terça-feira, 31 de março de 2020

Coronavírus na capa: a celebridade indesejada...









Humor, por favor...

Problema resolvido: o telepastor americano Kenneth Copeland acaba de "destruir" o coronavírus.

Depois dos fiéis engordarem devidamente a sacolinha, ele proibiu a Covid-19. "Em nome de Jesus, eu julgo você, Covid. Terminou! Acabou!. Se manda"!

Mas, atenção, os crentes brasileiros não devem sair por aí distribuindo ou recebendo perdigotos. O pastor é bem claro: expulsa o coronavírus apenas do território americano.  É preciso que alguém providencie o julgamento da Covid com validade para o Brasil. Veja o vídeo AQUI

Humor, por favor


A preocupação do Palácio do Planalto em encerrar logo a coletiva do ministro Luiz Mandetta, ontem, era tanta que o cerimonial fez um brusca interferência diante de uma pergunta sobre o passeio de Bolsonaro por Brasília distribuindo perdigotos aos apoiadores no momento em que a maioria das  pessoas, as não-sociopatas, pratica o isolamento social. Esse foi o detalhe político.

Já o toque ridículo foi a agressão gramatical da funcionária ao interromper a coletiva: "não haverão perguntas". O vírus da ignorância, aliás, já ataca o português praticado pelo governo bem antes da invasão do coronavírus.  Veja AQUI 

Humor, por favor

Reprodução/Twitter
Eduardo Bolsonaro, ex-candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos, respondeu em inglês a um post sobre mensagens de Jair Bolsonaro que foram expurgadas do Twitter por contrariar a ética empresa ao promover desinformação sobre o coronavírus e viajou na maionese idiomática.
Para informar que não apenas o pai teve posts deletados, mas toda a família, ele escreveu hole family em vez de whole family. Imaginem a crise diplomática que o inglês do sujeito provocaria em Washington se é capaz de chamar o próprio clã de "Família Buraco".
As redes sociais adoraram a mancada e não perderam a chance de disparar memes.

Humor, por favor... mesmo black

O Coelhinho da Páscoa não vem este ano.

E Papai Noel – em confabulação com suas renas – está pensando seriamente no assunto...

Em compensação, Finados vai ser uma Festa!

domingo, 29 de março de 2020

A cobertura da Covid-19: na Europa, a mídia mostra a verdade chocante; no Brasil, a opção ainda é por jornalismo de serviço e informações úteis

A opção da mídia europeia pela dura realidade e...

...a escolha da imprensa brasileira pela "esperança" e otimismo. 
O governo federal culpa a imprensa por "exagerar" a tragédia na cobertura da Covid-19.
Imaginem se a mídia brasileira imitasse os veículos europeus.

Aqui, o verdadeiro drama nos hospitais ainda não chegou à TV, aos jornais, às revistas ou aos meios digitais. Coletivas de autoridades, divulgação de números e de medidas, alertas para distanciamento social, a palavra dos especialistas e dicas para proteção fazem a essência do trabalho.

Lá, a população acompanha o verdadeiro campo de batalha em que os hospitais se transformaram. O desespero de vítimas do vírus e das equipes que tentam salvar os doentes é estarrecedor.

Constatar de forma tão dramática o perigo devastador do vírus ajuda a tirar os europeus das ruas. Um exemplo está na matéria de capa da italiana L'Espresso. Em comparação com a escolha da Veja para a matéria principal, vê-se que a opção da mídia brasileira ainda é, de certa maneira, asséptica. Não mostrar o drama hospitalar acaba favorecendo o "gabinete do ódio" do governo na sua cruzada para provar que o coronavírus é "gripezinha" e não justifica confinamentos. Nos hospitais brasileiros já se desenrola uma terrível e ainda não mostrada batalha pela vida. O drama humano ainda não rendeu pauta. 

Paulo Guedes: o show dos pobres

Não há registro de que Paulo Guedes, o ministro da Economia, conheça um pobre sequer. Os chamados Chicago Boys, espécie de cheerleaders do neoliberalismo, facção da qual ele faz parte,  devem achar que é uma ficção estatística para falsear os índices de distribuição de renda. A última dele repercute no twitter: a visão do pobre como tipo um showman que nos diverte. 

Ana Paula Araújo rebate críticas de Mandetta á imprensa

Reprodução You Tube

O tom de voz e a expressão da âncora Ana Paula Araújo, no Jornal Nacional, da TV Globo, ontem, não eram o usual para quem lê editoriais ou notas oficiais da emissora. Nada de frieza. Ela parecia muito justamente indignada. O motivo? Uma resposta às críticas à imprensa feitas pelo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que chamou os meios de comunicação de "sórdidos", "porque só vendem se a matéria for ruim".

