domingo, 27 de fevereiro de 2022

MEMÓRIAS DA REPORTAGEM: Meu primeiro Carnaval na Manchete • Por Roberto Muggiati

O cantor Blacaute no Baile das Bonecas, 1966, no Automóvel Club. Foto Manchete

Comecei na Manchete como repórter especial em novembro de 1965. A categoria “especial” era porque falava inglês, francês, italiano e arranhava um portunhol, sem mencionar que tinha estudado alemão e japonês (!). Na verdade, eu não devia estar no Rio naquele momento. Nem nunca mais. Seria hoje um aposentado do Brexit, comendo um sanduíche num banco de jardim londrino enquanto lia o Sunday Times. Acontece que, como se dizia na época, “juntei os trapos” com uma brasileira que conheci em Paris. Faltavam três meses para encerrar meu contrato de três anos com o Serviço Brasileiro da BBC e eu havia assinado uma prorrogação de dois anos. Aí a Lina começou a mandar na minha vida – e eu deixei – “Nada disso, você vai voltar pro Brasil e fazer o Itamaraty”, acho que ela sonhava em ser Embaixatriz.

Fiz feio com a BBC, voltando atrás na prorrogação do contrato, voltei para o Brasil, fui reprovado no Itamaraty – fazer a carrière como lacaio da ditadura militar? – e voltei a cair nos braços do jornalismo, que me recebeu de braços abertos para o resto da vida. A esta altura eu já tinha onze anos de carreira: oito anos na redação da Gazeta do Povo de Curitiba, dois anos no Centre de Formation des Journalistes de Paris e três anos na British Broadcasting Corporation de Londres. Mas isso não me impedia de sentir meio “foca” naquele cenário soturno de Frei Caneca.

E então veio o Carnaval e me vi despojado do “especial” para cair na vala comum da cobertura da folia. Se bem que a Manchete investisse em sofisticação, os repórteres cobriam os bailes de smoking, alugados das melhores lojas. Lembro de ter ido ao apartamento que os primos Lucas Mendes e Ricardo Gontijo, colegas de reportagem, dividiam na Henrique Dumont, em Ipanema. Todos devidamente enfarpelados de smoking e black tie, calibramos com algumas doses de Scotch puro. Mas eu tinha um problema que eles não tinham, minha mulher era uma feminista. Feminista radical num país machista, numa cidade machista, numa revista machista. Aonde eu ia, tinha de ir junto. Inclusive à cobertura de Carnaval da Manchete.

Lina era uma contradição ambulante. De ascendência aristocrática por parte de mãe – os Castro Neves da Bahia – foi casada com um dos maiores doleiros do Rio, o judeu Daniel Tolipan, formaram o Casal 20 da esquerda festiva nos anos pré-golpe, recebia à larga com cristais, prataria e porcelana, tinha até um mordomo, o Emílio – um agregado da família Epitácio Pessoa – que eu acabaria herdando quando melhorei de vida. E tinha o feminismo, da linha Simone de Beauvoir.

Meu primeiro compromisso do Carnaval era cobrir, no sábado, o Baile das Bonecas, no Automóvel Clube, no Passeio Público, uma farra colorida capitaneada por Blecaute, com seu infalível uniforme de General da Banda. A cultura gay estava em alta, nos anos 1950 havia o Baile dos Enxutos, agora, além das Bonecas, havia o desfile de travestis no Paulistinha, viriam então o Baile das Panteras, o Gala Gay do Scala, Uma Noite em Bagdá no Monte Líbano e outros subsidiários. O Baile das Bonecas foi minha prova de fogo, deixo para o final.

Os outros compromissos foram feijão com arroz, incluindo um baile infantil vespertino no Teatro Municipal. No desfile das escolas de samba, coube-me cobrir a Vila Isabel, tive um encontro prévio na redação com Martinho da Vila, figura simpaticíssima, acompanho até hoje seus merecidos sucessos. A Vila, que voltava ao primeiro grupo depois de oito anos nos grupos inferiores, até que seu saiu bem, com um quarto lugar, desfilando “Três Épocas do Brasil”. Mas a Portela arrasou com “Memórias de um Sargento de Milícias” (samba-enredo de Paulinho da Viola), que foi campeã, um ponto à frente da Mangueira, que homenageou Villa-Lobos, morto em 1959. Em terceiro, o Império Serrano exaltou a Bahia. 

Voltando ao dilema do Baile das Bonecas. Se eu ia de smoking, Lina se pôs a matutar: “Com que roupa eu vou?” De repente, teve uma ideia brilhante. Nos seus tempos de dondoca, vestia-se exclusivamente com criações de um jovem amigo, promessa da alta costura brasileira. “Vamos à casa do Gui-Gui”. Guilherme Guimarães morava num apartamento antigo em Copacabana com os avós. Pediu que Lina ficasse só de calça e sutiã. Puxou de um armário uns dois metros de tecido, uma estamparia floral multicolorida que despontava nos swinging sixties. Com movimentos rápidos e ágeis, começou a embrulhar Lina como acho que faziam nas múmias no tempo dos faraós. Pronto. Resolvido. E lá fui eu de smoking para o baile do Automóvel Clube acompanhado de uma... boneca.

MEMÓRIAS DA REDAÇÃO: Uma temporada no Inferno • Por Roberto Muggiati

Incêndio no Andraus
Há 50 anos, em 25 de fevereiro de 1972, uma sexta-feira, enquanto o edifício Andraus pegava fogo em São Paulo, o tempo esquentava na Manchete, no Rio. Não mais que de repente, por motivo fútil, o chefe de redação Maurício Gomes Leite e o redator Sebastião Uchoa Leite saíram aos tapas, foi preciso a turma do “deixa disso” para separá-los. 

Mineiro de Montes Claros, Maurício – nós o chamávamos Gomes Leiaute – era crítico de cinema e fez um longa metragem em 1968 chamado A vida provisória. Na fase light da ditadura militar (1964-68), era fácil conseguir verba para fazer filmes, graças à CAIC (Comissão  de Auxílio à Industria Cinematográfica), surgida no estado da Guanabara. O cineasta Paulo César Saraceni, que rodou nada menos do que um documentário e três longas de ficção nessa fase, dizia: “A CAIC foi de longe, a melhor ajuda governamental que o cinema brasileiro teve em toda a sua trajetória”. No filme do Maurício teve um lance típico: uma cena íntima de Dina Sfat nua numa praia, em semi-close, que podia ser tranquilamente filmada numa caixa de areia no estúdio, foi rodada com uma grande equipe em Dubrovnik, na Riviera Dálmata.

Maurício Gomes Leite

Maurício não tinha muito saco para o jornalismo. No final dos anos 1970, visitei-o em Paris, morava num pequeno apartamento perto da Gare de Montparnasse, acabara de casar com uma filha do diplomata Azeredo da Silveira, o bebê recém-nascido interrompeu algumas vezes nossa conversa. Trabalhava como tradutor na Unesco. Soube que morreu sozinho, ainda no exílio parisiense, sem mulher, sem amigos, em 1993, aos 57 anos.

Pernambucano de Timbaúba, Sebastião Uchoa Leite também não tinha saco para o jornalismo. Depois da Manchete, passaria um longo tempo em enciclopédias com Otto Maria Carpeaux e Antônio Houaiss, num trabalho de redação mais ameno e prazeroso que o ajudava a financiar seus livros de poesia, quase uma dezena.

