que Ronado Nazário venda logo o clube para alguém mais competente e que possa investir mais. A administração dele vem sendo criticada há muito tempo. Faixas nas arquibancadas durante os jogos responsabilizam o jogador pelos sucessivos fracassos. O clime é ruim para ele, que, aliás, e talvez por isso, não comparece a uma partida do Valladolid em casa há seis meses ou 98 jogos. Uma das faixas exige: "Ronaldo, vai agoroa". Aparentemente, o ex-jogador não tem dado sorte no quesito proprietário de clubes de futebol. Ronaldo adquiriu a SAF do Cruzeiro e deuxou o projeto no meio do caminho, apesar de ter colocado o time mineiro de volta na primeira divisão do Brasileirão. O que, convenhamos, não foi um feito espetacular. Era mais uma obrigação. Na verdade, ele ganhou muito dinheiro ao revender a SAF. Nisso foi eficiente. Se sua passagem por BH não foi grande coisa para o Palestra mineiro, foi excelente para o seu bolso. O repórter do NY Times perguntou a um dos líderes da torcida do time espanhool o que aconteceria se Ronaldo fosse à cidade tomar uma cerveja com eles. "Este é pior time do Valladolid da história, então, se ele viesse poderia ser um problema", respondeu o espanhol.  

Frase do dia - Collor em cana

 "O país do presos políticos virou o país dos políticos presos"

sexta-feira, 25 de abril de 2025

FMI vai controlar lista de candidatos de Miley nas próximas eleições legislativas da Argentina

 

Jornal Página 12 notícia que o FMI pretende interferir na lista de candidatos nas próximas eleições legislativas da Argentina.

por Pedro Juan Bettencourt 

Miley está pendurado no FIM. Conseguiu mais um empréstimo bilionário,  mas  paga preços caros por isso. A diretora do órgão exigiu indicar candidatos nas próximas eleições legislativas da Argentina.E essa condição é apenas uma que vazou. Há outro tópicos no caderninho da dívida que afetam o que resta de políticas sociais, redução da máquina governamental, privilégios para determinados grupos. Além do FMI, Miley está comprometido com ações ditadas pelos Estados Unidos em um alinhamento obrigatório com o governo Trump. Para ele, essa é a tábua de salvação. Por outro lado, os Estados Unidos têm interesse em manter a Argentina como uma cabeça de ponte no Cone Sul. É possível que Miley permita após as eleições legislativas a instalação de uma base militar dos Estados Unidos em ponto estratégico do Atlântico Sul. 

"Perdão" é o novo nome da impunidade. Campanha quer livrar a cara dos acusados de tentativa de golpe e até de atos de terrorismo contra a democracia

Esta cena dramática não tem sido reprisada pela mídia. Em dezembro de 2022, golpistas bolsonaristas tentaram lançar um ônibus de um viaduto. O veículo ficou preso na divisória. Só por isso não caiu sobre o transito engarrafado na pista inferior. É para terroristas como esses que políticos e jornalistas de direita pedem um dia de perdão geral. Foto: Reprodução You Tube


por Flávio Sépia 

Redes sociais e até alguns veículos de comunicação estão subitamente acometidos de um incontrolável desejo de perdoar. No caso, parece um coceira ideológica que se espalha e contamina influenciadores, certos jornalistas e comentaristas. 

A campanha cresce no momento em que os processos contra os golpistas chegam a etapas decisivas no Supremo Tribunal Federal. 

No lugar de perdão, leia-se impunidade. 

O principal acusado de tramar um golpe contra a democracia é o paciente mais ativo que já se hospedou em uma UTI-estúdio onde faz lives e pronunciamentos apelando para os "bons corações" da política e da mídia. 

A intenção dos seus apoiadores é livrar os acusados da tentativa de golpe que começou depois do primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, ganhou impulso em dezembro do mesmo ano, com atos de terrorismo explícito e chegou ao auge nas invasões e depredação das sedes do STF, Congresso e Executivo. 

A baderna tinha, então, o objetivo de justificar a intervenção das Forças Armadas e a consequente instalação de uma ditadura, como os bolsonaristas pediam nas ruas. 

