terça-feira, 29 de setembro de 2009

Trabalhador contra trabalhador

POR ELI HALFOUN

A greve é o mais forte grito que o trabalhador tem para fazer ouvir suas insatisfações e reivindicações, que não são poucas. Portanto qualquer greve é importante e nada se pode ter contra esse tipo de movimento reivindicatório dos trabalhadores. Mesmo assim algumas greves precisam ser repensadas em seu formato, o que não significa que deixem de ser democraticamente realizadas, desde que, como acontece normalmente, o já sacrificado cidadão tenha de pagar a conta, como também acontece quase sempre. Todo ano, por exemplo, os bancários fazem greve com justas reivindicações e acabam penalizando outros, como eles, trabalhadores. É o cidadão mais comum, ou seja, o que ganha mal e tem minguados reais para receber que fica sem poder retirar o salário que mal dá para comer, isso sem contar os milhões de aposentados que recebem mal e ainda por cima não se relacionam bem com os caixas eletrônicos e acabam tendo de adiar a compra do medicamento que é necessário para o dia a dia. Os trabalhadores, nesse caso os bancários, querem ser ouvidos e atendidos pelos patrões, mas não são os patrões, no caso os banqueiros, os maiores prejudicados: os banqueiros, sabemos todos, têm lucros tão exorbitantes que deixar de engordar suas contas pessoais por quatro, cinco ou dez dias (nenhuma greve dura mais do que isso) não lhes fará a menor diferença. O rico está pouco ligando para a greve porque tem cartões (geralmente todos) de crédito e sem dúvida um bom dinheiro guardado debaixo do colchão, como nos velhos tempos. É por essas e outras que algumas greves devem ser repensadas. As justas reivindicações de qualquer classe trabalhadora não podem e não devem afetar outros trabalhadores. É claro que os bancários não tem, nesse momento nenhum desejo de prejudicar os cidadãos, mas estão atingindo exatamente aqueles que não podem ser atingidos: outros necessitados trabalhadores. Não se deve abrir mão do direito de fazer greve e protestar, mas deve haver, mesmo em uma greve, uma outra maneira de gritar e se fazer ouvir pelos patrões sem q1ue o cidadão comum seja, como sempre, o grande sacrificado. Desse jeito chegará o momento em que ninguém mais vai querer ter dinheiro no banco, mas sim e apenas debaixo do colchão. Talvez assim os patrões (banqueiros) sejam realmente atingidos. Afinal o dinheiro (o nosso dinheiro) é a mercadoria que os faz lucrar muiyo e com cada vez maior ganância.

domingo, 27 de setembro de 2009

E a saúde do brasileiro?

Essa é mais uma triste história da Saúde neste País. A OAB, essa instituição que representa os advogados do Brasil, tinha o seu próprio Plano de Saúde, CAARJ, que procurava atender a classe no tocante a saúde. e o fazia muito bem. Mas, a penúltima direção da Ordem, desastradamente, levou essa instituição à falência obrigando a nova direção a tomar medidas saneadoras e uma delas foi transferir o seu Plano de Saúde para a Unimed Rio. Com isso, muitos dependentes do Plano perderam alguns médicos, por não pertencerem ao quadro de atendimentos e alguns Laboratórios não atendiam, também, aos assegurados da Unimed Rio, como o Lab. Sérgio Franco. Agora, em Niterói, mais um Laboratório, Daflon, também suspendeu o seu atendimento àqueles assegurados da Unimed. Diante disso, já que o atual Governo, mais preocupado com problemas internacionais, como o de Honduras, onde serve de "massa de manobra" do "caudilho" venezuelano, esquece de atender ao seu povo, que aos poucos vai perdendo a ajuda que ainda tinha para resguardar a sua saúde.
Os idosos é que mais sofrerão com essa medida do fechamento de atendimento à sua saude. Porque o governo não toma medidas, que venham pelo menos, tentar soluções para essa situação em que se encontra a saúde do brasileiro? Não, a sua preocupação é comprar aviões para viajar pelo mundo afora. Posar de estadista ao lado do presidente dos EUA, rindo abobadamente por estar ao lado de líderes mundiais como se fosse a salvação da humanidae com as suas idéias estrambólicas e ridiculas, fazendo todos os líderes mundiais rirem às "bandeiras despregadas" e repetirem "ele é o Cara" e o cara que não entende o que eles estão dizendo fica rindo de si mesmo, pensando que está agradando.
Enquanto isso, aqui no Brasil, os brasileiros estão morrendo sem ter atendimento digno de um plano de saúde que os ampare e os proteja.
Primavera de 2009
deBarros

Benício Medeiros lança livro sobre o jornal Última Hora

A editora Civilização Brasileira lança em outubro o livro A Rotativa Parou - Os últimos dias da Ultima Hora de Samuel Wainer, do jornalista Benício Medeiros. É mais uma obra a abrir luz sobre a história de um importante veículo. Quem nos passa a dica é Roberto Mugiatti, que enviou o link com o seguinte recado: "Esta matéria pode interessar ao Panis Cum Ovum, tem a ver com nossa história, nesta profissão incerta... E o Benício esteve presente também aos últimos dias da Manchete. Foi meu chefe de redação de 1998 até maio de 1999, quando o Janir assumiu e fomos transferidos para o EleEla. Ele pediu o boné e não foi trabalhar no EE" (RM)
Leia a matéria sobre o livro de Benício no link A Rotativa Parou

sábado, 26 de setembro de 2009

Quel, quelle, pourquoi, oú?


Ecos (como diziam os jornais antigamente) do Festival de Cinema do Rio 2009: Jeanne Moreau em dois tempos. Na coluna Gente Boa, do Globo, e em Joanna, A francesa, de 1972, ao lado do ator Carlos Kroeber. Cacá Diegues fez o roteiro e dirigiu o longa, filmado em Alagoas. Jeanne Moreau fazia o papel de um dona de bordel que se "amigava" com um fazendeiro e contracenou com um elenco de peso: Eliézer Gomes, Ana Maria Magalhães, Lélia Abramo, Manfredo Colassanti e Antonio Pitanga. O estilista Pierre Cardin fez uma ponta. Fotografia de Dib Lufti e música de Chico Buarque e Roberto Menescal. Roda a moviola (ainda existe isso?) e Jeanne está no Rio, aos 81 anos, 60 de carreira, participa de debates, reencontra Cacá Diegues e relembra um certo botequim em Ipanema onde tomou caipirinha, seria o Zeppelin?, que ficava na Visconde de Pirajá, 499, e era frequentado pela turma do Cinema Novo, ou o Jangadeiro?, que rodou em dois ou três endereços na Praça General Osório mas em 1972 devia estar na Teixeira de Mello, quadra da praia, onde a chamada "esquerda festiva" se reunia? Talvez, nessa volta do Rio, a atriz reencontre colegas do set de Joanna, a francesa e se sinta mais à vontade, porque nessa foto do Marcos Ramos, com a tosca "arte" do Omelete, hehehehehe, publicada hoje na coluna do Joaquim Ferreira dos Santos e aí reproduzida, a impressão é de que madame Moreau, ao chegar ao Odeon, deixou um ponto de interrogação na cabecinha das demais convidadas. Será? A Marjorie Estiano ainda confere; a Vanessa Giácomo olha pra trás e parece tentar descobrir quem seria aquela que chama tanta atenção sem jamais ter feito novela das oito? Como pode? (Clique na TV Panis, no alto, à direita, e veja/ouça Nara Leão cantando a música do filme Joanna, a francesa, composta por Chico Buarque e Roberto Menescal). E bom sábado para todos!!!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Nos tempos das Promissórias

Há anos atrás, mais precisamente 1950, você queria abrir uma conta em um Banco, simplesmente escolhia um e com um pequeno valor, correspondendo hoje a uns 200 reais, se dirigia a um dos caixas do Banco escolhido – não havia filas enormes nos guiches bancários – que educadamente abrias a sua conta corrente, preenchia o seu cadastro numa ficha administrativa, lhe fornecia uma pequena caderneta com todos os seus dados cadastrados e anotava nela o valor do seu depósito. Tudo isso era feito à mão com pena e tinta e uma caligrafia de fazer inveja a um "monje copista".Pronto, dessa data em diante você passava a ter uma conta corrente em um Banco conferindo-lhe "status " de cidadão e mais: a partir da data da abertura da conta o Banco passava a lhe pagar juros, que todo o fim do mês lhe era somado ao valor do seu depósito.Quando ia Banco para fazer um depósito ou retirar dinheiro, ia com a sua caderneta e o caixa fazia esses cálculos com uma máquina de calcular, veja bem, manual – as elétricas viriam entrar no mercado anos depois – que somava ou subtraia os valores fornecidos e os seus resultados eram anotados, à mão, por esse caixa na caderneta. Tudo muito simples.Éramos felizes e não sabíamos.Hoje, não preciso comparar o sistema antigo com o moderno sistema computadorizado porque todos nós sabemos como isso funciona e como somos explorados, humilhados e ofendidos por esse sistema financeiro que na opinião de muitos é o resultado de uma política financeira, recomendada nos anos 90 pelo famoso "Consenso de Washington" que deu ao mercado esse poder absoluto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

tá difícil, Brasil...

