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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Neymar recebe seu maior troféu

 

Reprodução X

por Niko Bolontrin

Neymar está perto de completar mil dias afastado dos campos desde 2018. E deve ter quase o mesmo número de presença em festas e baladas.

Em função de contusões frequentes perdeu jogos importantes e decisivos no Barcelona, PSG, Seleção e, agora, Al Hilal. Ausentou-se em jogos dos campeonatos francês, espanhol, Champions e Copa do Mundo. Em matéria de títulos teve uma carreira de soma sofrível para um jogador de primeiro nível da sua geração.  

Atualmente em mais um período de recuperação após cirurgia no joelho, Neymar teve um encontro com o parça Jair Bolsonaro. Deu match. Não se sabe exatamente sobre o que conversam. Quando Bolsonaro era presidente, um dos assuntos possivelmente era uma dívida do jogador à Receita Federal. Rolava um papo sobre isso entre um pão com Leite Moça e uma 

Na semana passada, finalmente, Neymar, que é  meio desprovido de prêmios individuais, recebeu o que deve considerar seu maior troféu. O Bozo lhe entregou a “medalha dos 3 ‘is’: ‘Imbrochável’, ‘imorrível’ e ‘incomível'”. 

As redes sociais se divertiram com a cena ridícula de entrega de tamanha e tão idiota láurea. Mas Neymar merece o vexame. Um dos memes faz uma comparação com as bolas de ouro (que Neymar nunca conseguiu) de Messi, CR7 e Martha.

Maldosos insinuam que há dúvidas e Neymar e seu parça Bozo se encaixam em dois dos três itens, além, é claro, do "imorrivel".

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Vilões sob flashes e o dedo mole do Queiroga

 

As vaias em NY não eram para o desconhecido Queiroga, mas ele reage
em nome do chefe Bolsonaro. Reprodução You Tube  


por José Esmeraldo Gonçalves
Um sujeito agressivo que sai da sombra cortada por flashes? Onde vimos essa cena? 

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga está bombando nas redes sociais e na mídia por um motivo nada edificante. Como parte de sua missão de integrante da comitiva brasileira que foi a Nova York, o ministro mostrou o dedo do meio para o mundo. Como ninguém sabia dizer o que ele foi fazer na ONU, aí está a explicação oficial. Queiroga recebeu rica diária e despesas pagas para representar o Brasil lá fora. Daí, essa dedada deve ser a mais cara do mundo paga por contribuintes.  

O ministro costuma ser dócil e submisso diante de Bolsonaro. Todo dia dá demonstrações de que se sente mais confortável na prateleira inferior. Queiroga ficou irritado com as vaias dos manifestantes. No meio do bando de engravatados inúteis, o alvo dos apupos não era ele. Naquele momento, em pleno verão novaiorquino, o ministro viu sua chance de mostrar relevância. Armou-se de súbita coragem ao tomar para sí as vaias ao chefe. Claro, foi cauteloso. Esperou entrar na van oficial da facção brasileira, protegido por uma sombra hitchcockuiana, para só então exibir seu lado "rambo" e encarar a turba.  

A cena daquele homem fora de si é vagamente ilumidada por flashes. 

Iluminada por flashes? Então é isso! 

No escurinho da viatura, vê-se o rosto contornado por cabelos brancos e o dedo do meio agora famoso, mas principalmente vê-se a ira difusa. A luz intermitente dos celulares colados na janela do veículo deve ter cegado por instantes a baixa autoridade brasileira. 

Lars Toward (Raymond Burr): o vilão de Janela Indiscreta ataca no escuro. Dvulgação
 
Por alguns segundos aquele homem que se ergue do assento lembra outros segundos de uma sequência famosa. No final do filme "Janela Indiscreta" o assassino de cabelos brancos e óculos, igualmente dominado pela ira, avança no escuro contra L.B.Jeffries, o fotógrafo interpretado por James Stewart. Este, preso a uma cadeira de rodas, usa como defesa a única arma à vista: um flash de lâmpada, a tecnologia da época, que ele recarregava a cada "tiro", como se fossse um revólver. 

