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Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores
Post racista contra Vini Jr publicado no site oficial do seu próprio time, o Real Madrid. A imagem associa a evolução do macaco ao homem com o jogador brasileiro. Reprodução. |
por José Esmeraldo Gonçalves
O jogador Vini Jr vive uma situação inédita. Como jogador tem seu talento reconhecido; como homem preto sofre uma intensa perseguição racista.
Vini está sozinho.
A FIFA, os clubes, a federação espanhola, a UEFA apenas assistem ao massacre. Vini é agredido a cada vez que entra em campo. A Espanha não tem leis contra o racismo. O preconceito corre solto. O Real Madrid, onde ele joga, também não reage. Os muitos jogadores negros que atuam no futebol europeu fingem que não é com eles. A mídia espanhola, com microscópicas exceções, bota a culpa na vitima,Vini Jr.
E não digam que Vini é o primeiro. Vários jogadores brasileiros sofreram com o racismo que berra nas arquibancadas de La Liga. Ele é sim o primeiro a gritar alto. Alguns pretos, como Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Romário optaram, no seu tempo, por ficar calados. Vini expõe reação inédita com corajosa indignação. Está certíssimo. O jogador brasileiro foi atacado ontem no site do Real Madrid. Você inicialmente pode pensar que a conta do Real sofreu invasão. Não. O post é autêntico e foi veiculado na página oficial do clube.
Se a FIFA, a UEFA, a CBF, a Conmebol e outras confederações ou federações não reagem além de campanhas para exorcizar culpas, a bola está como os jogadores pretos. Que eles, ao primeiro sinal de racismo, parem o jogo. Se não furarem a bola estarão compactuando com um crime. Emissoras que transmitem o jogo devem suspender a cobertura. Patrocinadores precisam entrar nessa briga. Ou ambos, veículo e quem banca anúncios, estarão faturando com apoio de racistas impunes.
A questão é a seguinte: chegou a hora de separar quem compartilha e quem combate o racismo. Não há dois lados. Só um deles veste o simbólico capuz da "Ku Klux Klan Klan" à moda da Europa. Multas, jogos sem torcida, punição leve de torcedores racistas, campanhas, faixas contra o racismo exibidas na beira do campo são bobagens diante da magnitude do problema. Tudo é muito bonito, mas inútil.
Parar o jogo até que os racistas sejam presos é a solução.
Não entrar em campo contra times que aceitam práticas racistas e não idendificam os criminosos nas arquibancadas quando têm o mando de jogo é a melhor arma. Mas, para isso, é preciso que jogadores pretos se unam.
No caso de Vini não basta abracá-lo em campo. É necessário que botem a bola embaixo do braço e parem o jogo.
Ou serão sempre cúmplices da indignidade nos estádios.
por Ed Sá
Este anúncio da DeMillus foi publicado em 1997 na Revista Cláudia, da Abril. Atualmente, uma peça dessas seria inimaginável. A decadência do meio impresso, especialmente revistas, também atingiu a propaganda. O maior volume de anúncios é hoje veiculado na internet, principalmente em redes sociais de pessoas com alcance na casa de milhões de seguidores. A Manchete, nos seus melhores tempos e nas edições semanais, chegou a alcançar 400 mil exeplares. Em edições especiais como de carnaval, visita do papa ao Brasil, acontecimentos relevantes ou mortes de celebridadess duplicava e até triplicava esse número. Para referência, os rapazes e moças que estão no atual BBB 24, atingem de 400 mil a 7 milhões de acessos. Com raríssimas exceções, os publicitários, mesmo os mais criativos, ainda não se sentem à vontade com a linguagem da internet. A maioria faz peças simples na carona dos influenciadores. Na revistas e na TV os anúncios ganhavam destaque visual. Na internet que, é claro, atinge muitos milhões de consumidores, a maioria clica no "pular" e mesmo assim, em poucos segundos a mensagam básica é transmitida sem sofisticação ou criatividade. O "santo gral" da publicidade passou a ser criar uma mensagem que "viralize" sem "agredir" o código moral do Instagram, You Tube, Facebook e outros gigantes.
Hoje, o anúncio acima seria provavelmente banido por sexualizar a mulher.
Reprodução X |
Jornalistas brasileiros desfrutam de "jabá" (*) em Israel. Foto: reprodução |
(*) No jargão jornalístico, jabá, abreviatura de jabaculê, caracteriza viagens a convite, com tudo pago, quando profissionais da mídia aceitam missão promocional ou de relações-públicas de interesse do anfitrião pagante.
Nos anos 1970, havia jornalistas em quase todas as redações especializados na caserna. Alguns eram informantes, outros apenas vibravam na breve convivência com os da farda. Sabiam tudo sobre a fila de promoções. Passavam notinhas para os Zózimo da vida sobre os prováveis ungidos com estrelas.
Um desses jornalistas de coturno que passou pelo Globo e Manchete foi demitido, certa vez, por render nada além de pautas-recado sob o foco militar. Sua reação foi ameaçar o chefe: afirmou que tinha amigos no Doi-Codi.