O texto lido por Ana Paula classificou de "estarrecedor" que o ministro não reconheça o trabalho da imprensa sobre a pandemia.

Mandetta sugeriu até desligar a TV. "Às vezes ela é tóxica demais", criticou.

A mídia em geral tem feito um importante trabalho de conscientização e de serviço sobre a Covid-19. Certamente, ajudou em muito a alertar a população mesmo quando o próprio Ministério da Saúde não recomendava medidas restritivas e desprezava, por exemplo, controles sobre a chegada de passageiros de países afetados pelo vírus, fechamento de escolas, isolamento social etc.
Hoje, especialistas dizem que o Brasil perdeu tempo precioso na luta contra o poderoso inimigo. Se foram reticentes por pressões internas ou convicções, provavelmente jamais saberemos. Importa que o próprio ministério mudou de ideia ao ver o tamanho da catástrofe global no rastro do novo coronavírus.
VEJA O VÍDEO AQUI

Hospício Palace: lotação esgotada

Foto EBC
por José Esmeraldo Gonçalves 

Quando traçou sobre a prancheta as linhas do Palácio do Planalto, Niemeyer jamais imaginou que um dia a sede do governo se tornaria um hospício.

Ou não é um perfeito spa de desequilibrados o lugar de onde parte uma campanha institucional pregando a volta das multidões ao trabalho, ao transporte coletivo, às escolas, aos bares, às ruas, igrejas, praias e praças em plena explosão do contágio do coronavírus?

Ou não é uma casa de loucos o prédio onde um dos seus inquilinos classifica a pandemia global como uma "gripezinha"?

Ou não é um manicômio o bunker governista onde um alto funcionário é contaminado pela Covid-19 e, por conta própria, resolve sair do confinamento médico e voltar ao seu gabinete portando uma carreata de vírus, com risco de ter contaminado outros "pacientes" da instituição? "Desculpe, foi engano", teria dito ele.

Ou não é uma casa de alienados a repartição que estimula manifestantes Brasil afora, qual arautos da morte que vão às ruas literalmente "defender" o vírus, a desprezar as normas sanitárias, isolamento e distanciamento social recomendados por médicos, epidemiologistas e cientistas?

Pensando bem, é injusta a comparação com os loucos. Estes podem não saber o que fazem.

Certos internos do Hospício Planalto que minimizam a Covid-19, não, estes sabem bem das suas ações.

Estão em campanha para ganhar uma láurea tenebrosa: a de genocidas do ano.

A propósito, talvez Niemeyer tenha percebido ainda em 1961 a estranha destinação do palácio que criou. O segundo morador do endereço - desde a inauguração de Brasília pouco mais de dois anos antes -, era, digamos, instável.

Chegou lá mitificado pelos eleitores, ele e sua vassoura. Julgando-se sem apoio do Congresso - era o "antipolítico" da época -, bolou um plano teatral. Renunciou ao mandato imaginando que seus apoiadores o carregariam nos braços de volta ao Planalto e o Congresso seria obrigado a anular o auto-afastamento.

Era o golpe triunfal que lhe daria poderes totais. Foi o script delirante que fez o Brasil mergulhar em uma grave crise institucional.