Na coluna de hoje, no Globo, Ancelmo Gois cita um item da recente pesquisa do Ibope. Falta pouco mais de um ano para as eleições, mas a barra está pesada. Todos, Dilma, Heloisa Helena, Ciro, Serra... estão com índices de rejeição acima de 30%. Na prática, são mais rejeitados do que apoiados. Aliás, seria uma idéia: o leitor ter o direito de teclar na urna o voto e, em seguida, a rejeição. Ninguém seria eleito, seria feita nova eleição com novos candidatos, de preferência, se houver, algum cidadão que seja novidade, ficha limpa, limpinho, de banho tomado, descontaminado, vacinado... Hoje o Globo também revela as articulações de Serra com o... PMDB. Articulações conduzidas por... Orestes Quércia. Beleza. Vamos em frente, cuidar da vida, que esses aí já bem resolveram a deles...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Deu no Dia on line: o leilão que não houve

Dia on line:Rio - Não houve proposta para a compra do acervo fotográfico e do arquivo jornalístico da Bloch Editores, levados a leilão nesta terça-feira, pela 5ª Vara Empresarial do Rio. Os cerca de 8,5 milhões de fotos, negativos e cromos, somados a coleções completas das revistas da editora - como Manchete e Fatos e Fotos - estão avaliados em R$ 1.967.438,42.Durante o leilão realizado no Fórum Central, o material chegou a ser oferecido condicionalmente pela metade do valor, mas não houve lances. Uma nova praça deverá ser marcada pela juíza Maria da Penha Nobre Mauro Victorino. De acordo com o leiloeiro Fernando Braga, durante o período de visitas, o acervo atraiu empresas de comunicação, informática e institutos (...)
Leia mais no link O leilão que não houve

Leilão do Arquivo fotográfico: deu no Portal Imprensa

No Portal Imprensa, a cobertura do leilão pelo repórter Eduardo Neco.

Acervo fotográfico da Bloch Editores não recebe lances em leilão Por Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA
Contrariando as expectativas dos ex-funcionários da massa falida da Bloch Editores, nenhum lance foi feito ao acervo fotográfico da empresa durante leilão ocorrido na tarde desta terça-feira (22), na cidade do Rio de Janeiro. Avaliado em R$ 2 milhões, o acervo possui material produzido por fotógrafos das revistas Manchete, Fatos e Fotos, Amiga, Desfile, Sétimo
Céu
, Geográfica Universal e Pais & Filhos, e reúne mais 12 milhões de fotos, cromos e negativos. A venda do arquivo se destina ao pagamento dos créditos de dívidas trabalhistas aos ex-funcionários da empresa, que faliu em 2000. O arquivo possui também fotos que não foram publicadas. De acordo com Jussara Razzé, integrante da Comissão de Ex-Empregados de Bloch Editores, o leilão foi aberto com o valor previsto, mas por não haver manifestação de lance, uma nova proposta foi feita pelo leiloeiro Fernando Braga, dessa vez com abatimento de 50%. Mesmo assim nenhum dos presentes se manifestou e a data para um novo leilão deverá ser estipulada pela Justiça. José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-empregados de Bloch Editores, lamentou a ausência de lance dos interessados no acervo e sublinhou a falta de "valor que se dá a cultura e a memória do país". "Isso é muito triste. Amanhã, aquilo tudo pode virar pó, não dá para entender", disse José Carlos
. Leia mais no link Leilão do Arquivo da Manchete

Arquivo fotográfico: sem lances no primeiro leilão

Na primeira tentativa, o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete não se concretizou. O leilloeiro Fernando Braga (na foto) abriu a sessão pouco depois das 15h, no hall do prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, anunciando o valor inicial de 2 milhões de reais. Sem lances, fez a segunda chamada, estipulando os lances em um mínimo de um milhão de reais. Os interessados, se havia algum no local, não se manifestaram. Encerrado o leilão, Braga permaneceu no local por mais alguns minutos atendendo a imprensa. Segundo ele, varias empresas procuraram a Massa Falida e examinaram o acervo. Algumas grandes instituições, foram ao depósito onde estão guardadas as mais de 11 mil caixas com negativos, positivos e cromos, por mais de uma vez. A ausência de lances foi atribuida a vários fatores: seria comum a falta de propostas em um primeiro momento, já que alguns compradores em potencial podem apostar em um preço acessível mais adiante; outros interessados prefeririam receber o arquivo já digitalizado, sob a alegação de que além de pagar o valor do leilão ainda teriam que investir no tratamento e recuperação de imagens. Mas tal encargo, a digitalização, envolve um alto custo, que estaria acima das atribuições da MF; a época do ano, quando as empresas ainda estão fazendo projeções para seus investimentos em 2010, também não seria a mais favorável. O fato é que haverá novo leilão, em data a ser marcada, quando continuará valendo o preço mínimo de 2 milhões de reais. Nada impede, tal qual aconteceu com o prédio do Russell, que, nesse intervalo, uma empresa faça uma proposta direta. Desde que o candidato seja idôneo, a juíza aceite a proposta e o valor seja superior ao mínimo estipulado, o arquivo poderá ser vendido. O leiloeiro lembrou que o prédio do Russell só foi vendido na terceira tentativa. Espera-se, no caso da venda do Arquivo, que a nova data seja marcada e os interessados se apresentem. Trata-se de um bem cultural e perecível. Quanto mais tempo passar acondicionado em caixotes maiores danos podem ser causados ao acervo. Alô Ministério da Cultura, alô Arquivo Nacional, alô Biblioteca Nacional, alô prefeito Eduardo Paes, o arquivo da Manchete é também um valioso patrimônio carioca. Pra facilitar, prefeito, se quiser marcar um visita e conhecer melhor o acervo é só discar para o leiloeiro Fernando Braga: (21) 22247478.

Ô trem bão!!!

Minas gosta de trem, certo? Nada mais natural que o governador e presidenciável Aécio Neves dê a partida no "trem da alegria" que pretende efetivar 4 mil e 500 funcionários não-concursados. Qual o problema? A maria-fumaça mineira desgovernada não vai consumir lenha nem carvão, apenas o dinheiro público. Piuíiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, piuíiiiiiiiii!!!!!

Do baú do paniscumovum: a edição de Manchete que virou livro

A edição da MANCHET, de 29 de dezembro de 1979, há 30 anos...
... se transformou em um livro "fora do comércio", de tiragem restrita e hoje exemplar raro.