De certa forma esses tempos voltaram em novo formato. Agora há jornalistas especializados no "clima" dos quartéis. "Cúpula militar está magoada", repetem. "A insatisfação contra a apuração da ameaça de golpe é grande", relatam. Cada um ou cada uma parece ter um general como crush. Ouvindo e vendo esses "porta-vozes", a audiência tem a impressão de que os tanques estão lubrificados e prontos para rodar as esteiras no asfalto da Praça dos Três Poderes seguidos pela horda bolsonarista. Não são repórteres, não parecem ter coragem para investigar de fato a temperatura da tropa, isso poderia ser notícia, apenas divulgam, como entregadores do "iFood" da extrema direita os recados que inflamam a situação política e animam a ala fascista do Congresso Nacional. Eles se dizem "analistas". Todo dia de manhã ligam para a "fonte próxima" para saber da insatisfação dos quartéis. Se o interlocutor lhes diz que está tudo calmo não há notícia e eles passam a apurar se Janja entrou em alguma loja de luxo para comprar roupa íntima de grife cara. Para esse tipo de jornalista, viver não é matar um leão por dia. É vender diariamente a alma aos patrões na black friday baratinha que, em tempos menos anglófilos, já foi conhecida como xepa.
O Portal dos Jornalistas publica pesquisa que analisa o que os eleitores de vários países pensam dos efeitos das redes sociais sobre os regimes democráticos.
Há ainda muitas dúvidas sobre esse conflito. No Brasil, por exemplo, 71% acham que elas "são boas para a democracia", enquanto 25% acreditam que "não são benéficas".
Neste 2024 vários países passaram por eleições importantes. Juntos, tais pleitos poderão mudar a geopolítica mundial e todos, de um jeito ou de outro, estarão plugados na web. Pela primeira vez, as campanhas políticas, que já usaram amplamente o recurso das fake news, vão dispor da IA (Inteligência Artificial). A tecnologia avançou e atualmente permite simular com perfeição imagens e vozes. É possível criar um discurso inteiro, em vídeo perfeito, de um político qualquer. Em geral, a legislação está despreparada para enquadrar ese tipo de crime, e mesmo quando a lei estiver presente, a velocidade da internet é tão avassaladora que a providência jurídica vai chegar muito depois dos efeitos da mensagem falsa. Por enquanto, esse crime vai compensar.
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A Universidade Federal de Pelotas cassou títulos de Doutor Honoris Causa concedidos ao ditador Garrastazu Médici e seu comparsa Jarbas Passarinho. Os dois receberam a homenagem no começo dos anos 1970, o período mais violento da repressão, quando Medici comandava assassinos e torturadores. Passarinho, além de importante colaborador da ditadura, deixou para a história seu cinismo canalha em forma de frase, como um dos assinantes do AI-5, o instrumento que deu aos militares o aval para matar oponentes. "Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência", disse ele enquato jamegava sádico e orgulhoso o documento que, na prática, autorizou uma onda de prisões, assassinatos e sessões de tortura.
Desde a redemcratização o Brasil revelou os crimes da ditadura (1964-1985) e apagou muitas homenagens do tipo, mas deveria passar o rodo em muito mais celebrações dos ditadores. Por exemplo, a galeria do Palacio do Planalto ainda exibe os retratos do líderes do regime assassino como "presidentes". Há cidades com nome dos elementos, viadutos, pontes, rodovias etc. Falta ainda um grande projeto que mergulhe a fundo na corrupção praticada celeremente durante a ditadura e calada por força da censura.
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A parecença com o momento de agora fica por conta da dominação que sacode a área externa do mundo convulso em suas práticas de guerra. Naquela fase, em 1966, a bola da vez prenunciava escalada vietnamita de largas proporções, o que se verificou nos princípios da década de 70. O Brasil vivia o desânimo libertário, pois perdia espaço, nas ruas, praças, escolas, o ímpeto de transformação democrática, a sumir nos calabouços e na clandestinidade.
Em Crato, achávamo-nos à frente do Grémio Farias Brito, do Colégio Diocesano. Encenávamos a peça Um chalé à beira da estrada, sob a direção de Alzir Oliveira, nosso professor de História e amigo dos alunos. Declamávamos poemas modernos em pontos diversos da cidade, através do Jogral Pasárgada, formado de sete componentes do colégio: Zadir, Pedro Antônio, Gilva, Eros Volúsia, Clenilson, Bebeto e eu.
Resolvemos, então, publicar um jornal mural, O Bacamarte, depois ampliado em um órgão mimeografado (à tinta), o Nossa Opinião, do qual chegaríamos a tirar até 100 cópias e ficou só nos dois primeiros números, abafado logo no seu nascedouro pelas ameaças daquele trágico período político.
Nesse mandato, estivemos, ao lado de Aglézio de Brito, presidente da União dos Estudantes do Crato, e de José Terto, presidente do Grêmio do Colégio Estadual, em um congresso do Centro dos Estudantes Secundaristas do Ceará, em Fortaleza, realizado sob fortes conotações militares repressivas.