sábado, 28 de março de 2020

Daniel Azulay (1947-2020) e o homem-tronco • Por Roberto Muggiati

Daniel Azulay. Foto: Reprodução do site oficial do desenhista e artista plástico


Durante muitos anos – não lembro bem por que – o Shopping da Siqueira Campos, hoje conhecido como Shopping dos Antiquários, foi uma imensa carcaça vazia. Lembro o primeiro grande evento que aconteceu lá, na segunda metade do ano de 1960, o lançamento do livro Furacão sobre Cuba, de Jean-Paul Sartre, com a presença do autor e de sua companheira, a fila dos autógrafos chegava até quase a praia de Copacabana. Nas megaenchentes dos verões de 1966 e 1967, o shopping inacabado serviu de abrigo para as populações desalojadas. Em 1970, o grande espaço onde se instalaria depois um supermercado, acolheu um dos primeiros festivais de rock do Rio, chamado de Curtisom. Daniel Azulay estava lá, à beira do palco, com o seu famoso triciclo psicodélico, uma daquelas bicicletas antigas toda equipada com luzinhas multicoloridas e outros adereços. Numa sexta-feira de setembro de 1978, Lena e eu pegávamos às onze da noite na estação Barão de Mauá o lendário Trem de Prata – o Santa Cruz – que fazia a ligação Rio-São Paulo. Na plataforma encontramos um pessoal da Manchete: Renato Sérgio e a namorada de plantão, o chefe de reportagem João Luiz de Albuquerque, com a mulher Elba e as duas filhinhas (uma delas, a Gabriela, foi uma das produtoras editoriais do livro Aconteceu na Manchete/As histórias que ninguém contou (Desiderata), que daria origem ao blog Panis com Ovum. O Daniel Azulay também estava lá, com sua vistosa bicicleta psicodélica, não sei até hoje como conseguiu embarcar o imenso aparato no trem. (Uma anedota do João Luiz: toda manhã o Jaquito aparecia nervoso na redação e mandava telefonarem para a casa do chefe de reportagem, que chegava sempre atrasado: “Ainda está chafurdando entre os lençóis”, rosnava o Jaquito. Pois não é que João Luiz e família não acordaram à chegada do trem na Estação da Luz, em São Paulo? Depois de despejar os passageiros, o trem rodou em frente, João Luiz e família só foram acordar num pátio de manobras a três quilômetros depois.)

Cartuns de Daniel Azulay na última...

...página da Manchete, no anos 1970.

No alto, à direita, o homem-tronco
Nessa época, Daniel Azulay (*) era cartunista da Manchete com um espaço nobre, a última página em cores. Curtíamos muito a sua figura especial e meio inocente, foi um dos raros humoristas que conheci que não era um chato como pessoa. Eu, o maestro que regia a revista, e Alberto de Carvalho, meu brilhante spalla, passamos anos pegando no pé do Daniel: “Você é genial, só está faltando fazer um cartum com um homem-tronco...” O Azulay desconversava, dizia que não sabia muito bem como encaixar o personagem no seu universo gráfico e ideológico, talvez já se sentisse inconscientemente tolhido pela camisa-de-força do “politicamente correto”.
Um dia, anunciou sua saída: iria dedicar-se a um programa de educação de crianças através das artes plásticas. Pouco depois. partia para o seu belo projeto. Antes, porém, num de seus últimos trabalhos, brindou-nos com um belo cartum de um homem-tronco...

(*) O desenhista e artista plástico Daniel Azulay morreu ontem, no Rio de Janeiro. Ele estava hospitalizado em luta contra uma leucemia e contraiu a Covid-19

Pornvid-19....

A pandemia global da Covid-19 contaminou o mercado pornô. Se na época da explosão da Aids a indústria do sexo viveu uma das suas maires crises, dessa vez o jogo virou. Sites eróticos estão em pleno orgasmo comercial impulsionado por bilhões de cliques.

Reprodução Twitter
Psicólogo atribuem a onda à tensão e ao tédio gerado pela quarentena, distanciamento e isolamento social. O mais curioso é que roteiristas correram para criar filminhos inspirados no coronavírus. Geralmente são sequências bem-humoradas sem deixar o erotismo de lado. Claro, mesmo nessa hora, humor é fundamental.

Um maiores portais do gênero, o Pornhub, registrou em poucos dias quase 15 milhões de buscas por coronavirus, corona virus e Covid. Surgiu na Índia até um novo site do gênero, o Quarantined.

Canais por assinatura passaram a oferecer alguns filmes grátis, como parte do esforço para amenizar o isolamento, e também viram suas estatísticas subirem. O número de visitas ao Sexy Hot, segundo informou o G1, aumentou 31% no período de 14 a 19 de março, em comparação com a  semana anterior. O número de usuários também subiu 25% no período acima e a quantidade de vídeo views aumentou 15%. E, ainda segundo o G1, a produtora de vídeo Brasileirinhas chegou a duplicar o número de assinaturas por dia.
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte! 

De repente ressurge um velho – velho porra nenhuma! – atualíssimo bordão de 1969. Vamos adotá-lo e viralizar, figurativamente apenas...

Ouça Gal Costa cantando a letra genial de Caetano Velosos e Gilberto Gil AQUI


sexta-feira, 27 de março de 2020

Midia: chegou a hora de mostrar o drama humano e a dura realidade da pandemia

A mídia brasileira faz, em geral, um bom trabalho na cobertura da pandemia do coronavírus. Tira dívidas, ouve especialistas, aborda os aspectos políticos e divulga as estatísticas. Cumpre um papel importantíssimo.
Errou no começo, ao perder o senso crítico e se deslumbrar com o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Desde o inicio, Mandetta foi reticente quanto a tomar ou sugerir ao Planalto medidas restritivas. A mídia não cobrou atitudes nessa direção. Provavelmente já retratava a imposição do "gabinete do ódio", a instância maior que aconselha o sequelado que dirige o país.
Isolamento e medidas que visaram diminuir a circulação de pessoas e reduzir a lotação nos transportes coletivos foram tomadas pelos prefeitos e governadores, com pesquisas mostrando que a população apoia o confinamento.

