quinta-feira, 30 de junho de 2016

A volta da Gazeta Mercantil. Agora como veículo digital

O Portal dos Jornalistas noticia hoje que depois de sete anos de inatividade, A Gazeta Mercantil volta como veículo digital agora denominado Gazeta Mercantil Experience (GME).

A GME também utilizará as mídias sociais para interagir com os leitores do Facebook, Twitter e Linkedin. Leia mais AQUI

Poema de Michel Temer é lido na FLIP. Foi um momento inusitado na festa literária de Paraty. Mas a Defesa Civil informa que a cidade sobreviveu à hecatombe...

por Omelete 
A cúpula do PMDB é capaz de produzir muita coisa. A história conta. Mas definitivamente, literatura e poesia não estão no DNA dos chefões do partido. Depois dos marimbondos de fogo brando de José Sarney, Michel Temer é a bola da vez. Hoje, na programação de abertura da 14ª Festa Literária de Paraty, a poeta Laura Liuzzi leu um poema do presidente interino.

          "Por que não paro?
          Por que prossigo?
          Por que insisto?
          Por que lamento?
          Por que reclamo?
          Por que ajo?
          Por que me omito?
          Por que desabo?
          Por que levanto?
          Por que indago?
          Por que questiono?
          Por que respondo?
          Por que este infindável
          Por que?"

Depois de comentar que o tal poema é "muito ruim", Liuzzi improvisou uma rápida e informal 'análise': "A legitimidade dele como poeta é diretamente proporcional à legitimidade dele como presidente".

É espantosamente ruim, na verdade. Quem costumava usar essa construção tosca era o personagem Armando Volta vivido pelo ator David Pinheiro na Escolinha do Professor Raimundo ( 'Por que comprá-lo, por que não comprá-lo, por que comprá-lo, por que não comprá-lo?' Comprei-o-o!"). E quem assiste ao Prêmio Multishow de Humor já ouviu o Sérgio Mallandro, jurado do programa, usar semelhante chavão ("Por que gostei?", por que não gostei?", "por que aprovo"?, "por que fico na dúvida?").

O Mallandro e o David Pinheiro, pelo menos, fazem humor.

O risco é Temer ir parar na ABL, que costuma abrigar alguns ex-presidentes...

Diário de uma época: Reynivaldo Brito, ex-repórter de Manchete e Fatos & Fotos na Bahia, digitaliza matérias que fez nos anos 70 e 80







O jornalista Reynivaldo Brito foi durante anos repórter da Manchete e Fatos & Fotos. De Salvador vinham matérias semanais, principalmente com os personagens baianos de nomes nacionais como Glauber Rocha, Caetano, Jorge Amado, Mãe Menininha, o carioca Vinicius de Moraes na sua temporada baiana, reportagens de verão, comportamento, e temas factuais como  a fuga do preso político Teodomiro Braga, geralmente feitas em dupla com os fotógrafos Aristides Baptista e Lázaro Torres. Um detalhe: o encontro de Jorge Amado e Dorival Caymmi, no alto, foi fotografado pela própria Zélia Amado.   

O bom baiano mantém o Blog do Reynivaldo, onde, no canal Arquivo, reproduz páginas das revistas com suas matérias que, hoje, são um curioso diário de uma época. 



Reveja alguns ângulos da Bahia dos anos 1970 e 1980 através das reportagens de Reynivaldo Brito para Manchete e Fatos&Fotos. Clique AQUI  (para acessar mais reportagens clique depois,ao fim da página do blog do repórter, em "posts mais antigos"

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Memórias da redação: sonho de um texto de verão...

por Roberto Muggiati (do livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou)

Difícil separar os fatos e as fotos, das fofocas e folclores. Mas, de algumas histórias não há como -nem porquê-, duvidar. Contam, por exemplo, que, ainda nos velhos tempos da Manchete  na Frei Caneca 511, entre a igreja protestante e a penitenciária hoje desativada, em frente a uma pracinha do Estácio, de costas para o Morro de São Carlos, um dia entrou em pauta mais uma matéria - talvez a centésima - sobre o verão carioca. Fotografias feitas, o artista foi à redação entregar o material, acompanhado de uma descrição do assunto, que ele chamava de ‘texto’.

A chefia de reportagem houve por bem encaminhar a tarefa a um redator, para copidescar o dito ‘texto’. No caso, o sorteado foi Raymundo Magalhães Júnior, que batia no teclado barulhento daquelas antigas máquinas de escrever, com um dedo só, a mil por hora, mas com direito a mil e muitos resmungos de praxe.