Logo mais, às 15h, no Fórum, centro do Rio, acontecerá o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete. A expectativa, como este paniscumovum já adiantou, é que apareçam interessados já nessa primeira chamada, que uma eventual disputa eleve o valor inicial do acervo e que os recursos arrecadados acelerem o pagamento das indenizações a cerca de 3 mil trabalhadores da extinta editora. Já falamos aqui da importância histórica e cultural deste arquivo, especialmente para o Rio de Janeiro. A torcida geral é para que ele não saia do Rio. Mas o propósito deste post é falar dos Anos 70. Há quase 30 anos, mais precisamente no dia 29 de dezembro de 1979, chegava às bancas a revista Manchete, o número da primeira semana dos Anos 80. Anunciava o lançamento de uma série especial: Para Entender os Anos 70. O curioso - e não sei se isso já aconteceu com outra revista - é que o série fez tanto sucesso que a Bloch resolveu transformá-la em um livro. Foi uma edição especial, fora do comércio, para anunciantes e agências de publicidade. Estão aí reproduzidas as capas da revista e do livro. No prefácio, Zevi Ghivelder, então diretor-executivo da Manchete, ao lado de Roberto Muggiati (Justino Martins era o diretor-editor), escreveu um texto preciso sobre a revista ilustrada, este segmento especial de jornalismo que produziu o fabuloso arquivo fotográfico que a Manchete e as demais publicações da Bloch legaram à memória e à cultura nacionais. Vale a transcrição: "Anos atrás a revista Time publicou a correspondência de um leitor que reclamava a propósito da publicação de uma reportagem de um professor universitório. Dizia mais ou menos o seguinte: 'vocês não deviam dedicar-lhe atenção. Fui seu aluno e ele sempre repetia em aula que nos Estados Unidos só há duas revistas. Uma para as pessoas que não sabem pensar, outra para quem não sabe ler'. O dito mestre naturalmente se referia a Time e Life. Este é apenas um pequeno exemplo da mística que envolve as revistas ilustradas no mundo inteiro. Alguém inventou aquele bela frase segundo a qual 'mais vale uma foto do que mil palavras' - e muita gente boa tomou isso ao pé da letra. Na verdade, não há regra fixa no que toca à forma de edição das revistas ilustradas, mas uma relação de interdependência entre o texto e a foto, ou mesmo a prevalência de um sobre o outro, conforme a oportunidade. Nos áureos tempos de Paris Match, um de seus maiores atrativos eram os artigos de Raymond Cartier que prescindiam de ilustrações. Eles se somavam à embalagem total da publicação, profusa em fotografias, como uma parte que lhe era integrante e inalienável. Assim como na França, em muitos países as revistas ilustradas também se impuseram junto ao público pela qualidade de seus textos. Creio que nós, na Manchete, seguimos igual curso em vinte e oito anos de trabalho. Ao lado de algumas das mais expressivas fotografias da imprensa brasileira, também publicamos alguns dos melhores e mais imporantes textos, entre os quais se insere a nossa análise da década de 70. Decidimos reproduzi-la neste livro rigorosamente fora do comércio, destinado a agências de publicidade de todo o país e aos anunciantes de Bloch Editores. Conservamos a sequência com que foram publicadas as respectivas matérias em quatro edições sucessivas da revista, no final de 1979, tarefa realizada por Roberto Muggiati (concepção visual) e Wilson Cunha (edição de texto). Essa coletânea em livro assim se torna um valioso documento e testemunha dos dias que vivemos."
Paniscumovum promete reproduzir parte dessa edição de Manchete na primeira semana de 2010, na marca dos 30 anos exatos. É um legítimo retrato do que o Brasil e o mundo pensavam, consumiam, liam e viam naqueles dias. A propósito, entre os autores da coletânea e da série, estão Carlos Heitor Cony, Fritz Utzeri, Arthur C. Clarke, Lincoln Martins, Flávio de Aquino, Artur da Távola, Roberto Muggiati, Zevi Ghivelder, Wilson Cunha, Irineu Guimaráes, Ney Bianchi, Roberto Barreira, Josué Montello, Murilo Mello Filho, Edmar Pereira, Ethevaldo Siqueira, Roberto Campos e Eduardo Celestino Rodrigues, cada um jogando no seu campo e falando de política, gente, medicina, ecologia, artes plásticas, cinema, literatura, música, televisão, esporte, religião etc. Um documento especialíssimo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Controle (bem) remoto, canal 86


Do baú do paniscumovum: o que a Rede Manchete exibia na semana de 23 a 29 de outubro de 1986. Nas reproduções, páginas do boletim de divulgação da programação. Esta publicação, com jeito e conteúdo de revista, era paginada por J.A.Barros. Na equipe, Aurea Balocco, hoje na Record, Marisa Borges, Marcelo Costa, Marcel Souto Maior, atualmente na Globo, Helio Muzis na produção. Na capa, Bia Seidl, anunciada como nova apresentadora do Programa de Domingo, ao lado de Paulo Figueiredo, sob direção de Mauricio Sherman. Naquela semana, a grande matéria do programa era sobre a violência contra as mulheres. Na pauta, ainda, uma entrevista com o cantor Paulo Ricardo, vocalista do RPM e a Crônica da Semana, por Alexandre Garcia, quadro anunciado como "uma crônica satírica que apresenta o lado bem-humorado das notícias e as contradições dos políticos e as fraquezas das autoridades". A matéria prima de Alexandre Garcia, hoje na Globo, eram as 60 fitas produzidas durante cada semana pela redação da rede em Brasília. A novela em cartaz, Novo Amor, era assinada por Manoel Carlos (atualmente no ar com a novela das 21h, Viver a Vida, na Globo). No elenco, Angela Leal, Esther Góes, Nathalia Timberg, Nuno Leal Maia, Jonas Bloch, Carlos Alberto, Renee de Vielmond e João Paulo Adour. O humorístico era o Aperte o Cinto, com Costinha, Geraldo Alves, Scarlet Moon, Zé Vasconcelos..., Miele comandava o Miele & Cia, programa que também tinha um quadro de humor apresentado por Paulo Cesar Pereio e Cissa Guimarães. Naquela semana era lançado um projeto ambicioso: a série Desafio do Mar, documentário mensal que a Rede Manchete exibiria durante um ano. Lincoln Martins, então diretor da Geográfica, e Hélio Carneiro, um dos editores da revista Manchete, escreveram o texto e planejaram o roteiro. O programa era dirigido por Maurício Capovilla e alertava, "com um show de imagens", para a necessidade de preservação dos recursos e belezas do mar. São alguns recuerdos da Rede Manchete, hoje fora da tomada.


Alexandre Garcia fazia a Crônica da Semana, do Programa de Domingo.



Lincoln Martins, Hélio Carneiro e Mauricio Capovilla: série de documentários que alertava sobre a necessidade de preservação do mar e do litoral brasileiros.

Hoje, os musicais estão praticamente relegados à Tv por assinatura. Esse aí era o Toque de Classe, gravado no Teatro Adolpho Bloch e comandado por César Camargo Mariano. Naquela semana, as atrações eram Beth Carvalho, Baby Consuelo, Celso Blues Boy e Eduardo Dusek. Na linha de musicais, o destaque era a música clássica, outra grande ausência nas programações de hoje. O violoncelista russo Mischa Maisky e o pianista brasileiro Nelson Freire eram os nomes do programa Grandes Solistas Internacionais, apresentado no sábado à noite e gravado no Theatro Municipal.

Fim da novela da F-1?