Nos últimos dias, sim, a mídia caiu na real quanto à política federal para a Covid-19 que, na contramão do mundo, faz pesada campanha publicitária para defender a volta ao trabalho, às escolas, comércio aberto e transporte urbano lotado precisamente no momento em que a contaminação dispara, junto com as mortes.

Temos um governo, talvez o único no mundo, que literalmente "apoia" o vírus. A "gripinha" como diz Bolsonaro, a "virose", segundo o rótulo agora adotado por Mandetta. O governo federal  considera como "de oposição" quem tenta combater a pandemia com seriedade.



Uma olhada nos telejornais e jornais da Espanha, França e Portugal é um choque. A cobertura nesses três países mostra cenas dramáticas que as TVs brasileiras têm até aqui evitado. São imagens do  interior dos hospitais, frequentemente flagrando a expressão do desespero de médicos e enfermeiras diante da agonia de pacientes, às vezes em camas enfileiradas em corredores. A França, por exemplo, já registra um morto a cada quatro minutos.

Hoje a CBN, que tem feito cobertura primorosa, botou no ar vários depoimentos de parentes de vítimas fatais da Covid-19 narrando seus dramas e fazendo apelos emocionados a todos para que levem a sério a pandemia.

Diante da campanha irresponsável do governo federal para combater não o vírus mas o combate ao vírus, a mídia brasileira deve mostrar o drama humano, as pessoas, as famílias que já contam seus mortos. Evitar a impessoalidade que transforma as vítimas em mera estatística. Será um alerta importante aos cidadãos desavisado no momento em que no Brasil -também caso único no mundo - milicias bolsonaristas prometem ir às ruas para protestar contra medidas adotadas por prefeitos e governadores na luta contra uma pandemia mortal e até ameaçam assassinar o governador de São Paulo, João Dória, que desafia a irracionalidade do governo federal.

quinta-feira, 26 de março de 2020

ONU lança operação global contra a Covid-19

Foto: Gerd Altmann/Pixabay
(do Centro de Informações da ONU - Rio de Janeiro) 

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou nesta quarta-feira (25) um plano de resposta humanitária global de 2 bilhões de dólares para lutar contra a COVID-19 nos países mais vulneráveis, numa proposta para proteger milhões de pessoas e evitar que o vírus pare de circular no mundo. O plano contempla 51 países na América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia.

O plano de resposta será implementado pelas agências da ONU, com Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais e consórcios de ONGs tendo um papel direto na resposta.-19 já matou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo e há aproximadamente 400 mil casos registrados.
O plano prevê o envio de equipamentos para testes e suprimentos médicos, instalação de  estações para lavagem das mãos em acampamentos e assentamentos, campanhas de informação pública e pontes aéreas para levar trabalhadores e insumos na América Latina, África e Ásia.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou nesta quarta-feira (25) um plano de resposta humanitária global de 2 bilhões de dólares para lutar contra a COVID-19 nos países mais vulneráveis, numa proposta para proteger milhões de pessoas e evitar que o vírus pare de circular no mundo. O Plano contempla 51 países na América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia.

A COVID-19 já matou mais de 16 mil pessoas em todo o mundo e há aproximadamente 400 mil casos registrados. Ele está presente em todo o planeta e agora está alcançando países que já enfrentam crises humanitárias provocadas por conflito, desastres naturais e mudanças climáticas.

O Plano de Resposta será implementado pelas agências da ONU, com Organizações Não Governamentais (ONGs) internacionais e consórcios de ONGs tendo um papel direto na resposta. O Plano irá:
• Entregar equipamento laboratorial essencial para testes do vírus e suprimentos médicos para tratamento das pessoas;
• Instalar estações para lavagem das mãos em acampamentos e assentamentos;
• Lançar campanhas de informação pública sobre como se proteger e proteger aos outros do vírus;
• Estabelecer pontes aéreas e “hubs” na África, Ásia e América Latina para levar trabalhadores humanitários e suprimentos onde for mais necessário.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a COVID-19 é uma ameaça para toda a humanidade e por isso “toda a humanidade deve reagir”. “As respostas individuais de cada país não serão suficientes. Devemos ajudar os mais vulneráveis, milhões e milhões de pessoas que são menos capazes de se proteger. Esta é uma questão básica de solidariedade humana. Também é crucial para combater o vírus”, alertou Guterres.