Sebastião Uchoa Leite
Bom poeta, era também bom ensaísta e tradutor (nessa categoria ganhou dois Jabutis). Um de seus favoritos era o poeta francês da Idade Média François Villon, boêmio, beberrão e ladrão, o que explica seu lado meio transgressor. Meu poema preferido do Sebastião é o autoepitáfio publicado em “Obras em Dobras”: “aqui jaz/ para o seu deleite/ sebastião/ uchoa/ leite”. O poeta morreu no Rio em 2003, aos 68 anos. Ignoro se o epitáfio foi gravado em sua lápide, ignoro até se chegou a ter lápide.

Em 1º de fevereiro de 1974, numa manhã morna do mês do Carnaval, chego cedo à redação e um telefonema do fotógrafo Mituo Shiguihara, da sucursal de São Paulo, me tira do meu torpor. Um incêndio fulminante tomara conta do Edifício Joelma, no centro da cidade. Em número de mortes, seria o segundo maior incêndio do mundo, só superado pelo das Torres Gêmeas em Nova York. Cito detalhes diretamente da Wikipedia, que foi bastante precisa:

Tragédia do Joelma
na capa da Manchete
“Concluída sua construção, em 1972, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974 a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro, às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu, sobremaneira, para o alastramento incontrolável das chamas. 

Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar. 

Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15º andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua.”

Na redação do Russell, acompanhávamos pela TV as imagens chocantes do incêndio. Era uma triste maneira de vender revista, mas nada podíamos fazer, que ficasse a lição para evitar tragédias futuras. Realmente, depois do Joelma, normas muito mais rígidas de segurança foram criadas e implantadas nos prédios do Brasil inteiro.

O incêndio do Joelma inspirou o filme-catástrofe “The Towering Inferno/Inferno na Torre”, lançado em dezembro de 1974 e uma das maiores bilheterias da época. Artistas da Teoria do Complô não deixaram de anotar algumas “maldições” que atingiram o superelenco:

• Foi o último filme de Jennifer Jones e de Fred Astaire (que, curiosamente, deveu a “Inferno” sua única indicação ao Oscar em toda sua brilhante carreira).

• Herói do filme, o chefe dos bombeiros, Steve McQueen, morreria de câncer seis anos depois. William Holden, morreria sete anos depois de traumatismo craniano ao cair em casa alcoolizado.

• Seis anos depois Robert Wagner seria suspeito da morte da mulher, Natalie Wood, que se afogou ao cair de um iate. Vinte anos depois, o astro do futebol americano O.J. Simpson seria acusado e condenado pelo assassinato da mulher.

Um legado sinistro da tragédia de São Paulo: ignorantes da origem do nome, que era o nome da construtora do prédio, muitos pais batizaram suas filhas como Joelma. Você deve conhecer ou ter ouvido falar de pelo menos uma, são muitas Joelmas circulando hoje pelo Brasil. Já o edifício, compreensivelmente, mudou de nome: hoje se chama Praça da Bandeira.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Na Guerra da Ucrânia fake news pode ser a arma de destruição em massa do jornalismo?

por José Esmeraldo Gonçalves 

A atual guerra na Ucrânia leva a mídia responsável a um grande desafio: como evitar divulgar fake news de ambos os lados. 

Talvez seja este o primeiro grande conflito com a mentira cavando trincheiras nas redes sociais e, por dependência, o que é lamentável, na mídia convencional.  Checagens têm mostrado uso de fotos e vídeos antigos para simular bombardeios e explosões que uma simples pesquisa de imagens revela que não ocorreram na Ucrânia e muito menos são atuais. 

O game exibido pela Jovem Pan e Record como se fosse cena da guerra.

A Jovem Pan News colocou no ar como reais cenas de um game de guerra; a Globo News, sem correspondentes no front (até ontem a Globo tinha um repórter apenas na fronteira com a Polônia), mostra no ar uma jornalista com a missão de vasculhar as redes sociais em busca de cenas de guerra. Corre um grande risco. Muita coisa pode ser publicada sem identificação, sem apuração própria. 

Desvario

Um correspondente da Globo News em Nova York se descontrolou no ar e ofendeu um comentarista convidado. O motivo do chilique: discordar da opinião do historiador, que considerou "putinista" e fazer prevalecer sua posição "baidenzeira". 

Um caso emblemático é o do tanque que passou por cima de um carro civil. A mídia ocidental publicou como se fosse um tanque russo que intencionalmente atropelou o veículo. Até agências de checagem brasileiras endossaram essa versão ontem. Hoje reconsideram e admitem que não há como atestar o fato. Realmente, o vídeo mostra que um tanque solitário ( é estranho que os russos usem um tanque solitário em um ataque maciço) atinge um carro. A cena é verdadeira, segundo as várias fontes. A partir daí não há como assegurar nada sobre o quem-é-quem. Um jornalista local identificou o blindado como sendo ucraniano. O veículo teria derrapado em óleo e se desgovernado. O G1 publicou que o tanque era um Armata russo, o que claramnte pode ser desmentido em uma simples comparação de imagens no Google.  Muitas versões e nenhuma checagem confiável, embora a mídia tenha "comprado" a versão inicial sem a menor condição de saber onde estava a verdade do fato.

A foto de capa sem informação e...

...o detalhe omitido estava no site da agência.

A CNN Internacional, apesar de estadunidense, tem repórteres no front e, mesmo comprometida com um dos lados, carrega um pouco mais de credibilidade do que a midia que navega em sites e usa à distância material não checado. As agências ocidentais AP e Reuters, com equipes na Ucrânia, também são comprometidas com o Ocidente, mas têm alguma imagem jornalística a zelar e procuram evitar a "terra de ninguém" dos "fatos" capturados na internet, como tem feito a mídia conservadora brasileira. 

O Globo (reprodução acima) publicou ontem na primeira página uma foto dramática da Reuters, sem legenda. O site da agência tinha mais informações da imagem a que o jornal teve acesso. O Globo optou por fazer uma legenda genérica, talvez porque o soldado morto na foto era russo, segundo o texto da Reuters citando militares ucranianos. Provavelmente, um russo morto abaixo do título que falava de ofensiva russa diminuiria o impacto: melhor deixar o leitor pensar que o morto era um ucraniano assassinado pelos russos, algo assim ou foi apenas desleixo?  A mídia em peso "comprou" a versão sobre guarnição ucraniana de uma pequena ilha que não quis se render e  mandou russos se f****** antes de "serem mortos". A guarnição está vivíssima, a própria Ucrânia admite  

Ucrânia é bem armada

Outra imprecisão é colocar os ucranianos como presas fáceis. É uma injustiça com os combatentes do país. A Ucrânia tem armas convencionais sofisticadas fornecidas pelos Estados Unidos, está recebendo equipamentos e munição dos países da OTAN e  enfrenta bravamente os russos. Não há notícia de que esteja reforçada por soldados não identificados vindos de países vizinhos, mas essa é uma possibilidade não descartada. Defender o lugar aonde mora é uma extrema motivação para soldados. A Ucrânia tem esse incentivo em campo. A Rússia registra baixas. segundo as agências, e muito mais terá se o conflito se prolongar. A Rússia é a segunda potência militar do mundo, tem armas nucleares, mas esse poderio todo não foi levado para a Ucrânia, obviamente. 