A Renault acaba de receber suspensão de dois anos da Fórmula 1 pela operação-mutreta no GP de Cingapura. A novela rola há algum tempo, sabem, desde que Nelsinho Piquet cumpriu uma ordem do boxe para armar um acidente na pista e favorecer a vitória do companheiro de equipe Fernando Alonso. A Renault não será impedida de correr nestes dois anos - foi beneficiada com um sursis - desde que não cometa infração igual no período. A FIA foi benevolente com a Renault sobre a alegação de que o team ajudou nas investigaçoes. Flávio Briatore não teve a mesma colher-de-chá: foi banido da F-1 e não poderá, sequer, agenciar pilotos. Nelsinho foi poupado por ter denunciado todo o esquema, mas vai precisar de muito esforço para continuar sua carreira de piloto com um mínimo de credibilidade. Se tiver sorte, o "circo" vai atribuir o erro à sua juventude e pouco experiência, embora uma coisa e outra não justifiquem falta de ética. Do pai, Nelson Piquet, pode-se dizer que conseguiu o que prometeu. O tricampeão que, segundo se publicou, teria ficado um tempo se falar com o filho por conta da vacilada deste, garantiu que Briatore ia se arrepender do dia em que nasceu. Insinuou que, no mínimo, Briatore iria junto com Nelsinho para o buraco. O italiano é milionário, não vai virar mendigo, mas é vaidoso e a essa hora está no colo da mama. Como é sócio de um time de futebol na Inglaterra, deve partir, agora, para armações de vestiário. Isso se outra denúncia não infernizar a vida do ex-chefe de equipe também na terra da Rainha. É que uma das consequências do "acidente" de Cingapura teria sido um boom na bolsa de apostas inglesa. Alguns apostadores teriam embolsado milhares de libras com a armação, já que Alonso, naquela altura, era "zebra" e sua pule pagava alto. Como bem lembrou o Reginaldo Leme no Jornal Nacional, semana passada, apostas são legalizadas na Inglaterra e a manipulação de resultados é crime. Os problemas de Briatore podem estar apenas começando.

domingo, 20 de setembro de 2009

Livro-bomba de plutônio

Paulo Maluf revelou à Folha de São Paulo que está escrevendo um livro-bomba para ser lançado após sua morte. Diz que relatará bastidores da eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral da ditadura, em 1984, e da polêmica votação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Deve ter muito o que contar mas não apenas dos adversários. Os bastidores da vida do ex-prefeito e ex-governador de SP são notoriamente explosivos. Publica logo, Maluf.

Flávio Damm, um mestre do fotojornalismo

O Centro Cultural Correios, na rua Visconde de Itaboraí, no Rio, abre nesta quinta-feira, 24, a exposição O Olho Pronto de Flávio Damm, do fotógrafo gaúcho que comemora 64 anos de carreira. Flávio começou sua carreira como auxiliar do fotógrafo alemão Ed Keffel e tornou-se conhecido ao fazer as primeiras fotos de Getúlio Vargas em sua fazenda após seu afastamento da presidência da República. Foi esse feito fotojornalístico que o levou a ser contratado pelo Cruzeiro, onde trabalhou por 15 anos. Damm, que produziu 60 mil negativos ao longo da sua trajetória, selecionou 64 fotos para a mostra dividida pelos blocos "Vejo Lisboa", "Linhas" e "Pombos pra que te quero". Ao lado, um belo exemplo do seu trabalho: o registro de um casamento coletivo na Catedral da Sé, em Lisboa, uma tradição do dia de Santo Antônio. Foto Flávio Damm/Divulgação.

Jogue tomate no repórter

Um site da Nova Zelândia promoveu uma ação de marketing para anunciar que seus repórteres publicam antes o que os concorrentes só vão saber depois. Para ilustrar, os criadores da campanha pregaram literalmente um repórter em um outdoor para ser alvo de tomates lançados pela galera que passava na ruas. O jornalista estava sendo "punido" exatamente por não ter dado matérias exclusivas e furos na concorrência. E se a moda pega por aqui????? Vejam no link o vídeo hilário... Tomate no jornalista

Alô, manutenção!!!!!

Omelete postou aqui recentemente sobre uma nota da Folha de São Paulo avisando que a Globo estaria enquadrando sob um série de regras os blog pessoais dos seus contratados e funcionários, lembram? Pode ser coincidência, mas o portal que reúne a maioria das páginas das atrizes e atores da emissora está "temporariamente" fora do ar, segundo o aviso abaixo.
Manutenção: Temporariamente este site está indisponível para realizarmos a manutenção em seus sistemas. Obrigada pela compreensão, Equipe Globo.com
Mas outra disputa no mundo dos blogs. A Record inaugura na semana que vem o site R7 e está exigindo que páginas, orkuts e twitters dos seus contratados migrem para o novo portal. Só que muitos nomes do atual elenco da TV do Bispo Macedo já foram da Globo e têm seus blog abrigados na Globo.com. Cada uma puxa a brasa para seu portal mas parece perigoso esse controle sobre páginas pessoais. Dizem que os artistas - a maioria pelo menos - concordam com as exigências. Mas, nessa altura, alguém diria não ao empregador?

sábado, 19 de setembro de 2009

Preconceito?

Obama enfrenta uma violenta oposição na sua tentativa de mudar o
sistema de saúde americano...já viu essa reação elitista em algum
lugar ao Sul do Equador? Pois é... Para o presidente americano, a saída é divulgar o seu plano e tentar se comunicar com o máximo de pessoas. Ontem, segundo o Los Angeles Times, deu entrevistas para cinco redes nacionais de TV. E, tal qual na campanha, está usando as redes sociais da internet para explicar a reforma que, na opinião dos seus assessores, tem sido deturpada pela mídia comercial.

Leilão do Arquivo da Bloch



Deu na Vejinha. O arquivo vai para o martelo. Mais uma nota na imprensa fruto do trabalho de divulgação, não remunerado, do José Carlos Jesus, nosso incansável presidente da Comissão de Ex-empregados da Bloch.

Dose de literatura

Sábado na Letras e Expressões
Sábado literário bem entendido

Preso pelo Facebook...

Notícia de jornal, hoje (The Journal, Pensilvânia): o ladrão Jonathan Parker foi preso porque deu uma vacilada digital. Depois de invadir uma casa e embolsar anéis de brilhante e outros trecos resolveu checar seu Facebook no computador da residência. Tudo tranquilo, não tinha ninguém em casa, os vizinhos não o viram pular o muro, beleza. Só que o bandido, de 19 anos, esqueceu de fazer log out. Deixou lá o seu perfil, contatos, amigos, brilhando na tela. O polícia só teve que clicar e localizar o falso malandro. O jornal pergunta se é um caso incurável de vício interneteiro ou o ladrão simplesmente é uma besta quadrada.

Do bloco de notas...

Na reprodução, o Palácio Universitário, Praia Vermelha
Teatro de Arena no campus da UFRJ-Praia Vermelha, Palácio Universitário. Foi palco de um dos primeiros shows de Bossa Nova.
Foto Gonça

Há 50 anos, em 1959, João Gilberto lançou seu primeiro disco. Em 1960, o compositor se apresentou no Teatro de Arena da então Faculdade de Arquitetura.

Na reprodução, o belo prédio da Faculdade de Medicina, na Praia Vermelho. Demolido em 1975 por ordem da ditadura, que também queria pôr abaixo o Palácio Universitário.



Na última quarta-feira, fui ao campus da UFRJ, na Praia Vermelha, participar de um mesa-redonda sobre "Jornalismo de Celebridades". Fiz Comunicação na ECO-UFRJ, na época ainda instalada na Praça da República esquina de Visconde de Rio Branco. Foram quatro anos, dois de básico e dois de especialização em publicidade. Depois, fiz algumas matérias complementares, de jornalismo, já no prédio da Praia Vermelha. Voltei, portanto, aos corredores do passado. A caminho da sala onde os alunos se reuniam fiz a foto do anfiteatro, hoje chamado deTeatro de Arena, no Palácio Universitário. Em 1968 e 1969, foi palco de assembléias e manifestações contra a ditadura, alguma reprimidas com extrema violência. . E em 1960, como anfiteatro da Faculdade de Arquitetura, tinha sido palco de um dos primeiros shows de Bossa Nova, com Tom Jobim, o próprio João, Vinicius, Nara Leão, Sylvinha Telles... O show ficou conhecido como a "Noite do Amor, do Sorriso e da Flor", palavras que estavam estampadas em bandeiras nas janelas atrás do palco. "O amor, o sorriso e a flor" era o nome do segundo LP de João Gilberto, lançado em 1960. que trazia músicas como "Corcovado"e "Samba de uma nota só" (Em 1959, há 50 anos, JG lançava seu primeiro disco). A propósito, na década de 70, o belo conjunto neoclássico do Palácio Universitário escapou da demolição, dizem que por intervenção do então reitor Pedro Calmon, que protestou contra a intenção do governo militar. Em 1975, os generais mandaram pôr abaixo o prédio da Faculdade de Medicina. A ditadura pretendia, ao que parece, apagar da memória nacional prédios com algum significado político. Foi assim com o edifício da UNE e com o Palácio Monroe (este chegou a ser preservado pelo traçado do metrô, que faz uma curva a partir da Cinelândia, mas mesmo assim foi condenado pelo general Geisel). Foi o próprio ditador de plantão que, em 1975, mandou tratores demolirem a Faculdade de Medicina. Em 1966, o prédio tinha sido invadida pela polícia no episódio histórico que ficou conhecido como o "Massacre da Praia Vermelha". Todo o campus da Praia Vermelha era um simbolo da resistência ao governo militar. Houve outras e violentas invasões nos anos seguintes. O Palácio Universitário escapou da demolição, mas da Faculdade de Medicina sobrou apenas a foto.