Espírito de contestação impunha atitudes rebeldes. À noite, após reuniões de acalorados debates e transmissão de informações desencontradas, saíamos, nas madrugadas, a pichar as paredes das ruas centrais com dizeres relativos ao momento de expectativa, fogo consumidor daquele turno de existência.
É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. Sem sol, sem sol, tem dó. Sem sol, sem sol, tem dó, eram alguns dos versos que cantávamos, em segundo plano, característica das apresentações do Jogral, enquanto Pedro Antônio, à frente, declamava em altos brados: - Só quem não sabe das coisas é um homem capaz de rir! – seguido de outras palavras da canção Tempo de guerra, de Edu Lobo.
Esses são alguns quadros da época em que partilhamos das experiências culturais de um Crato fervilhante de jovens promessas e movimentações apreensivas, lembranças que retornaram esta semana, ao rever José Esmeraldo Gonçalves, velho amigo desse tempo, quando juntos elaboramos o Nossa Opinião. Ele que veio ao Cariri na ocasião do aniversário de 90 anos de sua genitora, dona Maria La-Salette Esmeraldo. Mora no Rio de Janeiro, onde trabalha na revista Caras (**). Dispõe de raros intervalos semelhantes a este de voltar à Região; o promete, no entanto, repetir, noutras oportunidades. (Texto de 2003).
(*) José Emerson Monteiro Lacerda é escritor, fotógrafo, advogado e ewcreve no blog https://monteiroemerson.blogspot.com
(**) Como observado, esse texto é de 2003. O jornalista cratense José Esmeraldo Gonçalves deixou a Editora Abril em 2014. Desde então, editou revistas de instituições e empresas, livros e folders corporativos.
Carnaval 2024 - Nilton Rechtman no Bloco do Junior Veja o vídeo no You Tube (Canal ViewManchete) no link https://www.youtube.com/watch?v=lkspWVmsFGs |
Leia no link abaixo
Neopentecostais resolveram usar o carnaval de Salvador como marketing religioso-comercial. Primeiro, Baby, a antiga Consuelo agora "Brasil", anunciou o fim dos tempos em pleno trio elétrico. Ninguém esperavava que a cantora fosse a porta-voz escolhida para anunciar o Apocalipse, mas ela assumiu essa função. Outra cantora, a Ivete, reagiu conclamando os foliões a macetarem a profícia em forma de fake news. Depois, um cantor gospel, que segue Jesus, foi criticado por participar do carnaval. Ele ironizou com o argumento de que é melhor ter na pipoca um participante que acredita em Jesus. Claudia Leite foi meio que pioneira nessa "invasão". Internautas agora recuperaram um vídeo dela gravado durante o carnaval de Recife, em 2004. No DVD ao vivo, que viralizou, ela mudou a letra de uma música para eliminar uma citação a Iemanjá. De lá pra cá essse tipo de intervenção em uma festa popular da diversidade se agravou. Trata-se de uma escalada fanática contra a folia democrática. Não passarão nem mesmo se, no futuro, invadirem os blocos com chicotes nas mãos. Além disso, Claudia Leitte e deve ser alertada que tambores fazem parte da herança religiosa afro. Ela ainda não os amadiçoou. Vatapá também, Acarajé, idem. Samba, o culto à paz (em vez de alimentar preconceitos), igualmente. O que deve ser macetado é a intolerância. Tentar reprimir a cultura no momento e local indevidos é ato que merece reação. Esse tipo de bobagem não é privilégio dos neopentecostais. Um arcebispo católico afirmou que "fazer penitência" durante o carnaval é a melhor "vacina contra a dengue" O sujeito fala isso no momento em que a saúde pública luta contra o surto da doença que se agrava no verão. Vacine-se: o mosquito não liga para penitências.
por Ed Sá
E Baby Consuelo? Apesar de estar descolando um cachê na Bahia, a evangélica profetizou no calor da folia baiana que o apocalipse vem aí e vai passar o rodo em todo mundo. Não há informações sobre como será o fim, se fogo, água, crack, overdose de sexo ou Bolsonaro reeleito em 2026. Baby garante que a humanidade tem cinco ou dez anos. Com isso, teve gente que resolveu "metê o loko" e aproveitar cada segundo que resta. A profecia provocou polêmica nos circuitos do carnaval de Salvador. O Psirico recomendou a Baby Consuelo que tome o seu remédio regularmente. Já Ivete Sangalo usou a gíria do momento: "Vou macetar o apocalipse".
Veja o vídeo do fim do mundo
AQUI
Sambódromo 2024: 40 anos do palco do samba. Comissão de Frente do Salgueiro. Independentemente do resultado, o samba Hutukara entra para a história. Foto de Alex Ferro/Riotur/Divulgação |
Pela ordem de entrada na pista: faltaram talento, direção, informação e respeito diante de uma das maiores e mais autênticas manifestações culturais do Brasil. O nível foi de uma cobertura estilo tiktok sem noção ou uma produção amadora e tresloucada de shorts para o You Tube. No caso da cobertura das escolas de samba, a prática sempre demonstrou que o profissional que trabalha com empatia legítima diante do espetáculo e seus bastidores - e isso vale para quem está na pista, no estúdio e na técnica – potencializa o interesse da audiência. Quem não está nas arquibancadas e vê a imagem fechada no retângulo luminoso da TV, do computador ou celular, espera contar com a parceria de repórteres, câmeras e apresentadores para “legendar” a intensa sucessão de imagens, como já aconteceu em antigas transmissões da Rede Manchete e da própria Globo e seus profissionais que não estão mais lá ou outros que foram afastados da equipe neste ano.