O dedo do ministro ganhou reprovação geral. Menos na comitiva presidencial. Para o grupo, Queiroga foi o herói do dia. O Capitão América do pedaço. Se vestir uma cueca por cima da calça será saudado com o Super Homem. 

Niguém duvide: a essa altura um Homero bolsonarista está tomando notas para escrever a odisséia de Nova York. Para eles, Queiroga foi épico.

Veja o momento de "glória" do ministro nos States AQUI

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Sem vergonha: Repórteres Sem Fronteira deixa Bolsonaro nu

 



Do RSF

"Enquanto a Covid-19 provoca estragos no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro contribui para aumentar o número de mentiras em circulação e segue atacando a imprensa - numa tentativa de esconder sua incapacidade de administrar a crise sanitária. “A verdade nua”, campanha produzida pela agência BETC Paris em parceria com a Repórteres sem Fronteiras (RSF), reitera a importância crucial do jornalismo para garantir o acesso a informações confiáveis sobre a pandemia.

A nova campanha da RSF no Brasil, lançada em 22 de fevereiro de 2021, defende que se mostre “a verdade nua", a crua realidade dos fatos, para além de alegações fantasiosas ou manipuladoras. Uma fotomontagem mostra o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, sem roupa*, coberto apenas por uma placa que informa o número de mortes causadas pela Covid-19 e o número de casos confirmados da doença no país**. 

Uma forma simbólica de confrontar o presidente Bolsonaro com a realidade nua e crua dos fatos, enquanto ele acusa a imprensa pelo caos instalado no país para desviar a atenção de sua desastrosa gestão da crise sanitária. O Brasil é hoje o terceiro país mais afetado no planeta pela Covid-19 e a campanha reforça a importância de conhecer os fatos para compreender a pandemia e poder agir sobre ela. Fatos aos quais a população brasileira não teria acesso sem o trabalho dos jornalistas. 

"Essa campanha propositalmente chocante visa despertar as consciências a reagirem aos ataques permanentes do sistema Bolsonaro contra a imprensa, afirmou Christophe Deloire, Secretário-Geral da RSF. Os ataques não são apenas moralmente intoleráveis, mas também perigosos para a população brasileira que se vê privada de informações vitais sobre a pandemia. O trabalho dos jornalistas é fundamental para relatar os fatos e informar as pessoas sobre a realidade da crise sanitária. Mais do que nunca, o direito à informação, intimamente ligado ao direito à saúde, deve ser defendido no Brasil.”  

O trabalho da imprensa brasileira tornou-se particularmente complexo desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder em 2018. Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente do país. Sempre que informações contrárias aos seus interesses ou aos de sua administração se tornam públicas, ele não hesita em atacá-los com violência. No final de janeiro, por exemplo, Jair Bolsonaro mandou os jornalistas para "a puta que o pariu" e afirmou que a lata de leite condensado era para "enfiar no rabo [...] da imprensa". Essa declaração delirante faz parte de uma estratégia bem azeitada de ataques contra a imprensa coordenados pelo presidente e seus familiares que ocupam cargos eletivos, conforme apresentado pelo relatório da RSF que lista nada menos que 580 ataques apenas em 2020. 

“A verdade nua” se alinha com as fortes e irreverentes campanhas de comunicação divulgadas pela RSF para promover a sensibilização do público em geral e da comunidade internacional com relação às violações da liberdade de informar. Produzida com o apoio da agência BETC Paris, a campanha está disponível em quatro idiomas (francês, inglês, espanhol, português).   