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, lembrou que o novo coronavírus já destruiu vidas em alguns dos países mais ricos e agora está atingindo lugares onde as pessoas vivem em áreas de guerra, onde não há fácil acesso a água limpa e sabão e onde não há expectativa de leito hospitalar se ficarem criticamente doentes. “Deixar os países mais pobres e vulneráveis á própria sorte seria cruel e insensato. Se deixarmos o coronavírus se espalhar livremente nestes países, colocaremos milhões em risco, com regiões inteiras mergulhadas no caos e o vírus terá a oportunidade de circular novamente ao redor do planeta”, afirmou.

Lowcock reconheceu que os países lutando contra a pandemia em casa estão corretos em priorizar as pessoas vivendo dentro de suas comunidades mas que falharão em proteger seu povo se não agirem agora para ajudar os países mais pobres a se proteger.

“Nossa prioridade é ajudar estes países a se preparar e continuar a ajudar milhões que dependem da assistência humanitária da ONU para sobreviver. Adequadamente financiada, nossa resposta global irá equipar organizações humanitárias com ferramentas para lutar contra o vírus, salvar vidas e ajudar a conter o avanço da COVID-19 em todo o mundo”, afirmou.

O diretor-geral da Organização Mundial de Sáude (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o virus agora está chegando a países com sistemas de saúde frágeis, incluindo alguns que já estão enfrentando crises humanitárias. “Estes países precisam do nosso apoio – não só por solidariedade mas também para nos proteger e ajudar a acabar com esta pandemia. Ao mesmo tempo, não podemos lutar contra a pandemia às custas de outras emergências de saúde humanitária”, pediu o dirigente.

A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, lembrou que há crianças entre as vítimas da pandemia do novo coronavírus e que o fechamento de escolas está afetando a educação, a saúde mental e o acesso a serviços de saúde básicos. Por conta disso, ela alertou que os riscos de exploração e abuso são maiores do que nunca, tanto para meninos quanto para meninas. “Para crianças em trânsito ou vivendo em conflito, as consequências serão diferentes de tudo o que já tivermos visto. Não podemos deixa-las de lado”, avisou.

Os quatro dirigentes participaram do lançamento virtual do Plano de Resposta Humanitária Global do COVID-19, através de conexão em vídeo. Juntos eles pediram que os estados-membros se comprometam a deter o impacto do COVID-19 nos países vulneráveis e contenham o vírus globalmente ao dar o apoio mais forte possível ao Plano, enquanto mantenham o apoio principal aos apelos humanitários existentes para ajudar mais de 100 milhões de pessoas que já dependem da assistência humanitária da ONU apenas para sobreviver.

Os estados-membros foram alertados de que qualquer desvio de financiamento de operações humanitárias existentes poderia criar um ambiente onde cólera, sarampo e meningite poderiam proliferar e no qual mais crianças ficariam desnutridas e onde extremistas poderiam assumir o controle – um solo fértil para o avanço do coronavírus.

Para iniciar o Plano de Resposta, Lowcock liberou 60 milhões de dólares adicionais do Fundo de Resposta Emergencial Central da ONU, elevando o apoio em resposta da pandemia para 75 milhões de dólares. Além disso, fundos conjuntos já alocaram mais de três milhões de dólares.

O novo direcionamento de recursos do Fundo – um dos maiores já feitos – irá contribuir para que o Programa Mundial de Alimentos garanta a continuidade das cadeias de abastecimento e transporte para trabalhadores e produtos de assistência, que a Organização Mundial de Saúde contenha o avanço da pandemia; e que outras agências garantam assistência e proteção humanitária para aqueles afetados diretamente pela pandemia, incluindo mulheres e meninas, refugiados e pessoas em deslocamento. O apoio inclui esforços em segurança alimentar, saúde física e mental, água e saneamento, nutrição e proteção.