No estúdio instalado no sambódromo, Milton Cunha, Alex Escobar, Pretinho da Serrinha e Karine Alves ancoravam a transmisão. O primeiro, um veterano conhecedor do espetáculo, sabia do que estava falando e destacava a importância e o significado do que as escolas mostravam. Pena que em vão. A edição, que parecia estar em outro mundo, era aleatória, variava entre planos gerais e enquadramentos fechados e quase sempre irrelevantes, sem pontuar com imagens o que Cunha eventualmente destacava. Durante o desfile da Beija Flor, o editor optou por se fixar em Neguinho da Beija Flor, por longos minutos, cantando o samba no primeiro recuo da bateria – o que o cantor sempre faz com talento e carisma - enquanto a escola de Nilópolis já evoluía na avenida.
Na pista, os repórteres da Globo tentavam ser performáticos e pareciam fugir de qualquer coisa que lembrasse um fundamento do jornalismo: a informação. Se um avião despencasse no sambódromo naquele instante eles deixariam a notícia de lado e iriam entrevistar um bombeiro sobre a sensação de recolher destroços na manhã seguinte. Esse era o nível. Se a modelo Lilian Ramos fosse vista ontem em um camarote ao lado do presidente Itamar Franco usando uma minissaia e sem prerrogativas que encobrissem a sua íntima emenda constitucional, a Globo ignoraria porque um influencer tinha prioridade ao vivo.
Picotar a ediçao de imagens e nem sempre respeitar a sequência do enredo também contribui para dificultar o entendimento da história que cada escola conta. Entrar na ala em pleno desfile para entrevistar uma baiana mostra apenas que, além da indelicadeza, a pessoa jornalista sonha em ser uma musa da Sapucaí. O humorista que faz "esquetes" entrevistas também está mais preocupado com sua própria atuação. O editor de imagens que corta a conclusão da apresentação da Comissão de Frente da Beija Flor merece fazer um estágio na ala da força da escola de Nilópolis ano que vem. A coreografia do grupo que abre o enredo tem começo, meio e fim. O sujeito cortou o fim, só isso.
A propósito, Hutukara, o samba do Salgueiro entra para a história ao lado de Heróis da Liberdade, Histórias para ninar gente grande, Ratos e urubus larguem minha fantasia" e outras peças antológicas, mas a Globo só vai perceber isso em tempos distópicos quando o Sambódromo for uma ruína, como o Coliseu.
Hoje a emissora mostra o segundo dia dos desfiles do Grupo Especial. Tem uma chance para escapar do rebaixamento.
Atualização na terça-feira, 13/2. No segundo dia de desfiles a cobertura da Globo manteve o mesmo formato do primeiro dia e permaneceu recebendo muitas críticas nas redes sociais. Um colaborador do blog acrescenta que três repórteres experientes que fizeram boas pautas nos barracões no pré-carnaval também trabalharam na avenida nos dois dias de desfiles, mas limitados à concentração e dispersão. Curiosamente suas matérias, que eram direcionadas ao Bom Dia RJ, não entraram "ao vivo" e só foram exibidas nas edições de segunda e na terça-feira de manhã. Pelo volume de informações e de pautas relevantes, fizeram falta ao conteúdo superficial da "cobertura principal".
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Carnaval é prazerosa fantasia, mas a realidade se impôs agora com a divulgação do vídeo pornô da reunião de Bolsonaro e seus auxiliares.
Em cenas de fascismo explícito canalhas engravatados passaram horas discutindo um golpe e, para usar a linguagem que predominou naquela discussão, deixaram claro que há surubas mais honestas e dignas do que o visto e ouvido naquelas tenebrosas duas horas.
Os golpistas pareciam excitados entre iguais, um era o espelho do outro. Se fosse possível decupar olhares e bocas de cada um, uma verdade estaria na cara: não havia integridade nem dignidade naquela mesa de vagabundos antidemocráticos. Se houvesse um só que fosse decente teria se retirado daquele espetáculo horrendo. Pareciam fascinados. O clima era de vulgaridade, as indicações conspiratórias eram pontuadas por palavrões.
Infelizmente as câmeras oficiais não enquadravam os pilantras, não ofereciam closes das suas reações apaixonadas ao líder. Alguma coisa era possível observar: a sede inclemente dos bolsonaristas. Eram servidos por um batalhão de fornecedores de rios d'agua. Se forem à guerra precisarão de um aqueduto. Um deles, em determinado momento, sôfrego, escreveu algo em uma folha de papel e tentou entregá-la a Braga Neto, que a devolveu sem ler, em um gesto brusco. Restou ao indigitado, constrangido, recorrer a mais um copo d'água. Ao lado um ex-ministro da Justiça lançava olhares de admiração à performance de Bolsonaro. Quando resolveu falar traçou um cenário apocalíptico no qual todos ali seriam presos. Chegou a apontar futuros presidiários. Deve ter assustados até o cara do cafezinho.