O 8 de Janeiro é uma espécie de logotipo do golpe, mas não foi o único episódio da estratégia suja dos envolvidos nas ações antidemocráticas. Houve a tentativa de colocação de uma bomba, nas proximidades do Aeroporto de Brasília, em um caminhão de transporte de combustível. No dia da diplomação do presidente aconteceu uma cena dramática também em Brasília. Terroristas bolsonaristas tentaram lançar um ônibus de um viaduto. O veículo ficou preso no asfalto e só por acaso não caiu sobre um engarrafamento do carros de pessoas que voltavam para casa. 

É para os criminosos que arquitetaram tudo isso que campanha nas redes sociais e em setores da mídia pede um derrame de perdões.

Anistia não 

Fórmula 1- Vesttapen é aloprado e seu comportamento atinge imagem da Red Bull

por Niko Bolontrin

É óbvio que a marca Red Bull fatura milhões ao patrocinar o tricampeão mundial de Fórmula Vesttapen. Mas tudo tem um preço e, no caso, é o comportamento abusivo do piloto holandês com reflexos no ambiente das corridas e, na rejeição de grande parte dos torcedores às suas atitudes de piloto mimado nas pistas e nos bastidores da modalidade. No último GP, o rapaz nervosinho deixou o pódio sem o tradicional gesto de confraternização com os competidores . Pra variar, Vesttapen havia sido punido por  ultrapassagem irregular e estava cheio de ódio. De tanto repetir esse tipo de ilegalidade, até parece que tentar burlar as regras é uma estratégia usual do holandês da Red Bull. Como já ganhou um título beneficiando-se de uma estranha decisão dos fiscais, quando deu pulo à frente da fila após uma bandeira amarela, ele repete a apelação sempre que pode.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Memórias - Roberto Muggiati escreve: o Papa Francisco e eu (*)

Francisco no circuito carioca. Foto L'Osservatore Romano

"
O Papa Francisco e eu - por Roberto Muggiati"

"Nunca fui de correr atrás de Papas (ou de celebridades em geral). Minha relação com a Igreja Católica não sobreviveu ao penoso rito da Primeira Comunhão, na paroquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, no bairro do Batel, em Curitiba. Aquele bullying todo em torno da confissão – você tinha obrigatoriamente de ter pecados a expiar, ou então estaria mentindo. Os mais espertos inventavam pecados para sair logo daquela roubada. Outros, em pânico, chegavam até a comprar – com bolas de gude ou balas Zequinha – “pecados” a serem sussurrados ao obscuro inquisidor por detrás da treliça. Havia ainda a campanha de terror que cercava a ingestão da hóstia sagrada – o santo-cura histérico o intimidava a não ferir ou morder o corpo de Cristo. Troquei a arejada e solar igreja de Santa Teresinha – obra de mestres-de-obra imigrantes italianos que posavam de arquitetos – pela escura e misteriosa Catedral de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, elevada a Basílica Menor em 1993, ano do seu centenário. Como ainda não conhecera de perto as grandes catedrais medievais da Europa, eu me contentava com aquela cópia em estilo neogótico – ou gótico romano – inspirada na Catedral da Sé de Barcelona. E mais, meu pai, que tocava violino, costumava me levar até o majestoso órgão – era amigo do organista e de membros do coral – a meio caminho, subindo por uma escadaria íngreme e estreita, do campanário, onde eu me sentia o próprio Corcunda de Nôtre Dame (não tinha lido o romance de Victor Hugo, mas me impressionara com o filme em que Charles Laughton interpretava Quasimodo.) Havia ainda na Catedral de Curitiba a vigília do Cristo Morto na Semana Santa, na madrugada de sexta-feira, da qual meu pai participava com a capa solene da confraria – as imagens religiosas da igreja todas cobertas de pano roxo, só o Cristo crucificado do pequeno altar à direita do portão de entrada, com suas chagas sangrentas brutalmente expostas, um dos mais horripilantes que já vi em toda minha vida.

Havia um toque leigo, também: a missa das nove aos domingos na Catedral era conveniente, pois a poucos passos dali, às dez, começava o programa de rádio infanto-juvenil no Clube Curitibano. O apresentador, José Augusto Ribeiro – prenunciando já o fabuloso orador que viria a ser – comandava o show que tinha, entre suas atrações, as fabulosas irmãs catarinenses Van Steen, uma delas a Edla, que ganhou o mundo como atriz e escritora.