Carteirinha da OTAN

Analistas dizem que os Estados Unidos e a OTAN não entrarão com tropas na guerra. Enviarão armas e não homens porque a Ucrânia não faz parte da OTAN. Bobagem. O Afeganistão também não fazia parte da OTAN, que foi lá com franceses, italianos, alemães, ingleses, canadenses etc, tentar defender o governo local contra os talibãs. Não conseguiu, mas essa é outra história. Se a OTAN e os Estados Unidos, que amargam essa derrota, avaliarem que terão que entrar na guerra entrarão mesmo que a Ucrânia não tenha carteirinha da OTAN. Fora isso, a escalada do conflito só será pausada se Ucrânia e Rússia sentarem à mesa de negociação, o que por enquanto parece difícil. 

Jogo econômico e eleitoral

Em resumo, Estados Unidos, OTAN, Ucrânia e Rússia ultrapassaram a linha vermelha. A cada dia fica mais difícil voltar. Há interesses do complexo econômico industrial-militar (cada tiro vale muitos dólares), da política, do campo eleitoral (Donald Trump é um observador da decisões de Joe Biden, que já mostrou na retirada do Afeganistão que não é do ramo); Boris Johnson, em fase de fritura, tem no conflito sua tábua de salvação; Macron tem eleição à vista; Putin tem uma oposição interna crescente a enfrentar e levar o país à guerra não deve ajudá-lo junto à população, principalmente quando os sacos pretos das vítimas começaream a voltar; o presidente-comediante Zelensky, da Ucrânia, tem mais dois anos de mandato, mas precisa de ajuda econômica e militar. O país passa por fuga de capitais, desvalorização da moeda, tem bolsões de extrema pobreza e depende dos euros que a União Europeia e os Estados Unidos mandam para Kiev como forma de manter o aliado estratégico às portas da Rússia.

Jornalismo de botas

Por tudo isso, a guerra da Ucrânia é um enorme desafio para o jornalismo ético. Os estilhaços de mísseis e  bombas do front estão atingindo veículos em todo o mundo. Em geral, a mídia ocidental se alistou, assim como a mídia governamental russa já está naturalmente engajada. Biden foi inábil e provocador - parecia querer a guerra, conseguiu - Putin deu um passo que aparenta desespero, de tão ousado. O comediante Zelinski é só isso, um humorista eleito na onda da antipolítica. Faz o seu papel que aqui no Brasil sabemos bem o que significa. 

Deu nisso. 

A República da Urucubaca

por O.V. Pochê

Considerações políticas ou ideológicas à parte, Bolsonaro é um tremendo azarado. Urucubaca é com ele. Espera-se que os brasileiros, mesmo aqueles que não encontrem outros motivos para rejeitá-lo, não votem nessa desgraçeira que come todo dia o pão com Leite Moça que o diabo amassou. Outro dia o individou disse que Deus colocou na presidência. O desventurado é ele mesmo um pobre diabo. É um capiroto infeliz que transpira fracasso. Já estava no brejo muito antes da vaca se atolar. Atrai mais infortúnio do que para-raio do Empire State. É o maligno que o capiroto botou no poder. Deus mandou dizer que não tem nada a ver com isso e está fora dessa.

Duvida? Veja as desgraças que abalaram o Brasil e o mundo, com efeitos também aqui no Bananão (apud Ivan Lessa), desde que o inditoso foi eleito.

* Brumadinho

* Recordes de incêndios no Pantanal

* Queimadas na Amazônia

* Covid, crise do oxigênio no Amazonas, Brasil entre os recordias de mortes no mundo.

* Seca no Sul do Brasil

* Invasão do Capitólio, em Washington, em um ataque iné3dito à democracia nos Estados Unidos

* Tragédia do Capitólio no lago de Frunas em Monas Gerais

* Enchentes com desabamentos e mortos em Petrópolis (RJ), São Paulo, Minas Gerais  e Bahia

* Derramamento de óleo nas praias do Nordeste. 

* Valorização do dólar e consequente queda do real

* Desastres climáticos incomuns em vários países

* A volta da inflação

* Disparada do preço do barril de petróleo, da gasolina, do diesel e do gás

* Estiagem que afetou geração de energia elétrica.

* Talibãs retomam o poder no Afeganistão

* Guerra na Ucrânia

Antes fosse Vladimir Lênin..

Uma nova invasão dos bárbaros?
por José Bálsamo 

A Rússia deu ao mundo a beleza e criatividade de escritores como Dostoievski, Tolstoi, Tchecov, Puschkin e Gogol, entre outros; compositores como Tchaikovsky, Rimsky-Korsakoff, Rachmaninoff, Prokofiev e Stravinsky; cineastas como Sergei Eisenstein, Dziga Vertov, Sokurov. Tarkovsky; o Balé Russo de Diaguilev com Nijinski, o Balé Bolshoi, Ana Pavlova, Rudolf Nureiev, Mikhail Baryshnikov.

Já em matéria de políticos, a Rússia é uma execração: quase só deu tiranos sanguinários, como Ivã, o Terrível, Catarina, a Grande, a maioria dos czares e os ditadores comunistas como Stálin e Brejnev. Houve poucas exceções: Vladimir Lênin, que morreu cedo; Leon Trotsky, que mataram cedo; e Mikhail Gorbachev, que teve a coragem de decretar a falência da URSS. O povo russo parece que gosta de sofrer e vem aturando passivamente há séculos ditadores autoritários.

Vamos ver no que dá este imbróglio internacional provocado agora pelo presidente russo. Como se não bastasse a pandemia, surge um Putin para complicar a vida de todo mundo...


A nova Era do Descobrimento - Treinadores portuguêses desembarcam no futebol brasileiro

por Niko Bolontrin 

Sabe a área para treinadores delimitada à margem dos cmapos de futebol? No Brasil virou território português. É um risco (perdão pelo trocadilho). E se, no futuro, um governante português aloprado reivindicar aqueles metros quadrados como possesão lusitana? Força-tarefa formada por técnicos e seus staff - todos eles trazam preparadores físicos e outros  auxiliares - intensificaram o desembarque no Brasil desde que o Flamengo trouxe Jorge Jesus. Não vieram de caravelas, nem celebraram a Segunda  Missa, mas dominaram a aldeia. 

No momento, pontificam Abel Ferreira (Palmeiras), Vítor Pereira (Corinthians), Paulo Sousa (Flamengo) e, em outras capitanias, Paulo Morgado (Nacional-AM) e Luís Miguel Gouveia (Caiçara-PI),  

Nem sempre os treinadores portugusesses resistem aos passaralhos que rondam o cargo. No Brasil, se um técnico perde três ou quatro jogos seguidos vira morto-vivo e logo é fritado e demitido. Aconteceu com Ricardo Sá Pinto (Vasco da Gama), António Oliveira (Athlético Paranaense), Paulo Bento (Cruzeiro) e outros. 