O Brasil ocupa a 107ª posição entre os 180 países incluídos no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, publicado pela RSF."

domingo, 24 de maio de 2020

Pornô-política: suruba autoritária em reunião ministerial com orquestração de palavrões



CENA 1
"DÁ LOGO UM ESPORRO"



* O clima é de reunião de alunos do ensino médio, turma do fundão. As redes sociais usam o termo "gado" para designar os fanáticos seguidores da seita bolsonariana. Pois a expressão pejorativa acaba de ganhar up grade. Bolsonaro trata os ministros - e alguns deles parecem se comportar de acordo - como se bovinos fossem. O uso de palavrões faz parte do protocolo. Bolsonaro fala e os demais se sentem à vontade para imitar. O enquadramento humilhante dos ministros por parte do "líder' é outra coisa que chama a atenção. Lembra as paródias dos filmetes do Hitler que as redes sociais adaptam a todas as situações. O coronel Jarbas Passarinho entrou para a história por sua participação na reunião que aprovou o AI-5s, em 1968. "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”.  Se estivesse à mesa, no Planalto, no fatídico dia 22 de abril de 2020, Passarinho se sentiria à vontade  - e não apenas por estar cercado de militares- para ressignificar e resumir sua famosa frase. Bastava dizer 'foda-se a consciência" e estaria sob medida no figurino do Planalto.  




CENA 2 
"ESSES PULHAS"

* Bolsonaro abre a reunião advertindo os ministros. É proibido falar com a imprensa: os pulhas. Nenhum ministro se manifesta. Alguns permanecem de cabeça baixa. 


CENA 3

"O PRÍNCIPE AUTORIZOU"

* Lorezoni bate um papo na Árábia Saudita e acha que descolou bilhões de dólares. Acredita que o "príncipe" vai morrer nessa grana sem saber nem onde vai aplicar. "Temos dez bilhões de dólares da Arábia Saudita que precisa definir onde vai botar". Do jeito que ele fala, pode até desejar nos cofres do Centrão que o governo está abarrotando. Lorezoni é como aquele caipira que cai no conto da loteria. Ou como a "cinderela" seduzida na calada da noite. Pergunte se o "príncipe" até hoje compareceu com a grana "prometida". 

CENA 4 
NINGUÉM TÁ VENDO. É HORA DE PASSAR A DESREGULAMENTAÇÃO 
POR BAIXO DA MESA


* O ministro quer brincar de esconde-esconde. Total tática 171. Sugere que o pais e a imprensa distraídos com a epidemia oferecem o momento para baixar decretos e portarias que o povo não precisa saber. Na verdade, o jogo sujo do ministro já está em execução: o desmatamento na  Amazônia cresce exponencialmente, perdão de multas e demissões no Ibama fazem a festa dos criminosos na região, enquanto os brasileiros estão preocupados com a Covid-19. 

CENA 5
BOLSONARO É O PRÓXIMO CHURCHIL, O ROOSEVELT BRASILEIRO



* Esse aí exagerou na bajulação. O saco bolsonariano deve ter saído avariado dessa reunião. Justiça seja feita: não apenas esse elemento manejou o saco presidencial. Tantas eram as mãos apalpando o "líder" que este saiu da mesa para botar um pouco de gelo no indigitado.

CENA 6
O COWBOY QUE TEM 15 ARMAS E PODE MATAR OU MORRER

* O burocrata acima está com a macaca. Baixou um Rambo no fulano. Aparentemente, o tema da reunião era um projeto de desenvolvimento que o próprio governo detonaria dias depois dessa pajelança de ministros. Mas o sujeito acima é um "revoltoso" e prefere discorrer sobre o que faria se tivesse a filha retirada da praia em tempo de isolamento social. Promete pegar 15 armas que guarda no seu arsenal família. 

CENA 7

DAMARES DIVULGANDO FAKE NEWS NA REUNIÃO





Damares "denuncia" que a "esquerda" está contaminando aldeias na Amazônia só para "colocar nas costas do presidente". Já é público a a ministra costuma ver coisas. Dessa vez, ela "flagrou" uma conspiração para disseminação do coronavírus. Ninguém riu ao ouvir o novo delírio da figura, mas Damares está pronta para ser roteirista de filmes de terrir. 