Bisneto de anarquista – Ernesto Muggiati veio para o Brasil com mulher, dois filhos e duas filhas para participar da lendária Colônia Cecília em Palmeira, no Paraná – comunista principiante (adentrei 1950 com doze anos de idade no auge da Guerra Fria), não posso omitir que me vi então, paradoxalmente, às voltas com uma tremenda crise mística ao ler, no começo da adolescência, já em inglês, The Seven Storey Mountain/A montanha dos sete patamares, de um dos grandes líderes espirituais da nossa época, Thomas Merton (1915-68), um monge trapista, ordem que cultivava o voto do silêncio.

Mas chega de nariz-de-cera, como se praticava no jornalismo dantanho.

Jesuíta, tanguero emérito, torcedor doente do San Lorenzo de Almagro, Jorge Mario Bergoglio (coincidência, Zagalo também é Jorge Mário) foi um dos raros Papas que não ascendeu ao trono de São Pedro pela morte do antecessor: Bento XVI renunciou e, como Papa Emérito, caminha firme para os 93 anos (não percam o filme Dois Papas, do brasileiro Fernando Meireles, que reconstitui o encontro entre Ratzinger e Bergoglio em Castel Gandolfo em 2013). Pouco depois, Ratzinger renunciava e Bergoglio assumia o papado sob o nome de Francisco, quebrando uma série de recordes pontificais: é o primeiro papa nascido na América, o primeiro latino-americano, o primeiro pontífice do hemisfério sul, o primeiro papa a utilizar o nome de Francisco, o primeiro pontífice não europeu em mais de 1200 anos (o último havia sido Gregório III, morto em 741) e também o primeiro papa jesuíta da história.

Enfim, de volta à nossa história. Eleito Papa em 13 de março de 2013, nosso bom Francisco inicia sua primeira viagem internacional em 22 de julho, justamente para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Francisco escolheu se deslocar do Aeroporto do Galeão para o Palácio da Guanabara, onde se daria seu primeiro encontro com as autoridades, num carro comum da Fiat, apenas o motorista e ele, no banco traseiro do lado direito com as janelas abertas, Apesar do pânico da segurança e da quantidade de pessoas que se aproximaram dele, num engarrafamento no meio do caminho, Francisco, na viagem toda, não abriu mão dessa rotina, janelas abertas para os apertos de mão do povo.

Como disse, não sou de correr atrás de Papas. Na quinta-feira, 25 de julho, terceiro dia da visita, o Sumo Pontífice veio receber as chaves do Rio de Janeiro no Palácio da Cidade, à rua São Clemente, a menos de uma quadra da vila onde moro, na Real Grandeza. Um instinto natural de curiosidade – e o cacoete de jornalista – me levaram até a frente do Palácio naquela manhã fria e cinzenta, mas o Papa só apareceria ao longe – sei lá quando – na sacada do Palácio, bem afastado da rua. Desisti. Voltei ao meu trabalho de tradução. Liguei automaticamente a televisão, vi o Papa dar uma bênção especial a nossa estrela do basquete, Oscar Schmidt, que lutava contra um câncer. Como disse, tudo aquilo acontecia a um quarteirão da minha casa. 

Em 2020, Muggiati ao lado do cartaz que anunciava o lançamento do filme "Dois Papas", de Fernando Meireles,
lançado na Netflix em 2019. (Foto: arquivo pessoal)

Quando vi que o Papa partiria para a etapa seguinte de sua programação, uma visita à favela de Manguinhos, deduzi logo que, por questões de segurança, ele jamais tomaria o Túnel Rebouças pela São Clemente, mas seria obrigado a pegar a Real Grandeza.