Opinião Privada X Opinião Pública: a sociedade digital alternativa



Este é o debate que já está nas ruas e nas redes sociais da internet. Está no Globo de hoje, na coluna de Zuenir Ventura, sob o título O novo boca a boca. Trata-se de um tema que ganha força e entará em cartaz nas próximas temporadas, especialmente, as eleitorais. Zuenir fala sobre o livro Yes, we did ("Sim, nós fizemos), da ativista canadense Rahaf Harfoush, que relata a extraordinária mobilização popular da rede como decisiva para a eleição de Barack Obama. Em pouco tempo, eram milhares de voluntários a enviar milhões de emails em apoio a Obama, primeiro nas prévias contra Hillary Clinton, e, depois, ajudando a demolir o candidato de Bush, o republicano John McCain. Orkut, twitter, blog, facebook, youtube, flickr, todos os caminhos foram válidos na campanha alternativa para ganhar o jogo da opinião pública.
Ontem, os jornais divulgaram números de um censo do IBGE. Há dois resultados que se entrelaçam: cresceram os índices de escolaridade entre os jovens e aumentou expressivamente o número de residências conectadas à web. Há pelo menos um computador em 18 milhões de casas. Nestas, quase 14 milhões de famílias (média de 3,3 pessoas por casa ou mais de 46 milhões de brasileiros) têm acesso à rede. Some-se a isso os computadores em locais públicos (escolas e outras instituições), redes de lan house, de locais de trabalho etc, e essa estatística se expande. Não é pouca gente. Aos poucos, instala-se um elo de opinião pública - um poderoso boca a boca eletrônico a que se refere o colunista - em complemento, para contrabalançar ou em oposição ao rolo compressor da opinião privada veiculada na mídia comercial. Por definição e por fazerem parte de conglomerados econômicos, os grandes grupos de comunicação têm políticas próprias e semelhantes, são inegavelmente partidários e fazem, como fizeram, apostas claras em momentos decisivos da história política do pais. Para lembrar dois "cases": a implantação do golpe e da ditadura militar de 1964 e a eleição de Collor, por exemplo.
Estão no seu papel, literalmente.
Nos anos de chumbo, a imprensa alternativa foi uma pequena válvula de liberdade. Opinião, Movimento, Pasquim, Bondinho... eram os mais conhecidos mas havia centenas fora do eixo Rio-SP, impressos, mimeografados, distribuidos de mão em mão nas escolas, ruas, fábricas. A ditadura acabou e a comunicação alternativa permaneceu praticamente congelada até fins do anos 90, quando a internet, no Brasil, disparou a crescer em progressão geométrica. O debate político que vimos em blogs e sites na rede nas últimas eleições presidenciais terá sido nada comparando-se ao que vem por aí em 2010. Mas a ampliação dessa imensa rede, que o próprio mercado aliado a programas públicos e privados de inculsão digital impulsiona não terá influência apenas na escolha de um candidato. Como diz o colunista, o boca a boca eletrônico vai recomendar filme, peça, livro, exposição, restaurante, destinos turísticos, produtos... No final do texto, Zuenir observa, contudo, - "puxando a brasa para a minha sardinha", escreve, referindo-se à provável diminuição da influência dos formadores de opinião tradicionais - que, no Brasil, esse poder da rede de computadores ainda está longe de acontecer. Diz o jornalista que "desrespeito à autoria, boatos mentirosos e mensagens fraudadas" comprometem a credibilidade. Pode ser. Mas isso também acontece na terra do Obama e, mesmo assim, a internet teve seu peso na campanha americana. E, admitamos, "boatos mentirosos" e "mensagens fraudadas" não são "privilégio" da rede. Também frequentam a palavra impressa.
Como diria Raul Seixas, chegou a hora da sociedade (digital) alternativa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dicas de leitura para quem arrematar o Arquivo Fotográfico da Massa Falida da Bloch Editores. Obras ilustradas com centenas de reproduções de fotos.

Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Rede Manchete - Aconteceu Virou História (Coleção Aplauso - Imprensa Oficial do Estado de São Paulo


Os Irmãos Karamabloch - Companhia das Letras


O Pilão - Editora Bloch

Piada?

E o prefeito Gilberto Kassab, do Demo de SP, hein? Alegou que comer demais engorda e pretende cortar uma das refeições do dia em creches públicas. Vai tirar parte do rango de 60 mil crianças que não passam férias na Disney. A prefeitura quer reduzir o gasto mensal de R$2,85 milhões para R$2,28 milhões. Huuummmmm, deve ser essa "importante" economia que estava faltando para salvar os cofres da prefeitura de SP...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Microfone: o vilão ataca


Em setembro de 1994, o então ministro da Fazenda Rubens Ricúpero conversava com o repórter Carlos Monforte, no estúdio da Globo em Brasília, pouco antes da gravação de uma entrevista. O tema do bate-papo informal era o IPC, o índice de preços ao consumidor, de agosto, publicado pelo IBGE. Ricúpero considerava alto o número apontado pelos pesquisadores. O então ministro não sabia mas o microfone estava ligado e captou o diálogo. Estimulado pelo repórter a revelar as previsões do IPC de setembro, ele diz que deveria conversar antes com os economistas da Fazenda: "Senão eles me matam. Vão dizer: 'Pô, você proibiu da vez anterior quando (o índice) era ruim, agora que é bom...' No fundo é isso mesmo. Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde". No último domingo, dia 13, foi a vez de Barack Obama cair na mesma armadilha. No momento em que aguardava entrar no ar para uma entrevista, o presidente americano assistia nos bastidores da CNBC a transmissão de uma premiação da MTV americana.Na tela, viu o rapper Kanye West invadir o palco grosseiramente e interromper a cantora Taylor Swift, que agradecia o troféu de Melhor Clipe, para dizer que a vencedora deveria ter sido a Beyoncé. O microfone captou a reação de Obama: "Jackass (babaca). Por que ele fez aquilo?". Kanye West foi vaiado, depois pediu desculpas e revelou que bebera uma garrafa de conhaque antes do prêmio e o "jackass" presidencial corre o mundo. Diferença entre Ricupero e Obama? O moreno está cheio de razão, embora esteja recebendo críticas pelo episódio.

Deu no Gente Boa, do Globo de hoje



terça-feira, 15 de setembro de 2009

e o mundo não acabou...

Exatamente no dia 15 de setembro de 2008, há um ano, o banco norte-americano Lehman Brothers declarava falência. Começava uma forte crise financeira, que atingiu com um tiro na testa os especuladores dos tais derivativos, os alavancados, os fabricantes de índices, os "tio patinhas" das pirâmides, os magos das avaliações e das previsões e os tais projetistas de cenários. Os jornais anunciaram algo perto do fim do mundo. Empregos se foram, é verdade, menos do que diziam, e só agora começam a voltar. A crise foi, felizmente, aquém do apocalipse financeiro previsto. Quer saber: faltou seriedade e sobrou política - incluindo política eleitoral, lado a lado - e doses de ideologia na análise e critíca dos fatos neste um ano desde que os Brothers bateram a bota.

Revista Repórter, 1978, um sonho em dois tempos

Repórter, número 2, o texto-denúncia do historiador Hélio Silva
A capa do número 2: estudantes


No número 1: a seleção ainda militarizada às vésperas da Copa da Argentina.


No número 1: Fernando Morais na guerrilha sandinista.




Na "conversa com o leitor": Paulo Patarra dá a régua e o compasso da "revista de repórteres".