CENA 8
"ODEIO, ODEIO"



* Weintraub fala como se interpretasse o papel de um ditador de chanchada. Reclama que só ele quer tocar fogo no país e se ferra por isso. Insiste que quer lutar. É uma espécie "generalíssimo Franco" de cabaré. Erra ao não perceber que esse lugar já está ocupado em Brasília.


CENA 9
FAMÍLIA AMEAÇADA DE LEVAR FODA


CENA 10
"PERDE O MINISTÉRIO QUEM FOR ELOGIADO PELA FOLHA OU PELO GLOBO"




* Uma cena significativa. Bolsonaro assume claramente que quer formar uma milicia particular armada; diz que tem um serviço de informação privado;  e confirma que interfere na PF em palavras, na reunião, e em atos antes e depois desse encontro com ministros.

CENA 11
A LA MUSSOLINI: "FAZ GINÁSTICA, CANTA O HINO, BATE CONTINÊNCIA"



* Uma sequência importante. Nela Paulo Guedes, tido pela mídia como "ministro técnico", mostra que é mais uma das anomalias ideológicas do governo federal. Uma Damares com filtro.


sexta-feira, 10 de abril de 2020

The Economist: Bolsonaro abraça a insanidade

Reprodução The Economist (link abaixo)

A revista The Economist dessa semana focaliza Bolsonaro. Não na capa, que trata da economia pós-coronavírus. O brasileiro é analisado do ponto de vista de suas atitudes.

A conclusão é psiquiátrica. Ao sabotar a saúde pública, ao debochar da Covid-19 e do isolamento indispensável para reduzir os efeitos da pandemia, o desvairado vai além da irresponsabilidade e dá sinais de insanidade. "Os governadores dos estados mais importantes do Brasil foram adiante e impuseram bloqueios usando seus próprios poderes. Bolsonaro incentivou os brasileiros a ignorá-los", conta a revista.

sábado, 20 de julho de 2019

A ofensa racista de Jair Bolsonaro

Reprodução/Bandnews

Bolsonaro acumula episódios de racismo e intolerância. Índios, mulheres, negros e homossexuais são frequentemente agredidos pelo sujeito. É crime, mas as leis não o alcançam. Vários desses rompantes já foram gravados. Como esse, que o próprio serviço de TV oficial gravou. Os governadores do Nordeste lançaram uma nota de protesto. Mas há deputados federais da região que apoiam Bolsonaro. Bom que as suas bases vejam isso. Na mesma cena, ele manda "não dá nada", referindo-se a verbas, para o governador do Maranhão, Flávio Dino, deixando claro que não é o presidente de todos e age como um 'gauleiter' ensandecido que pune que não o apoia. Acima, a reprodução do que foi ao ar pela Band, Veja o vídeo AQUI

sexta-feira, 12 de julho de 2019

"Me Eduardo, you Trump": um embaixador à altura do Ministério das Relações Inferiores...

Não é apenas a imagem do Brasil que a cada dia se suja mais lá fora. Ações práticas, por parte do governo, elevam o nível de rejeição ao país em vários setores. O Globo de hoje publica uma matéria sobre as últimas votações dos representantes brasileiros, agora alinhados com ultradireita, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU. Para aferir o nível de vexame, veja abaixo um resumo:

* O Brasil se absteve de votar uma resolução que determinou a abertura de uma investigação sobre milhares de execuções extrajudiciais por parte da polícia das Filipinas. O atual e bizarro presidente do país é um dos queridinhos do governo Bolsonaro.

* Em votação de uma resolução contra o casamento infantil forçado, o Brasil preferiu ficar a favor de ditaduras islâmicas, como a do Egito, para excluir do texto  "o direito à saúde sexual e reprodutora".

* A embaixadora brasileira Maria Nazareth Farani Azevedo votou a favor de uma proposta de ditaduras islâmicas, no caso Arábia Saudita e Bahrein, contra recomendação de educação sexual de crianças e adolescentes. E também apoiou proposta do Paquistão sobre o mesmo tema excluindo direito de acesso universal à educação sexual.

