quinta-feira, 30 de abril de 2020

Luiz Edgar de Andrade (1931-2020): um mestre do jornalismo

Luis Edgar de Andrade (na foto, ao lado do título) no Vietnã, pela Manchete, em 1968.


Trinta anos depois, também pela Manchete, a volta ao antigo cenário de guerra. 
Em 1998, Luiz Edgar posa em Ho Chi Minh, antiga Saigon, com a camisa que reproduz a bandeira
do Vietnã vitorioso e unificado. Reprodução 

por José Esmeraldo Gonçalves

Qual a melhor maneira de homenagear um grande jornalista senão relembrar um dos seus grandes momentos como repórter ?

Em 1968, Luiz Edgar de Andrade foi o enviado especial da Manchete ao Vietnã. Naquele ano, a base de Khe Sanh foi cercada e atacada por morteiros e foguetes lançados pelas tropas do Vietnã do Norte. Em quatro dos 77 dias em que durou o cerco, o cearense Luiz Edgard, de Fortaleza, estava lá. "Minha Guerra no Vietnã" foi o título da matéria que ele enviou com a dura realidade da guerra. Ele contava que a primeira frase que aprendeu no idioma local foi "bao chi, bao chi" ("não atirem").

Luiz Edgard de Andrade.
Foto: Memória Globo
Luís Edgar, que foi repórter do Cruzeiro, passou pela Manchete em três ocasiões. Foi correspondente em Paris, de 1962 a 1967. Depois, na Globo, tornou-se produtor do Fantástico e chefe de redação do Jornal Nacional.Voltou à Bloch nos anos 1990, como diretor de Jornalismo da Rede Manchete. No fim da década, após a editora se desfazer da TV,  foi novamente enviado ao Vietnã pela revista Manchete, em 1998, dessa vez em paz, para rever o campo de batalha 30 anos depois da experiência de guerra na Khen Sahn sitiada. Além da reportagem, transformou a guerra em ficção e escreveu um livro. O personagem principal? Um jornalista que cobria a guerra para uma revista brasileira. O título? "Bao chi, bao chi".

Luiz Edgar de Andrade morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 89 anos, vítima da Covid-19. 

terça-feira, 28 de abril de 2020

Influencers à beira de um ataque de nervos

por Flávio Sépia 

A publicidade nos meios de comunicação tradicionais era vista pelos leitores, ouvintes e telespectadores como algo dissociado da opinião, dos fatos e das matérias em geral veiculadas. Se Nelson Rodrigues escrevia, por exemplo, que "nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais", o mundo não vinha abaixo, nem anunciantes cancelavam suas inserções no Globo, Última Hora, Manchete EsportivaFatos & Fotos, onde ele foi colunista durante anos.

Atraídas por páginas com milhões de seguidores, as verbas  publicitárias migraram para as redes sociais. Em blogs, twitter, instagram, you tube e facebook tudo é festa para os influencers até que um vacilo qualquer pode fazer a casa cair.

Demonstrações de racismo, de intolerância, de ostentação, de desprezo pelos pobres, de preconceito, de falta de noção, de ausência de civilidade ou pura ignorância por parte dos chamados influencers pode acabar em cancelamentos e em debandada de patrocinadores.

Há poucos dias, a blogueira Gabriela Pugliesi, que já contraiu coronavírus, decidiu ignorar o isolamento social e promoveu uma festinha de arromba. Ela postou fotos da badalação e os seguidores detonaram a irresponsabilidade. Em poucas horas, Pugliesi perdeu quase 200 mil seguidores. Não deve ter se preocupado muito. Só caiu na real quando marcas parceiras das suas páginas tiraram os times de campo.
A razão é que ao anunciar em redes sociais pessoais, as marcas avalizam, de certa forma e do ponto de vista dos seguidores, o pacote completo. Não há mais o distanciamento que ocorria entre as mensagem publicitárias e o conteúdo jornalistico ou opinativo em jornais, revistas, rádio e TV. A audiência não confundia um e outros. Nas redes sociais, a relação é mais intima e pessoal. Falar que "ama o sapato" da marca tal ou "adora o biquíni" da grife soa igual a "vender" expressões racistas ou de preconceito. Tudo é influência. Tanto o elogio e a recomendação quanto a intolerância ou o comportamento antissocial do (a) blogueiro (a) respingam diretamente na marca que apoia o sujeito (a).
Daí que, depois de tanto levar bordoada na internet, algumas marcas passaram a incluir nos contratos com os (as) influenciadores (as) uma cláusula que lhes dá o direito de cair fora, sem pagar multa, se o distinto dono das páginas fizer alguma merda que contamine o prestígio do anunciante.
Gabriela Pugliesi, só para citar o caso mais recente entre tantos, recebeu uma dura lição: cerca de dez anunciantes deram bye bye às suas páginas em respeito à forte reação dos internautas registrada em milhares de comentários que viralizaram na web.

Tem influenciador que vai acabar fazendo propaganda de fralda descartável tanto é o medo que sentem ao postar textos, fotos e vídeos. A vida não está fácil pra ninguém.

Fotomemória da redação: eles não usavam fraque e cartola

Eles não usavam...

...fraque e cartola. Reproduções Manchete


Essas duas fotos publicadas na Manchete em abril de 1960 são da inauguração de Brasília, mas ainda dizem muito sobre o Brasil.

De fraque e cartola, Horácio Lafer, Israel Pinheiro e Juraci Magalhães provavelmente se sentiam no Buckingham a convite da Rainha Elizabeth ou em uma tarde de corridas no Hipódromo de Ascot.

Enquanto o trio de calça frouxa posava em modo cafonice colonizada em frente ao Congresso, o Fenemê trazia da Cidade Livre - a aglomeração de casas e barracos de madeira que abrigava os operários -, a comitiva de candangos que envergava "roupa de domingo", mais do que suficiente para a "turma do sereno", que não tinha acesso aos salões nobres.

Manchete quis mostrar a Capital da Esperança e exibiu sem querer o contraste da crônica desigualdade social do Brasil. Pouco depois da inauguração, parte daquela mão-de-obra permaneceu na capital, trabalhando na continuidade das construções. A maioria partiu em busca de outros canteiros de obras.

Eram os invisíveis. Nunca se soube quantos, mas sabe-se hoje que se multiplicaram.

Foi preciso chegar a Covid-19 para o Brasil descobrir que tem um população não identificada. O auxílio de R$ 600,00 que o Congresso autorizou o governo a distribuir mostrou, 60 anos depois, a não existência de 46 milhões de brasileiros invisíveis, pouco menos do que a população da Argentina. Uma legião de filhos da pátria amada que não têm conta em banco, acesso à internet, nem CPF ativo, não participam de grupos no whatsapp, não sabem onde o IBGE mora.

Em 1958, dois anos antes das fotos acima, começou a fazer sucesso no Teatro de Arena, em São Paulo, uma peça que tinha como tema a vida operária. Era "Eles não usam black tie", de Gianfrancesco Guarnieri.