Especial para a seção memória jornalística do paniscumovum. O time era respeitável. A idéia, vejam, mais louvável ainda. "Uma revista de repórteres, os jornalistas da linha de frente, do encontro direto com os fatos". Assim nascia a Repórter. O sonho de Paulo Patarra (diretor de redação), Hamilton Almeida Filho, Lourenço Diaféria, José Hamilton Ribeiro, Caco Barcelos, Joel Rufino dos Santos, Elifas Andreato, Narciso Kalili, Luiz Carlos Cabral, Zeka Araújo, Fernando Morais e tantos outro nomes, muitos egressos da Realidade, publicação que marcara época cerca de um década antes, chegou às bancas em maio de 1978, lançado pela Editora Três. A periodicidade era mensal. O primeiro número tinha 162 páginas, com 40 de anúncios, entre as quais mensagens de estatais, bancos, automóveis, cigarros etc. A capa (ao lado) era um cartão de visitas: o repórter Narciso Kalili investigava o Esquadrão da Morte e o réu Sérgio Fleury. No miolo, Caco Barcelos, que ficou 4 dias clandestino no canteiro de obras da usina atômica de Angra, área de segurança da ditadura, publicava o relato e fotos da "espionagem". Fernando Morais e o fotógrafo Geraldo Guimaráes infiltravam-se na guerrilha sandinista da Nicarágua. José Trajano assinava a matéria "Ordinário, chute" e mostrava que oito anos depois da Copa de 70, o capitão Claudio Coutinho treinava a seleção como um pelotão de soldados. No manual dos jogadores, escrito pelo Exército, o time que se preparava para a Copa da Argentina aprendia que era proibido "barba por fazer, cabelo despenteado, comentário sobre assunto interno da seleção, reivindicações, provocar desentendimento ou desagregação" e por aí vai. No segundo número, o sonho dos repórteres começou a desfocar. A revista saiu com apenas 88 páginas. Os anunciantes foram embora, somente dez marcas se arriscaram a figurar na edição em que a capa mostrava a volta da UNE, o historiador Hélio Silva revelava o Caso Stuart, a Anistia era tema, a morte dos trabalhadores vitimados pelas péssimas condições da indústris do cimento também. Com pautas incômodas ao regime, vieram as pressões, o boicote e o fechamento da Repórter. Foram duas edições, tempo de chegar, o diretor de redação explicar o que seria a revista, e logo entregar o boné e o sonho sem maiores explicações. Ficou a história.

Crueldalde não embarca

Este comercial da atriz e modelo Pamela Anderson, militante da Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), foi retirado do ar essa semana pela CNN, que o considerou impróprio. Mas não tem nada demais, mostra a turbinada Pamela atuando como guarda de aeroporto e é uma peça oportuna contra peles e acessórios originados da métodos crueis de produção e da morte de animais. Veja no link Barrados do aeroporto

domingo, 13 de setembro de 2009

Campeonato brasileiro: a verdade dos fatos


Os números enganam. Veja a verdadeira classificação do campeonato brasileiro por rendimento e aproveitamento em relação ao número de jogos, listando-se os times integrantes da suposta Série A e da suposta Série B.
Trata-se de um critério puramente esportivo descartando-se a burocracia da CBF.
Os jornais limitam-se a divulgar apenas o que se convencionou chamar de primeira e segunda divisões. Na sequência, o primeiro número refere-se ao total de pontos ganhos, o segundo ao número de jogos. Observe que o Vasco, supostamente na Série B, é líder apesar de ter um jogo a menos do que o Palmeiras, supostamente na Série A. Isso é matemática.

1 Vasco 46 23

2 Palmeiras 44 24

3 Guarani 43 23

3 Internacional 43 24

3 São Paulo 43 24

4 Atlético-GO 41 23

5 Atlético-MG 40 24

5 Ceará 40 23

6 Goiás 39 23

7 São Caetano 37 23

7 Portuguesa 37 23

8 Corinthians 36 23

8 Figueirense 36 23

9 Ponte Preta 35 23

8 Santos 35 24

10 Avaí 34 24

10 Flamengo 34 24

11 Vitória 33 24

11 Grêmio 33 23

11 Barueri 33 23

11 Bragantino 33 23

12 Cruzeiro 32 24

13 Bahia 30 23

14 Vila Nova 29 23

14 Ipatinga 29 23

15 Atlético-PR 28 24

15 Paraná 28 23

16 Brasiliense 27 23

16 América-RN 27 23

16 Juventude 27 23

17 Coritiba 26 23

18 Náutico 25 23

19 Duque de Caxias 24 23

19 Santo André 24 24

20 Campinense 23 23

20 Fortaleza 23 23

20 Botafogo 23 23

21 ABC 22 23
22 Sport 20 24
23 Fluminense 17 23


A paz venceu... em Veneza


O Festival Internacional de Cinema de Veneza premiou ontem, com o Leão de Ouro, "Lebanon", obra pacifista do israelense Samuel Maoz. O filme narra 24 horas na vida de jovens soldados no interior de um tanque durante a primeira guerra do Líbano, em 1982. Ao receber o prêmio, Maoz, que participou da guerra quando tinha 20 anos, dedicou o prêmio "às milhares de pessoas no mundo que voltam de uma guerra, como eu, aparentemente bem, que se casam e têm filhos, mas que em seu interior sentem um vazio na alma". Alguém já disse, talvez Hemingway?, que as cicatrizes de uma guerra não se fecham no campo de batalha e não se curam depois...

Deu na "Época"


Participe da campanha: "dê um corretor ortográfico urgente para as celebridades.

Domingo musical

Um link para a música: a Quinta Sinfonia, de Beethoven, visualizada no You Tube. Cada barra
colorida equivale a um instrumento ou a naipes de instrumentos. Isso me faz lembrar a velha piada sobre o casal de novo-rico que saiu da Barra para assistir a uma apresentação da Orquestra Sinfônica no Theatro Municipal. Depois de enfrentar um engarrafamento, coisa normal na Miami carioca, o casal se acomodou na platéia exatamente no instante em que o maestro anunciou que a orquestra executaria a Quinta Sinfonia. Enfurecido, o marido falou pra mulher: "Não te falei pra não se atrasar? Já perdemos quatro sinfonias".
O link leva ao site Neatorama onde, rolando a página, chega-se ao vídeo do You Yube e tambem à relação cor/instrumento. Link: Beethoven em gráficos

sábado, 12 de setembro de 2009

Da baú do paniscumovum




Em dezembro de 1954, Manchete, edição número 140 - então dirigda por Otto Lara Resende -quis retribuir os cartões de Natal recebidos pela redação. Acima de um texto com os tradicionais votos de próspero Ano Novo, a revista publicou esta caricatura do Borjalo, com jornalistas e diretores devidamente identificados. Mal comparando, é mais ou menos o que se vê hoje na seção Por Dentro do Globo (no canto esquerdo inferior da página 2 do jornal carioca), que retrata cenas e personagens de redação. Estavam lá, no traço de Borjalo, Adolpho Bloch, Otto Lara Resende, Ibrahim Sued, Oscar Bloch, José Guilherme Mendes, Nelson Sampaio, Henry Moeller, Salvyano Cavalcante de Paiva, Arnaldo Bloch, Dirceu Nascimento, Darwin Brandão e Wilson Passos. Veja as reproduções.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Polêmica na rede

Segundo a coluna Zapping, da Folha, a Globo distribuiu um comunicado interno restringindo o uso de mídias sociais como orkut, blogs, twitter. E proibiu que colaboradores da empresa comentem temas ligados à emissora. Para ter perfis na rede, os artistas deverão pedir permissão. Ainda se a norma se referisse a atitudes dentro da empresa, uso de equipamentos etc, vá lá. Pedir cautela ou cuidados redobrados ao comentar seja na rede ou com a vizinha assuntos internos de uma empresa, ok, é comportamento que o bom senso impõe aos profissionais. Se a proibição absoluta se efetivar, há exagero aí. É como se a Santa Marta Fabril, no começo do século passado, proibisse que os seus funcionários escrevessem... cartas. A literatura teria perdido páginas memoráveis se, por exemplo, a Câmara Municipal de Palmeira dos Indios baixasse um decreto proibindo que o seu prefeito escrevesse cartas sobre a sua rotina administrativa. As missivas de Graciliano Ramos estariam, então, até hoje, mofando nas gavetas da burocracia.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Deu no Jornalistas&Cia



A edição 709 do Jornalistas&Cia fala deste blog. Leia no link: Vitor Sznejder e paniscumovum

Hardware que resiste nas redações


Um desafio para o Vale do Silício: redações informatizadas, computadores de última geração, HDs, câmeras digitais etc etc, mas o chamado "pau do jornal", com todo o respeito, sobrevive bravamente tal como foi bolado há decadas: jornais do dia montados em um cavalete com hastes duplas presas por parafusos-borboleta. Simples, meio trambolho que atravanca corredores, mas cadê o substituto?