Felizmente, por se aliar à opressão e ao atraso, o Brasil perdeu todas essas votações. Mas a percepção no exterior é que o país é um antro de fanáticos.

Ainda no campo diplomático não há sinais de menos fundamentalismo político e religioso. Bolsonaro anuncia que pretende nomear seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, como embaixador do Estados Unidos.

Um dia após o anúncio, Eduardo foi ao Itamaraty pedir apoio à indicação, que deverá ser submetida a aprovação no Senado. Ao tentar mostrar competência para o cargo, ele citou que fala inglês, fez intercâmbio e até fritou hambúrguer nos Estados Unidos. Em consequência da nomeação do filho de  Bolsonaro para Washington, Trump retribuiria enviando para Brasília, como embaixador dos Estados Unidos, o filho Eric Trump.

A notícia de que Eduardo Bolsonaro vai virar embaixador circula na internet desde ontem. Memes, críticas e até quem não acredite e ache que é piada predominam na rede. Um dos conteúdos mais acessados é um vídeo que comenta o inglês do futuro embaixador a partir de uma entrevista que ele deu para a Fox News. Embora aparente ler as respostas em um teleprompter, ele tropeça no idioma da Trump. O inglês básico serve para quem vai fazer compras em Miami, atender a um pedido de hambúrguer ou mandar likes para a ultradireita americana, mas não ajuda a um embaixador que discutirá propostas e complexos acordos diplomáticos.
Veja o vídeo AQUI

sexta-feira, 17 de maio de 2019

O turista acidental... e o ponto alto da visita foi o encontro com Willie Nelson...

Bush pescando.
Reprodução Pinterest
por O. V. Pochê 

Desde que deixou a Casa Branca, George W. Bush transformou em residência permanente o Prairie Chapel Rancho, em Crawford, onde costumava passar os fins de semana. Andar de bicicleta, correr, pescar e cuidar da área verde são suas atividades preferidas.

Bush costuma receber no rancho personalidades que visitam o Texas. Foi o caso de Bono Vox, que certa vez fez questão de encontrá-lo por ocasião de shows no estado. Apesar de politicamente oposto a Bush, o vocalista do U2 quis agradecer ao ex-presidente o trabalho da Pepfar, organização fundada no mandato do republicano para o combate à Aids e do Bush Center que coopera com a One Campaign, iniciativa liderada por Bono para diminuir a pobreza extrema e implantar centros de saúde em regiões com alto índice de doenças na África.

A visita foi previamente agendada e Bono foi convidado para almoçar. No cardápio, pratos típicos da culinária do sudoeste americano.

Bolsonaro e o onipresente Hélio: fast food aos pés de Willie
Nelson. Foto Flickr/Palácio do Planalto
Bolsonaro não teve essa chance. Bush não sabia da visita e, segundo seu assessor, não entendeu muito bem o motivo do encontro. O ex-presidente preferiu recebê-lo em um escritório que mantém em Dallas. Nada de almoço no rancho. Dona Laura deve ter decretado: "Não me apareça aqui com esse latino". Bush pode ter providenciado uma água e quem sabe pedido ao Uber Eats pra entregar uns tacos rapidinho, talvez nem isso.

A conversa - ou monólogos paralelos - do monoglota brasileiro com o ex-presidente americano durou pouco. Não falaram do Bush Center nem de Aids, que o brasileiro deve achar que é coisa de viado. Nem do Bono Vox, provavelmente apenas mais um roqueiro drogado na visão bolsonariana. Bolsonaro quis posar de líder da América do Sul e para agradar o anfitrião improvisado encaixou uma delação provavelmente sugerida pelo staff olaviano sobre a ameaça de uma "nova Venezuela" caso Cristina Kirchner, que lidera as pesquisas, seja eleita. Aparentemente, Bush não respondeu porra nenhuma. Tanto que após a inútil conversa Bolsonaro teve que apelar para a telepatia: "Eu não sou vidente, mas, pelo semblante, eu entendi que ele tem preocupação não só com a Venezuela, mas com a questão da Argentina", disse. Nessa hora Bush devia estar pensando no lago artificial do rancho onde passa horas pescando legalmente bluegill e sunfish de orelha vermelha. Sem ser importunado.