Pois é.

domingo, 26 de abril de 2020

Fotógrafos da Magnum registram o Diário da Pandemia em todo o mundo

Abril, 2020 - Foto Bruno Barbey. Diário da Pandemia/Magnum Photos

* O site da Agência Magnum está publicando um diário fotográfico dos efeitos do coronavírus no mundo. Hoje, entre outras, é exibida a foto acima, onde o psiquiatra aposentado Marc Windisch recita poemas para confortar os poucos transeuntes. A Torre Eiffel é testemunha. A foto é de Bruno Barney, que fez inúmeras reportagens para Manchete e cobriu para a revista, várias vezes, o carnaval carioca.

* Abaixo, foto de Lorenzo Meloni mostra a Torre de Pisa às escuras, em quarentena. Com a entrada de turistas no país sob veto e o deslocamento interno de viajantes sob controle, a Itália exibe cenas inimagináveis como essa. A volta à normalidade vai demora: o governo italiano pode manter restrições ao turismo até o fim do ano.

Março, 2020. Foto de Lorenzo Meloni/Diário da Pandemia/ Magnum Photos

VISITE O DIÁRIO DA PANDEMIA DA MAGNUM PHOTOS, AQUI

sábado, 25 de abril de 2020

Meu nome é Brasil, mas pode me chamar de "cabaré em chamas"






por Ed Sá

São duas expressões que bombam na internet em torno das notícias sobre o governo que respira por aparelhos e talvez seja mantido assim até 2022.
São interessantes essas criações do povo. "Pega fogo, cabaré" e "fogo no parquinho"  simbolizam o pânico pra quem está lá dentro. Há outras no gênero para esse momento de tosquice política.  "Sururu na zona", por exemplo, é coisa complicada, tal como está. "Zona" já diz tudo, acrescente o "sururu" e você terá uma bela encrenca. "Suruba sem lei" não é prática recomendada. Há que ter um mínimo de coordenação ou a conjuntura se descontrola.  Em "briga de foice no escuro" , o sujeito não sabe de ondem vem o golpe. "Mais perdido do que cego em tiroteio" se encaixa bem na desorientação do Planalto. "Quem tem cu tem medo" justifica a "cautela" demonstrada por alguns ministros que tentam garantir a cadeira.
Juntas ou separadas, as falas do povo são mais verdadeiras do que coletivas e pronunciamentos.
Em matéria-bomba publicada hoje, The Intercept Brasil lança nos TTs uma expressão de profundo significado. É o título acima reproduzido de uma reportagem sobre uma investigação do MP.  Leia AQUI

Canções contra o fascismo: Recorde esse belo dia 25 de abril em dose dupla

Itália Livre! A notícia da vitória sobre o fascismo e o nazismo. 


Portugal festeja o fim da ditadura fascista de Salazar. 
Uma data marcante para Portugal e Itália, dois países historicamente ligados ao Brasil.
No dia 25 de abril de 1945, a resistência italiana, os heroicos partigiani, anunciaram no rádio a retomada dos últimos redutos fascistas e nazistas.
No dia 25 de abril de 1974, Portugal recuperou a liberdade depois de mais de 40 anos da ditadura fascista de Salazar.
Distantes no tempo, as duas conquistas tornaram célebres duas canções que marcaram aqueles dias e inspiram até hoje a reação dos povos contra o autoritarismo e e as ditaduras. Uma ameaça sempre presente. Que o diga o Brasil atual.

Ouça Bella Ciao, a canção que foi a trilha sonora do comunicado dos partigiani nas rádios. AQUI

E ouça Grândola Vila Morena, a canção que foi a senha para a deflagração da Revolução dos Carvos, AQUI

Diversão na quarentena: o Circo Bolsonaro deu espetáculo na internet

Foto Carolina Antunes/PR

por O.V.Pochê 

Em uma sexta-feira com cara de qualquer dia - como são todos na quarentena - Bolsonaro garantiu diversão na sessão da tarde. O pronunciamento já foi especial. Um amontoado de ideias soltas, um samba - samba não, que ele não é disso -  um hino marcial do presidente doido. O aquecimento da piscina, os cartões corporativos, Marielle, a facada, o namoro do filho etc. Pouco falou sobre o foco do problema - a interferência na PF - e o que falou o ex-ministro Sergio Moro logo desmentiu, com provas.
Mas o que intrigou a internet foi o movimento pendular do ministro da Saúde, Nelson Teich, o olhar de peixe morto, a inquietação. As redes sociais se perguntavam se ele estava bem. Houve quem explicasse que ele estava tentando "entender o vírus". Coisa que ele repete desde que tomou posse e nada mais fez.
O outro mistério era Paulo Guedes, o único de máscara, o único desprovido de paletó e o único sem sapato social. A dúvida era se ele estava apenas de meias ou de pantufas. Guedes consultava o relógio, parecia não ver a hora de voltar para o sofá. Aparentava ter sido convocado às pressas ou conduzido "coercitivamente" para reforçar a figuração do pronunciamento. Uma tarde de saltimbancos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Brasil revê filme antigo e mostra que tem um "cidadão acima de qualquer suspeita"


Em 1970 um filme levantou debates nos botecos cariocas. Era uma época em que cinema de rua era ponto de encontro e mesa de bar uma espécie de tribuna para opiniões sobre o que acabava de ser visto na tela. "Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita", do diretor Elio Petri com Gian Maria Voloté e Florinda Bolkan, marcou aquela geração. 
No filme, Gian Maria Volonté representa a autoconfiança dos poderosos que se
sentem livres para cometer crimes sem que a lei os alcance.


Trata de abuso de poder, corrupção e manipulação da moral e da ética. Volonté é um chefe de policia tão confiante na sua impunidade que mata a amante e espalha na cena do crime um conjunto de provas contra ele mesmo. Movido por um tipo de vaidade, quer apenas demonstrar que, por mais que os colegas identifiquem autoria, jamais o responsabilizarão pelo assassinato. Afinal,  é poderoso, tem posição hierárquica e se julga inatingível.

Se esse roteiro de arrogância lhe remeter a algum acontecimento que, nesse momento, abala o Brasil, você não está sozinho.

O personagem de Gian Maria Voloté acaba de ser clonado por Bolsonaro. Não que na ignorância que lhe é peculiar o capitão inativo saiba lá que filme é esse .
Nesse episódio de interferência na Polícia Federal para supostamente  proteger a família, ele espalha todas as pistas e digitais possíveis. Desafia a lei. Faz questão de deixar claro que se sente impune e que pode cometer todos as irregularidades ou crimes que quiser contra a Constituição, como participar de manifestação que pede o fechamento do Congresso e do STF e pregar a volta da ditadura. É o nosso "cidadão acima de qualquer suspeita". 

Do Twitter: Brasil é de família...


Pandemia é cultura: livros, filmes e reportagens investigativas contarão a história e os bastidores do ataque do corona...


Era inevitável. Nos próximos meses, a Covid-19 vai se transformar em produto cultural. Filmes, de ficção ou documentários, livros, reportagens investigativas, exposições de fotos... Como parte das disputas geopolíticas surgirão revelações, muitas fake news, documentos do Wikileaks ou equivalentes.
Foto Weibo/Reprodução

A escritora chinesa Fang Fang sai na frente. Seu livro "Diário de Wuhan" começa a circular. São previstas edições em inglês, alemão e francês.