Eram tantas as correções necessárias que ele amassou o original e metralhou o texto final que, aquele sim, seria publicado. O fotógrafo acompanhava tudo à distância, como quem não quisesse nada, até que tomou coragem, aproximou-se e quis saber se estava faltando alguma informação. O velho Magalhães levantou um olho e deu o veredito:
-“Meu filho, ‘verão’ foi a única palavra sua que eu consegui salvar ...”

Deu no Blue Bus. Mais um "acróstico" pirata na Folha: "Fora Temer", ops, "Fopa Temer'

Reproduzido do Blue Bus. Link abaixo

por Ed Sá 
O site Blue Bus publica matéria sobre mais um "acróstico" infiltrado na Folha, agora um texto que reproduz as iniciais do interino Temer. No ano passado, um repórter demitido se despediu com um "Chupa, Folha" no seu último texto. Dessa vez, o recado no caderno Ilustríssima é político. Na verdade, forma-se a frase "Fopa Temer". Algo misterioso aconteceu, claramente, a intenção era um "Fora Temer".
Leia no Blue Bus, clique AQUI

Protesto contra a Brexit nas ruas de Londres


Fotos: Reproduções Mashable/ Link abaixo
por Jean-Paul Lagarride
Milhares de pessoas foram ao Centro de Londres ontem para protestar contra a Brexit. Pelo jeito, além da petição que já conta com 4 milhões de assinaturas, a grande parcela da opinião pública que não concorda em sair da União Europeia vai fazer barulho nas próximas semanas.
Enquanto isso, como era esperado, a negociação política para consumar a saída é difícil. A UE pressiona para que os ingleses oficializem o mais rápido possível a decisão majoritária dos seus eleitores. O primeiro-ministro David Cameron tenta ganhar tempo para negociar acordos. Mas Angela Merkel já disse que um país não pode sair da comunidade e tentar manter privilégios. E se quer sair, que saia logo.
A campanha da direita conservadora usou a imigração como um tema para assustar os indecisos e acabou vitoriosa mas o fato é que tornam-se agora mais evidentes os prejuízos que o Reino Unido terá ao romper com a UE.
Tanto que vai adiar até onde puder as formalidades que sacramentarão o rompimento. O Mashable publica reportagem e fotos sobre as manifestações. Clique AQUI

Congresso mundial de jornalistas condena golpe de Estado no Brasil


(do site da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ)

Mais de 300 delegados representando organizações sindicais de jornalistas de todo o mundo participaram, de 7 a 10 de junho, em Angers, na França, do 29º Congresso Mundial da Federação Internacional de Jornalistas.  No evento, além da eleição da nova direção da FIJ para os próximos 3 anos, foram aprovadas resoluções sobre a segurança dos jornalistas a liberdade de imprensa, o acesso à informação, ética, direitos autorais, direitos no trabalho e igualdade de gênero. Ao final do congresso foi aprovada uma moção de solidariedade aos jornalistas e ao povo brasileiros e contra o golpe de Estado no Brasil.

Comemorativo ao 90º aniversário da FIJ, que foi fundada na França, em 1926, o 29º Congresso Mundial da FIJ elegeu o jornalista belga e sindicalista Philippe Leruth como presidente da organização para o próximo triênio. Membro da Associação Geral de Jornalistas Profissionais da Bélgica (AGJPB), Leruth trabalha no jornal belga “L’Avenir” e foi vice-presidente da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), entre 2004 e 2013 e presidente do AGJPB de 1995 a 2005.

Durante o Congresso, questões como o papel dos jovens nos sindicatos, a segurança dos jornalistas no mundo, os desafios da profissão, o papel dos sindicatos na defesa da liberdade de imprensa, a eliminação do trabalho precário e exploração, luta por empregos de qualidade e ampliação da participação das mulheres no movimento sindical da categoria foram alvo de deliberações para ampliar a organização internacional da categoria.

A moção contra o golpe no Brasil foi apresentada após relatos da delegação brasileira referentes à situação política no país.  O documento foi aprovado por unanimidade.

Fonte: Fenaj

Elio Gaspari falou: É golpe!

Em artigo publicado no Globo e na Folha, hoje, Elio Gaspari analisa os podres poderes dos golpistas.

Torna-se claro que os fichas-sujas que governam o país deixam de lado os escrúpulos, como pregou o cinismo de um ministro da ditadura, e aceleram o assalto ao planalto.