Mas, no fim, a visita teve um ponto alto: o "encontro" com Willie Nelson em uma lanchonete texana. Não se sabe se faltou convite para almoço, a foto mostra que o brasileiro teve que descolar um rango em um pé-sujo de Dallas. O grande destaque acabou sendo o grande cantor e compositor americano.

Ao escolher a mesa, Bolsonaro nem imaginava que estava à frente de um ativista pela liberação da maconha (que cultiva cannabis em Nevada), defensor dos direitos LGTB e neto de índia. Tudo o que o bolsonarismo detesta.

Não foi informado se a lanchonete tinha música ambiente nem se a trilha tocada era “Roll me up”, de Nelson, cujo primeiro verso celebra a cannabis: "me enrole e me fume quando eu morrer”.


terça-feira, 30 de abril de 2019

É isso mesmo ? Há 40 anos, Stephen King previu em livro Donald Trump, Bolsonaro e o comediante que virou presidente da Ucrânia...


por Ed Sá 

Um livro de Stephen King, lançado em 1979, é agora considerado premonitório. Um dos personagens de "A Zona Morta" é um empresário impiedoso que se torna um político antissistema. Em campanha, o radical de direita Greg Stillson é visto como um palhaço, as pessoas não o levam a sério. Mas seu discurso, que parece não fazer sentido, se encaixa nas expectativas de milhares de pessoas e o torna uma ameaça política.

"A Zona Morta" virou filme em 1983, dirigido por David Cronenberg.

A imprensa americana comenta a "previsão" de Stephen King e associa o personagem à trajetória de  Donald Trump. O site Mashable acaba de fazer um podcast ficcional sobre o tema. No Brasil, como na Ucrânia, Greg Stillson pode ser visto como um avatar, respectivamente, de Jair Bolsonaro e de Volodimir Zelenski, este o comediante que acaba de se tornar presidente ucraniano.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Nova York: o museu que vetou Bolsonaro acolheu Frank Sinatra, Gene Kelly e as grandes coxas de Ann Miller

Frank Sinatra, Gene Kelly e Ann Miller e o "homem primitivo" (não, não é Bolsonaro) no Museu Americano de História Natural.

Performance de Ann Miller


por Ed Sá 

O Museu Americano de História Natural se recusou a receber Jair Bolsonaro. Não foi considerado histórico e muito menos natural que o presidente brasileiro cruzasse os portais da instituição fundada no fim do Século 19.

Cientistas , estudantes, pesquisadores e funcionários impediram a anunciada realização no local de um jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos em homenagem ao polêmico militar inativo escolhido "Personalidade do Ano". A rejeição baseia-se nas controvertidas posições do governo brasileiro em questões ambientais - agora oficialmente inimigo
declarado da preservação ambiental - e o discurso anti-científico do presidente. O abaixo-assinado chama Bolsonaro de "presidente fascista do Brasil", nostálgico da ditadura e que acaba de autorizar o uso, no Brasil, de 152 tipos de de pesticidas, muitos deles proibidos em vários países por provocarem câncer. Também são citadas no documento as ameaças à integridade da Amazônia e aos indígenas.

Para os signatários, a presença de tal figura seria "uma mancha na reputação do museu".

O museu que vetou Bolsonaro, por considerá-lo um predador da democracia, já recebeu militares mais amistosos. Acolheu, por exemplo, os marinheiros Gabey (Gene Kelly), Chip (Frank Sinatra) e Ozzie (Jules Munshin), além de catalogar uma preciosidade científica: as grandes coxas da atriz Ann Miller.

Lançado em 1949, o filme On the Town/Um dia em Nova York, codirigido por Gene Kelly e Stanley Donen, tem uma cena fabulosa que se passa em salões do museu.