Fang é uma romancista conhecida na China, o que aumenta a repercussão do seu relato e já provoca polêmica no país desde a publicação de 60 textos na internet narrando o pavor, o desespero, a revolta na cidade isolada.

Fang é aplaudida por muitos chineses e criticada por outros, que alegam "traição". Muitos acham que a escritora não deveria ter levado ao exterior "motivos para a China ser criticada".


Fotomemória: Marisa Berenson no susto, ou quase. Por Guina Araújo Ramos

Marisa Berenson - Rio, 1978 - Foto Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do Blog Bonecos da História)

Ao recordar (em Ivan Locci e os perigos que ressurgem) o drama do garoto italiano que foi vítima, no início da década de 1980, de pesadas queimaduras causadas pelo uso descuidado do álcool 70° - um risco que retorna agora, espécie de subproduto da pandemia do COVID-19 - pude também relembrar o seu benfeitor, o cirurgião-plástico Ivo Pitanguy, que praticamente refez nele um rosto quase destruído.

O garoto foi beneficiado pela assumida missão caridosa de Pitanguy, uma obra social (mas pessoal) a que se doava, enquanto atendia, em paralelo, seus muitos clientes, todos famosos, abonados e fundamentalmente vaidosos, e sempre, dadas as circunstâncias, altamente discretos.

Foi bem o caso da estrela cinematográfica, modelo, design de joias, vegetariana holística etc, a atriz Marisa Berenson.



Se a fotografei, em 1978, foi no mais puro estilo paparazzo, na sua saída, altas horas da noite, da clínica do nosso sempre bem relembrado Ivo Pitanguy, que a atendera de forma dita “emergencial”, por conta de um acidente de trânsito em Angra dos Reis, durante as filmagens de uma produção multinacional, Greed, conforme o texto do coleguinha José de Arimatéia na matéria da revista Manchete, de título um pouco exagerado... Um filme que ficou praticamente desconhecido, uma surrealista história que vai do roubo de esmeraldas a um ciclone que causa naufrágios, e que, tendo mesmo ganância como mote, acabou recebendo o estranho título de “O Peixe Assassino”, e vou tentar assistir.

Foram poucas as minhas experiências como paparazzo, e geralmente frustradas, como no caso de Ronnie Von em lua-de-mel no Copacabana Palace (que depois eu conto).

Pois daquela vez deu certo!... Fiquei desde a tarde de plantão na Rua D. Mariana, em Botafogo, sabíamos que ela estava lá. Por volta de dez da noite, veio meu substituto, o colega Paulo Soler (um estudante de Engenharia que, por vários anos, fez o plantão da noite da Bloch Editores, e é hoje Tecnologista em Propriedade Industrial no INPI, Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

É exatamente Paulo Soler que aparece na foto da saída do carro da clínica, que fiz do outro lado da rua, com o equipamento da empresa, Nikon F com lente normal e flash Metz tipo “tocha”, um conjunto muito pesado, mas, numa hora dessas, bastante eficiente (apesar de criar sombras na lateral direita do objeto, se a imagem tinha fundo claro).

Esta foto já salvava a matéria, o emprego, quiçá, a pátria!... Mas, fiquei feliz, minha estratégia era tão correta que me dei bem demais! Quando o carro virou à esquerda, pegando a mão da rua, apenas me aproximei da janela (para evitar o reflexo do flash no vidro), enquadrei a artista, que percebi postada no lado esquerdo do banco de trás e fiz a foto. Tudo praticamente no susto, embora, visto o resultado, possa parecer uma foto posada.

Tenho para mim que, não tendo sofrido qualquer notável mácula no seu muito apreciado rosto, ela ficou até satisfeita de ser assim fotografada: afinal, era a prova de que saíra incólume do acidente.
Pelo menos, é como interpreto seu belo meio sorriso ao encarar o flash (e ficaram lindos os seus olhos!), mostrado não ter se assustado com o intempestivo fotógrafo, mais um entre tantos...

Ficamos todos bem, eu, Arimatéia e Soler nos nossos trabalhos para a Bloch, e Marisa Berenson, voltando ao set de filmagem e à sua espetacular carreira profissional.

MAIS MEMÓRIAS FOTOGRÁFICAS NO BLOG BONECOS DA HISTÓRIA AQUI

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Comunicação: governo quer imprensa "cor de rosa" na pandemia e faz peça publicitária com estética europeia, só com crianças brancas

* Em busca da comunicação dos sonhos. Primeiro, o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, pede a palavra em coletiva para repreender repórteres e editores por darem notícias ruins sobre a pandemia.
O general está preocupado com as senhoras idosas que podem ficar deprimidas com tantos números de contaminados e mortos divulgados na horado jantar. A verdade negativa não interessa. Mais ou menos essa é linha de Kim-Jong-Un e de países como o Turcomenistão, que até proibiu a palavra coronavírus.
Curiosamente, o general não critica o chefe dele, o capitão inativo, que prestigia aglomerações descontroladas e favorece a propagação do vírus, do qual o grupo de risco das velhinhas é a vítima maior. Se não quiser ler notícias ruins, e virão muitas por aí, melhor o general tirar uma licença e curtir uma quarentena no Disney World. Mickey, Pateta, Donald e os sobrinhos não estão no grupo de risco - só Tio Patinhas, o único em isolamento - e até agora não perderam nenhum parente. Lá só tem notícia boa.

* Outro estranho aspecto da política de comunicação do Planalto é a peça de propaganda das crianças felizes na Pátria Amada Brasil.
Só crianças brancas em um país onde negros são maioria. Nem original a foto é: os criadores da peça, talvez por sonolência ou preguiça, apenas foram ao Google, descolaram um banco de imagens e escolheram a foto que, para eles, mais representa o Brasil.
As redes sociais pegaram a comunicação do Planalto no flagra e descobriram que a mesma foto das crianças europeias já foi usada em várias campanhas internacionais. 

Fotojornalismo: o trabalho que não pode ser remoto...

Repórteres fotográficos estão na linha de frente da cobertura da pandemia de COVID-19 na América Latina

Velório improvisado na mala do carro em São Paulo. Foto: Yan Boechat (link abaixo)

por Julio Lubianco - do Blog Jornalismo nas Américas 

A pandemia do  Covid-19 mudou a rotina de jornalistas no mundo inteiro. A regra é trabalhar de casa e na América Latina muitas redações se adaptaram à situação. Isso vale para repórteres, editores e designers.

No entanto, um grupo de profissionais de imprensa não têm esta possibilidade: fotojornalistas precisam estar nas ruas para retratar a crise de perto. No caso deles, a rotina foi alterada, com medidas de segurança e proteção comparáveis às necessárias na cobertura de conflitos armados.

