quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Publimemória: quando um anúncio foi capaz de comparar o 147 a uma Ferrari


por José Bálsamo

Logo que foi lançado, nos anos 1970, o Fiat 147 ganhou o apelido de Cachacinha. Era o primeiro modelo em série do mundo a beber álcool. Mas também ficou famoso por ser um carro-encrenca e ganhar a imagem de frágil. Nada disso impediu a Fiat de lançar o anúncio acima que induzia o freguês a comprar o 147 e sonhar com uma Ferrari. Tudo porque desde 1969, a Fiat passou a ser dona de metade das ações da Ferrari. Daí, um publicitário em devaneio criou a página que prometia na Manchete um 147 com "a mesma raça, estabilidade e desempenho" de um Fórmula 1. Publicidade também faz fake news.

Mídia: Jornal Nacional X Bolsonaro, o caso que virou 'case'

A guarita que virou notícia. Reprodução Twitter
por José Esmeraldo Gonçalves

Sob qualquer ângulo, o embate entre a Rede Globo e Jair Bolsonaro tem seu lugar garantido como objeto de estudo em salas de aulas das faculdades de Comunicação e Direito.

Virou "case". Há lambanças para todos os gostos e apetites.

Do ponto de vista jornalístico, o Jornal Nacional acertou e errou sobre o que aconteceu no Condomínio Vivendas da Barra no dia 14 de março de 2018, não por acaso o dia em que a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados no Estácio, bairro da zona Central do Rio de Janeiro. É fato que não mentiu: existe a declaração do porteiro, segundo a qual um elemento suspeito de participar do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes pediu acesso à casa do então deputado, obteve autorização de "Seu Jair", mas se dirigiu para a residência de outro suspeito de participar do atentado à vereadora. A Globo também informou, na mesma matéria, que havia uma contradição: naquele dia dia e hora Bolsonaro estava em Brasília e não poderia autorizar a entrada de quem quer que fosse. Pelo menos não via interfone, acrescente-se.

O Jornal Nacional tem o argumento válido de que apenas noticiou um fato e se baseou em informações colhidas em um inquérito policial. Mas qualquer jornalista sabe que editar um jornal ou uma revista é fazer escolhas. Determinados fatos são noticiados, outros não. Os motivos podem ser muitos, entre os quais questões políticas, ideológicas, comerciais, religiosas, pessoais e até jornalísticas.

Aquele fato envolvendo o Condomínio Vivendas, era, para os editores do JN, uma notícia importante. Pelo que se sabe, a Globo teve acesso a um documento vazado. Se todo fato deve ser exaustivamente apurado antes de ser noticiado, uma pauta vazada, mais do que qualquer outra, deve ser investigada. Até por cautela. Vazou porque? Quem teve interesse em vazar? A quem serve o vazamento? Quais as circunstâncias? Aparentemente, o JN não verificou o fundo desse poço.

Para grande parte da audiência, o vídeo de um Bolsonaro emocionalmente descontrolado e, em seguida, a divulgação dos arquivos de áudio do controle de entradas de pessoas no condomínio onde mora o ex-deputado funcionaram como um eficiente "desmentido". A gravação mostraria que o porteiro teria obtido autorização para a entrada do visitante diretamente ao morador da casa 65, a de um dos suspeitos de matar Marielle, e não com a casa 58, a do Bolsonaro.

Talvez tenham sido negligentes por força de um hábito recente. Ao longo de anos de divulgação de denúncias contra o ex-presidente Lula, a palavra de delatores, os vazamentos selecionados da Lava Jato e até pré-combinados com a força-tarefa - como mostram os conteúdos do grupo do Telegram dos revelados pelo Intercept - chegavam em proporções industriais às mesas do Grupo Globo e eram rapidamente embrulhados e oferecidos aos fregueses. A máquina institucional dos governos do PT, que isso seja reconhecido, não foi posta a serviço dos então presidentes Lula e Dilma, ou de qualquer ministro da época, para intimidar ou conter jornalismo ou a própria investigação da Lava Jato ou do Mensalão. Para obter desmentidos, os alvos dessas etapas tiveram que recorrer à justiça, um direito que a lei dá a todos os cidadãos. Bolsonaro, ao contrário, agiu rapidamente. Mobilizou instituições de Estado como se fossem suas. Acionou publicamente o ministro da Justiça, que tem a PF sob seu guarda-chuva, o Advogado Geral da União, a Procuradoria Geral da República e o MPRJ. Em poucas horas, o caso, pelo menos no que se refere a Bolsonaro, foi aberto e arquivado pela PGR e perícias teriam sido realizadas. Ao mesmo tempo, um dos filhos de Bolsonaro revelava os áudios da portaria do condomínio.

Com a velocidade de um Fórmula 1 em retas, respostas foram obtidas e o grande "culpado", o porteiro, foi logo apontado e praticamente "sentenciado".  Se o Caso Marielle se aproxima de dois anos sem todas as respostas, o Caso Condomínio foi velozmente autopsiado. E se o MPRJ, a Polícia Civil, o STF já tivessem essas respostas prontas no inquérito, então quem vazou o documento para o JN entregou apenas parte do material e deixou o filé ao ponto  - os áudios - para a mesa de outros  interessados.