O futebol portuguûes formou uma escola de treinadores. A grande estrela é José Mourinho, hoje no Roma. São profissionais que circulam por clubes europeus onde ganharam experiência, todos falam ingês.O idioma de Shakespeare é, aliás, muito utilizado para comunicação com os jogadores brasileiros. Vários deles rodados na Europa entendem melhor inglês do que o português de Portugal, pois, pois. E quem não atuou na Premier League mas trabalhou com o "tchicha" Joel Santana também se vira. "Papai Joel"poderia até elogiar os patrícios que estão moderrnizando o futebol brasileiria - "Tu teami prei veri gudi! From birráind, from de léfiti, de raiti..." -  diria, mas lamentaria pelos treinadores brasileiros desepregados. Ele, inclusive.  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Brasil já vai à guerra?

por O V Pochê
As redes sociais interpretaram que o general Mourão é a favor de uma resposta armada do Ocidente à invasão russa na Ucrânia.
 Só que a ofensiva dos internautas é de gozação a um suposto envio de tropas brasileiras ao front. Há muitas dúvidas. Levariam cloroquina para fazer os russos adoecerem? O general Heleno seria o atlético comandante supremo? Os militares exigiriam cargos bem remunerados em um governo de ocupação? Pediriam pensões vitalícias para país, mães, sobrinhos e cunhados? As tropas viajariam para a Ucrânia com passagens para classe executiva? Seria aberta licitação para compra de vinhos e queijos franceses, frutas da estacão, carne argentina, presunto espanhol, caviar, cogumelos italianos, bacalhau e trutas selecionadas? Se tudo isso for atendido, as gloriosas forças brasileiras ainda ganharão auxílio emergencial da Otan agradecida.  

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Vamos a la playa

R$900 mil para comer frango com farofa? Reprodução Twitter.

Pantanal da Globo, que estreia em março, e Pantanal da Manchete, de 1990, na máquina do tempo

Rede Globo lança o trailer do remake da novela Pantanal.

por Ed Sá

Estreia em março a novela Pantanal, da Globo. Foi também em um mês de março, em 1990, que a Rede Manchete lançou a versão original criada por Benedito Ruy Barbosa. Foi o maior sucesso da emissora de Adolpho Bloch. Um marco no gênero. Bateu a Globo sucessivamente no ibope. 

Há poucos anos, a revista Veja apontou Pantanal como a quarta melhor novela da história da televisão brasileira em um ranking liderado por Avenida Brasil e Vale Tudo, com Roque Santeiro em terceiro. 

O Brasil mudou muito entre essas duas edições de Pantanal. Em 1990, o pantanal matogrossense ainda era um ecossistema protegido. Se a Amazôniacomeçou a sofrer nos anos 1970 a ofensiva destruidora promovida pelos militares da ditadura, a extraordinária planície alagada do Centro Oeste - uma das maiores do mundo -, escapou na época à falta de visão e às manobras corruptas dos "gorilas". Hoje,. infelizmente, sucumbe ao agronegócio predador, às queimadas, ao desmaramento, e caminha para a destruição. 

O Brasil também não sai bem na foto. Em 1990, a "novela" exibida na Globo era a do governo que a rede dos Marinho ajudou a eleger: o desastre de Collor de Mello. A geração que viu Pantanal sabe o que isso significou. Hoje, 32 anos depois, a audiência do remake encara fora da ficção a vergonha, o vexame e a tragédia politica de ter um meliante como Bolsonaro na presidência. Elemento, aliás.  tembém eleito pela Globo que apoiou o "posto Ipiranga" Paulo Guedes como justificativa para aderir ao Bozo. Este, aliás, busca a reeleição e provavelmente - pelo menos em um eventual segundo turno que tenha Lula do outro lado -  poderá receber o apoio da Globo. São mais parecidos do que parece. Mas essa é outra novela. Por enquanto o que vai ao ar é o velho Brasil rebobinado pronto para sentar no sofá e ver a nova novela das nove na Globo.

Ontem foi lançado o trailer de Pantanal

Veja AQUI

O logotipo da novela Pantanal, da Rede Manchete, em 1990.

E aproveite e relembre a abertura de Pantanal de Rede Manchete

AQUI 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Há 80 anos: O suicídio de Stefan Zweig em Petrópolis • Por Roberto Muggiati

Stefan Zweig e Lotta

Eu tinha quatro anos quando ouvi falar da morte de Stefan Zweig em Petrópolis. Formei na minha cabecinha uma imagem fantasiosa, a do grande escritor deitado com o peito para o céu num imenso gramado que descia uma encosta cercada de hortênsias. Eram as flores favoritas da minha mãe, que as plantou no jardim de nossa casa em Curitiba, e Petrópolis era conhecida como a “Cidade das Hortênsias”.

Com o correr dos tempos, fui localizando melhor Zweig no tempo e no espaço. Escritor polivalente, ficcionista, memorialista, ensaísta e também autor de uma dezena de biografias exemplares, foi um dos raros intelectuais cultos da primeira metade do século 20 que se tornou um best-seller, antes mesmo da palavra existir. Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, uma das mais conhecidas é “Carta de uma desconhecida” (1948), dirigido por Max Ophüls, com Joan Fontaine e Louis Jourdain nos papeis principais. Humanista de origem judaica, Zweig fugiu da fúria nazista, primeiro para a Inglaterra, onde se naturalizou britânico, depois para os Estados Unidos, e finalmente para o Brasil, em Petrópolis. Apesar da simpatia do governo Vargas pelo nazifascismo, Zweig foi recebido calorosamente pela comunidade intelectual mais esclarecida do Rio de Janeiro. Colocando suas últimas esperanças em seu novo país de escolha, escreveu “Brasil, país do futuro”. Declarou, na época: “Considerando que o nosso velho mundo é, mais do que nunca, governado pela tentativa insana de criar pessoas racialmente puras, como cavalos e cães de corrida, ao longo dos séculos a nação brasileira tem sido construída sobre o princípio de uma miscigenação livre e não filtrada, a equalização completa do preto e branco, marrom e amarelo".

Mas a expansão militar do Eixo (Alemanha-Itália-Japão) nos primeiros anos da guerra e a ascensão do autoritarismo e da intolerância na Europa, o levaram a uma depressão profunda. Na noite de 22 de fevereiro de 1942, o primeiro domingo depois do Carnaval – aquele que Orson Welles filmou no Rio de Janeiro – Stefan Zweig escreveu uma carta de despedida e ingeriu, com a mulher, Lotte, uma dose fatal de barbitúricos. A carta dizia:

 “Cada dia eu aprendi a amar mais este país e não gostaria de ter que reconstruir minha vida em outro lugar depois que o mundo da minha própria língua se afundou e se perdeu para mim, e minha pátria espiritual, a Europa, destruiu a si própria. Mas, para começar tudo de novo, um homem de 60 anos precisa de poderes especiais e meu próprio poder desgastou-se após anos vagando sem um assento. Por isso, prefiro terminar a minha vida no momento certo, como um homem cuja obra cultural foi sempre a mais pura de suas alegrias e também a sua liberdade pessoal – a mais preciosa fruição neste mundo. Deixo saudações a todos os meus amigos: talvez vivam para ver o nascer do sol depois desta longa noite. Eu, mais impaciente, vou embora antes deles.”

— Stefan Zweig, 1942 

O casal foi sepultado no Cemitério Municipal de Petrópolis, de acordo com as tradições fúnebres judaicas, no perpétuo 47.417, quadra 11. Sua casa foi transformada em Centro Cultural, a Casa Stefan Zweig.