Em tempo: continuamos otimistas aguardando que sua profecia se realize.
No lado oposto, um ex-ministro da Economia falava ao celular. Às vezes fazia anotações. Não se sabe se eram lembretes colhidos dos interlocutores ou se registrava frases do Bolsonaro do qual é tiete rastejante.
Na verdade, Bolsonaro falou sozinho. E falou tanto que seus microfones foram trocados várias vezes. Excesso de perdigotos?
Pouco antes do fim, o fuhrer da Barra da Tijuca pediu aos seus auxiliares que se manifestassem, que fizessem críticas, que dissessem se ele estava errado. Todos ficaram calados demonstrando que assinavam embaixo do golpe. Bolsonaro deve ter se sentido respaldado. Alguns da claque romperam o silêncio e pediram a palavra apenas para enfatizar a necessidade de "virar a mesa" antes das eleições. O mais passional foi o doidivanas Heleno. Uma figura que parece frágil mas se sente um Rambo da Guerra Fria. Falou em estratégia como se fosse um Rommel pilotando um Panzer. Ouvir aquela vozinha trêmula dizendo que ia botar pra quebrar foi patético. Heleno acabou confessando um crime: orgulhou-se de montar um esquema para espionar políticos em campanha. Pensou em agradar, foi repreendido pelo chefe que não discordou da proposta, mas apenas da inconfidência.
Aliás, o argumento mais atualizado na távola dos golpistas para dar o golpe ante as urnas foi algo que eles chamam de "comunismo". Bolsonaro usou um argumento devastador para aquela tosca plateia e que deve ter impressionado os presentes. Segundo ele, o comunismo obrigaria madames e donzelas a "darem o rabo". Acho que foi isso que lhe deu a unanimidade para o "plano B". Deve ter sido o maior pesadelo dos auxiliares ali reunidos. Muitos provavelmente sonharam com Maduro, Daniel Ortega, Kim Jong-Un, Xi Ji Ping adentrando alcovas ilustres e passando o rodo nas últimas donzelas do "mundo livre".
Há uma interpretação adotada por jornalistas bolsonaristas segundo a qual não houve crime durante o vídeo da suruba do golpe porque nada se consumou, Lula foi eleito e tomou posse. Trata-se de uma manipulação dos fatos. A tentativa de golpe saiu daquela mesa para as ruas. Bloqueio de rodovias, financiamento para manifestações em porta de quartéis, ataques às urnas eletrônicas, falsas denúncias de fraude eleitoral, tentativas de atentado no aeroporto de Brasília, a espantosa tentativa de se lançar um ônibus contra veículos em trânsito, também em Brasília. Essas duas ações foram implementadas e por muito pouco os terríveis objetivos dos terroristas bolsonaristas não foram alcançados. A última cartada foi o ataque planejado à Praça dos Três Poderes e a depredação dos prédios da Presidência, do Congresso e do STF.
Ah, mais o golpe não aconteceu, dizem os notórios jornalistas bolsonaristas. É verdade. O que impediu? Muita coisa ainda virá à tona. Por enquanto, sabe-se que a não adesão dos comandantes da Aeronáutica e do Exército (o da Marinha estava fechado com os golpistas) teria pesado. Declarações públicas de Washington sobre a validade das eleições e a expectativa de respeito à voz das urnas, também. A postura do STF e do TSE. A mídia independente, a luta democrática nas redes sociais. Os políticos que se mantiveram na oposição a Bolsonaro. Os profissionais da saúde que expuseram o deboche e os crimes de Bolsonaro cometidos durante a pandemia de Covid e até hoje impunes. As pesquisas de opinião pública ao constatar que os brasileiros fora da bolha fascista e bolsonarista queriam democracia. A derrota de Donald Trump e a posse de Joe Biden em 2021 também foi decisiva. Com Trump no poder para um segundo mandato a ousadia dos golpistas brasileiros seria maior. Outros fatores poderão aparecer nas investigações. O Brasil tem muito a agradecer a cada uma dessas circunstâncias. E o país tem uma chance para refletir diante das eleições que se aproximam: os pleitos municipais neste 2024 e a eleição presidencial de 2026. Nesta, que os eleitores rejeitem o bolsonarismo fascista e votem com consciência e competência (não apenas dirigentes devem ser competentes e honestos, eleitor também) em um Congresso que mereça respeito, que não seja serviçal de lobbies e interesses e que não funcione como uma startup de emendas e de chantagem. Uma coisa é certa: a maioria das pessoas que aparece em torno daquela mesa suja continuará atuante.
O risco à democracia voltou para ficar. Cabe a cada um de nós ter certeza de que bolsonaristas não são apenas os folclóricos que cantam o hino nacional. Estão em missão politica, fundamentalista, de ultra direita, de ocupação imoral e corrupta do Estado. São predadores da democracia.