Apesar dos indícios de ligações perigosas entre o clã no poder e os poderes de alguns milicianos, inclusive de óbvia vizinhança e de relacionamentos públicos, o JN, pela precipitação, acabou dando a Bolsonaro a chance de exibir para suas tropas de choque uma espécie de "atestado de boa conduta". Nesse caso específico, ressalte-se.

Faltou jornalismo investigativo, sobrou o vício do jornalismo declaratório, aquele que se contenta com documentos e aspas oficiais ou oficiosas e simplesmente os passa adiante.

Ainda há tempo de corrigir a mancada. Há muito a apurar. Mas há que tirar os repórteres, os bons repórteres, do ar condicionado.

Resta observar que nunca tantas e tão convictas autoridades apontaram o dedo-duro tão rapidamente para um porteiro. E o funcionário do Vivendas da Barra jamais imaginou que sua guarita seria atingida por um poderoso míssil político.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

John Legend e Chrissy Teigen: o casal que Trump odeia é capa da Vanity Fair



por Clara S. Britto

O cantor, compositor e produtor John Legend, no momento jurado do The Voice, a mulher e modelo Chrissy Teigen e os filhos estão na capa da Vanity Fair de dezembro. Falam sobre o amor, a infância e até sobre o "ser humano de merda" que atualmente está na Casa Branca. Ele mesmo, Trump. A revista acrescenta que eles formam "a primeira família que merecemos", em alusão ao atual clã que habita a Casa Branca. Trata-se de uma resposta ao presidente americano que, em setembro, tuitou que Legend era um "chato" e Chrissy "uma boca suja". Teigen deu uma resposta antológica: “lol what a pussy ass bitch. tagged everyone but me. an honor, mister president”. 
O ensaio reproduzido acima, capa e miolo, é assinado por Mark Seliger.

Fim de uma era - Fábrica Ford do ABC desliga os motores...

Itamaraty, carro lançado pela Willys. Posteriormente a Ford adquiriu a marca.

Rural: outro Willys que virou Ford, 

A Ford herdou da Wyllis o projeto do Corcel, que desenvolveu. Foi um sucesso de vendas. 

A Fatos & Fotos registra o lançamento do Ford Galaxie, em janeiro de 1967. Era o carro mais luxuoso fabricado no Brasil.

por Ed Sá 

No ano em que comemora 100 anos de Brasil - foi fundada em 1919 para montar os modelos de automóvel T e o caminhão TT - , a montadora Ford apaga a luz e fecha os galpões da unidade Taboão, no ABC Paulista, inaugurada há 52 anos. A informação
está nos jornais de hoje.

Menos empregos e fim de um longo ciclo. A empresa chegou a ter quase 3 mil funcionários na unidade. Os últimos 600 serão demitidos nos próximos dias.

Antes de tirar definitivamente a chave da ignição, a Ford Brasil pôs nas ruas e jipes e automóveis que marcaram época nas ruas e nas páginas das revistas, como a Fatos & Fotos.

O mistério da Casa 58

por O. V. Pochê

Pode até render uma série do cineasta José Padilha na Netflix. A Casa 58, encravada em um condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é o mais novo mistério nacional ao lado do sumiço dos ossos de Dana de Teffé, do roubo da Taça Jules Rimet, da ziquizira de Ronaldo Fenômeno na Copa da França e do destino dos processos de Aécio Neves. Algo ronda o endereço particular de Jair Bolsonaro muito além do pão com leite condensado, a iguaria principal do cardápio da residência. Antes, descobriu-se que um dos amigos do clá, o PM Ronnie Lessa, um dos chefes da milícia e suspeito de matar Marielle Francose Anderson Gomes, segundo as investigações, é vizinho do capitão inativo-presidente. Agora, a polícia revela que no dia do assassinato da vereadora e do seu  motorista, em março de 2018, o segundo acusado do crime, Élcio de Queiroz,  entrou no condomínio dizendo que iria à Casa 58, de Bolsonaro. Registros da portaria mostram que ele foi autorizado a entrar, embora o capitão-presidente, então deputado, estivesse em Brasília, na Câmara. O porteiro disse quee "seu Jair autorizou a entrada". O caso foi revelado, ontem, pelo Jornal Nacional. Bolsonaro, em viagem ao exterior, reagiu com um vídeo onde aparentemente descontrolado acusa a Rede Globo e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
As crises políticas no Brasil teimam em apresentar um elemento imobiliário sempre intrigante. Para Fernando Collor foi a Casa da Dinda; O MP não provou mas acusou Lula de ser dono do triplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia; Sérgio Cabral se enrolou com a mansão de Mangaratiba; Temer teria recorrido a um "laranja" para reformar a mansão da filha;  Geddel Vieira guardava mais de 50 milhões de propinas em um apartamento-cofre; Fernando Henrique teria um apartamento milionário em Paris; José Sarney ocupou um convento tombado para guardar seus pertences e foi obrigado a devolver o patrimônio público: e Bolsonaro foi flagrado recebendo auxílio-moradia embora tivesse apartamento próprio em Brasília. Ele alegou que o imóvel estava à venda. “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava pra comer gente”, justificou ele.