A vitória da informação

Está hoje nos sites de todo o mundo: a Internet é a vitória da informação, da liberdade de imprensa e de opinião.  É um novo palco para o discurso político; nela, a vitória é representada pela qualidade, e não pelo tipo, porte ou antiguidade da mídia. Ao contrário do que supõem alguns catastrofistas, ela não destrói nem ultrapassa os veículos já existentes: ao contrário, a Internet melhora o jornalismo.  Ela o libera para buscar novas idéias e formatos - num processo de constante mudança não apenas no que diz respeito às tecnologias da comunicação, mas também e principalmente de novas maneiras de pensar e formatar os relacionamentos sociais. Essa é a essência do Manifesto Internet,  dezessete conceitos publicados por um grupo de quinze blogueiros e jornalistas alemães,  num documento que o colega Julio Hungria postou no www.bluebus.com.br  de hoje.  Está acessível em diversas línguas, inclusive no castiço português de nossos irmãos d'além mar, em http://manifesto-internet.org/. Sua leitura é saborosa e reconfortante, a nós, profissionais desse ofício; e incômoda,  porém instrutiva,  aos parlamentares e outros "legisladores" que ainda não entenderam o fenômeno da Web e pretendem regulá-la como se fosse possível revogar a lei da gravidade.  Aos donos dos meios de comunicação tradicionais que vêm deitando falação sobre o jornalismo na Internet, os coleguinhas alemães recomendam "adaptar seus métodos de trabalho à realidade tecnológica atual, em vez de a ignorarem e desafiarem.  É o seu dever desenvolverem a melhor forma possível de jornalismo, com base na tecnologia disponível.  Isso inclui novos produtos e métodos jornalísticos."

Vitor Sznejder

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Acervo Manchete vai a leilão no dia 22 de setembro

ROBERTO MUGGIATI escreve:
Durante os anos 1950, as fotos da revista Manchete eram predominantemente em preto-e-branco, com exceção das capas, sempre em cor, a não ser quando enfocavam um acontecimento da atualidade cuja cobertura fora feita em p&b. Fatos que emocionaram o país nesta década foram registrados exemplarmente pelas câmaras de Manchete: o funerais de Francisco Alves, o Rei da Voz (1952), Getúlio Vargas (1954), Carmen Miranda (1955). Outros fatos que não escaparam ao olho arguto dos fotógrafos da Manchete: o atentado contra Carlos Lacerda na Rua Toneleiros, Rio, estopim da crise que levaria ao suicídio de Vargas; o incêndio da boate Vogue (1955), com fotos dramáticas de pessoas se atirando do prédio para não morrerem queimadas; as rebeliões fracassadas contra o governo JK: antes da posse, a bordo do navio Almirante Tamandaré (1955) e o levante de Jacareacanga, uma base na floresta amazônica, que estourou no sábado de Carnaval de 1956 e não durou muito. Outros fatos sociais, políticos, culturais e esportivos foram documentados com arte e presteza pela equipe fotográfica de Manchete: o nascimento de três mitos da beleza brasileira, três segundos lugares no concurso de Miss Universo que marcaram a vitória moral da baiana Martha Rocha (1954), da amazonense Terezinha Morango (1957) e da carioca Adalgisa Colombo (1958); a conquista da primeira Copa do Mundo da seleção brasileira em campos da Suécia (1958); o surgimento de dois movimentos que se tornariam sucesso até mesmo fora do país: a bossa nova e o cinema novo. Não só Manchete acompanhava estas "ondas" culturais, como criou uma linguagem nova e instigante ao retratar suas principais estrelas, como João e Astrud Gilberto, Nara Leão, a dupla imortal Tom e Vinicius, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, este repórter da Manchete quando compôs O Barquinho. Um dos grandes temas nacionais em que a revista de Adolpho Bloch investiu desde o início foi a construção de Brasília: fotos excepcionais dos protagonistas da mudança da capital (JK, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e o engenheiro Bernardo Sayão, que morreria acidentalmente durante as obras) figuram lado a lado com imagens históricas das grandes estruturas que vão se erguendo na vastidão do Planalto Central pelas mãos dos "candangos", os heróis anônimos da epopéia brasiliense.
A partir dos anos 1960, Manchete aderiu à nova tecnologia da fotografia em cores — com as câmaras de 35mm ocupando o espaço das pesadas Rolleiflex de formato quadrado — modernizou seu parque gráfico para permitir a impressão de revistas totalmente em quatro cores. Foi a partir dessa década que a Bloch ampliou o seu leque de revistas, com os lançamentos de Fatos e Fotos (uma versão mais "jornal" da Manchete, inicialmente só em p&b;) Enciclopédia Bloch, depois Geográfica Universal; a masculina EleEla, a feminina Desfile (em substituição à antiga Jóia), a semanal de TV e fofocas Amiga, além de uma série de publicações especializadas e fascículos.
Cada novo veículo da Bloch inaugurou um novo estilo de fotografia, sendo que as mensais como Desfile, Ele Ela e Pais e Filhos se exprimiram principalmente a partir de fotos de estúdio invejadas por publicações do mundo inteiro. Mas, até encerrar suas atividades em 1º de agosto de 2000, Manchete manteve o alto padrão de qualidade e de criatividade, constituindo-se numa espécie de janela para o Brasil e o mundo. Enumeramos brevemente a seguir alguns dos feitos de cobertura da revista ao longo das cinco décadas em que atuou:
Carnaval carioca — As edições de cobertura do carnaval do Rio de Janeiro primaram por sua velocidade aliada à qualidade. Poucas horas depois de encerrada a maior festa popular do mundo, Manchete chegava às bancas e esgotava em poucas horas.• Festivais de música — Os festivais de música, no Rio e em São Paulo, a partir de 1967, revelaram novos talentos que se tornaram os grandes ídolos da MPB e sustentam essa posição até hoje: Caetano, Gil, Mutantes, Milton Nascimento, Chico Buarque são apenas alguns nomes desta plêiade. E Manchete fixou em imagens os melhores momentos desta aventura musical.
• "Furos" políticos — As melhores fotos de JK, em público e na intimidade; a última foto de Jânio Quadros antes de renunciar à Presidência em 1961; fotos de Fidel Castro e Che Guevara nos tempos turbulentos que se seguiram à revolução em Cuba, inclusive fotos destes líderes no Brasil; a última foto do Presidente Costa e Silva (1968), fotos exclusivas do Presidente João Baptista Figueiredo de sunga em Brasília; a última foto do Presidente Tancredo Neves (1985), o impeachment de Collor — os grandes instantes da nossa vida política foram registrados para sempre pelas Câmaras de Manchete.
Vocação esportiva • Nos seus 48 anos de vida, Manchete cobriu 12 Copas do Mundo de Futebol (incluindo o Tetra, 58-62-70-94) e 12 Olimpíadas Mundiais, algumas das quais marcaram o surgimento de estrelas como Ademar Ferreira da Silva, João do Pulo, Eder Jofre, os meninos e as meninas do vôlei; no tênis, documentou os triunfos de Maria Ester Bueno e Gustavo Kürten; nas pistas, investiu desde cedo na Fórmula-1, colocando nas bancas uma edição especial áudio-visual sobre o primeiro título de Emerson Fittipaldi em 1972; as carreiras irresistíveis e Nelson Piquet e Ayrton Senna e várias edições especiais sobre o trágico fim do nosso maior piloto em 1994, no circuito de Imola.
Ciência espetacular — Os grandes saltos da ciência e da tecnologia viraram Manchete assim que aconteceram: a corrida espacial, o homem na Lua, os transplantes cardíacos, o bebê de proveta (a revista chegou até, em exclusividade internacional, a documentar os primeiros anos de Louise Joy Brown, a menina inglesa que foi a primeira criança reproduzida in vitro.)
Celebridades — Os fotógrafos de Manchete não só saíram em campo para fotografar as personalidades marcantes da metade mais vibrante do século (a segunda), como a revista, em diversas épocas e em diversos de seus prédios, recebeu e clicou figuras como Sartre e Simone de Beauvoir (comeram uma feijoada na gráfica de Parada de Lucas); Dizzy Gillespie, o mago do trompete do jazz, dançou samba na antiga redação de Frei Caneca; depois, a festa se mudou para o palácio de vidro da rua do Russell, desenhado por Oscar Niemeyer: Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na ua, dois meses depois pisava o restaurante do 3º andar; Jack Nicholson, Roman Polanski e Liza Minnelli foram fotografados no Teatro Adolpho Bloch; músicos de fama internacional como o violoncelista Mstislav Rostropovich também passaram pelo Russell, onde o amigo da casa e diletante do bel canto, Mário Henrique Simonsen, fez um dueto com o tenor Plácido Domingo, e o pai dos transplantes, o dr. Christiaan Barnard, tocou no piano do décimo andar. "Panteras" de classes tão distintas como a Rainha da Indonésia, Dewi Sukarno, e a deputada pornô Cicciolina fizeram poses eróticas engatinhando sobre a grande mesa de jantar. A feminista Betty Friedan, no auge da polêmica, debateu com a redação e discutiu a figura da iídiche Mame com o próprio Adolpho Bloch. Katherine Graham, a dona do Washington Post, o jornal que levantou o escândalo de Watergate e derrubou o Presidente Nixon, tomou chá com Adolpho. Tempos depois, Polanski voltou com a nova mulher, a ninfeta Emmanuelle Seigner, para tomar um chá, mas preferiu tomar vodca polonesa e conversar em russo com Adolpho. O grande bailarino Mikhail Barishnikov e o maestro Zubin Mehta hospedaram-se no belo palacete da Manchete em São Paulo, onde Juscelino Kubitschek dormiu a sua última noite. A modelo-ícone da swinging London, Jean Shrimpton, os Rolling Stones (em sua primeira visita ao Brasil) e o diretor de ópera e cinema Franco Zeffirelli, foram devidamente clicados circulando pelo Rio a bordo de caminhonetes de reportagem da Manchete. A estrela de Crepúsculos dos deuses, Gloria Swanson, o cineasta William Wyler, o coreógrafo Bob Fosse, o colunista Art Buchwald, os escritores E.L. Doctorow, Doris Lessing, Sidney Sheldon, o dr. Albert Sabin, o pai da aeróbica Kenneth Cooper — enfim, não há memória e não há espaço para citar os ricos e famosos que foram recebidos e fotografados por Manchete.
Edições especiais — Além das inúmeras edições especiais sobre temas brasileiros ou destinadas a divulgar o país no exterior (em inglês, francês e até mesmo em russo), Manchete publicou vários números extras alusivos a acontecimentos das atualidade, comemorativos de datas históricas ou conquistas esportivas e como homenagem póstuma a grandes figuras que desapareceram do cenário brasileiro. As edições da cobertura da primeira visita do Papa ao Brasil, em 1980, obtiveram recordes de tiragens.
Mestres da objetiva — Nos tempos de ouro, a equipe de fotógrafos de Manchete ultrapassava a centena, espalhada entre o eixo Rio-São Paulo, as sucursais nacionais e internacionais e free-lancers pelo mundo inteiro, sem mencionar os serviços das principais agências fotográficas. Alguns destes fotógrafos inscreveram seu nome como mestres da sua arte, ao lado dos grandes nomes como Cartier-Bresson, Robert Capa, Richard Avedon e outros. Alécio de Andrade, por exemplo, foi convidado para trabalhar na agência Magnum, fundada pelo mestre Bresson, e que funcionava como espécie de cooperativa de gênios da objetiva. Outros criaram um estilo pessoal, publicaram livros, realizaram exposições, firmando a marca de excelência da Manchete. Outros ainda, pela qualidade do seu trabalho, foram escolhidos para se tornar o fotógrafo oficial da Presidência da República, glória máxima a que pode almejar um fotógrafo profissional. Roberto Stuckert, foi o fotógrafo oficial do Presidente João Baptista Figueiredo;U. Dettmar foi o fotógrafo exclusivo do Presidente Fernando Collor de Mello. Mais curiosa é a história do baiano Gervásio Baptista. Em 1954, ele clicou a foto de capa que mostrava Tancredo Neves chorando sobre o caixão de Getúlio Vargas durante o enterro do Presidente em São Borja. A foto valeu prestígio eterno para Tancredo que, eleito pelo Congresso para presidir o Brasil em 1985, chamou imediatamente Gervásio para ser o seu fotógrafo oficial. Com a doença de Tancredo, na véspera do dia da posse, José Sarney assumiu a Presidência e confirmou Gervásio no posto. O baiano que havia adotado o Rio como sua cidade do coração, foi cativado por Brasília e continua lá, na ativa, passados 23 anos.