Reprodução X |
(*) A edição impressa da revista está nas principais bancas; versão digital da Piauí é disponível apenas para assinantes
Segundo The New York Post, o bilionário Peter Thiel, que fez fortuna no Vale do Silício, pretende mobilizar outros empresários para organzar em 2025 os primeiros jogos neoliberais, uma espécie de olimpíada com doping liberado. Os atletas terão liberdade para se entupirem de esteroides até a medula. E não só esteroides conhecidos. Thiel quer mobilizar a farmacêutica a desenvolver novos produtos para doping em todas as modalidades "aberta e honestamente", diz ele.
Não importa se os competidores dos jogos das drogas cruzarem a linha de chegada doidões ou subirem ao pódio trincados, o importante é que sejam testados os limites químicos dos atletas. Thiel imagina que isso estimulará os cientistas a criarem drogas e suplementos alimentares que melhorem a performance das pessoas com impacto na longevidade. Os jogos dos anabolizantes serão realizados em cidades com infraestrutura pronta e apenas com investimentos privados. Já existe uma candidata favorita a sede, mas a equipe do bilionário não revela qual.
Mais detalhes serão anunciados em 17 de abril, antes da Olimpíada de Paris que será aberta em julho. Os jogos neoliberais são chamados provisoriamente de Enhanced Games (algo como Jogos Aprimorados). Claro que não poderão usar os termos "olímpico" e "olimpíada", que são registrados pelo Comitê Olímpico Internacional. A escolha da data e do locala para o anúncio do torneio das drogas é uma clara provocação enquanto Paris se prepara para receber os Jogos de Verão. O Barão Pierre de Coubertin, idealizador das Olimpíadas da era moderna e que está enterrado ali perto, na Suiça, vai se revirar no túmulo com direito a twist carpado e outras piruetas de indignação.
por Leneide Duarte-Plon, de Paris, para o Red.Org
A polêmica em torno da declaração de José Genoino nos traz de volta à realidade do movimento BDS (Boycott, désinvestissement et sanctions). Para lutar contra a ocupação da Cisjordânia e o apartheid que Israel impõe aos palestinos que têm cidadania israelense (20% da população do país) – que os supremacistas judeus chamam de “árabes israelenses” para negar a identidade palestina do povo autóctone – foi criada, há alguns anos, a campanha BDS, um movimento internacional que tem como objetivo boicotar Israel, sua política colonial e de apartheid. O BDS promove boicote não somente econômico mas também universitário, cultural e político contra Israel, seus cidadãos e empresas.
Desde o início, o boicote cultural teve o apoio do músico Roger Waters, do escritor John Berger, da ativista Arundhati Roy, do cineasta Ken Loach, do cineasta franco-israelense Eyal Sivan, bem como de duas outras personalidades já desaparecidas: o uruguaio Eduardo Galeano e o cineasta Jean-Luc Godard. Para boicotar Israel, os cineastas citados decidiram não participar dos festivais de cinema israelenses.
Em setembro de 2009, o Conselho Ecumênico das Igrejas declarou estar convencido da necessidade de “um boicote internacional dos bens produzidos nas implantações israelenses ilegais (colônias) nos territórios ocupados”. O Conselho Ecumênico publica no seu site o apelo lançado em 11 de dezembro de 2009 pelo coletivo Kairos Palestina: “A moment of Truth; A Word of Faith, Hope and Love from the Heart of Palestinian Suffering” (este título faz referência explícita a um document datado de 1985 e publicado na África do Sul para lutar contra o apartheid). Entre os signatários do documento, está o centro teológico palestino Sabeel.
O regime racista da África do Sul
O movimento de boicote contra o regime racista da África do Sul levou ao fim do apartheid, como todos sabemos. O antigo líder anti-apartheid, Nelson Mandela – considerado um terrorista pelos supremacistas brancos que o condenaram a mais de 20 anos de prisão – mostrou como a história dos oprimidos obedece a um tempo lento no qual a Justiça acaba por se impor. O “terrorista” Mandela foi eleito presidente de seu país depois de ganhar o Prêmio Nobel da Paz no ano anterior.
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Além de veículos, sites e jornalistas de extrema direita, o You Tube registra nas últimas semanas um tsunami de novos canais bolsonaristas que divulgam fake news travestidas de "análise" e "comentários". Tal ofensiva simultânea só se explica por impulsionamento e patrocinio. Ao mesmo tempo, tal qual aconteceu no período entre o golpe contra Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, a mídia dos oligarcas também mostra suas garras. O chamado jornalismo de guerra voltou a calçar os coturnos. Jornais como Folha, Estadão e Globo radicalizam seus editoriais e o direcionamento do conteúdo alegadamente "jornalístico". Na semana passada, a CBN reforçou seu time de comentaristas selecionando jornalistas identificados com posições de neoliberalismo extremado ou de direita light ou até hard. No caso da CBN, entre as novidades anunciadas há apenas um exceção: o democrata Bernardo Mello Franco.
por Leonardo Boff
Encontramo-nos no coração de uma espantos e generalizada crise na
forma como habitamos e nos relacionamos para com o nosso planeta,
devastado e atravessado por guerras de grande destruição e movido
por ódios raciais e ideológicos. Acresce ainda que a idade da razão
científica, criou a irracionalidade do princípio de autodestruição:
podemos pôr fim, com as armas já construídas, a nossa vida e grande
parte senão toda a biosfera.