Atualização em 31/10/2019 - Áudios revelados ontem, além de informações do MPRJ em coletiva, comprovam que a autorização dada ao suspeito de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, Élcio de Queiroz, para acesso ao condomínio Vivendas da Barra, não partiu da casa 58, de Jair Bolsonaro, mas da casa 65, de Ronnie Lessa, o outro suspeito por participar do atentado à vereadora. Os áudios contradizem, segundo o MPRJ, a versão do porteiro dada em depoimento.

Caneta Azul, o hit da nova era...

por O.V.Pochê

Confirmado em mais de 3 milhões de acessos: a era Bolsonaro tem finalmente uma trilha sonora intelectual e musicalmente à altura e o Ministério da Educação tem seu hino. "Caneta Azul" é o hit do momento.

Postada no dia 3 de outubro, a canção composta pelo maranhense Manoel Gomes virou sucesso desbancando medalhões em números de cliques na internet. O refrão é algo como
"Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra/Caneta azul, azul caneta/Caneta azul tá marcada com minhas letra". A letra descreve um "drama popular": o triste extravio de uma caneta. "Eu perdi minha caneta e eu peço, por favor/Quem encontrou, me entrega ela/A professora, ela veio brigar comigo/Porque eu perdi a última caneta que eu tinha/Não brigue, professora, porque eu vou comprar outra canetinha".

Duvida? Ouça AQUI

Caneta, aliás, é aparentemente um fetiche da nova era. Bolsonaro ostentava um Bic até se indispor com Emmanuel Macron e descobrir que a caneta é francesa. Resolveu trocá-la por uma Compactor alegando ser produtor brasileiro. Não é. É alemã, terra de outra desafeta do Bozo, Angela Melker.

Tá difícil. Nem o Curinga dá jeito na bagunça.

Para livrar os ouvidos do passado musical do país, registre-se que já houve outros azuis em nosso céu (que não eram de anil, nem de índole varonil...)

Que o digam Tim Maia (AQUI)  e Elis Regina (AQUI)

Rosa Freire D"Aguiar, ex-Manchete, lança "Celso Furtado - Diários Intermitentes"

Em uma época em que predominam os economistas e jornalistas "de mercado", é mais do que recomendável ler Diários Intermitentes de Celso Furtado lançado por Rosa Freire D'Aguiar.
A autora é viúva do economista e foi correspondente da Manchete em Paris nos anos 1970/1980 e colaboradora da Fatos & Fotos e Pais & Filhos. Com reprodução de documentos e fotos, o livro revela anotações dos diários de Celso Furtado.
A propósito, ele defendia a ideia de que o subdesenvolvimento não é um rito de passagem para o desenvolvimento e sim uma condição de dependência crônica frente aos países industrializados. Para superá-la é necessário redirecionar a economia rumo a um desenvolvimento social.
Mais ou menos o oposto do que prega o neoliberalismo que leva a concentração de renda a índices selvagens.

sábado, 26 de outubro de 2019

Fotografia: um monumento à democracia

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Plaza Itália - Santiago do Chile - Foto de Susana Hidalgo/Instagram
Santiago foi tomada ontem por um milhão de pessoas em protesto contra as consequência de uma política econômica que tem a marca da brutalidade neoliberal. Recuperar direitos e lutar contra a enorme desigualdade a que o Chile foi conduzido pelos fanáticos da especulação financeira e do mercado acima de tudo são as palavras de ordem.

A foto é da chilena Susana Hidalgo, publicada no Instagram @su_hidalgo.

É mais uma imagem que viralizou nas redes sociais, especialmente nas páginas dos brasileiros que sentem nas pele a ofensiva rentista do atual governo, com resultados muito mais graves em desemprego e supressão de direitos, em um processo ainda mais violento e criminoso de transferência de renda para os mais ricos.

Fotografia - Chile: o violinista no protesto

O violinista. Foto de Cristobal Venegas. (links no textos) 

Cristobal Venegas é o autor dessa foto publicada pela BBC Brasil.  Segundo ele, o violinista tocava em meio aos protestos na capital chilena.
A polícia atirava nos manifestantes, enquanto médicos voluntários ajudavam os feridos.
O músico tentava incentivá-los.
Venegas é um fotojornalista freelancer que aponta as lentes para as violações de direitos humanos, a violência contra os gêneros e as agressões ao meio ambiente em países da América Latina

Fotografia: essa imagem viralizou no mundo

Everton, o pequeno herói. Foto de Leo Malafaia publicada na Folha de São Paulo (link da matéria abaixo)

O derramamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste comprometeu praias, mangues, a vida animal e pessoas. O que um governo odioso trata como questão ideológica, quase como se dissesse "toma essa ambientalista, vire-se", é um drama profundo. Um fotógrafo da AFP, Leo Malafaia, fez a foto acima, que a Folha de São Paulo publicou ontem. O texto descreve: "um menino sai da água do mar com os olhos fechados e os braços abertos, em um gesto de impotência, com o corpo coberto por um saco de lixo, empapado de óleo". 
Everton Miguel dos Anjos, 13 anos, ajudava os voluntários a retirar petróleo das praias.

VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO FOLHA, AQUI

Capa da Allure: Sharon Stone aos 61 anos, eterno instinto selvagem


Gotty/ Allure. Foto postada por Sharon Stone no Instagram


Na capa da Women's Health: o verão é de Paolla Oliveira



Paolla Oliveira na capa da Women's Health. A revista, que já pertenceu à Abril, é hoje da Rock Mountain Sports Content especializada no segmento esporte, bem-estar e vida ao ar livre.

Chile: a face dramática do neoliberalismo selvagem. O mesmo que o Brasil agora abraçou...


Chega a ser comovente o esforço do neoliberalismo brasileiro encastelado na mídia conservadora para desvincular as manifestações no Chile do impacto selvagem da política econômica dos chamados Chicagos Boys - os filhotes intelectualmente molestados por Milton Friedman -, que tiveram forte participação na ditadura de Pinochet. As imposições do radical Consenso de Washington, cujos resultados se tornaram dramáticos em várias economias, são hoje contestadas. Menos no Brasil. Paulo Guedes, o atual ministro da Economia, é egresso dos porões acadêmicos de Pinochet e aplica aqui as políticas que na imaginação dos "boys" deveriam fazer do Chile um paraíso neoliberal. Da mesma forma que aqui, lá trocaram artigos da Constituição por "leis" do mercado financeiro especulativo.

Na Folha de hoje, Roberto Simon arruma uma explicação prosaica para a crise chilena. Diz que o país não conseguiu dar conta das demandas criadas por uma nova classe média. Nova classe média? A pobreza, a concentração de renda e a desmonte das políticas sociais levam a população às ruas. Não é que a "nova classe média" sinta falta de Paris e da Disney, é empobrecimento mesmo. No começo dos anos 2000, enquanto o "milagre" chileno era exaltado pelos neoliberais, os subúrbios das grandes cidades já exibiam os sinais da tragédia social como produto final da era Pinochet. Quem fosse a Concepción, no sul do país, veria o drama em favelas, algumas com barracos de papelão, sob os rigores do inverno.

O futuro te espera na próxima esquina, Brasil

Na capa da Istoé: o cabaré em chamas


O desastre ecológico no Nordeste e a cenografia do ministro...


Federico Fellini popularizou a palavra "paparazzi" ao focalizar em "La Dolce Vita" os fotógrafos de celebridades que gravitavam em torno da Via Veneto, em Roma. Com imensa capacidade de desmoralizar qualquer coisa - até o VAR sucumbiu aos trópicos - o Brasil acaba de comprometer a dura labuta dos "paparazzi".

Veja a foto acima publicada hoje no Globo. É assinada por Genival Paparazzi. Mostra o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio, do PSL, e que é formalmente acusado pelo MP de apropriação de recursos eleitorais e associação criminosa, "testando" e aprovando a praia de Muro Alto, em Pernambuco, em plena maré de óleo que assola o Nordeste.

O ministro quis dar a impressão de que o desastre ecológico que o governo levou quase um mês para combater e ainda combate mal acabou. Tentou passar o recado fake de que turistas e locais já retomam a doce rotina praieira. Não é verdade. Enquanto ele posava nesse ponto do litoral, mais óleo desembarcava em muitas outras regiões.

Mas a foto é que é curiosa. Observem o "flagrante". A praia pernambucana parece, na verdade, muçulmana ou evangélica fundamentalista.  A maioria dos banhistas está vestida. Alguns até agasalhados, de mangas compridas. O ministro finge que desafia a poluição mas, precavido, botou apenas os pezinhos na água supostamente, segundo ele, limpa.

Situação ridículo, se não fosse poluída.

ATUALIZAÇÃO - 27/10/2019 - A praia de Muro Alto, em Pernambuco, no momento em que o ministro do Turismo posou de fake news, estava imprópria para banho. Havia óleo na água. A informação é da Agência Estadual de Meio Ambiental de Pernambuco.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Mídia: o jogo do contente...

Reprodução

O Globo afirma que o trabalho do governo "tem sido quase sempre louvável". Isso mesmo, o jornal fala da atuação oficial na tragédia do derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Não foi nada "louvável" o governo agir quase um mês depois. Preferiu, antes, atacar Ongs e se apressar em atribuir a lambança a Maduro. Já ontem, Ricardo Salles, do Meio Ambiente (ele deve detestar até o nome do cargo que ocupa) apontou mais um "culpado": o Greenpeace. Segundo o ministro, um navio da organização supostamente circulava ao largo do Nordeste no período do vazamento. Esse navio deve ser maior do que o Titanic já que carregaria cerca de 200 toneladas de petróleo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

América do Sul abre as veias. Mas no Brasil, como canta Zé Ramalho, faz um "tempo confortável". Hei, boi...

Reprodução Twitter
A América do Sul se agita. Equador, Chile, Argentina... Em comum, a receita imposta pelo neoliberalismo selvagem com o consequente achatamento de renda e direitos atingindo níveis críticos. No Chile, o número de mortos já chega a 18, incluindo vítimas de espancamento por parte da repressão. terça-feira (22), eram 15 mortos.