Bichon bebê ao chegar em casa, supimpa, em 2001

Eu acabara de perder a viralata querida Phoebe. A poodle branquinha Bichon estava quase terminal com câncer no útero. E a caçula Mel, uma poodlezinha caramelo, também aguardava sua vez. Veterinários atribuem esses cânceres ao fato de as cachorras não terem tido filhos, ou não terem sido castradas. Mas havia controvérsias: muita gente falava nos componentes cancerígenos das rações industrializadas – algo que as autoridades sanitárias nunca investigaram seriamente. Num impulso, pensei: o Papa Francisco, que tomou o nome do santo padroeiro dos animais, vai salvar a Bichon (o nome veio de uma amiga da minha mulher que, ao ver a poodlezinha branca, perguntou: “Mas ela não é um bichon frisée?”) A Bichon se protegia do frio com um agasalho de tricô terrivelmente brega, nas cores marrom, verde-musgo, amarelo e fúcsia. Corri com ela para a frente da vila e cheguei à calçada da Real Grandeza no momento exato em que Sua Santidade se aproximava, sozinho no banco traseiro de sua Fiat banal, com a janela do lado direito aberta, justamente aquela que dava para mim, Ergui a poodle no seu adereço kitsch bem alto acima da minha cabeça. A rua estava deserta. O gesto bizarro chamou a atenção de Francisco, a uns quatro metros do dono e da cachorra, ele fixou o olhar sobre nós, abriu aquele seu sorriso sereno e simpático e acenou, como que abençoando a cachorrinha doente.

Vaidoso da minha intervenção pontifical, passei a imaginar que a cura da Bichon seria arrolada como um dos primeiros milagres do Papa Francisco no seu futuro processo de canonização. Ledo engano. Exatos sete meses depois – em 25 de fevereiro de 2014 – a Bichon morria e era enterrada no meu “pet cemetery” particular, debaixo da casuarina no canteiro do fundo da vila,

Desculpe, hermano Francisco, fico te devendo esta, mas tenho certeza de que você é tão legal que essas coisas de beatificação e canonização não te fazem a menor falta, Afinal, você já vive e trabalha em estado natural de santidade."

(*) A título de contexto -  por José Esmeraldo Gonçalves  -  Com o mundo mais uma vez voltado para as coordenadas geográficas da Praça de São Pedro e ainda sob o impacto da morte de Francisco, o blog Panis cum Ovum reposta a matéria acima que mostra o quanto a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro em julho de 2013 tocou a vida, a rotina e a memória de Roberto Muggiati.  Na primeira frase, Muggiati diz que "nunca correu atrás de papas". Uma verdade parcial. Como diretor da antiga revista Manchete, ele comandou maratonas jornalísticas no rastro dos pontífices. Como no dia 6 de agosto de 1978, quando morreu Paulo VI. A Manchete se mobilizou para colocar rapidamente nas bancas edições especiais sobre as exéquias e, em seguida, a eleição do novo líder da igreja católica. Foram noites viradas para o diretor e equipe de repórteres e fotógrafos que produziram centenas de páginas sobre o assunto que mobilizava o mundo. João Paulo I foi eleito em 26 de agosto. Em 28 de setembro de 1978, o Vaticano comunicava a morte inesperada e chocante do novo papa. A antiga Manchete, assim como todos os veículos jornalísticos, correu atrás do fato e foi levada a um estranho looping, obrigada a repetir o roteiro de pautas com o novo papa: de novo, especiais com cobertura do  velório, da eleição e da posse de João Paulo II...     

segunda-feira, 21 de abril de 2025

FRASE DO DIA: a última mensagem do Papa Francisco

 "A PAZ É POSSÍVEL"

(Da mensagem do Papa, ontem, na Praça de São Pedro. Em texto que não conseguiu ler ele se referiu aos atuais conflitos que matam milhares de pessoas todos os dias)

Adeus, Papa Francisco

 


Copacabana, 2013. Uma impressionante multidão reverencia Francisco. Foto L'Osservatore Romano


 por José Esmeraldo Gonçalves 

Poucas horas depois de aparecer na Praça de São Pedro como parte da celebração do Domingo de Páscoa, o Papa Francisco faleceu em seus aposentos do Vaticano, aos 88 anos. Após 12 anos de papado, deixa uma marca de renovação da Igreja Católica e principalmente da Cúria Romana. Sua partida repercute obviamente na mídia mundial. No Brasil, a Globo mostra nesse momento imagens da histórica jornada de Francisco no Rio de Janeiro. Cenas impressionantes da acolhida dos brasileiros ao papa, como a da multidão de mais de três milhões de pessoas na Praia de Copacabana, são simbólicas do impacto da visita. Foi sua primeira viagem após assumir como  líder máximo dos catolicos.

Os próximos dias serão dedicados à cerimônia fúnebre em Roma, mas nos corredores do Vaticano já se desenrolam contatos e conversas da cúpula católica em torno da sucessão. Trata-se de um intenso jogo político. 