O escritor assim se referia à casa na rua Gonçalves Dias,34, no bairro do Valparaíso, onde morou seus últimos cinco meses de vida: "Pequeno bangalô com sua grande varanda coberta, que é nossa sala de estar". Em 2006 ela foi transformada em Museu Casa Stefan Zweig, um centro cultural dedicado à memória de Zweig e inclui também um "Memorial do Exílio", destinado a divulgar as obras de outros artistas, intelectuais e cientistas que, como Zweig, se refugiaram no Brasil durante o período 1933-1945 e contribuíram para a cultura, as artes e a ciência do país.

A necrópole petropolitana

Em meu romance “A contorcionista mongol” (2000), menciono o Cemitério Municipal de Petrópolis. Estive lá duas vezes para conhecê-lo bem e dar mais autenticidade à cena do enterro do anão. A contorcionista da história – e o atirador de facas – foram inspirados por um circo de verdade. O Circo Garcia – que chegou a ser o quarto maior do mundo, foi aplaudido por celebridades como o poeta Drummond, Xuxa e Ziraldo, e fechou em 2003, aos 75 anos – acampou durante meses ao lado do antigo Hotel Quitandinha na época em que eu escrevia “A contorcionista”. Abaixo, alguns trechos:

“O enterro foi em Petrópolis, num dos cemitérios mais estranhos do mundo, rasgado ao meio por uma rua de grande circulação e com as suas metades entrecortadas por morros. A autópsia foi feita no Instituto Médico-Legal, que funcionava no próprio cemitério, num antigo mausoléu em estilo neoclássico (...) Logo atrás do mausoléu-morgue ficavam os túmulos geminados de Stefan Zweig e de sua mulher Lotte, sem flores, com uma pequena pedra sobre a laje de mármore, conforme a tradição judaica. O anão foi enterrado a uma centena de metros do célebre casal, na encosta do morro que começava a ser invadida pelos mortos: uma parte da mata tinha sido devastada para a construção de novas sepulturas. Os defuntos iam, literalmente, subindo para o céu.”

Cena de "Lost Zweig", de Sylvio Back. Na foto, o ator Rudiger Vogler (Zweig) e a atir Ruth Rieser (Lotte).



PS • Os últimos dias de vida de Stefan Zweig foram levados à tela magistralmente por Sylvio Back no filme de 2002 “Lost Zweig”, inspirado no livro de Alberto Dines “Morte no Paraíso”, que descreve o clima político da época e a indisfarçada simpatia do regime Vargas pelo nazifascismo. A trilha sonora foi improvisada diretamente durante a projeção do filme, estratégia criada por Louis Malle em “Ascenseur pour l’échafaud/Elevador para o cadafalso” (1958), com a participação do trompetista de jazz Miles Davis. Sylvio usou na sua trilha o trombonista Raul de Souza e o pianista Guilherme Vergueiro. O ator alemão Rüdiger Vogler está impecável no papel de Zweig, confiram no trailer AQUI

domingo, 20 de fevereiro de 2022

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Garota de Ipanema ultrapassa Aquarela do Brasil • Por Roberto Muggiati

Tom e Vinicius. Foto Manchete
Em seu levantamento referente ao ano de 2021, o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) revelou que “Garota de Ipanema” é a canção brasileira mais gravada de todos os tempos, com 423 registros. A composição de Tom Jobim e Vinícius de Moraes destronou “Aquarela do Brasil”, há muito tempo detentora do primeiro posto, que agora passa ao segundo, com 416 gravações. 

Mineiro de Ubá, Ary compôs sua canção – inicialmente chamada “Aquarela Brasileira” – numa noite de 1939 em que uma forte chuva o impediu de sair de casa. (Antes que o temporal passasse, compôs ainda “Três lágrimas”). “Aquarela” foi apresentada pela primeira vez pelo barítono Cândido Botelho no musical “Joujou e balangandans”, espetáculo beneficente patrocinado pela Primeira-dama Darcy Vargas. Sua primeira gravação foi ainda em 1939, por Francisco Alves, com a orquestra do maestro Radamés Gnatalli, autor dos arranjos. A música demorou a decolar. Em 1940, não conseguiu ficar entre as três primeiras colocadas no concurso de sambas carnavalescos, que tinha o júri presidido por Heitor Villa-Lobos, com quem Barroso cortou relações, só retomadas quinze anos depois, quando ambos receberam a Comenda Nacional do Mérito. O sucesso só veio em 1942, com a inclusão no desenho animado de Walt Disney Saludos Amigos. “Aquarela do Brasil” tornou-se a primeira canção brasileira com mais de um milhão de execuções nas rádios dos Estados Unidos. 

Três anos depois de lançar a canção,
Vinicius revelou para Manchete quem era
a musa inspiradora. Foto Manchete

Se você acha que já está careca de saber a história de como nasceu a canção “Garota de Ipanema”, a coisa não foi bem assim. Claro, a musa inspiradora foi Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto (depois Helô Pinheiro), uma garota de dezessete anos que morava em Ipanema, na Rua Montenegro (depois Vinícius de Moraes). Diariamente, ela passava pelo bar-café Veloso (depois Garota de Ipanema) a caminho da praia. Às vezes, entrava no bar para comprar cigarros para a mãe. No inverno de 1962, os compositores viram a garota passar pelo bar e – “Ah!” – o visual da letra surgia ali e na hora, como uma cena de cinema. (“Garota de Ipanema” também virou filme, em 1967, dirigido por Leon Hirszman e estrelado por Márcia Rodrigues). 

O que você não sabe nem sequer pressente é que “Garota de Ipanema” foi feita por encomenda. O empresário Oscar Ornstein pediu a Tom e Vinícius uma composição intitulada “Menina que passa” para um musical exaltando Ipanema, “Dirigível”, que nunca chegou aos palcos. Tom compôs a melodia ao piano em seu apartamento na Rua Nascimento Silva, 107, em Ipanema, onde morou de 1953 a 1962. Vinicius escreveu a letra em Petrópolis, como fez com "Chega de Saudade" seis anos antes. Mas a letra desagradou a ambos, por ser meio deprê, reforçando o aspecto melancólico da cena (“merencório”, diria Ary Barroso). Vinicius criou então uma nova versão, mais light, confiram aí: 

1ª versão

Vinha cansado de tudo

De tantos caminhos

Tão sem poesia

Tão sem passarinhos

Com medo da vida

Com medo de amar

2ª versão

Olha que coisa mais linda

Mais cheia de graça

É ela, menina

Que vem e que passa

Num doce balanço

A caminho do mar

A primeira gravação foi em 1962, por Pery Ribeiro. Uma versão de 1964 por Astrud Gilberto, acompanhada pelo saxofonista de jazz Stan Getz, virou um hit internacional. A versão em inglês foi feita por Norman Gimbel e, embora engenhosa, era uma simplificação para o gosto americano. Jobim detestou e, com seu humor cáustico, passou a chamar o letrista de “Norma Bengell”. É a versão em inglês que abre o álbum de 1967 “Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim”. “Garota de Ipanema” é considerada a segunda canção mais tocada de todos os tempos, só superada por “Yesterday”, do Beatles.