Há poucas horas, na Bolívia, o presidente e candidato à reeleição Evo Morales convocou uma entrevista coletiva na manhã de hoje para denunciar um golpe de Estado em marcha. Em seguida declarou "estado de emergência e mobilização pacífica para defesa da democracia". Morales diz que os sinais de golpe estão no impedimento da contagem de votos e na destruição de dependências dos tribunais regionais eleitorais.

A Argentina decidirá no domingo se manda pra casa o atual presidente, o empresário Maurício Macri, e sua política econômica neoliberal que sufocou o país e fez explodir a pobreza.


Enquanto isso, a mídia oligarca brasileira comemora hoje a aprovação do confisco da Previdência no moldes do que o Chile fez décadas atrás e que foi um dos motores da grave crise social atual, ao lado do aumento da concentração de renda, das privatizações que favorecem corporações e encarecem ou eliminam os serviços públicos. O mesmo gatilho que levantou o povo do Equador.

No Brasil, já há alguns anos, o povo vem sendo conduzido para o mesmo buraco. Aparentemente, a maioria está contente apesar de fodida e mal paga, mais até do que chilenos, equatorianos e argentinos.

O reforma da Previdência aprovada teve o desfecho esperado. Os cortes se dão em cima dos trabalhadores. A Câmara, o Senado, o ministério da Economia e Bolsonaro pouparam categorias, cederam gentilmente ao poder de pressão dos privilegiados. Além disso, se a reforma é confisco para a maioria, será benefício para outros setores que até aumentos de proventos "compensatórios" terão. Da mesma forma, os outros poderes - o Judiciário e o Legislativo - em seus vários níveis, não estão ao alcance desse arrocho, ao contrário, continuam sacando a caneta que cria mais benesses.

Mas as ruas estão calmas. A trilha sonora que se ouve é Zé Ramalho: "Êh, ô, ô, vida de gado / Povo marcado / Êh, povo feliz!"

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Paris 2024: os Jogos Olímpicos apresentam seu símbolo


O Comitê Organizador dos Jogos Olimpicos e Paralímpicos de 2024, em Paris, apresentou sua marca-símbolo. O design oferece várias leituras: a chama, o ouro da medalha, e o rosto de uma mulher, Marianne, que representa a República e os valores franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O logotipo incorpora mais uma homenagem: a tipologia utilizada remete às placas de estações de metrô, como a Abesses, em Montmartre, em estilo art nouveau, que viveu seu auge entre 1905 e 1911. Trata-se de uma referência às estações que estavam em funcionamento durante a última Olimpiada de Verão que Paris sediou, a de 1924.

domingo, 20 de outubro de 2019

The Economist: a traição de Trump

Segundo análise em The Economist, Donald Trump acaba de passar um recado ao mundo: os Estados Unidos não são um aliado confiável.

A revista refere-se ao caos que o milionário arrumou na Síria ao abandonar os curdos, a quem vinha apoiando.

Após a decisão e ao ver que a retirada resultou em ataque imediato dos turcos e na fuga de apoiadores do Estado Islâmico que estavam em prisões vigiadas pelos curdos, Donald Trump apenas foi para o twitter e digitou: "Espero que todos saiam bem, estamos a 12.000 quilômetros de distância!". Em outras palavras: ligou o foda-se.

A Europa, vítima preferencial dos terroristas do Estado Islâmico, teme que a inesperada ordem de Trump faça ressurgir o grupo jihadista que estava praticamente derrotado.

Pensa que a vida tá fácil? Revista Caras lança o Caras Bank:



As bancas de jornais saíram na frente. Quando os jornaleiros perceberam que a vaca das revistas  impressas estava indo pro brejo passaram a vender recarga e capas de celulares, refrigerantes, biscoitos, sorvete, brinquedos, mochilas etc. A queda nas vendas e o encerramento das edições impressas de muito títulos agravaram a crise. O solução foi virar loja de conveniência de calçada.

Agora são as próprias revistas sobreviventes que estão diversificando as fontes de faturamento. Algumas montaram lojas digitais para vendas de produtos diversos. A Caras, que já associou a marca a produtos como talheres e louças oferecidos como colecionáveis na compra ou assinatura de exemplares, lançará em breve um banco digital, um tipo de instituição financeira em alta no mercado.

Em parceria com o BTX Digital, o Caras Bank oferecerá conta digital gratuita, cartão de débito e crédito, saques na rede 24 Horas, empréstimos, maquininhas de cartão, aplicações financeiras, entre outros serviços. Quem nunca pôs os pés na ilha e no castelo das celebridades, pelo menos poderá ter na mão o cartão dos famosos.

Carne artificial - Se a Veja tivesse esperado 35 anos não pagaria o mico do "Boimate": a mancada mais saborosa do jornalismo brasileiro

Reprodução

Na semana passada O Globo anunciou um novo colunista: Eurípedes Alcântara, ex-Veja. O jornal apresentou o articulista aos leitores e descreveu seu currículo. O próprio jornalista, ao comentar a nova função, contou que costuma se ligar em novidades que "realmente mudam o nosso dia a dia". Acrescentou que "pretende ser um antena para levar utilidades ao leitor". Nada mais inerente à condição de jornalista. Mas ter critério é sempre recomendável. E faltou um item importante no currículo.