O jornal argentino Clarín publica na edição de hoje registro do encontro do vice-presidente dos Estados Unidos, ontem, com o Papa Francisco. Reprodução 

O mundo vive uma onda de extrema direita e isso se refletirá na eleição do novo pontífice. Há sinais claro de que Donald Trump tentará influir na votação. Ontem mesmo, o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D Vance, católico recém-convertido, visitou o Vaticano. E Trump nomeou como embaixador junto à Santa Sé Brian Burch, um católico conservador que é crítico do papa. 

Francisco condenou as ações violentas de Trump contra os imigrantes, o que provocou respostas duras dos republicanos. Sua defesa das políticas ambientalistas também irritaram o negacionista estadunidense.

Quanto ao processo eleitoral que vai agitar o Vaticano, uma boa indicação é ver ou rever o filme "Conclave", na Prime.  Ali está um bom panorama das forças que cercam a eleição até que a fumaça branca sinalize a nomeação  do novo papa ao fim da votação dos cardeais na Capela Sistina.

Caberá ao substituto provisório do papa, o cardeal Kevin Joseph Farrell, um irlandês que foi bispo de Washington e de Dallas, organizar a cerimônia fúnebre e a eleição do novo Pontífice. Trump quer anexar o Vaticano?

Não duvidem.

domingo, 20 de abril de 2025

Obama, Biden e Clinton: ex-presidentes se unem para deter a escalada da extrema direita nos Estados Unidos

Do Washington Post, hoje.

por Flávio Sépia 

As ruas ocupadas por manifestações contra a aberração chamada Donald Trump. Esse é o atual quadro político nos Estados Unidos. Uma novidade nessa semana: Barack Obama, Bill Clinton e Joe Biden fizeram críticas públicas às barbaridades de Trump, da histeria taxativa à censura, da perseguição a imigrantes aos ataques às universidades e à ciência. É fato raro ex-presidentes se unirem contra um sucessor. Faltou Bush, embora ele tenha externado sua antipatia ao aloprado Trump. Clinton, Obama e Biden indicam que os democratas entendem que chegou a hora de sair das cordas em nome dos valores civilizados. E mais: é preciso deter a escalada fascista de Trump e seus oligarcas de extrema direita plantados na Casa Branca.

Só milagre...

por Niko Bolontrin

Dois jogadores vivem situações diferentes, mas são iguais no apelo à mesma fé para sair das respectivas encrencas. 

Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente ter forçado um cartão amarelo como parte de uma jogada fora da lei: uma descarada manipulação para enga emnar sites de apostas e beneficiar familiares ou pessoas próximas.  A PF desbloqueou celulares e capturou mensagens muito claras sobre a trama. 

O evangélico Bruno preferiu não se manifestar, por enquanto. Sua única defesa diante de uma situação complicada foi publicar um salmo nas suas redes sociais.

Já o craque Neymar vive um drama sem fim. Seguidas lesões impedem que ele volte a jogar futebol com eficiência. Na verdade já  não há garantia de que o corpo responda ao seu talento. 

Também evangélico, Neymar foi " abençoado" por um pastor durante celebração da Páscoa na sua mansão em Santos. Os dois demonstram que colocaram os destinos nas mãos do divino. Aparentemente acreditam que precisam de um milagre para superar as más fases. 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Anote essa palavra: tecnofeudalismo

Você vai ouvir muito esse termo, cada vez mais pronunciado. Faltava popularizar uma definição para o absolutismo das gigantes da tecnologia, Amazon, Facebook, X, Microsoft, Apple etc. Essas corporaçoes atuam como se estivessem acima de todos os governos. Agora aliadas de Donald Trump, a quem financiaram, mostram força e poder de controlar ainda mais sociedade. Desde o ano passsado, a palavra tecnofeudalismo deixou os limites da academia e alcançou os leigos disposto a entender o tamanho da encrenca armada pelas bigs techs. Coube ao economista francês Cédric Duran tipificar que na era digital o mundo recuou para comportamentos e estruturas sociais semelhantes às da Idade Média. Como os salteadores das antigas estradas medievais, os novos senhores feudais ocupam estalagens digitais apenas para sequestrar e revender os dados pessoais dos seus súditos... aos seus próprios súditos. Duran desenvolve essa tese no livro Critique de l'économie numérique lançado em 2020, mas dramaticamente atual no feudo de Trump e seus oligarcas encastelados na Casa Branca. 