Ainda segundo o relatório do Ecad para 2021, completam o ranking das cinco canções brasileiras mais gravadas:

• “Carinhoso”, de Pixinguinha e Braguinha, com 414 gravações.

• “Asa branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, com 361 gravações.

• “Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá e Antônio Maria, com 293 gravações.


Na capa da IstoÉ: os porões das fake news

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Todo dia é Dia do Repórter • Por Roberto Muggiati

Dezembro de 1961: no Muro de Berlim, erguido quatro meses antes.

Raul Giudicelli, o Grande Reacionário das redações – simpatizante do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) durante os Anos de Chumbo – decretava: “Editor não reporta, editor não escreve; editor edita!” Sempre me insurgi contra essa sandice. O repórter é a célula-mater do jornalismo. Durante os 68 anos de carreira (que completo no próximo dia 15 de março) acordei todo dia com a alma de repórter ligada. Quando me perguntam qual a qualidade principal exigida de um jornalista eu respondo: “A curiosidade. Por tudo, pela vida, pelo mundo, pelas pessoas. Se você não tem alma de repórter, vá trabalhar num banco, arranje um emprego público, torne-se até um milionário, mas jornalista você não  vai ser nunca. Ontem, Dia Nacional do Repórter, descobri uma coisa curiosa da qual ainda não tinha me dado conta. Dos meus quase 70 anos de jornalismo,só exerci nominalmente a função de repórter no curto período de dois anos e quatro meses, como repórter especial da revista Manchete, ainda em Frei Caneca, entre novembro de 1965 e março de 1968. (Comecei em 1954 na Gazeta do Povo de Curitiba já como redator, depois estudei jornalismo em Paris e passei três anos em Londres, no Serviço Brasileiro da BBC.) Depois do curso de jornalismo em Paris, visitei a Alemanha como jornalista convidado em dezembro de 1961. Em retribuição, vi-me usado como propaganda anticomunista, fotografado sob vários ângulos diante do Muro de Berlim, erguido quatro meses antes. Os anfitriões capitalistas nos tratavam regiamente. Uma noite, jantando na cobertura do Hotel Hilton de Berlim, me vi como penetra no coquetel de lançamento do filme “Julgamento em Nuremberg”, cara a cara com ídolos como Montgomery Clift,Spencer Tracy e Judy Garland. Foi durante minha estada em Berlim que se negociou a troca de dois famosos acusados de espionagem: o piloto americano Francis Gary Powers e o agente russo Rudolf Abel (no filme de Steven Spielberg “Ponte dos Espiões”(2015), Tom Hanks faz o papel do advogado negociador.)

Na BBC, no ano do quarto centenário de nascimento de Shakespeare, 1964, fui ao teatro de Stratford-upon-Avon cobrir a estreia da peça “Ricardo III”. Sentei ao lado do maior crítico teatral de fala inglesa, Kenneth Tynan. Shakespeariano da gema, em 1969 ele surpreenderia o mundo com o irreverente musical “Oh! Calcutta!” No ano anterior, para celebrar Hemingway, fui ao famoso festival de touradas de Las San Fermines, em Pamplona, no país basco espanhol. Dez anos depois, na redação de Manchete, escrevi na série Obras Primas que Poucos Leram sobre o romance de Hemingway “O sol também se levanta”, o autorretrato da Geração Perdida, que se passa durante Las San Fermines.

Iniciando na Manchete como “repórter especial”, devido ao domínio de línguas, escapei do rito de passagem do “foca”. Geralmente, no primeiro dia de trabalho, ele era mandado à oficina para buscar uma calandra, aquele pesado cilindro metálico atrelado à máquina de impressão... Ou então cobrado rispidamente: “Vá urgente ao Jardim Zoológico entrevistar o diretor, o Dr. Leão! Se não estiver, procure a secretária, Dona Ema...” Tive bons momentos no breve período da Manchete, percorri toda a Baixada Fluminense inundada pelas chuvas do verão de 1966, fui a Jacarepaguá entrevistar o vidente que previu a catástrofe (para a Rolleiflex do Raimundo Costa o farsante posou de turbante diante de uma bola de cristal). Outro episódio típico da vida de um repórter: de terno e gravata (obrigatórios) fui comprar uma foto na Última Hora,na Praça da Bandeira – mais conhecida como Praça da Banheira – com água pela cintura. 

Passei um sábado inteiro na Casa da Manchete em Teresópolis para uma entrevista exclusiva com o Dr. Albert Sabin, que inverteu os papeis: primeiro ele me entrevistaria, para saber se eu estava à altura da empreitada: “Tell me, young man,  vaaattt is can-cerr?” Aprovado, acabei me tornando, para os próximos 25 anos, o entrevistador “by appointment” do Dr. Sabin, incluindo uma entrevista gravada para o lançamento da Rede Manchete que custou um sábado da minha vida, com várias horas de estúdio para legendar as falas em português. Amante do teatro, Zevi Ghivelder incumbiu-me de entrevistar o grande ator shakespeariano Sir John Gielgud, em visita ao Rio, jamais esquecerei aquela voz metálica maravilhosa. Fiz uma entrevista virtual com Jorge Luís Borges – um lance tipicamente borgiano:elaborei as perguntas que o fotógrafo Italo Sani gravou com Borges em Buenos Aires, onde fez fotos fabulosas do mestre, então diretor da Biblioteca Nacional. 

Carnaval de 1967 no Copacabana Palace, o cacófato é irresistível: “Viva Gina!”

Excitante mesmo foi encontrar-me com Gina Lollobrigida no Carnaval de 1967, o intérprete era Alessandro Porro, mas falei diretamente em italiano com a diva, paramentada de dama da Belle Époque para o Baile do Copacabana Palace.

Deixei a Manchete em 1968 para ser um dos editores da equipe que lançaria a revista Veja. Lá, almocei no bandejão com os emergentes Mutantes. O único almoço VIP, numa saleta na cobertura do prédio do Abril, foi quando ajudei o capo Victor Civita a receber Abelardo Chacrinha Barbosa, no auge da fama com o seu bordão “quem não comunica, se trumbica!” Quando Antônio das Mortes/O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro concorria ao Festival de Cannes em 1969, comecei a preparar uma possível matéria de capa, como editor de Artes e Espetáculos da Veja. Glauber, gênio rebelde, era também um incrível marqueteiro e me aparece inopinadamente um dia na redação, brindando-me com histórias de cocheira (afinal, era uma saga equestre) das filmagens.Contou como uma pesada câmera foi perigosamente içada por meio de frágeis cordas a uma escarpada montanha no sertão baiano. Terminada com sucesso a complicada operação, Glauber e Maurício do Vale (Antônio das Mortes) se entreolham.

– Deus existe? – diz um.

– É possível – conclui o outro. 

Cannes deu a Glauber a Palma de Ouro de direção, Glauber foi capa da Veja e o editor Mino Carta se dignou, na sua “conversa com o leitor”, a conferir a autoria da matéria a mim, numa revista em que os textos raramente eram creditados.

De volta à Bloch, depois de um ano como editor de Fatos&Fotos e outro ano como chefe de redação da EleEla, dirigida pelo Cony, sou convidado por Justino Martins para ser o seu “segundo” na Manchete. A partir de 1975, assumo a direção da revista. Não abro mão da atividade de repórter. 