Fotos exclusivas: por falar em Manchete...























E por falar em saudade... esta postagem é dedicada aos fotógrafos, grandes profissionais de várias gerações que passaram pela Manchete e produziram os milhões de negativos e cromos que compõem o fabuloso Arquivo Fotográfico da Bloch Editores a ser leiloado no dia 22 de setembro. O produto do leilão será destinado às indenizações trabalhistas de 3 mil ex-funcionários da extinta editora que lutam há nove anos para receber o que lhes é devido. Entre estes profissionais, há muitos fotógrafos que certamente identificarão as imagens deste post. São do prédio do Russell, mais precisamente do térreo, nos fundos, onde ficava o Departamento Fotográfico da Bloch. Até o ano passado, quando foram feitas estas fotos (que foram encaminhadas por um colaborador do paniscumovum) , o Departamento, o Laboratório e o Estúdio estavam assim... como se tivessem sido abandonados às pressas. E, de fato, foi isso mesmo. Quando em agosto de 2000, foi decretada a falência da empresa, oficiais de justiça chegaram à Bloch com ordens de lacrar o prédio imediatamente. Os funcionários mal tiveram tempo para recolher seus objetos pessoais e deixaram o local como se escapassem de um navio à deriva, como revela o livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata). Há bolsas de fotógrafos largadas, ordens de serviço e de "cargas" de filmes, armários com pastas de dente, desodorante, uma dessas garrafas de bebida, de bolso, certamente para as noites frias e tensas naquelas últimas semanas nos porões do Russell... De cima para baixo: o estúdio, o fundo infinito do estúdio onde grandes estrelas posaram para as capas da Manchete, Desfile, EleEla, Amiga, Fatos&Fotos, Carinho, Mulher de Hoje e outras publicações, caixas de filmes que não chegaram a ser utilizados, adesivos dos crachás colados nos armários dos fotógrafos, equipamentos do laboratório de revelação e mesas da chefia do setor e dos demais fotógrafos. Era uma vez a Manchete...

Rolleiflex: a digital e a original


Por falar em fotos da Manchete, aí vão uma curiosidade e uma valiosa relíquia: a famosa Rolleiflex com o selo da revista foi operada por fotógrafos consagrados como Gervásio Batista, Gil Pinheiro, Nicolau Drei e muitos outros craques. Esta câmera pertencia ao acervo do Departamento Fotográfico da Bloch, foi arrematada pelos locatários do Russell e vendida em "bazar" montado no ano passado no térreo do prédio. A outra máquina é semelhante apenas na aparência. Trata-se de um réplica do modelo clássico, em versão digital, de cinco megas, lançada recentemente e vendida nos Estados Unidos por 449 dólares.