Há poucos dias, foi revelado um encontro entre o presidente interino e o ex-presidente da Câmara. Seria inacreditável, a essa altura, se não fosse rotineiro. Eles se "consultam" normalmente. Não se sabe se governam a uma cabeça e quatro mãos ou se a duas cabeças e duas mãos.

Provavelmente tinham muito o que conversar: ambos sofrem pesadelos e suores noturnos com o ectoplasma de gravadores fantasmagóricos.

Gaspari comenta a perícia que desmoralizou a tese das "pedaladas" e conclui o óbvio: a simulação do "julgamento" para depor Dilma Rousseff. Ou seja: o golpe.

A propósito, leia um trecho da entrevista que a presidente afastada concedeu à Pública (Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo). Dilma Rousseff reponde a uma pergunta da repórter Natália Viana.

Natalia Viana: Presidente, como a senhora avalia que seu impeachment, se for confirmado, vai afetar outros países latino-americanos e a política latino-americana?

Dilma: Eu acho que já começou a afetar antes, primeiro pela importância do Brasil na região. Mas acho que você tem hoje, no mundo latino-americano, essa variante do golpe parlamentar já feito antes de nós. Isso ocorreu com Paraguai, com Honduras. [O impeachment de Fernando Lugo, no Paraguai] foi durante a Rio+20. Eu sei porque a gente mandou os chanceleres lá para tentar evitar, e não conseguimos. O que está ocorrendo? Eu acho que é uma nova forma de retirar governos que criam descontentamento [em relação] à oligarquia econômica, ou política, ou um grupo de interesses, que se considera descontente em relação a alguma das características do governo em exercício. Aí o que eles fazem? Dão um golpe parlamentar. Em que consiste um golpe parlamentar? Ele não é igual a um golpe militar. Um golpe militar não só extingue o governo em questão, mas acaba também com o regime democrático. Tem uma característica: você tira o governo e mantém o regime democrático. Agora, tem um preço para se fazer isso. Você compromete suas instituições, você cria cicatriz na sociedade. Você, muitas vezes, impede a recomposição do tecido democrático. Então tem uma consequência grave. E acho que criará, na América Latina, uma instabilidade.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Patrícia Abravanel está no ar? O preconceito vem aí...

Reprodução You Tube. Veja o link do vídeo, abaixo
por Flávio Sépia
Patricia Abravanel, a filha do Silvio Santos, mostra com frequência que tem conceitos, ou preconceitos, próprios do que é "normal" e costuma ofender os diferenciados. Circula na web um estranho discurso que ele fez, no ar, no SBT. Dessa vez, o alvo foi África e a religião dos outros que ela chama de "misticismo":  "Em países muito místicos (...), muitas vezes o povo deixa de trabalhar porque fica tão místico que deixa de fazer as coisas certas para poder chegar num objetivo. Em países mais racionais, que têm uma fé em Deus, mas acredita no esforço, no suor, no trabalho, no você se portar, ter um casamento e ter que cuidar dele, esses países vão mais pra frente. Então, um exemplo: a África é muito mística, e a gente vê as consequências, e os Estados Unidos é mais racional, protestante, onde acredita no suor. Então, eu acho que a gente tem que avaliar nossa crença através dos frutos que elas nos trazem".

Patrícia Abravanel não é "normal".

As redes sociais reagiram. Um dos internautas a chama de "Antropóloga de Buteco".

Sacanagem com a laboriosa categoria dos butecos...




VEJA O VÍDEO NO YOU TUBE, CLIQUE AQUI

Bomba cultural: PF investiga fraudes na Lei Rouanet


A notícia está no G1. Polícia Federal prendeu 14 pessoas, hoje, em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, em investigação de desvios de recursos federais em projetos culturais com benefícios da Lei Rouanet. O nome da operação é Boca Livre e, segundo a PF, investigados atuavam há mais de 20 anos no Ministério da Cultura. O rombo estaria em R$ 180 milhões em projetos fraudulentos, superfaturamento, compras fictícias etc. Há muito suspeita-se da Rouanet. Haveria milhares de prestações de contas de recursos públicos jamais analisadas além de desvios para aprovação de projetos comerciais e de marketing corporativo, shows, gravações de DVDs comerciais etc, o que configuraria um desvirtuamento dos propósitos da lei. Produtores fora do eixo do Rio e de São Paulo sempre reclamaram que mais de 80% dos projetos beneficiam essas regiões e marginalizam pequenos e médios produtores de cultura das demais regiões. A Folha de SP também publica extensa matéria sobre a operação e faz uma ressalva; "é comum ler por aí - sobretudo nas redes sociais -, que esse artista mama na Lei Rouanet, "ou aquele artista é sustentado pela Lei Rouanet". Mas, segundo informações do MinC, os grandes captadores em 2015 foram produtoras e entidades como museus.
Leia a matéria do G1, clique AQUI.  