Pense nisso: quando você cria conteúdos para as plataforma das big techs é como se um mercador entregrasse na feira de Flandres cereais, grãos e especiarias em geral. Ele, como você, tem o ponto de venda, mas o dono da banca, o senhor feudal ou a big tech, faturam mais do que você. (Flávio Sépia) 

Na capa da New Yorker: a insana coreografia que me lembrou Carlitos

 


O fotojornalista Guina Ramos recorda o dia em que fotografou Mario Vargas llosa para a antiga Manchete. O repórter Ib Teixeira entrevistou o escritor peruano que faleceu aos 89 anos

 

Mario Vargas Llosa
Não é toda hora que um fotojornalista mediano que nem eu tem oportunidade de fotografar um Prêmio Nobel de Literatura.

Mario Vargas Llosa - Foto Guina A. Ramos, 1979
Ao que me lembre, só me aconteceu uma vez (até vou revisar meus arquivos...), mas, evidentemente sem que eu nem nem o próprio soubéssemos que lhe caberia, uns 30 anos depois, este galardão da literatura mundial...

Só sei que (do pouco que me lembro) fui, um dia, em 1979, ao Hotel Glória, então um hotel realmente glorioso, a um evento sócio literário de que já não tenho a menor ideia, com a tarefa precípua de fotografar o escritor Mario Vargas Llosa, falecido neste 13/04/2025, aos 89 anos, em Lima, no seu país natal, o Peru. 

 

Esta foto felizmente me foi salva pela Biblioteca Nacional, que na Hemeroteca Digital Brasileira, nos fez, aos jornalistas da época e à memória brasileira, o grande favor de digitalizar todas as edições da revista Manchete. 

Este material nem sequer estava entre meus recortes de revistas e jornais, que ainda entopem algumas caixas e gavetas por aqui.


A entrevista, de Ib Teixeira, repórter especial da Manchete, acho que foi feita em sala à parte no hotel, e creio que continua merecedora de atenção, espero que a foto também.

Falaram de literatura, mas já havia na conversa sinais dos rumos políticos que o escritor tomava, questão importante na sua biografia, mas que não é nosso tema aqui.


Tenho, ao menos, uma ponta de filme (negativos) das fotos daquele dia. Fotos bem ruinzinhas, com as violentas sombras do flash direto, que fiz no saguão do auditório, à saída do evento, quando Vargas Llosa era envolvido em uma conversa por Vilma Guimarães Rosa Reeves, filha do celebrado escritor João Guimarães Rosa, ela também escritora e concorrente constante, mas não vitoriosa, a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Afinal, pelo que tiro da amostra publicada na revista, o melhor das fotos ficou mesmo para os arquivos da Manchete, que sabe-se lá onde estará...

* Matéria originalmente postada por Guina Ramos no blog Bonecos da História

terça-feira, 15 de abril de 2025

Trump: "Al Capone" no poder - Tarifas vão impulsionar a globalização do contrabando

Al Capone estaria rindo à toa se vivesse na Era Trump.


por Flávio Sépia 

Uma das consequências óbvias e ainda não comentada do tarifaço de Trump será o aumento do contrabando em nível planetário. Para fugir das barreiras fiscais e das fronteiras, o caminho ilegal é uma opção. 

Basta lembrar do que aconteceu quando uma onda moralista e hipócrita levou os Estados Unidos a adotarem a Lei Seca de 1920 a 1933. Criminalizar a bebida alcoólica abriu espaço para o crime se organizar em estruturas "corporativas". Na sua rede de bunkers lotados de dólares, Al Capone agradecia todo dia aos mentores da Lei Seca. 

É mais ou menos o que contrabandistas transnacionais farão diante das medidas tresloucadas de Donald Trump e seus oligarcas acampados na Casa Branca. 

A Lei Seca americana (que a geração you tube não confunda com a versão brasileira de blitzs e bafômetros depois das baladas) proibia fabricação, transporte e consumo de bebidas alcoólicas. Foi um desastre social e fiscal que durou 13 anos. 

As consequências da tarifação de Trump são mais sofisticadas. Por exemplo, além de incentivar o contrabando, têm impacto poderoso nas bolsas de valores e no mercado financeiro em geral. No caso de Trump, a suspeita gangorra de morde e assopra ou decreta e pausa faz  milionários no mercado. Os bem informados, claro, principalmente aqueles que investiram milhões de dólares na eleição do magnata. 