É o caso do brasileiro Yan Boechat, que tem ampla experiência na cobertura de conflitos armados pelo mundo, em lugares como Afeganistão, Líbano e Iraque. Atualmente, está engajado na cobertura da pandemia nas ruas de São Paulo, a maior cidade da América Latina, e tem encontrado semelhanças com as guerras que cobriu:

“Estamos num processo inicial de algo que talvez se pareça com situação de conflito, com muitas vítimas e a incapacidade dos serviços de saúde de tratar todo mundo. Há um paralelo também com a incerteza sobre como a situação vai se desenrolar, sem saber o que vai acontecer. Eu fico angustiado de não saber se estou indo para o lugar certo, de não estar cobrindo a coisa certa”, disse Boechat ao Centro Knight.

Como freelancer, publicou reportagens sobre a pandemia de coronavírus na Folha de S. Paulo e no Yahoo Notícias. Na falta de repórteres de texto que o acompanhem, ele mesmo apura e escreve as reportagens, já que passou boa parte da carreira como repórter e editor de texto antes de incorporar a fotografia no rol seu rol de atividades.

“A cobertura tem sido muito remota. Não tem muita gente fazendo matéria. Tem gente, mas é pouco. Encontrei fotógrafo de um grande jornal numa favela. Ele relatou que estava ali sozinho porque nenhum repórter quis ir pra rua. É óbvio que tem risco envolvido e cada um sabe do risco a que quer se expor. Uma crise como essa, que é uma crise humana, o foco principal das histórias é gente morrendo, perdendo a vida. Fazer a cobertura remotamente a torna fria, distante. É um momento de o repórter estar na rua, mas entendo quem não quer correr esse risco, é uma decisão particular”, disse Boechat.

Para minimizar o risco de contágio, tem se equipado com máscaras e luvas, além de desinfetar todo o equipamento fotográfico que carrega diariamente. Em busca de histórias, o jornalista tem feito plantões nos cemitérios e grandes hospitais da cidade, além de visitar áreas periféricas e pobres da cidade. E foi graças ao trabalho na rua que pôde antecipar o que os números confirmaram mais tarde: o aumento do número de mortes e o desafio de enterrar vítimas do coronavírus.

“Fui no cemitério, dei plantão em porta de cemitério, para ver se estava aparecendo vítima da Covid-19. Encontrei bastante vítimas quando os números ainda não mostravam isso. (...) A questão das despedidas solitárias, a incerteza de como a se morte se deu, é um assunto que veio à tona. É uma parte muito doída deste processo. Não pode ver o corpo, não poder olhar nem dar o último adeus”.

Risco adicional para freelancer sem contrato fixo

Para o salvadorenho Juan Carlos, uma das maiores preocupações na cobertura da pandemia é o risco de se contaminar e precisar interromper o trabalho. Como freelancer para publicações estrangeiras, ele é responsável por garantir a própria segurança, seu seguro de saúde e do seu equipamento.

"Sair para cobrir essa pandemia é como cobrir uma frente de batalha. Quando você está em uma zona de conflito ou zona de risco de pandemia, precisa fazer um plano de preparação, pensar nas situações que pode encontrar e como sair delas. O mesmo aqui. Você precisa ter sua atenção em 1000%, como em uma zona de conflito. (...) Nós, como freelancers, não temos seguro de saúde. Você se fornece tudo. Ninguém responderá por você", disse ao Centro Knight Juan Carlos, que, entre outros conflitos, cobriu a Batalha de Mossul, no Iraque.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO BLOG JORNALISMO NAS AMÉRICAS AQUI

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Publimemória: Pastilhas Valda foi a "cloroquina" da Influenza no século passado


Especialistas internacionais desmentem que a cloroquina seja remédio para o coronavírus.No Brasil, virou receita presidencial. Mas não é de hoje que curandeiros apregoam poções milagrosas e salvadoras.

Veja o anúncio acima. As Pastilhas Valda eram apresentadas como capazes de curar "influenza, grippe, constipação, bronchites".

Compartilhe com o Planalto. De repente vai virar política nacional de saúde.

Abriram os shoppings em Blumenau! Virou muvuca

Veja o vídeo

"Meu papel, meu canudo de papel" - Elite brasileira adora inventar títulos em Harvard...

por O. V. Pochê

Harvard vai precisar cuidar da imagem. Primeiro passo é investigar rigorosamente todos os títulos que brasileiros alegam ter obtido na instituição. Não só Harvard. Outras universidades vão ter que passar o pente fino nos diplomas e certificados que a elite brazuka inclui nos currículos. Não é de hoje que rola essa onda de "doutor 171".

O advogado e professor de Direito Marcelo Uchôa comentou nas redes sociais, hoje, que é falso  o doutorado do ministro da Saúde, Nelson Teich. E o jornal GGN denuncia que a Universidade de York "não confirma informação de doutorado do novo ministro da Saúde".

Não é o primeiro caso. deputados, ministros,g  e até intelectuais já inflaram suas vidas pregressas com títulos prestigiados. Só que falsos.

Basta um brasileiro fazer uma visita guiada a Harvard para fantasiar o currículo. Se for inscrito como "ouvinte", já sai de lá com um doutorado.

Ou Harvard desmoraliza esses picaretas da academia ou daqui a pouco tem brasileiro ilustre pegando diploma no drive thru da universidade.

O psicopata é internacional


Leitura Dinâmica: se segura, malandro

* Crescem as suspeitas sobre a transparência do Ministério da Saúde sob nova direção. Sabe-se que a subnotificação é alta no Brasil. O risco agora é a manipulação da subnotificação, para baixo, claro, em sustentação à pressão de Bolsonaro, do gabinete do ódio e das carreatas da morte para o fim do isolamento (o pouco isolamento que o país conseguiu praticar). Para conscientizar a população falta uma live dos coveiros que estão dobrando expediente em várias capitais.

*  A pandemia na Europa inicia um lento ciclo de redução de casos e mortes. Muito lento. E começa a planejar a adaptação do isolamento social ao novo quadro. As principais cidades brasileiras estão entrando na fase mais dramática da pandemia: a hora em que o sistema de saúde não consegue dar conta das vítimas, especialmente aquelas que necessitam de respiradores dá conta. Agrava-se a fase de recolhimento de corpos nos hospitais e nas residências, a abertura das covas rasas, o drama das famílias e a angústia de médicos e enfermeiros. Pois é nesse momento que o psicopata e seu gabinete do ódio fazem pressão para o fim do isolamento. Vão colher cadáveres, como parecem desejar. Em tempo: dez estados já começam a relaxar oficialmente o isolamento.

* Alguém duvida que os atos que pedem a volta da ditadura partem do Planalto? Alguém acha que, por coincidência, Bolsonaro ia passando no local (também por acaso o quartel general do Exército) para ir a uma padaria ou, quem sabe, procurar o Queiroz e deu uma paradinha no meio da carreata da morte só para espairecer? Bolsonaro exalta um golpe, o de 1964, é produto de outro, o de 2016, já deu vários sinais de que gostaria de abduzir o Congresso, o STF, além de governadores e prefeitos incômodos.

* Os números da economia brasileira em fevereiro, antes do coronavírus, já eram um desastre. Estagnação, desemprego, balança comercial e indústria e consumo em baixa se destacavam entre outros indicadores do fracasso. Paulo Guedes e a mídia conservadora lamentam a toda hora que a Covid-19 atrapalha o Brasil na hora em que o país estava "decolando". Decolando para um buraco  maior? Menos enganação, por favor.