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Deu no Portal Imprensa: ameaça a jornalistas da Gazeta do Povo



(do Portal Imprensa) 
Cinco profissionais do jornal Gazeta do Povo podem ser condenados por faltarem a uma audiência na última sexta-feira (24/6). Eles se ausentaram, pois tinham outra oitiva agendada quase no mesmo horário e a 400 quilômetros de distância do local.

De acordo com o G1, desde abril, o grupo já percorreu mais de nove mil quilômetros. “Fisicamente é impossível. A não ser que a gente se teletransportasse de um lugar para o outro, não teria como comparecer as duas ao mesmo tempo”, explicou o jornalista Chico Marés, um dos profissionais que responde aos processos.

O jornal virou alvo de ações judiciais, movidas por promotores e magistrados, depois da publicação de uma série de reportagens que mostrou salários acima do teto constitucional pagos pelo Tribunal de Justiça (TJ) e pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Os textos indicavam dados dos portais da transparência dos órgãos e foram publicados em fevereiro. Desde então, os jornalistas são obrigados a comparecer em todas as audiências, marcadas em diferentes comarcas.
LEIA MAIS NO PORTAL IMPRENSA, CLIQUE AQUI

O drama de Messi: "Siento una tristeza grande. No era para mí".





FOTOS CONMEBOL

por José Esmeraldo Gonçalves
Derrotados em mais uma final, os hermanos mal sabiam que o drama estava apenas começando. No vestiário, ainda perplexo e chocado, como as imagens o mostraram após perder o primeiro pênalti da série que garantiu o título ao Chile, Messi anunciou que não vestirá mais a camisa da seleção argentina. Ao deixar o campo, pouco antes, ele havia retirado do braço a fita de capitão. "A seleção acabou para mim", disse o craque. Depois da declaração do genial camisa 10, Mascherano, Aguero, Di María e Lavezzi revelaram que poderão acompanhar Messi na dramática decisão. Para a Argentina, foi a quarta final perdida. Para Messi, foi a terceira frustração. O argentino mostrou que queria ganhar a Copa América Centenário. Embora o torneio fosse, digamos, festivo, ele se dispôs a ir ao Estados Unidos, mesmo ainda se recuperando de uma lesão nas costelas. Sabia que para ele, para os companheiros, e para a torcida era importante conquistar um título que não vem há 23 anos. O Chile perdeu a primeira, o Brasil voltou pra casa mais cedo, a Argentina parecia não ter rivais, Messi dava um show em campo, tudo se encaminhava para a vitória. Na decisão, foi bem marcado. Nunca menos de dois chilenos o cercavam. Mesmo assim, criou situações de gol. Mais para os companheiros do que para ele mesmo. Dava suas típicas arrancadas, mas faltava-lhe o desfecho, o último passo, o chute final.
Messi perdeu quatro pênaltis na temporada 20015/2016. Acontece. Ontem, ele foi escalado para abrir a série argentina exatamente para dar confiança ao resto da fila. Quando Vidal desperdiçou a primeira cobrança do Chile, tudo indicava que bastava Messi pôr a bola no fundo da rede para a taça começar a tomar o rumo de Buenos Aires. Mas essa esperança voou junto com aquela bola isolada nas arquibancadas.
Os hermanos, também perplexos, ainda não acreditam que o melhor do mundo vai mesmo abandonar a seleção. Pode ser que ele reconsidere, quem sabe. Pode ter falado de cabeça quente. Mas não parece. Além dos fatores em campo, Messi e outros jogadores reclamam da AFA, Associação de Futebol da Argentina. A entidade está sob intervenção e, nos Estados Unidos, o clima era de desorganização: os jogadores tiveram problemas para treinar e houve questões financeiras.
Em todo caso, as redes sociais já acionaram uma campanha mundial: #notevayasLeo


Clarín

Olé


Chile: a taça é deles


FOTOS CONMEBOL

A Argentina é a seleção da América do Sul que reúne os maiores talentos individuais. Messi, Di Maria, Aguero, Mascherano, o goleiro Romero... O Chile, além de bons jogadores, como Vargas e Vidal, tem o melhor conjunto e é o time que pratica o melhor futebol coletivo. Mereceu ganhar a Copa América Centenário. Foi eficiente. Mas ao longo do torneio, a Argentina brilhou mais.