Em 1984 Eurípedes se apressou a levar um novidade ao leitor e causou uma das maiores mancadas da revista Veja. O feito se tornou conhecido em redações e faculdades como o "Caso Boimate". Na ocasião, o agora colunista do Globo leu uma matéria da revista britânica New Scientist sobre um cruzamento de genes do boi com células do tomate e se empolgou com o "avanço científico". No texto, detalhou que o novo fruto, chamado "Boimate",  tinha "50% de proteína vegetal e 50% de proteína animal" e saudou a experiência dos cientistas: "permite sonhar com um tomateiro do que já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate".

O jornalista fechou a matéria e, enquanto a Veja era impressa, provavelmente dormiu embalado pela perspectiva de um mundo de "boimanga", "jabutivaca", "boicaxi" e outros frutos híbridos.

Soube-se depois que a reportagem original da revista New Scientist era apenas uma brincadeira de 1° de Abril, tradição na imprensa inglesa que Eurípedes levou a sério e fez a Veja pagar um dos maiores micos da história do jornalismo.

Em 2015, o ilustrador Paulo Nilson revelou no Facebook que desenhou mas não assinou a ilustração acima: achou a história tão fantástica que preferiu dispensar o crédito.

E Eurípedes Alcântara ficou com as subidas honras de segurar o "boimate" sozinho.

Se tivesse esperado uns 35 anos, o jornalista escaparia, em parte, da gozação. Recentemente, revistas científicas, fora do 1° de Abril, revelaram técnicas de produção de carne artificial a partir do cultivo de células animais em laboratórios.

Sem o delirante molho de tomate da Veja.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Edifício Palace II: a foto do fato...

Há poucos dias, a jornalista Behula Spencer, que foi repórter da revista Manchete, publicou no face Virou Manchete, uma extensão deste blog, o post abaixo: 
Reprodução Facebook 

O caso do Edifício Palace II aconteceu no Rio de Janeiro em fins de fevereiro de 1998. A foto da implosão, que foi capa da Manchete, é do fotojornalista Alex Ferro. Foi também abertura da matéria, um total de 20 páginas.




A tragédia do Palace II mobilizou vários repórteres da Manchete. Nas páginas internas um crédito coletivo nomeou a equipe que participou da cobertura.

Foram, na verdade, vários desabamentos. O primeiro, no dia 22 de fevereiro, quando se romperam colunas de sustentação e parte do edifício ruiu. Oito pessoas morreram. O segundo, no dia 27, quando caíram mais 22 apartamentos. Talvez a foto a que Behula se refere seja a dessa ocasião.
No dia seguinte, houve a implosão completa do resto da estrutura registrada por Alex Ferro.

O padre, a moça, a batina e o chicote


por Ed Sá

1999 foi o último ano completo da Manchete nas bancas. A revista ainda virou o milênio até agosto, quando os últimos a sair apagaram a luz. Talvez os tempos já difíceis e o clima ainda carnavalesco - era fevereiro - expliquem essa estranha capa: padre Marcelo Rossi e Tiazinha. Mas a Manchete encontrou um pretexto para juntá-los. Como a chamada explicava, "usando batina e chicote" os dois eram o grande fenômeno de mídia da época. Em simetria com o título principal, Anatomia do Sucesso, a fotomontagem deixa bem claro os atributos que levaram cada um ao mundo das celebridades: as mãos postas do padre - na imagem aparecem perigosamente próximas do pecado - e as curvas da moça criadas por Deus.


Repare que na Manchete o açoite e a fé convivem harmoniosamente. Nem sempre foi assim. Dê uma olhada nessa gravura de Charles Monnet (1732-1808). Chama-se "The Flagellation of the Penitents".
Um adendo: essa capa, na época, não provocou comoção nacional.
No Brasil de hoje as milícias religiosas provavelmente chicoteariam os editores "infiéis".

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Fotografia - Moro é vítima de bullying


A capa do Estadão (16/10/2019) estampa uma dessas fotos que não precisam de legenda para assinalar uma situação política. Durante cerimônia de hasteamento da bandeira, em Brasília, a fotógrafa Gabriela Biló registrou um gesto típico de Bolsonaro fazendo "arminha" em direção a um cabisbaixo ministro da Justiça Sergio Moro. Ao lado, Paulo Guedes, ministro da Economia, mostra um riso babão sobre a encenação do chefe. Embora obediente ao Planalto, Moro tem recebido algumas estocadas políticas, a maioria vinda do próprio Bolsonaro. Se ambos estivessem na escola, Bolsonaro seria o bully (que em inglês corresponde ao aluno que frequentemente atormenta e intimida um colega) e Moro seria a vítima do bullying.
Gabriele Biló não fez apenas uma imagem. Ela enquadrou a mediocridade política tão atual que nem um photoshop cavalar deixaria o Brasil bem na foto.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Novo cenário do jornalismo da Record. As redes sociais definem como um cruzamento do Louro José com o Véio da Havan...