* O Globo de hoje denuncia que alguns advogados que atendem internos da Papuda, em Brasília, cobram até 900 reais para informar às famílias sobre o estado de saúde dos presos. Significa 300 reais a mais do que o auxílio  de 600 reais que Congresso e governo estipularam para parte da população.

* STF está investigando atos contra a democracia e a máquina política de geração de fake news. Vai acabar batendo no mesmo endereço ali mesmo na praça dos Três Poderes.


* Pausa para respirar. Em confinamento, Luma de Oliveira faz uma rara aparição especial. Nos Instagram, a eterna musa relembra Tom Jobim e publica texto que o maestro fez para ela.

* Os clubes de futebol falam na volta dos jogos, sem torcida. Dirigentes se reúnem. Vale uma pergunta: os jogadores foram ouvidos?

* Enquanto isso... a OMS recomenda que competições internacionais não voltem aos estádios, ginásios, pistas e piscinas antes do segundo semestre de 2021. O Coordenador de Futebol da CBF rebateu: "a OMS não entende nada de futebol". É candidato a abre-alas da próxima carreata da morte?.

* Deu azar. A Embraer, por decisão de Michel Temer referendada pelo seu sucessor, juntou seus trapinhos com a Boeing na hora errada. Logo depois a empresa americana se enrolou na mancada do perigoso jato 737 Max, que a fez entubar um mega prejuízo, e se deparou logo depois com cancelamentos de encomendas do setor aéreo embananado pela crise do coronavírus. Parece um abraço de afogados. A Embraer está tentando prorrogar a data final para a conclusão do acordo.

ATUALIZAÇÃO - A nota acima, sobre Boening-Embraer, foi publicada no dia 22 de abril. Dois dias depois, a empresa americana anunciou que estava caindo fora do negócio. Já abalada pelo escandaloso fracasso do jato 737 Max, até hoje impedido de voar, a Boeing não resistiu ao coronavírus que abala fortemente a indústria aeronáutica. A Embraer deve está se sentido como uma noiva que já cedeu seus encantos ao noivo durante uma noite e viu este se mandar antes do sol raiar.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Fotomemória da redação - Brasília 60 anos: onde a encrenca começou

Jacinto de Tormes, da Manchete, chega a Brasília para cobrir
a inauguração da capital em 21 de abril de 1960. Reprodução Manchete

Brasília foi inaugurada na data de hoje, há 60 anos. Esperava-se que fosse Capital da Esperança. Em clima de ufanismo, o jornalista Jacinto de Thormes chegou ao Planalto Central, como integrante da equipe Manchete,  para cobrir o baile inaugural no Palácio do Planalto.

O Baile de Gala da inauguração de Brasília, há 60 anos, no salão do Palácio do Planalto. Manchete cobriu com pompa e circunstância a festa que entrou para a história como o "Baile da Ilha Fiscal 2.0". A "Capital da Esperança" estava destinada, pouco depois, a se tornar sede de um ditadura que durou 21 anos. Reprodução Manchete

Jacinto não sabia, mas iria testemunhar, na verdade, o Baile da Ilha Fiscal 2.0.

Pouco meses depois, Jânio Quadros seria eleito, tomaria posse em janeiro de 1961, renunciara sete meses depois, como parte de autogolpe (hoje, ironicamente, em moda) fracassado e jogaria o Brasil em uma sequência de crises. Em seguida, militares tentaram em vão impedir a posse do vice João Goulart, que não caiu naquele momento , mas governou por três anos sob alta instabilidade política. Em 1964, veio o golpe militar e os 21 anos de uma sangrenta ditadura.

E Brasília não justificou o título que os jornais e revistas lhe deram.

Hoje, 60 anos depois, é a Capital da Desesperança, onde a democracia está, mais uma vez, sob ameaça. 

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Entre a espada e a cruz...

O auxílio que o governo federal inicialmente relutava em dar (queria fixar em 200 reais) e que o Congresso passou para R$600 e decidiu liberar é importante para milhões de famílias, embora não resolva a grave emergência.
Mas tem um problema bem tipico da "pátria amada".
Em algumas comunidades, a milícia exige que as pessoas lhes forneçam os dados, e eles mesmos, os criminosos, dão entrada no pedido e cobram uma taxa de valor não informado.
Por outro lado, alguns pastores afirmam em rede social que os R$600 reais "foi deus que mandou" e avisam que a quantia está sujeita a dízimo.
É o povo entre a espada e a cruz.

Edição impressa da Revista Caras entra em quarentena por três semanas


Segundo notícia publicada no Portal dos Jornalistas, a revista Caras suspende sua versão impressa temporariamente. O motivo é a pandemia do novo coronavírus.

Mensagem aos assinantes informa a pausa forçada, inicialmente por três semanas, e avisa que a revista será mantida em seu formato digital.

A edição vista aí ao lado seria a última antes da quarentena editorial;

Dona Arminda: a lady do Russell

Dona Arminda, na foto a primeira à esquerda, em momento que demonstrava
seu companheirismo. Foi em um dos almoços de fim de ano dos ex-funcionários,
ao lado de Marta Souza, Nilton Rechtman, Alan Caruso e Juvenil Siqueira. 

A mesma generosidade mostrava ao participar da luta dos ex-funcionários pelos direitos trabalhistas após a falência da empresa. Na foto, de 2012, durante uma visita ao gabinete da Juíza Maria da Penha Nobre Mauro, em comitiva da qual faziam parte Murilo Melo Filho, José Carlos Jesus, José Alan Leo Caruso, Roberto Muggiati,  Jileno Dias, Zilda Ferreira, Genilda Tuppini, e o presidente do Sindicato dos Gráficos do Rio de Janeiro, Jurandi Calixto Gomes. Dona Arminda é a penúltima, da esquerda para a direita. 

Ontem, José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, recebeu  a mensagem abaixo, extensiva a muitos que passaram pela Bloch:

 "José Carlos e demais amigos de minha mãe Arminda, comunico seu falecimento hoje. Minha mãe cumpriu sua caminhada com louvor. Obrigada pela amizade e carinho de vocês". 
Abs.  Maria Joaquina. 

Dona Arminda Oliveira Faria era a lady do Russel. Elegante, prestativa, eficiente, ela exercia múltiplas funções ligadas ao cerimonial da Bloch. Jantares formais, abertura de exposições, lançamentos de livros, Prêmio Tendência, estreias de peças para convidados de Adolpho Bloch, toda a logística desses eventos tinha Dona Arminda na supervisão.

Às vezes, e não raro às pressas, era convocada para atender a redação da Manchete, quando ilustres personalidades davam entrevistas para a revista na própria editora, no 11° andar do prédio 766. Dona Arminda e sua equipe montavam um catering de classe. Certamente as entrevistas se prolongavam graças à "produção" caprichada, do ambiente ao menu.

Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, conta que, em 1986, ajudou Adolpho Bloch a receber a dona do Washington Post, que visitava o Brasil: Ms. Katherine Graham. E encontro foi em um fim de tarde na espaçosa sala de visitas do décimo andar do 804, com sucos e biscoitos – era verão e fazia muito calor no Rio, um chá seria totalmente fora de questão. Tudo ia bem até que o bairro do Flamengo sofreu um apagão geral. Antes que a situação se tornasse constrangedora, Dona Arminda , prontamente providenciou um conjunto de castiçais e a conversa prosseguiu em clima tremeluzente. Deve ter sido a primeira vez que Katherine Graham deu uma entrevista à luz de velas.

Dona Arminda fará sempre parte das boas lembranças da Bloch. Como diz a sua filha, ela cumpriu sua caminhada com louvor.

domingo, 19 de abril de 2020

É oficial! Nova iorquinos já podem se casar via aplicativo Zoom.

Os noivos nova iorquinos já podem  se casar, oficialmente, via videoconferência. O governador Andrew Cuomo assinou decreto nesse sentido. Com aplicativo Zoom, cujo uso explodiu no mundo em tempo de Covid-19, os noivos poderão se conectar, juntos, com o cartório. Caso estejam confinados em locais diferentes, não tem problema, será feito um call múltiplo com todos os envolvidos.  Já a lua de mel, se será "analógica" ou virtual ,é uma decisão de cada casal.

Redações: coronavírus é o novo passaralho

O jornalismo já contabiliza contaminados e mortos pela Covid-19.

Além do vírus, outra ameaça ronda as redações. E não só no Brasil. Sites independentes estão sobre cerco econômico, canais de esportes reduzem equipes ou negociam cortes de salariais, contratos são suspensos. Há rumores de que Folha, Estadão, Valor Econômico, Caras, entre outros veículos, podem reduzir salários.

Assim, o jornalismo em geral e o impresso em particular, já combalido, serão vítimas do impacto econômico do coronavírus. Rafael Moro Martins, Editor Contribuinte Sênior em The Intercept Brasil, em artigo postado ontem, comenta e assunto e lança uma questão preocupante: a crise que fragiliza os veículos independentes embute um risco à democracia.

"É mais fácil para um governo antidemocrático como de Jair Bolsonaro dobrar empresas de mídia em dificuldades financeiras. Um dos heróis dele, o húngaro Viktor Orbán, asfixiou os jornais independentes, que cobriam o governo com altivez. Em seguida, partidários do ditador os compraram. Para alinhá-los ao governo ou, simplesmente, fechá-los", escreve Rafael Moro Martins.


Um pioneiro no isolamento social - E o mundo, quem diria, foi obrigado a imitar Howard Hughes

Howard Hughes em rara foto pouco antes de morrer e em pose dos anos 1940. 

O Princess Hotel, em Acapulco. Na cobertura o bilionários viveu sua quarentena particular. 

Em tempo de coronavírus, as pessoas em quarentena compartilham nas redes sociais a vista que veem das janelas. A paisagem acima foi o visual que Hughes contemplou durante quatros anos de isolamento.

O bilionário Howard Hughes sofria de misofobia. Trata-se do pavor extremo de se contaminar por vírus, bactérias, germes em geral. Com razão, ele achava que a vida moderna fazia circular vírus demais para o seu gosto imunológico.

O filme O Aviador, de Martin Scorsese, com Leonardo di Caprio no papel principal, mostra algumas  manias de limpeza do cineasta, engenheiro aeronáutico, fabricante de aviões e dono da extinta companhia aérea TWA. Mas na vida real, a paranoia era mais grave. Ele passou os últimos 25 anos de vida em semi-reclusão, sendo que os quatro anos finais absolutamente isolado em uma imensa suíte na cobertura do Princess Hotel, em Acapulco, México. Tudo que entrava nas dependências era desinfetado, empregados usavam luvas brancas e lenços de papel até para tocar em interruptores ou maçanetas. Ele lavava as mãos e tomava banho várias vezes ao dia. A faxina do local era feita com bactericidas hospitalares.

Deve ter funcionado. Hughes morreu de parada cardíaca em 1976, aos 70 anos.

O bilionário foi uma espécie de pioneiro no isolamento social, no caso dele, pessoal. Se vivo fosse, estaria preparado para vencer o coronavírus.

sábado, 18 de abril de 2020

DataPanis lista mais palavras do vocabulário do coronavírus

Coronacético - É o sujeito que por fundamentalismo ideológico, psicopatia ou sociopatia nega a existência ou os efeitos da pandemia. Palavra criada pelo Le Monde
Coronacrise - O impacto mortal da Covid-19 ampliado para a desarrumação da economia global.
Coronalive - Shows ou clipes caseiros produzidos durante a quarentena e transmitido pelas redes sociais. 

Fotomemória da redação: Ivan Locci e os perigos que ressurgem. Por Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História

São tempos espantosos, estes, os da pandemia do novo Coronavírus, os da COVID-19. O certo é que nossa geração, em termo mundiais, simplesmente não viveu nada parecido.

O perigo é, objetivamente, mortal, posto que não há cura e nem vacina. Resta-nos apenas uma defesa parcial, uma quarentena indefinida, que teria um prazo final, mas é continuamente estendida enquanto a quantidade de vítimas cresce.

Ao perigo maior, o da contaminação com o vírus, vão se acrescentando outros, que vão de uma possível obesidade, forçada pela angústia que a imobilidade provoca, até os riscos dos acidentes caseiros, incluindo, aliás, as dificuldades de convivência entre parentes que nunca conviveram tanto... Riscos de acidentes que se exacerbaram até mesmo pela falta de prática de muitos no uso dos recursos que têm em suas próprias casas. Ainda bem que uma crise tão profunda trouxe à tona um impressionante movimento de solidariedade coletiva.

Ivan Locci - Rio de Janeiro, 1984 - Foto Guina Araújo Ramos

Daí, me lembrei da criança que, vítima de um desses acidentes caseiros, recebeu, no correr dos anos 1980, um apoio fundamental para a sua recuperação (e integração na sociedade), apesar dos traumas que sofreu: o italiano Ivan Locci, que continua grato ao Brasil.

À época, este era um acidente até corriqueiro: um jato de álcool lançado ao fogo, a partir de uma garrrafa plástica, que retornava ao corpo da pessoa e fazia nele um incêndio particular. As crianças eram as vítimas mais frequentes, a ponto de o álcool líquido ter sido substituído no comércio pelo álcool em gel. Muitos adultos, nos churrascos e nas fogueiras juninas, também sofreram destes males, ou foram responsabilizados pelos sofrimentos de seus filhos (e foi, aliás, o caso do pai de Ivan Locci).
Agora, como recurso na defesa contra a pandemia, o álcool 70° está de volta às lojas, e às casas, e seus riscos também. Diante do caos da saúde pública (que já existia, mas está sendo levada ao absurdo), dificilmente quem se queimar no uso do álcool terá tratamento de qualidade. Nem, muito menos, o tratamento especialíssimo que o garoto Ivan Locci teve, o de ser operado pelo mais importante cirurgião plástico brasileiro (talvez do mundo, à época), o médico, professor e até membro da Academia Brasileira de Letras, o Dr. Ivo Pitanguy.