Julho de 2009: com Hermeto Pascoal e Aline Morena na Serra Catarinense.



Em 1979 vou cobrir a Noite Brasileira no Festival de Jazz de Montreux com Hermeto Pascoal e Elis Regina. Tive o privilégio de viajar do Galeão até Genebra com o Bruxo e toda sua banda. Nasceu aí uma amizade de mais de quarenta anos. Outro gênio marqueteiro, Hermeto lançou em 1987 o álbum “Só não toca quem não quer”, em que cada faixa era dedicada a um crítico de música, a minha chamava-se “Viagem”. De 1985 a 1988 compareço às edições de Montreux com minha mulher Lena, que faz a cobertura fotográfica. Paralelamente, fazemos uma matéria para a Geográfica,destaque para “A Suíça de Hemingway” e “Sherlock Holmes está vivo e mora na Suíça”, com visitas ao castelo de Arthur Conan Doyle em Lucens e às cachoeiras de Reichenbach, onde Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty travaram uma luta mortal. Em 1985,aproveitei a ida a Montreux para entrevistar um dos personagens mais misteriosos do Caso Baumgarten, o coronel Ari Aguiar Freire, adido militar do Brasil em Genebra, que rompeu um longo silêncio numa exclusiva para a Manchete

Julho de 1986: de fraque e cartola aguardando o beijo do casamento real na
 sacada do Palácio de Buckingham.

Em 1986, Lena e eu esticamos a viagem até Londres para cobrir o casamento real do Príncipe Andrew. Para comparecer à cerimônia na Abadia de Westminster, precisei alugar fraque e cartola, quem pagou as 150 libras foi nossa correspondente em Londres, Marina Wodtke, até hoje não foi reembolsada pela Bloch. Só dias depois ficamos sabendo que a Abadia, no auge do terrorismo do IRA,ia ser explodida, a contraespionagem britânica detectou o plano a tempo, com as bombas já devidamente instaladas nas fendas da imensa catedral de pedra. Um risco mais subjetivo eu corri ao me ver a sós no banheiro da Abadia com Elton John, amigo de Andrew e Fergie. Na matéria sobre o casamento, escrevi que, com amizades exóticas como aquela, o casamento não iria muito longe. Não só estava certo, como Andrew, acusado de abuso sexual, é hoje um pária entre os Windsor, destituído de todos os títulos e patentes militares.

A Manchete tinha uma bela série literária ilustrada comprada de uma revista italiana, Viagens Imaginárias. Em 1979, numa viagem oficial à Alemanha para conhecer as principais revistas semanais do país, publiquei “O mundo do jovem Werther de Goethe”. Em 1986, aproveitei a estada em Londres para fazer, com fotos de Lena, a Viagem Imaginária “A Londres de Sherlock Holmes”. A matéria foi comprada até por revistas estrangeiras.

Já no pós-falência da Bloch, entrei no regime do frila. Uma de minhas melhores fases, enquanto a mídia impressa ainda contava, foi fazendo os perfis da série “Gente & Histórias” na revista Contigo, a convite do ex-companheiro de Manchete José Esmeraldo Gonçalves. Viajei muito entre 2009 e 2014. Conheci o lixão de Gramacho com Nanko van Buuren, um holandês que toca uma dezena de projetos com suas ONGs; voltei a Gramacho para fazer um perfil do ex-catador de lixo Sebastião Carlos dos Santos, personagem principal do documentário que concorreu ao Oscar “Lixo Extraordináreio”, sobre a obra do arista plástico Vik Muniz. Conversei com Lizzie Bravo, a brasileira que gravou com os Beatles em  Abbey Road;  entrevistei a modelo brasileira Betty Lagardère, herdeira de um dos homens mais ricos do mundo,que num surto de paranoia exigiu que eu assinasse um documento de responsabilidade sobre o que fosse publicado; falei com Sérgio Ricardo em seu apartamento no Vidigal sobre a noite da “Violada em pleno auditório”, quando, vaiado pela plateia, quebrou seu instrumento num festival de música; penetrei nos perigosos desvãos do Complexo do Alemão para contar a história de Irlan dos Santos, o menino da favela que se tornou estrela do American Ballet Theatre em, Nova York; fiz perfis-obituários de Oscar Niemeyer, Paulo Moura, John Casablancas e Nelson Mandela. Minha primeira matéria foi um perfil da professora Cleonice Beradinelli, quando foi eleita pela Academia Brasileira de Letras em abril de 2009; Dona Cleo continua firme e forte, duplamente imortal, com 105 anos.  

O jazz me levou para muitos lugares, só não me levou à Escadaria de Odessa, aquele monumento arquitetônico consagrado pela maior cena na história do cinema: o fuzilamento de inocentes por cossacos no filme de Sergei Eisenstein “O encouraçado Potemkim”. Explico: fiz traduções para a rádio A Voz da Rússia e os russos, depois de anexarem a Crimeia, inventaram um festival, o Odessa JazzFest, pediram minhas referências, mas o convite não veio, acho que foi muito em cima da hora.

No inverno de 2009, fui lançar meu livro “Improvisando soluções” em Florianópolis, num centro cultural em que Hermeto Pascoal dava um laboratório de sopros. Nosso reencontro foi num hotel-butique na Lagoa da Conceição, assim que me viu o Bruxo, grande trocadilhista, correu para me contar a última: “Muggiate, tá vendo aqueles quiosques à beira da lagoa? Acho que vou abrir uma barraca de cervejas, vai se chamar Barraco Brahma!” (os americanos tinha acabado de eleger seu primeiro Presidente negro.) Depois subimos a Serra Catarinense para um festival de jazz. Ficamos no Hotel Fazenda Curucaca, em Bom Retiro, um dos lugares mais frios do planeta. O show do Hermeto foi num Centro de Convenções de São Joaquim, também recém-inaugurado e sem calefação, a sensação térmica era de dez graus negativos, mas o velho Pascoal,com seu arsenal de instrumentos malucos que incluía até chaleiras, fez a sala quase pegar fogo. A volta de madrugada sob cerração pela estrada estreita de montanha trafegada por caminhões pesados foi uma temeridade, até hoje não sei como estamos vivos. Dois dias seguidos tomei o café da manhã com Hermeto e sua mulher e companheira de som Aline Morena – uma gaúcha com formação clássica, cantava árias de Mozart. Hermeto contou-me histórias incríveis de suas gravações com Miles Davis nos Estados Unidos. Na segunda manhã, surpreendeu-me com um brinde: uma partitura de saxofone tenor que compôs especialmente para mim.  

Voltei a Florianópolis em 2015 para o Festival de Jazz Jurerê Internacional. Jurerê é um reduto de gente rica, com belas casas e o elenco do evento teve atrações como e o Buena Vista Social Club em sua turnê de despedida (Omara Portuondo e companhia continuam na estrada...) Fiz amizade com Madeleine Peyroux, que ficou boquiaberta quando lhe dei um exemplar do meu livro “New Jazz:  De volta para o futuro”, de 1999, sobre a geração de jazzistas de Wynton Marsalis. Ela aparece em três páginas, com uma foto de página inteira e uma análise do seu primeiro álbum. 