Não são poucos os analistas da situação mundial que nos alertam
sobre o eventual uso de tais armas de destruição em massa. A razão
de fundo seria a disputa sobre quem manda na humanidade e quem
tem a última palavra. Tem a ver com o enfrentamente entre a uni-
polaridade sustentada pelos Estados Unidos e a pluripolaridade
cobrada pela China, pela Rússia, eventualmente, pelo conjunto dos
países que formam os BRICS. Se houver uma guerra nuclear, nesse
caso, realizar-se-ia a fórmula: 1+1=0: uma potência nuclear destruiria
a outra e juntos levariam humanidade e parte substancial da vida.
Dadas estas circunstâncias, vemo-nos na necessidade de puxarmos o
freio de segurança do comboio da vida, pois, desenfreado, pode se
precipitar num abismo. Tememos que este freio já esteja oxidado e
feito inutilizável. Podemos sair desta ameaça? Temos que tentar,
segundo a dito de Dom Quixote:”antes de aceitar a derrota, temos que
dar todas as batalhas”. E vamos dar.
Sirvo-me de duas categorias para aclarar melhor nossa situação. Uma
do teólogo e filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1885), a
angústia, e outra do também teólogo e filósofo alemão, discípulo
notável de Martin Heidegger, Hans Jonas (1903-1993), o medo.
A angústia (O conceito de angústia,Vozes 2013) para Kierkegaard
não é apenas um fenômeno psicológico, mas um dado objetivo da
existência humana. Para ele como pastor e teólogo,além de exímio
filósofo, seria a angústia face à perdição eterna ou à salvação. Mas é
aplicável à vida humana. Esta apresenta-se frágil e sujeita a morrer a
qualquer instante. A angústia não deixa a pessoa inerte, mas move-a
continuamente para criar condições de salvaguardar a vida.
Hoje temos que alimentar esse tipo de angústia existencial face às
ameaças objetivas que pesam sobre nosso destino que podem ser
fatais. Ela é algo saudável, pertencendo à vida e não algo doentio a ser
tratado psiquicamente.
Hans Jonas em seu livro O princípio responsabilidade
(Contraponto,Rio 2006) analisa o medo de sermos colocados à beira
do abismo e nele cair fatalmente.Estamos numa situação de não
retorno. Não se trata mais de uma ética do progresso ou do
aperfeiçoamento. Mas da prevenção da vida contra as ameaças que
nos podem trazer a morte. O medo aqui é saudável e salvador, pois,
nos obriga a uma ética da responsabilidade coletiva no sentido de
todos darem sua colaboração para preservação da vida humana na
Terra.
A situação atual a nível planetário fugiu ao controle humano.Criamos
a Inteligência Artificial Autônoma que já independe de nossas
decisões. Quem, com seus bilhões e bilhões de algoritmos, impede
que ela possa optar pela destruição da humanidade? Temos como
controlar os tufões e terremotos, sem dizer os eventos extremos,
consequência da mudança climática? Não osbtante nosso saber
científico sentimo-nos impotentes face à força da natureza.
Primeiramente, temos uma tarefa a cumprir: cabe responsabilizarmo-
nos pelo mal que estamos visivelmente causando ao sistema-vida e ao
sistema-Terra,sem capacidade de impedi-lo ou freá-lo, apenas
minorando-lhe os efeitos danosos. O sistema de produção mundial
energívoro está de tal modo azeitado que não tem condição nem quer
parar. Não renuncia aos seus mantras de base: aumento ilimitado do
lucro individual, a competição feroz e a superexploração dos recursos
da natureza.
Além disso, importa responsabilizarmo-nos também pelo mal que não
soubemos no passado evitar física e espiritualmente e cujas
consequências tornaram-se inevitáveis, como aquelas que estamos
sofrendo como o aquecimento crescennte do planeta e a erosão da
biodiversidade.
O medo do qual somos tomados se relaciona ao futuro da vida e à
garantia de ainda podermos continuar vivos sobre este planeta. Em
função desse desiderato Jonas formulou um imperativo ético
categórico:
Aja de modo a que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a
permanência de uma vida humana autêntica sobre a Terra; ou,
expresso negativamente: aja de modo que os efeitos da tua ação não
sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida; ou,
simplesmente, não coloque em perigo a continuidade indefinida da
humanidade na Terra” (Op.cit. 2006, p. 47-48). Nós acrescentaríamos
“não coloque em perigo a continuidade indefinida de todo tipo de
vida, da biodiversidade, da natureza e da Mãe Terra”.
Essas reflexões nos ajudam a alimentar alguma esperança na
capacidade de mudança dos seres humanos, pois, possuímos livre
arbítrio e flexibilidade.
Mas como o risco é global, impõe-se uma instância global e plural
(representantes dos povos, das religiões, das universidades, dos povos
originários, da sabedoria popular ) para encontrar uma solução global.