O Plano de Resposta Humanitária Global do COVID-19 será coordenado pelo Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e está disponível aqui. Ele reúne necessidades da Organização Mundial de Saúde (OMS), Organizacão das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Organização Internacional para Migração (OIM), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA), ONU Habitat, Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa Mundial de Alimentos (WFP)

quarta-feira, 25 de março de 2020

O Humor da Manchete: Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati preparam livro sobre a comédia, as excentricidades e as pegadinhas que assolavam a Bloch Editores


O bunker da Rua do Russel, onde se instalava a Manchete, já rendeu vários livros. "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", coletânea de jornalistas que trabalharam na Bloch Editores, "Memória de um Sobrevivente", de Arnaldo Niskier, "Os Irmãos Karamabloch", de Arnaldo Bloch, "Seu Adolpho", de Felipe Pena e "Aconteceu, Virou História", de Elmo Francfort, entre os principais.

Pois vem aí mais um livro. Não apenas mais um. Dessa vez, Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati vão explorar o humor que desanuviava as redações e aliviava a tensão dos fechamentos. Os dois autores, aliás, cobriram 45 dos 48 anos de vida da Manchete. E em postos de observação privilegiados. Arnaldo entrou na Manchete em 1955, Muggiati em 1965; o primeiro saiu nos anos 90; o segundo ficou até o fim, em 2000. De 1965 aos anos 1990 trabalharam juntos e compartilharam muito daquela “chose de Bloch” – parafraseando o bordão do Jô Soares, chose de loque.

O Humor da Manchete, em preparação, não é apenas texto, terá fotos incríveis também. Veja, abaixo, algumas imagens e um vídeo em que Arnaldo Niskier revela alguns episódios que estarão no livro.

Foto de Ronald de Almeida/Reprodução Fatos & Fotos 11-6-70

• Adolpho brincando numa Jump Ball, uma das muitas manias dos anos 70 (a foto é de 1970), Arnaldo, o “apanhador” aparece à esquerda, Que presidente de um império de comunicação se prestaria a tal acrobacia? Adolpho parece um daqueles judeus voadores das telas de Chagall.

Foto Acervo Pessoal, 1971

Foto Gil Pinheiro

• Teresópolis, outubro de 1971, Muggiati, chefe de redação de EleEla, dirigida pelo Cony, sobre a Serra para entrevistar o dr. Albert Sabin. Viúvo, Sabin é o alvo das facções casadoiras, Adolpho aposta todas suas fichas na Marlene Bregman, mestra do marketing da Bloch – Adolpho cuspia para esta função novidadeira do jornalismo – seu negócio eram fotos e tintas – Marlene aparece catando cravos nas pernas do médico ilustre. Muggiati teve de esperar até a soneca depois do almoço, quando Sabin o chamou ao seu quarto e o submeteu a um teste antes de conceder a entrevista: “You tell me, vat iz can-cerrr?!” A resposta – mais pelo inglês de Cambridge e da BBC do Muggiati do que por sua sapiência científica – satisfez o doutor, que finalmente concedeu a entrevista. Muggiati, triste sina, se tornaria o entrevistador by appointment de Sabin, o que incluiria uma entrevista especial para o lançamento da Rede Manchete em julho de 1983, todo um sábado e domingo de trabalho incluindo, além da entrevista propriamente – havia uma campanha de vacinação no Brasil naquele momento – até a edição do vídeo e a tradução das legendas, tarefa complicada para a inexperiente equipe da TV. Quanto à corrida para preencher o celibato de Sabin, Adolpho perdeu para a facção da Condessa Pereira Carneiro, que emplacou sua protegida Heloisa Dunshee de Abranches como nova esposa do Dr. Sabin. Na outra foto, a do fotógrafo Gil Pinheiro, Adolpho, o Abominável Homem da Serra, na ducha da fonte natural de Teresópolis.

Foto: Acervo Pessoal

Foto Acervo Pessoal

• O editor Roberto Muggiati  fazendo palhaçada na redação. Isso só poderia ter acontecido naquela hora morta da manhã de terça-feira – entre  a ressaca do fechamento da revista na segunda e sua saída nas bancas à quarta, antes da execrável reunião de pauta. Fotos do arquivo pessoal são provavelmente do início dos anos 90.

Arnaldo Niskier fala sobre O Humor da Manchete. Clique AQUI

Dois filmes que literalmente viralizam em tempo de isolamento social


Veja AQUI



De Elia Kazan - VEJA AQUI

terça-feira, 24 de março de 2020

Tempo de parar. Veja esse anúncio. É uma mensagem de esperança que vem de Portugal...


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Publimemória: muito antes do álcool gel...


Bayclean era um produto popular nos anos 1980.  

Stephen King, autor de livro sobre um vírus de gripe que contamina o mundo, faz um alerta sobre a Covid -19

O escritor Stephen King está usando The Stand (no Brasil o livro, de 1978, ganhou o título A Dança da Morte) para alertar as pessoas sobre a disseminação do coronavírus e a importância do  distanciamento social.