As cores do jornalismo da Rede Record. Reprodução

O novo cenário do jornalismo da Record é praticamente uma confissão de culpa. A rede não esconde o alinhamento com o governo Bolsonaro, mas não precisava exagerar. Falta apenas o logotipo "Pátria Amada". As redes sociais comentam que o design foi inspirado no Véio da Havan, o empresário Luciano Hang, apoiador incondicional do Bozo e que encarna um personagem bizarro, espécie de "Louro José" da ultradireita, que veste uma fantasia cromática semelhante a palheta de cores do jornalismo da emissora do "bispo".

Benício Medeiros, amigo, colega e vizinho • Por Roberto Muggiati

Benício Medeiros (1948-2019). Foto: Acervo Pessoal
Outro que se foi no suave silêncio da noite, Benício Medeiros. Trabalhamos juntos algumas vezes, a última já nos estertores da Manchete.

Quando a troika paulista (Tão, Octávio e Nunzio) saltou da melancia no Halloween de 1997, Jaquito me convocou de novo para “salvar” a revista. Escolhi Benício como chefe de redação. Era uma causa perdida, sabíamos todos. Ainda assim, consegui me segurar no cargo até maio de 1999 quando, na mesma manhã de terça-feira, recebi três notícias alvissareiras: Um convite da prefeitura de Catania, na Sicília, para visitar a cidade à sombra do Etna; um telefonema da Luciana Villas Boas, da Record, confirmando que ia publicar meu romance A contorcionista mongol; e, last and least, a dispensa da chefia da Manchete, após conversa de meio minuto com o Jaquito, sacramentada pelo grande manobrista dos veículos da Bloch, Janir de Holanda, outro que deixou o barco recentemente. Detentor do recorde de permanência à frente da Manchete – não sei se devo encarar isso como um mérito – fui despachado para a direção do EleEla. Desta vez, Benício não me acompanhou, tinha coisa melhor a fazer e se mandou.

Veterano batizado no fogo dos fechamentos em jornais como O Globo e Jornal do Brasil e revistas como Veja e IstoÉ, Benício publicou também livros importantes como a biografia de Otto Lara Resende (A poeira da glória, 1998),  na coleção Perfis do Rio, da Relume Dumará) e A rotativa parou (Record, 2010), sobre os últimos dias da Última Hora de Samuel Wainer (*).

Colegas de redação e vizinhos de bairro, costumávamos ficar horas nas esquinas de Botafogo trocando figurinhas. Um detalhe curioso que me contou certa vez me veio à cabeça agora.  Todo santo dia, Benício costumava padecer de dores de cabeça terríveis. A partir do momento em que sua mãe morreu, nunca mais sofreu a menor cefaleia. Benício morreu aos 71 anos de complicações de uma metástase cerebral. Telefonei para ele há cerca de duas semanas para saber se tinha um número antigo da revista Drinque, que ele editava e da qual eu era colaborador. Achei-o meio ríspido, a voz estranha, alegou que estava se recuperando de uma cirurgia de catarata...

A última vez que estive em sua casa na Martins Ferreira foi na festa dos seus 70 anos. Cheguei fazendo blague desculpando-me pelo atraso, que atribuí aos engarrafamentos de Botafogo – moro a duas quadras desertas do Benício. Ele não perdeu a oportunidade para me fazer recitar, diante de uma plateia seleta (a mestra Helena Godoy; Cecília Costa, a escritora; Lygia Marina, a musa; Chico Alvim o poeta) uma das minhas histórias de Paris, que adorava. Era sobre o dia em que, na missa de corpo presente da atriz Vera Amado Clouzot – à qual eu comparecera como sórdido voyeur só para respirar o mesmo ar de Brigitte Bardot e Françoise Arnoul – me vi empurrado na direção do viúvo, o diretor de Les diaboliques, que me abraçou com os olhos marejados e me obrigou a aspergir água benta sobre a defunta, num esquife elevado a três metros acima de nós num catafalco.

O Benício sabia me tirar do sério. Já está fazendo falta...

* Leia a matéria sobre o livro de Benício no link A Rotativa Parou

sábado, 12 de outubro de 2019

Para quem pensa que é fácil ser santa... As provações da Irmã Dulce

Irmã Dulce, Salvador, 1984. Foto de Antonio Ribeiro/ Reprodução Manchete

Com Emílio Médici, em 1970. Foto Reprodução Manchete


Com ACM e João Figueiredo.Foto Roberto Stuckert/Reprodução Manchete


Com Sarney. Foto Gervásio Baptista/Reprodução Manchete


por José Bálsamo

Irmã Dulce será canonizada amanhã, no Vaticano. É a primeira santa nascida no Brasil.

Tanto quanto, em vida, muitos santos foram perseguidos por poderosos outros se viram obrigados a se aproximar de figuras deploráveis em nome de suas obras sociais.

Dizem que Irmã Dulce, que passará a se chamar Santa Dulce dos Pobres, evitava declarar posições políticas, a ela interessava obter ajuda para os seus pobres, o que não a livrou de problemas. Ainda jovem, foi suspensa por dez anos da sua congregação, que não concordava com as suas obras sociais, invadiu casas abandonadas para abrir doentes e fundou uma organização operária católica que foi mal vista por patrões baiano.