Ivan Locci - Rio de Janeiro, 1984 - Foto Guina Araújo Ramos

Fotografei o menino Ivan Locci, para o Jornal do Brasil, no anos de 1984, em um pequeno hotel do bairro do Flamengo, durante um dos seus vários retornos ao Rio de Janeiro, para revisão das cirurgias que vinha fazendo desde 1981, as quais recuperaram minimamente as feições do seu rosto.
Fiquei feliz de encontrar agora, revendo o assunto em pesquisa na Internet, algumas imagens recentes de Ivan Locci, de um evento do ano de 2017, em Gênova, na sua Itália natal.

Fico feliz também por recuperar a figura de Ivo Pitanguy, com quem tenho a alegria adicional de dividir a data de nascimento, 5 de Julho, a quem também fotografei, em sua famosa clínica da Rua D. Mariana, mas lamento não ter em mãos estas fotos (creio que para Fatos & Fotos, por conta de alguma celebridade que ele “retocara”, como Marisa Berenson). E nem saber mais como encontrá-las.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Humor, por favor. No Charlie Hebdo, a volta ao trabalho...


Velho Oeste: quando a cloroquina não existia

O charlatão Merriweather (Martin Balsam) no filme "Pequeno Grande Homem".. 

por Ed Sá

A figura do charlatão era recorrente nos westerns clássicos. Geralmente envergando cartola e casaca, o sujeito percorria as trilhas empoeiradas do Oeste e parava nas pequenas cidades para vender suas poções.

A cloroquina que Bolsonaro propagandeia não existia, mas o curandeiro andarilho vendia "remédios" para curar impotência, vermes, infestação de carrapatos, piolhos, veneno de cobra, disenteria e um pozinho para acelerar cicatrização de buracos de balas.

Claro que as meizinhas eram pura enganação. Mas isso não era problema para o charlatão. Como um nômade, ele vendia seus produtos em uma cidade e logo partia para outra.

Na vastidão do Oeste, o charlatão encontrava muitos outros otários sem precisar repetir a praça.

Eles também são contra o isolamento...

Segundo a Tupi FM, em áreas dominadas pelas milícias, o comércio agora vem sendo obrigado a funcionar. Simples: assim como o governo federal quer o povo na rua por temer perder dinheiro dos impostos, a milicia reclama por ver diminuir o caixa da extorsão que pratica junto aos comerciantes. Os criminosos não se preocupam com o número crescente de mortes. São contra o isolamento social e querem o comércio aberto porque não se pode curar o doente e matar a galinha dos ovos de ouro dos paramilitares que subjugam milhares de cariocas.
Um discurso já ouvido em algum lugar... 

"Espírito Santo de orelha" baixa em Bolsonaro

Bolsonaro usou um ponto eletrônico para sustentar seus pronunciamentos tanto na apresentação do novo ministro da saúde, ontem, quanto na posse, hoje. A fala é pausada e, entre uma frase e outra, aguarda a "cola" que vem dos bastidores. Ontem, o discurso foi tão lento que as redes sociais indagaram se o capitão inativo tinha tomado calmantes ou um litro de chá de maracujá..
Trata-se de uma inovação na comunicação do Planalto. Já foi usado antes o telempronter, mas Bolsonaro se atrapalha com o sistema.
O Planalto não informa a razão da mudança, nem se foi uma sugestão de Regina Duarte. A atriz tinha dificuldade para decorar falas nas novelas e a produção lhe pendurava o micro-equipamento na orelha. Na linguagem popular, Bolsonaro e Regina Duarte são amparados pela versão tecnológica do "espírito santo de orelha" que, segundo o dicionário, é "o indivíduo que procura auxiliar outrem murmurando-lhe respostas".

CNN americana: a vinheta que oferece calma...

Reprodução 

A CNN americana está, é óbvio, com um massiva programação sobre a Covid-19 no país que soma mais contaminados e mais vítimas fatais. A própria CNN exibe na tela o relógio fatal que conta a devastação que o coronavírus causa. O noticiário é geralmente assustador. Por isso, a rede americana criou uma vinheta que faz todo o sentido: são 30 segundos de calma sugeridos por uma série de imagens em câmara lenta. Uma janela para descontrair. Nem que seja para "viajar" por alguns segundos.  O conceito deve agradar ao pessoal da marijuana. 
A CNN propõe 30 segundos de cachimbo da paz.  

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Dias estranhos... O rock profético de Jim Morrison e The Doors


Em 1967, The Doors (Jim Morrison nos vocais, Ray Manzarek (teclados), Robbie Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria) lançaram Strange Days. Não sabiam que escreviam um hino dramático para ser ouvido neste 2020. É a metáfora do coronavírus...


Strange Days  (Clique AQUI)

Os dias estranhos nos encontraram
Os dias estranhos nos rastrearam
Eles vão destruir
Nossas alegrias casuais
Nós temos que seguir em frente ou encontrar outra cidade

Sim!

Olhos estranhos ocupam salas estranhas
Vozes anunciarão o cansado fim
A anfitriã está sorrindo
Seus hóspedes dormem em pecado
Me ouça falar sobre o pecado e você sabe que isso é um

Sim!

Os dias estranhos nos encontraram
E através de suas estranhas horas, ficamos sozinhos à espera
Corpos confusos
Memórias mal usadas
Enquanto trocamos o dia pela estranha noite de pedra

Viraliza na web: a liga dos heróis contra a milícia do vírus


quarta-feira, 15 de abril de 2020

Fato em foto: o vírus é abstêmio

Foto; Prefeitura de Paris
A ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial não foi capaz de fechar cafés e restaurantes de Paris. Durante a onda de ataques terroristas, em 2015, o Estado Islâmico selecionou alvos que simbolizavam o estilo de vida dos parisienses, como a casa de shows Bataclan, bares e restaurantes. Paris não se rendeu e manteve abertos os lugares. Como o Cafe Panis, xará deste blog,  mas não sinônimo, com vista para a Notre Dame.
                                                     
A guerra e o terrorismo religioso não conseguiram, o vírus, sim.

Cadeiras empilhadas, copos e taça vazios...

Playboy, a original, se despede sem choro, nem vela

Em março, a Playboy americana anunciou que estava suspendendo a edição impressa até o fim do ano.

Os editores atribuíram a decisão ao coronavírus. Parece improvável que volte ás bancas. Ou, pelo menos, o mercado editorial dos Estados Unidos não acredita em reversão.

Sem surpresas; a circulação da revistas despenca há alguns anos. Nos anos 1970, atingiu um recorde ao vender 5,6 milhões de exemplares por mês, mas se tornou insustentável desde 2010. Fez uma tentativa de reposicionamento ao eliminar os nus. Não deu certo e o full-frontal voltou. Antes do anúncio da interrupção da versão impressa, a periodicidade era trimestral. Com a capa da última edição (na foto), com certeza uma das piores das história da revista, não havia mesmo muita esperança.

Poucos países ainda levam a Playboy às bancas. Entre estes, estão Portugal e Espanha.