Para isso temos que renunciar aos nacionalismos e aos limites
obsoletos entre as nações.
Como se pode observar, as várias guerras hoje em curso são por
limites entre as nações, a afirmação dos nacionalismos e a crescente
onda de conservadorismo e de políticas de extrema direita afastam
para longe esta ideia de um centro coletivo para o bem de toda a
humanidade.
Devemos reconhecer: estes conflitos por limites entre as nações, estão
descolados da nova fase da Terra, tornada Casa Comum e
representam movimentos regressivos e contrários ao curso irresistível
da história que unifica cada vez o destino humano com o destino do
planeta vivo.
Temos uma Terra só e uma Humanidade só a serem salvas. E com
urgência pois o tempo do relógio corre contra nós. Cumpre mudar
mentes e nossas práticas.
https://leonardoboff.org/2024/01/25/puxar-o-freio-de-seguranca-face-a-gravidade-da-crise-atual/
Reprodução De Fato (link abaixo) |
Reprodução O Globo |
Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode aprimorar a segurança nos centros urbanos, várias entidades estão preocupadas com os abusos, como demonstram as duas matérias recentes, acima, publicadas no portal De Fato e n Globo. Defensoria Pública e Ministério Público também registram casos de uso indevido dos novos recursos.
No Rio de Janeiro e, provavelmente, em outras capitais, há casos de montagem de bancos de imagem privados para reconhecimento facial que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e outros dispositivos legais. Fotos aleatórias de pessoas sem necessariamente objeto de culpa por algum delito ou com contas a prestar à justiça circulam em grupos de whatsapp clandestinos. São imagens colhidas em bares, restaurantes e no comércio em geral. No caso, não de trata de imagens dos circuitos internos de câmeras, mas de fotos feitas por celulares geralmente operados por seguranças ou até garçons. Tal prática parece mais frequente em Ipanema, Leblon, Copacabana e Tijuca. Os "alvos" vão desde quem se envolve em algum conflito ou discussão até simples clientes que os estabelecimentos resolvem "marcar" por qualquer motivo. As fotos ilegalmente colhidas e sem qualquer critério se espalham em grupos nas redes sociais. Os "alvos", embora não sejam necessariamente abordados passam a sofrer algum tipo de intimidação aonde quer que circulem. Não se sabe se tais bancos de dados privados são compartilhados com a polícia, provavelmente, sim, porque há indicios de que, em alguns casos, a polícia foi acionada pelo estabelecimento para verificar pessoas cujas imagens estariam no banco de dados ilegal. Nos casos conhecidos, invariavelmente a policia chegou, viu, nada constatou e foi embora. A prática, contudo, é potencialmente perigosa para quem passa a integrar esse tosco banco de reconhecimento facial privado.
Nos links abaixo você poderá ler duas matérias sobre o assunto.
https://defatoonline.com.br/uso-do-reconhecimento-facial-preocupa-entidades/#google_vignette
https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/reconhecimento-facial-o-uso-publico-e-o.html
Passageiro de avião no Brasil paga caro para sofrer desde o momento em que adentra o aeroporto. Na verdade, o pobre diabo faz o check in sem ter 100% de certeza se vai embarcar e decolar. Tudo pode acontecer. Uma greve deixa passageiros no chão em dezenas de aeroportos brasileiros. Detalhe: a greve foi na Argentina.
Ocorre que as companhias aéreas trabalham atualmente como os lotações dos anos 50/60 do século passado. Para as novas gerações, eu explico. Os lotações eram ônibus precários e montados em chassis de caminhões usados e que paravam em qualquer lugar. Barulhentos e pilotados por motoristas enlouquecidos que ganhavam por "viagem" e por isso disparavam no trânsito "costurando" o engarrafamento na velocidade mais alta possível. Um mesmo veículo podia rodar a cidade por mais de 16 horas com o motor fumegando.
As companhias aéreas já dispuseram de aeronaves em reservas que podiam cobrir emergências como essa da greve na Argentina. Não mais. O avião que decola de Buenos Aires atende a vôos domésticos no Brasil. Assim, o passageiro que esperava seguir de Fortaleza para Natal fica mofando no aeroporto porque "seu" jato está parado em Ezeiza. E isso acontece com frequência a cada evento que paralisa a malha.
Os jornais noticiam que o governo prepara ajuda para as companhias aéreas. O serviço é ruim e o preço das passagens é exorbitante. Há momentos em que um bilhete da ponte-área Rio-São Paulo custa mais caro do que uma passagem São Paulo- Nova York. Mesmo assim, os executivos estão fazendo lobby para que o governo inhete dinheiro e subsídios na operação. Até o momento Fernando Haddad, ministro da Fazenda com a responsabilidade do equilíbrio fiscal resiste.
É curioso. Os neoliberais pregam o estado mínimo e a privatização de tudo, até das próprias mães, se necessario, mas adoram subsídios e mamatas amigas. De preferência se parte da verba pública de "ajuda" pagar os bônus milionários dos executivos que em milagre contábil brasileiro costumam ser premiados até quando alegam prejuízos.