Mas a provação maior deve ter sido encontrar políticos, presidentes e ditadores para pedir ajuda para as instituições beneficentes. Uma verdadeira via crucis. Em 1947, ela e 300 crianças pobres literalmente cercaram o presidente Dutra, que visitava Salvador, como estratégia para serem ouvidas e conseguir verbas para suas obras.

Dizem os católicos que ninguém chega a santo sem caminhar sobre espinhos. Em nome de Deus, Irmã Dulce teve que apertar a mão de alguns "demônios" políticos. Vai ver tal sacrifício pesou  positivamente na sua canonização.

A freira faleceu em 1992, aos 77 anos. A partir de então foi poupada de dar a mão às anomalias políticas que o país insistiu e insiste em produzir.

Foi poupada, inclusive, da presença física de uma dessas deformações em exercício no momento da canonização no Vaticano.

Deve ser seu mais recente milagre.

Surfe ferroviário à francesa. Uma onda que nasceu no Rio?

Surfando no metrô em Paris. Reprodução revista "M", do Le Monde

A revista "M", do Le Monde, publica uma matéria sobre surfistas ferroviários em Paris. A onda chegou ao metrô da capital, especialmente à linha 6 que tem trecho a céu aberto e passa ao lado da Torre Eiffel. A vista é deslumbrante, o que explica a preferência dos surfistas que postam fotos e vídeos das manobras no teto da composição.

A reportagem afirma que esse tipo de desafio urbano fora da lei, que já causou mortes em vários países, começou na Alemanha nos anos 1990.

Há controvérsias.

No Índia, o "surfe" ferroviário é massificado, por necessidade. Reprodução Twitter
Tanto a invenção pode ser da Índia - não por esporte mas por necessidade, os trens lá são mega lotados -, ou do Brasil, mais precisamente dos subúrbios cariocas.


A revista Trip publicou em abril de 1988 uma reportagem sobre os surfistas ferroviários do Rio de Janeiro. "Agachados ou em pé, fazendo estilo como se estivessem surfando uma onda, os atletas descobrem aí a sensação de deslizar no espaço, o tesão do vento na cara, a 80 quilômetros por hora. O destino é o local de trabalho, que pode ou não ser alcançado. Vai depender dos obstáculos: linhas de corrente elétrica, a cerca de um palmo da cabeça, ou um túnel inesperado, ou um trem em sentido contrário, ou a repressão policial. Centenas de garotos, entre dez e 20 anos, que descobrem a adrenalina como forma de protesto. Imagens lisérgicas, chocantes, matéria-prima para um filme de Ridley Scott", assim o repórter Fernando Costa Netto descrevia a pratica perigosa e ilegal que o fotógrafo Marcos Prado registrou para a Trip.

Segundo a "M", a travessia do Senna sobre teto do metrô é considerada o Everest dos surfistas ferroviários que também deslizam nas linhas de Moscou, Berlim, Melbourne, Nova York e Estocolmo.

Jane Fonda, 82 anos, é detida durante protesto em Washington. Ao sair da prisão, ela marca nova manifestação

Jane Fonda detida em frente ao Capitólio, em Washington. Foto/Reprodução janefonda.com

"As algemas de plástico machucam mais do que as de metal e eu descobri que não é fácil para uma pessoa de 82 anos entrar e sair de um carro de polícia sem o uso das mãos", escreveu Jane Fonda em seu site, após ser presa durante manifestação em Washington, ontem, em protesto contra o descaso dos governos diante da degradação do clima.

Ela contou que foi detida com mais 15 pessoas que ficaram em duas celas com portas abertas. O grupo pagou 50 dólares de multa e foi liberado depois de algumas horas. "Só me mudei para D.C. há duas semanas. A ideia me veio no fim de semana do Dia do Trabalho em Big Sur. Eu estava com meus amigos Catherine Keener e Rosanna Arquette e comecei a ler o novo livro de Naomi Klein, “On Fire: The {Burning} Case for Green New Deal”. Tudo o que Naomi escreve abala meu mundo, mas este realmente me trouxe o urgência da nossa situação. A jovem estudante sueca Greta Thunberg, que iniciou a greve escolar em frente ao Parlamento sueco, disse: 'Esta é uma crise. Devemos agir como se nossa casa estivesse pegando fogo ... porque está'", conclui a atriz.
Jane Fonda em 1969. Repropdução

Jane Fonda, que protestou nos 1960/1970 contra a guerra do Vietnã, agora levanta a bandeira da defesa do meio ambiente e se junta às manifestações contra o aquecimento global, ameaça real que avança no planeta.

No site, ele convoca para o Green New Deal, manifestação marcada para o dia 17 de outubro. "Isso é algo realmente vital para entendermos melhor. Essa é a estrutura que nos guiará no futuro. Será violentamente atacada pela indústria de combustíveis fósseis e pelos políticos que eles compraram. Nós, o povo, devemos nos unir por trás disso", diz ela que não apenas vai às ruas como protesto como faz parte do grupo de líderes dos protestos.

Leia mais do site oficial de Jane Fonda, AQUI