Para o Washington Post, entre os líderes que minimizam a pandemia, Bolsonaro é "o pior" do mundo

Reprodução The Washington Post 14/4/2020

Um "julgamento de Nuremberg" ao fim da Covid-19

Spencer Tracy é o  juiz Dan Haywood. 
Em dias de isolamento social, uma boa reflexão é ver "Os Julgamentos de Nuremberg". A direção é de Stanley Kramer. No elenco: Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland e Montgomery Clift. O filme aborda um desdobramento das ações do Tribunal Militar Internacional, que era o nome oficial da instituição.

Os principais líderes nazistas já haviam sido condenados três anos antes. Cabia ao juiz aposentado Dan Haywood, papel de Spencer Tracy, tentar punir membros da estrutura administrativa nazista que usaram seus cargos para sustentar as ações dos carrascos. Eram burocratas, diretores de empresas, políticos, integrantes do partido etc, que não abriram pessoalmente os manetes de gás mas contribuíram para tal.

O filme descreve o processo e julgamento de quatro juízes que "legalizaram" o terror nazista. Não é fácil a tarefa de Haywood. A Guerra Fria se instala e os governo aliados já não têm tanto interesse em Nuremberg. Na época em que se desenrola a trama, os formuladores da política externa dos principais países se esforçam para esquecer o passado. Os holofotes estão praticamente desligados no ambiente do tribunal e, nos bastidores, cresce a pressão política para jogar um tapete sobre a Alemanha, que já insere na geopolítica da Guerra Fria. Da sua cadeira, o juiz Dan Haywood luta para cumprir seu papel, punir os culpados, impor a lei e os princípios da sua consciência.

O mundo está no meio de uma nova guerra. Dessa vez, o coronavírus é o inimigo invisível que deixa visíveis as ações de alguns governos que desprezaram e até lutaram contra protocolos para salvar vidas, como no caso do isolamento social. Em países como Estados Unidos, Itália, Brasil, Espanha, Equador, autoridades relutaram em seguir as medidas recomendadas da Organização Mundial da Saúde. A China levou mais de um mês para revelar a existência do novo coronavírus.Alguns dirigentes fizeram discursos agressivos e injetaram conteúdo político, ideológico e mercantilista na pandemia. Em consequência, perderam tempo e produziram cadáveres. Estes deixam suas digitais em milhares de sepulturas.

Cientistas, políticos e economistas sérios começam a discutir o que será o mundo após a pandemia. Serão graves as consequências e, para superar a crise, democracia, solidariedade, justiça social e melhor distribuição de renda para as populações serão remédios valiosos.

Será um recomeço.

Para isso, também será necessário apurar responsabilidades e identificar as decisões de governos que resultaram em mortes que poderiam ter sido evitadas.

Até que a ciência desenvolva uma vacina os números vão chocar. Que esse choque resulte na indignação que exigirá a apuração de responsabilidades.

Basta acompanhar os fatos: há crimes em andamento. Crimes contra a humanidade. A palavra genocídio será usada ao fim dessa tragédia global.

Um tribunal internacional poderá ser uma boa resposta legal e moral em respeito aos milhões de mortos.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Tecnologia vai mostrar no seu celular se você "deu match" com alguém que já testou positivo para o coronavírus...

Google e Apple estão desenvolvendo juntas uma tecnologia de rastreamento de contatos. Na prática, o sistema poderá mostrar, através de troca de informação de celulares, via bluetooth, se há alguém  que testou positivo nas imediações. As empresas avisam, contudo, que a tecnologia estará disponível em maio, mas caberá aos governos incorporarem ou não como ferramentas de combate à disseminação do vírus. O sistema estará operacional em maio. O Canaltech tem matéria sobre o assunto. AQUI

DataPanis acrescenta mais palavras e expressões do vocabulário do coronavírus

* Coronafest - Evento realizado em Rondônia. Espécie de festejo dedicado ao vírus. No salão teriam ecoado gritos de "mito", "mito". O governo de Rondônia informa que vários participantes da festa já foram testado positivos para o vírus. Não se sabe se organizarão outro regabofe nos hospitais ou nas funerárias.

* Coronamártir - As milicias que lutam pelo fim do isolamento já elegeram nas redes sociais pelo menos duas heroínas. São as mulheres que em São Paulo e no Rio desafiaram as restrições. Uma delas foi à praia e outra a uma praça interditadas. Aos berros, resistiram aos guardas civis, agrediram moralmente os funcionários, deram mordidas e bradaram que o vírus é um complô comunista. Se um dia houver um panteão em Brasília para homenagear as covidettes, outro neologismo, elas serão lembradas.

* Influencers do vírus - São os cantores sertanejos que nas suas páginas exaltam a postura de Bolsonaro contra o isolamento e defendem o #vaiprarua. Não se pronunciam sobre os milhares de brasileiros que já fazem explodir as estatísticas de morte.

* Piratas do vírus - São os países ou empresas que interceptam em aeroportos carregamentos de máscaras, luvas e testes destinados a outro país. Estados Unidos, Inglaterra, França teriam feitos ações do tipo. Em outras ocasiões, empresas privadas ofereceram mais dinheiro para exportadores chineses e também se apoderam dos carregamentos. O Brasil já foi vítima dessa pirataria em pelo menos três grandes remessas.

* Cloroquináticos - São os fanáticos da cloroquina. A maioria não sabe do que se trata, mas carrega faixas pregando o uso em massa do medicamento, que virou uma espécie de poção sagrada dos milicianos fundamentalistas.

* Cloroquiners - os ativistas do remédio propagandeado por Bolsonaro.

* Quarenteners - os cidadãos que se isolam, protegendo a si próprios e aos outros.


Fotomemória da redação: Moraes Moreira (1947-2020) encontra Bob Marley (1945-1981)

1980: Moraes Moreira e Bob Marley em dia de pelada no Politheama. Foto de Frederico Mendes/Reproduão Manchete

por Niko Bolontrin

Moraes Moreira, que morreu ontem, no Rio, fará muita falta no atual panorama musical. Sua obra traduziu muitos aspectos do Brasil. O futebol, por exemplo. O baiano de Ituaçu era um apaixonado pelo Flamengo. Por várias vezes uniu seu talento musical à bola. Era também um peladeiro ou gostava de "bater um baba", como se diz na Bahia.

Em 1980, Bob Marley veio ao Brasil para a inauguração da gravadora Ariola.

Manchete cobriu os passos do astro jamaicano do reggae e do movimento rastafári. Fora da agenda oficial, o fotógrafo Frederico Mendes registrou uma pelada no campo do compositor Chico Buarque, o Politheama, que contou, entre outros astros, com Marley, Junior Marvin (do The Wailers), Paulo César Caju, Toquinho, Chico Buarque, Alceu Valença e Moraes Moreira.

O jogo não acabou para Moraes Moreira. Seu talento é eterno.

Dois anos depois daquela pelada do Politheama, Moraes Moreira lançou 'Sangue, Suingue e Cintura", música que homenageava Zico e uma das maiores seleções que o Brasil já montou, a da Copa de 1982. Sim, aquele time fabuloso, que não foi campeão mas virou lenda do futebol mundial, ganhou do baiano genial uma trilha sonora à altura. Ouça a música AQUI