Quatro finais perdidas, 23 anos sem ganhar um título... O futebol não quer premiar uma geração de craques excepcionais. Para muitos hermanos que estavam em campo, ontem, a Copa de 2018, na Rússia, será a penúltima chance. A última? A Copa América, no Brasil, em 2019. Ano que vem, tem Copa das Confederações. Mas o representante da América do Sul é, com todos os méritos, o Chile.

domingo, 26 de junho de 2016

Brexit na capa: drama e criatividade na mídia internacional. No Brasil, o tema não dominou as primeiras páginas dos jornais, mas está nas revistas semanais





















por José Esmeraldo Gonçalves

Os principais jornais e revistas do mundo deram capas obrigatórias nessa semana: Brexit. A maioria investiu em criatividade e alguma dramaticidade ou perplexidade.

As melhores foram aquelas que recorreram a soluções artísticas ou gráficas que transmitiram a mensagem a um olhar, como The New Yorker e The Economist. L'Echo sofisticou a notícia e fez uma bela primeira página; La Razón embutiu na composição uma análise política e apontou o populismo por trás da votação; The Times, FT Weekend e Daily Mirror "personalizaram" o tema ao mostrar o Primeiro Ministro abatido pelo raio, sozinho ou ao lado de mulher solidária e emocionada. David Cameron tem razão para estar deprê. Ele tentou um tiro político banal e a bala perdida fez uma curva e o acertou na cabeça; The Independent deu um passo adiante com Boris Johnson na capa já como candidato a Primeiro Ministro. Ele poderá ser o homem do day after.

Os jornais brasileiros, em geral, não destacaram o assunto na primeira página. A apuração acabou de madrugada, fora do fechamento dos jornais de sábado. Hoje, analisam o tema nas páginas internas. Não há muitos comentários verdadeiramente sólidos e conclusivos sobre as consequências para o Brasil. Analistas e colunistas são cautelosos. O comércio do Brasil com a Inglaterra não é lá muito relevante na balança comercial. Se vai melhorar ou piorar não está ainda muito claro. Talvez nos próximos dias. A mídia aqui abordou mais as consequências da Brexit para brasileiros residentes na Inglaterra. A previsão é que que terão problemas.

Ao contrário dos jornais, as revistas semanais brasileiras saem com capas sobre a Brexit. A Veja recorre ao velho símbolo do Reino Unido. A rainha foi a favor do ponta-pé na União Europeia, influenciou o voto conservador, como se este precisasse de uma força, mas foi derrotada em Londres, seu terreiro, cuja ampla maioria votou para ficar na UE. De qualquer forma, a rainha não foi peça essencial do complexo xadrez político. A mídia britânica não tratou a sra. Windsor como o logotipo da Brexit. Um leitor desavisado pode até achar que aquela foto é a do adeus definitivo da rainha noventona e estava reservada para uma futura capa. A Época atribui o grito de "independência" à classe média insatisfeita. A capa da Istoé vem com um tom de lamento. Nenhuma das três revistas parece ter se esforçado para criar algo marcante. Talvez, mais uma vez, como no caso dos jornais, por o assunto estar aparentemente distante das preocupações da maioria dos seus leitores.

A Europa pede pressa aos ingleses para oficializar a saída. Mas o processo levará um bom tempo. Anular leis, formular novas regras e negociar o futuro vai demorar. Alguns analistas alertam que a Inglaterra tem muito a perder e já há políticos tentando amenizar a saída com uma fórmula que validaria a decisão política do voto popular, mas deixaria espaço para uma negociação ponto a ponto de acordos com o bloco, de forma a manter laços econômicos e financeiros em status especiais. Não se sabe como a UE reagirá a esse apaziguamento depois de levar o tapa na cara, mas os "bombeiros" de ambos os lados vão entrar em ação. Ao mesmo tempo, alguns países do bloco vão enfrentar propostas de plebiscitos. Seria o temido "efeito contágio" impulsionado por políticas nacionalistas. Brexit e seus desdobramentos vão mobilizar redações internacionais nos próximos meses.