Setembro de 2014: 125 anos depois, nas videiras da Colônia Cecília, o sonho que
trouxe os Muggiati para o Brasil.

Tenho ido mais a Curitiba, minha cidade natal, depois que fui eleito para a Academia Paranaense de Letras em 2011. Durante 2015, por obra e graça da amiga Sônia Suplicy de Lacerda, que providenciou carro e motorista, fui visitar o local onde existiu no final do século 19 a colônia anarquista Cecília. Não fosse ela e eu não estaria no Brasil. Meu bisavô Ernesto Muggiati, de Stradella, frequentava a Casa del Popolo em Milão e ouvia as pregações anarco-sindicalistas de Giovanni Rossi, que conseguiu de D. Pedro II terras nos arredores de Palmeira, no Paraná, para instalar ali uma pioneira colônia anarquista. Meu bisavô veio antes dos colonos, mas morreu de febre amarela ao chegar a Paranaguá, em 3 de março de 1898. A viúva, Maria Quaroni, com dois filhos de duas filhas, subiu a serra e se instalou em Curitiba. Um dos filhos, Diogo Muggiati,era meu avô, a quem devo a nacionalidade italiana. Quanto à Colônia Cecília, só existiu de 1890 a 1893. Formada por intelectuais urbanos, sem experiência agrícola, sofreu ainda a hostilidade da comunidade polonesa vizinha, fortemente católica, do clero e das autoridades locais, que promoveram o ostracismo dos anarquistas.

Há muito tempo venho querendo escrever um livro de memórias, mas sou atropelado pelo presente, que se torna passado e me acumula de mais memórias. Sei que enquanto tiver lucidez e saúde, vou continuar “fabricando” histórias e nada me dá mais prazer do que compartilhar essa experiência de vida com o próximo. 

*Fotos - Acervo Pessoal do autor

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Pilantropia?

Reprodução Twitter

Mídia: o novo jogo das idéias velhas

 


Um leitor do blog enviou essa página de Opinião, do Globo, edição de 12/2/2022.  Um conjunto de análises que parece ter sido escrito em um bunker e que a cada dia ganha mais espaço na mídia de direita. Espantoso.
Clique na imagem para para ampliar 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Fotomemória da redação: país & filhos na Manchete


(Do Facebook Fatos, fotos, histórias do Rio Antigo. Por  Célia Fernanda Fontoura) 

Em 1973 Manchete reuniu em um mesmo ambiente pais consagrados e seus filhos promissores: Paulo Gracindo e Gracindo Júnior, Tônia Carreiro e Cecil Thiré e, finalmente, Gonzagão e Gonzaguinha. Saudade desses artistas pra lá de talentosos. Paulo Scheuenstuhl fotografou. A reportagem foi assinada por Rosa Freire d'Aguiar e Suzana Tebet.

Piratas da internet

 

Reprodução Twitter

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Fellini perdeu essa cena: a Anitta brasileira pôs Anitta Ekberg no chinelo

Anitta no comercial dos chinelos a Brizza. Reprodução You Tube

por José Esmeraldo Gonçalves 

A campanha dos chinelos Brizza, marca da Arezzo, mostra a intimidade da cantora Anitta. Intimidade mesmo. Muito além de tudo que os paparazzi das revistas de celebridades ousariam flagrar. Aliás, as famosas fotos dos sucessores dos fotógrafos que Fellini eternizou em La Dolce Vita - o clássico dos anos 1960 que desvendou as baladas de Roma e o agito da Via Veneto - já foram largamente substituídos por "autoflagras" clicados pelas próprias famosas e generosamente postados nas redes sociais.

Os anúncios da Brizza mostram Anitta em diversas situações do seu dia a dia doméstico como se fosse alvo de um paparazzo. São cenas da cantora passando roupa, cozinhando e tomando banho de banheira. Mas o flagra que está bombando na internet é feliniano. Anitta faz cocô para vender chinelos. Na boa. Poderia estar descalça, mas a Arezzo recomenda que se use a Brizza nessas situações. Poderia anunciar o celular qie navega enquanto curte seu momento fisiológico, poderia recomendar a marca de papel higiênico com o qual finaliza o processo, mas no contexto a Brizza é coadjuvante contratada e Anitta a estrela suprema.

E pensar que em Dolce Vita Felini teve uma Anitta, a Ekberg, à disposição e a maior "vulgaridade" a que se permitiu foi levá-la a tomar um banho memorável eternizado em uma sequência belissioma na Fontana de Trevi na fachada do Palazzo Poli.

Lembrando ao público da geração Netflix que Fellini era mestre em explorar o grotesco. Em Casanova ele fez o pobre Donald Sutherland interpretar um conquistador vulgar - assim o diretor via Giacomo Casanova - e o colocou em situações ridículas como disputar com um serviçal um campenonato de orgasmos. Pois é, nem Fellini, que ultrapassava seus próprios limites e os da Itália cadinalícia, imaginou filmar a monumental Ekberg, sex symbol sueca, xará da brasileira, anunciando chinelos enquanto fazia cocô.

Veja o vídeo de Anitta na casinha AQUI

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Na capa da Carta Capital

 


Na capa da Piauí: os navegantes negros

50 personalidades negras ilustram a capa da Piauí de fevereiro. Foram escolhidas por Nei Lopes e pela pesquisadora baiana Cléa Maria Ferreira. A arte é de Vito Quintana. No link abaixo você poderá ver as identificações de uma das mais expressivas capas de revistas brasileiras. 

https://piaui.folha.uol.com.br/materia/voz-do-milenio/

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Nos Estados Unidos - Carro funerário pede: "Não se vacine". Negacionista ganha desconto

 

Reprodução Twitter

O dia em que a Covid-19 chegou a Riachão do Bacamarte, no agreste da Paraíba • Por Roberto Muggiati

Riachao do Bacamarte. Foto Facebook
Um ano e dez meses depois de ter irrompido do outro lado do mundo, a 15.870 km de distância, em Wuhan, na China, a Covid-19, doença infeciosa causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) provocou a primeira morte no pequeno município de Riachão do Bacamarte, no semiárido da Paraíba. Era o último dos 223 municípios do estado a não ter registrado morte causada pela Covid-19. Confirmado só neste sábado, 5 de fevereiro de 2022, o óbito na verdade aconteceu em 31 de outubro do ano passado. A vítima é uma mulher de 35 anos. O município não informou se ela sofria de alguma comorbidade e se tinha esquema vacinal completo.


Riachão do Bacamarte fica na Região Metropolitana de Itabaiana. Sua população em 2011 foi estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 4.312 habitantes, distribuídos em 38 km² de área. Em julho de 2021, quando a cidade já era a única da Paraíba sem mortes por Covid-19, a TV Paraíba fez uma reportagem sobre o combate à pandemia no local. Moradores relataram que, entre as medidas de prevenção, estava o uso de carros de som que informavam os moradores sobre os protocolos sanitários. Na ocasião, a cidade contava com duas unidades de saúde, uma delas para atendimento exclusivo de casos suspeitos de Covid-19 .

Os riachonenses têm um belo brasão de armas e até um hino. O município fica na região de Campina Grande, a 100 km da capital, João Pessoa. Em homenagem à brava cidade, vamos ouvir o seu hino?

https://www.youtube.com/watch?v=r62ks1Uj1Ss