Outro exemplo de como barreiras fiscais exageradas favorecem o contrabando. Nos anos 1950, o Brasil taxava importação de carros em mais de 100%. Veículos de luxo eram ainda mais visados. Muitos carros entravam pelo litoral do Ceará, cujo recorte oferecia enseadas capazes de receber barcos de médio porte. O mesmo navio que trazia Impalas levava carregamentos de café. Dizia-se que alguns palacetes do Aldeota, bairro elegante da capital cearense, abrigavam ricos "empresários" que traziam carrões, "esquentavam" a documentação e mandavam para abonados do Rio e São Paulo. 

Se esse tempo voltar, o Paraguai vai virar um "tigre" do Cone Sul.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Kate Perry: 10 minutos no espaço

Kate Perry e "migas" passaram apenas dez minutos no espaço, sem entrar em órbita. O fato gerou piadas e memes, como na reprodução acima.

por Ed Sá 

A corrida espacial broxou. O homem pisou na Lua em 1969. Havia a expectativa de, a partir daí e rapidamente, estadunidenses e soviéticos logo passarem para o objetivo seguinte: Marte. O projeto flopou. O "planeta vermelho" continua inalcançável para seres humanos.

Diante disso, os súditos de Trump privatizaram a corrida espacial com o objetivo de... levar, de novo, o homem à Lua. 

A memória carioca conta que o Brasil parou para ver ao vivo na TV Neil Armstrong dando pulinhos no solo lunar. Poucos meses depois, no segundo pouso na lua, em uma tarde de domingo, o alto falante do Maracanã anunciou para a torcida ligada no jogo que Pete Conrad estava caminhando na Lua. A galera vaiou o locutor. Já naquela época virou chatice bem rápido.

Mais de meio século depois, astronautas não são mais heróis. Qualquer CEO gordo tira onda de viajante espacial. E a China e Elon Musk ainda  preparam um revival de voos rumo à Lua antes do fim da década. Marte fica pra próxima.

 A notícia que está bombando é o voo de 10 minutos, do tipo é-bom-não-foi?, que levou a cantora Kate Perry e mais cinco mulheres ao espaço a bordo da nave Blue Origin do bilionário Jeff Bezos, da Amazon. Virou banalidade, rolé de amigas, que não tiveram tempo nem de colocar a conversa em dia. 

Não demora muito vamos chamar um uber com destino ao Mar da Tranquilidade. Milionários brasileiros como Jojô Todinho, Gustavo Lima, influenciadores e influenciadoras vão ali ao satélite da Terra e voltam já. O rico clã Bolsonaro vai pedir ao parça Musk para organizar uma naveciata lunar. Roberto Carlos e Neymar venderão passagens para cruzeiros na Lua. Deputados e senadores aprovarão no plenário lotado um pacote de emendas Pix para pagar suas viagens espaciais sob o pretexto de "fiscalizar a rota".

Na reprodução do New York Post, um momento hilário da mini jornada espacial de Kate Perry foi a queda de Bezos na poeira do deserto texano quando se preparava para receber as "astronautas". O tombo repercutiu na mídia mundial. 


Chico Buarque, Francis Hime: o encontro casual que resultou em um clássico da MPB recuperado por Elis Regina

 

Geraldo Vandré, Ellis e Chico Buarque. Foto publicada na Fatos & Fotos em 12 de novembro de 1966. 

A revista Fatos & Fotos (assim como a antiga Manchete) é um verdadeiro banco de dados e imagens sobre a MPB. As redes sociais se encarregam de recuperar na internet tais momentos marcantes. O ex-funcionário da Bloch, Nilton Muniz, colaborador do Panis cum Ovum, "o blog que virou Fatos & Fotos", volta e meia resgata posts que revivem épocas. Veja essa pérola que foi publicada em 1966, na querida F&F. O registro é do Facebook MPB Bossa' Post ( https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=1235318487964707&id=100044597012154&post_id=100044597012154_1235318487964707&rdid=zHixaErd1HVNh8oG# )

"Por trás da letra: Atrás da Porta"

"Francis Hime morava nos Estados Unidos e passava férias no Brasil. Em uma festa restrita a poucos amigos, encontrou-se com Chico Buarque e tocou a melodia da música, Chico gostou e começou a escrever, lá mesmo, a letra . Os dois não se lembram o motivo - Chico atribui ao excesso ou mesmo a falta de bebida e até falta de inspiração momentânea - o fato é que o letrista só conseguiu fazer uma parte da música.