The Stand gira em torno de um colapso dos EUA após a liberação acidental de uma nova cepa de influenza.

King pediu através do twitter que não comparem o coronavírus com o vírus que contamina a humanidade na sua ficção. No livro,  o vírus se espalha e mata mais de 90% da população global, uma taxa de mortalidade que não se compara à da Covid-19, que está entre 1 e 3,4%.

Mas, ainda assim, ele admite que existem semelhanças. Um dos  capítulos, por exemplo, narra a rapidez com que a doença se espalha, uma das características do coronavírus.

O escritor fez, ainda, um alerta sobre a importância do distanciamento social, "a melhor arma que temos para combater a disseminação do coronavírus".

Suspensão de salários: o arrastão dos terroristas sociais neoliberais

Nada mais simbólico do que é capaz o terrorismo social neoliberal do que os acontecimentos de ontem. No mesmo dia em que anunciou o "confisco" de quatro meses de salários dos trabalhadores, o governo concordou em repassar R$10 bilhões em verbas públicas para as companhias aéreas.

Claro que as pequenas e médias empresas e alguns setores essenciais deverão ser apoiados pelo Estado. Nessa hora, aliás, o Estado mínimo que a selvageria neoliberal defende torna-se o máximo. Mas é extrema crueldade exigir que só os trabalhadores paguem a conta do freio da economia acionado pelo coronavírus.

Vários países estão apontando caminho oposto: estipular um dotação mensal como suporte a  populações sob cerco econômico. Em vez do desprezo, a solidariedade.

Diante da reação nas redes sociais, a medida provisória que determinava o arrastão dos salários foi suspensa. Mas a ameaça permanece. O arsenal de injustiças e de distribuição de privilégios do governo Bolsonaro e do seu Ministério da Economia é inesgotável.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Onde está o logotipo?

Reprodução Twitter

Esqueceram a Doença do Amor! • Por Roberto Muggiati


Cartaz de A Montanha Mágica, de Thomas Mann
No festival de literatura pestilencial que assola a mídia, senti uma grave omissão, a da tuberculose – a Musa Branca ou o Mal du Siècle – que dizimou a burguesia e a classe média do século 19 à metade do século 20. Meu avô paterno, Diogo Muggiati, morreu de tuberculose aos 34 anos num hospital de Pavia, Itália, onde fora se tratar em 1911. Meu avô materno Eugênio Machado da Luz, e seu filho Geninho, também a contraíram, nos anos 1940. Batizada em 1839 pelo patologista alemão Johann Lukas Schoenlein, a tuberculose – originada a partir do gado domesticado – já ocorria na Grécia antiga. Ao longo da história, vários escritores contraíram a doença: os ingleses John Milton, Lord Byron, Shelley, Jane Austen; os alemães Goethe, Schiller, Kant; os russos Tchecov, Dostoievski, Gorki, os franceses Descartes, Musset, Balzac,  Camus; o suíço Jean-Jacques Rousseau; os americanos Walt Whitman, Ralph Waldo Emerson, Edgar Allan Poe.

Jeanne Moreau em Diário de uma camareira.
Na adolescência, invadindo a biblioteca do meu pai, lia furtivamente Segredos de Alcova/Journal d’une femme de chambre, romance de Octave Mirbeau, que foi filmado três vezes – em 1964 por Luis Buñuel, com Jeanne Moreau – o livro mostrava o furor sexual que assola os doentes (a incontrolável TT = tesão de tísico).

Robert Taylor e Greta Garbo em A dama das camélias

Mimi, a heroína da ópera de Puccini, La Bohème, sofre de tuberculose; e também Violeta, em La Traviata de Verdi – A dama das camélias do romance de Alexandre Dumas Filho que inspirou a ópera. A literatura e a música imortalizaram a tuberculose como “A doença do amor”.

Thomas Mann acompanhou a mulher doente em sua internação num sanatório de Davos Platz, na Suíça. A experiência o levou a escrever A montanha mágica, um dos maiores romances do século 20.  Em outra estação de sanatórios suíça, Clavadel, a russa Elena Ivanovna Diakonova, mais conhecida como Gala (depois Dali), conheceu o poeta Paul Éluard e acabaram se casando.

No Brasil, sem ir muito longe, temos uma verdadeira Sociedade dos Poetas Mortos (de Tuberculose): Castro Alves, aos 24 anos; Casemiro de Abreu, aos 23; Álvares de Azevedo, aos 21. Entre golfadas de sangue e poesia, todos cantaram a doença, Álvares de Azevedo, por exemplo:

Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida 
À sombra de uma cruz e escrevam nela: 
Foi poeta, sonhou e amou a vida.


Manuel Bandeira também peregrinou pelos sanatórios de Clavadel, de 1913 a 1914, onde travou amizade com Paul Éluard. A Primeira Guerra Mundial o forçou a voltar ao Brasil. A tuberculose inspirou-lhe um poema notável, Pneumotórax:

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Nelson Rodrigues: esquete
cômico criado na cama
Quem visita a região petropolitana ainda pode ver, na praça central de Nogueira, a antiga estação ferroviária. Os trens da Leopoldina viajavam lotados de pacientes que acorriam aos sanatórios da Serra. O grande Nelson Rodrigues também frequentou a rota serrana, sua primeira internação foi aos 23 anos em Campos do Jordão, São Paulo, em 1935. Conta Ruy Castro em sua biografia de Nélson, O anjo pornográfico, que, instado pelos pacientes do Sanatorinho Popular, Nelson escreveu um esquete cômico sobre eles mesmos. O sucesso quase virou tragédia: levados a gargalhadas irresistíveis, os doentes sofreram violentos acessos de tosse que por pouco não se transformaram em jatos de sangue.

Lembro ainda, no começo da adolescência, uma cena de filme que causou frisson nas plateias da época. Em À noite sonhamos/A Song to Remember, uma biografia romanceada de Chopin, interpretado pelo galã Cornel Wilde, o fim prematuro do pianista polonês, que morreu de tuberculose aos 39 anos, se anuncia em tecnicolor quando gotas vermelhas de sangue caem sobre as teclas brancas do piano.

Jimmie Rodgers
Os cantores de blues e de Country & Western, uma raça itinerante, foram os músicos mais atingidos pela tuberculose na primeira metade do século 20 e exorcizaram as dores da doença em suas canções. Uma das mais conhecidas é T B Blues, de Jimmie Rodgers:

‘Cause my body rattles
Like a train on that old S.P.
I’ve got the T.B. blues.
Porque meu coração chacoalha
Como um trem naquela velha Southern Pacific
Eu tenho o blues da tuberculose.
(Ouçam AQUI)


O jazz na virada do bebop, perdeu três grandes promessas: o baixista Jimmy Blanton, aos 23 anos; o guitarrista Charlie Christian, aos 25; e o trompetista Fats Navarro, aos 26. Os sambistas brasileiros também sofreram pesadas baixas, como os escritores, atores e jornalistas mais chegados à vida boêmia. O exemplo mais notório é o genial Noel Rosa, que morreu de tuberculose em 1937, aos 26 anos (por pouco não entra para o célebre Clube 27...)

Além da tuberculose, outros surtos de doença forneceram rico material para a literatura. A Peste Negra da Idade Média levou o contemporâneo Boccaccio a escrever o Decamerão. Edgar Allan Poe inspirou-se em outra peste para escrever o conto A máscara da Morte Vermelha. Pedro Nava e Nelson Rodrigues descreveram a passagem da Gripe Espanhola pelo Brasil no pós-guerra de 1918. O cólera rendeu duas obra-primas: O amor nos tempos do cólera, de García Marquez, e Morte em Veneza, de Thomas Mann.

Este inusitado coronavírus que caiu de repente sobre nós, já deu inspiração de sobra. Eu mesmo comecei a escrever um Diário do Coronavírus. Só estou torcendo agora, como todos nós, para que esta praga vá embora o mais rápido possível.

PS – Se querem saber bem mais, consultem o link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pessoas_que_sofreram_de_tuberculose


domingo, 22 de março de 2020

Papa Francisco: a benção diante da Praça de São Pedro vazia...

Foto Vaticano Media

Nada é por acaso. Sigam o dinheiro...

Reproduzido  do Estadão

Covid-19 tem "visto preferencial" para entrar no Brasil? Passageiros denunciam que aeroportos estão de "porteira aberta"

Relatos de passageiros dão conta de que voos da Espanha, Itália e Portugal chegam lotados ao Brasil e não encontram qualquer fiscalização nos aeroportos. 


Reproduzido do Facebook

Veja o vídeo AQUI. Reproduzido do Twiter
No Ceará e no Maranhão, governadores tiveram que recorrer à Justiça, contra a Anac e Anvisa, para determinar fiscalização de passageiros em aeroportos. A agência provavelmente vai recorrer para manter os portões abertos como quer o governo federal.  




Reproduções Twitter