A obra incompleta ficou esquecida por um tempo, até que Elis a ouviu e ficou maravilhada. Gravou o trecho com letra e deixou a segunda parte apenas orquestrada, uma forma, para muitos, de pressionar Chico a concluir a música. 

Chico finalizou a letra e o resto virou história." 

P.S - Em iniciativa elogiável, a Biblioteca Nacional digitalizou as coleções da antiga Mancehete e da Fatos & Fotos. Esta última chegou a entrar no site de Periódicos da BN. Infelizmente, a F&F digitalizada foi retirada do acervo sem maiores justificativas. Um funcionário contatado chegou a justificar a  exclusão com um formal "por motivo técnico". A tal coleção jamais voltou ao ar. Pena, a Fatos & Fotos fez coberturas inesquecíveis de atualidades. Foi marcante o acompanhamento da revista, por exemplo, das manifestações estudantis de 1968, dos festivais da canção, de crises políticas, do exílio de Chico Buarque em Roma e de Caetano e Gil em Londres. das Copas de 1962 e 1970. A F&F publicou históricas entrevistas com cineastas, escritores, compositores, cantores e cantoras e teve cronistas como Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, entre outros. A BN deve uma explicação por ter investido na digitalização da revista para subitamente retirá-la do acervo.    

Um futuro Nobel comia os restos do meu prato em Paris* • Por Roberto Muggiati

 

Vargas Llosa em Paris, anos 1960. Foto: Reprodução Instagram

Quando eu era bolsista pobre em Paris em 1960, meu amigo Octávio Carneiro Lins – que trabalhava com o tio, o embaixador Paulo Carneiro, na Unesco – costumava me convidar para jantar nos melhores restaurantes. Mas Octávio era uma figura complicada e essa aparente generosidade muitas vezes ocultava surtos perversos de sadismo.

Duas ou três vezes ele me levou ao México Lindo, na rue des Canettes, naquele cafofo da rive gauche entre as igrejas de Saint-Germain e de Saint Sulpice. Na primeira vez cuspi a comida toda no prato de tão apimentada que era. – Caliente?! – comentou o garçom, gozando da minha cara. Octávio, macaco velho em culinárias exóticas e chegado a temperos fortes, por trás de um semblante à Buster Keaton, também devia estar se divertindo.

Vocês já devem ter ouvido falar na Maldição de Montezuma, que acomete os incautos que vão ao México e exageram na comida local. Na segunda vez que fui ao México Lindo, bem que me esforcei, mas ainda refuguei mais da metade da comida. Da terceira, já com as papilas gustativas cauterizadas no ferro em brasa, me saí um pouco melhor, mas pedi ao Octávio que voltássemos, por favor, à boa e velha cuisine française.

Para mim a história teria morrido aí, não fosse ter lido, 45 anos depois, o romance Travessuras da menina má, de Mário Vargas Llosa – o peruano que ganhou o Nobel de Literatura em 2010. Ele morou em Paris à mesma época que eu. Cito trechos do livro:

 

“No meu primeiro ano em Paris, quando passava apertos financeiros, muitas noites ficava na porta dos fundos desse restaurante [o México Lindo] esperando que Paúl aparecesse com um pacotinho de tamales, tortilhas, carninhas ou enchiladas, que ia saborear no meu sótão do Hôtel du Sénat antes que esfriassem.”

“Paúl, ao saber das minhas dificuldades, quis me dar uma força com a comida, porque no México Lindo era o que sobrava. Que eu passasse pela porta dos fundos, por volta das dez da noite e ele me ofereceria ‘um banquete grátis e quente’, coisa que já fizera com outros compatriotas carentes.”

 O México Lindo acabou há muito, ainda no século passado. Mas histórias e coincidências como esta sobrevivem ao tempo.

*Do livro de memórias em gestação Paris por um triz.

** Mario Vargas llosa faleceu ontem, em Lima, aos 89 anos. A família não informou a causa da morte. Desde que deixou Madrid em 2022 e voltou a residir no Peru o escritor estava debilitado.