PARA VER A CENA DE UM DIA EM NOVA YORK FILMADA NO MUSEU AMERICANO DE HISTÓRIA NATURAL, CLIQUE AQUI



Ann Miller em Kiss me Kate

PARA VER ANN MILLER EM CENA NO FILME KISS ME KATE/DÁ-ME UM BEIJO, CLIQUE AQUI

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Quando os presidentes comunicam e se trumbicam - "É a sintaxe, estúpido!"

por Ed Sá 

A linguagem dos presidentes já foi bem mais formal. Talvez porque eles se expressassem mais por discursos. Entrevista coletiva nunca foi o forte dos presidentes e ditadores brasileiros. E as exclusivas geralmente eram e são concedidas a jornalistas escolhidos e veículos idem, evitando maiores riscos. Bolsonaro, por exemplo, radicaliza essa seleção e tem promovido um amistoso café da manhã com coleguinhas de "lista amiga" onde ele dá as cartas, além do pão com manteiga, recebe tapinhas nas costas, sorrisos e likes ao vivo.

Mas nada incomoda mais do que as metáforas que os habitantes do Palácio do Planalto incorporam. Parece que há um vírus linguístico entranhado na tapeçaria do gabinete presidencial.

Lula usava e abusava do futebol. "Virar o jogo", "em time que ganha não se mexe", "catimba", "chute na canela" foram expressões usadas por ele ara nomear crises ou os bastidores da política. Em 2010, ao fim do segundo mandato, definiu a situação assim: "Vamos trabalhar para ganhar as eleições. Não é uma eleição fácil. É como time de futebol. Quando o time está ganhando de um a zero, de dois a zero, quando o time está ganhando, recua, não quer mais fazer falta, pênalti, fica só rebatendo a bola. E quem está perdendo vem para cima com tudo, e é com gol de mão, de cabeça, de chute, de canela. Não tem jogo ganho ou fácil"...

Temer era uma espécie de "novo culto", o equivalente de "novo rico", era um ser pronominal, mas tudo nele soava falso. Parecia se homiziar em erudição fast food. Preferia as mesóclises e as citações literárias ou juristas. "Procurarei não errar, mas se o fizer consertá-lo-ei". O capricho na colocação dos pronomes não livrou os problemas: o coronel Lima desconcertou sua biografia cheia de verbas e verbos. No discurso de posse, Temer mandou um "sê-lo-ia" que ecoou no Congresso. Inspirava-se provavelmente em Jânio Quadros, o do famoso "fi-lo porque qui-lo", que, aliás, segundo o professor Sérgio Rodrigues, está errado na segunda ênclise, já que o "porque" deveria atrair o pronome.

Temer também encaixava frases em latim no cipoal de pronomes. Ficou famoso o "verba volant, scripta manent" que ele inseriu em uma carta enviada a Dilma. "As palavras voam, os escritos permanecem", diz a frase. Ironicamente, mensagens escritas e permanecidas no Whatsapp estão entre os elementos do seu indiciamento por corrupção.

Sarney produzia frases rebuscadas. Político escolado, ele elaborava cada declaração como se falasse  à posteridade em busca da absolvição da História. Com uma característica: sempre exaltava sua própria figura. Achava-se o máximo, apesar de ter sido um presidente medíocre. “Consultei um futurólogo e ele previu que o Brasil só terá outro presidente nordestino daqui a 1.900 anos. Então, acho que mereço ficar os seis anos (argumento para prorrogar o mandato);  “Sou apenas um menino do Maranhão que o destino disse: vai José, ser Presidente” (quando se sentiu ungido pelo destino como um César do Maranhão); "Não me perdoam por ter chegado ao poder passando por cima do cadáver de Tancredo Neves" (usando o falecido para lamentar críticas); "Durante o meu mandato a história se contorceu, mas a democracia não murchou na minha mão" (no dia em que o espírito de Lincoln arrepiou seu bigode épico).

Dilma confundia a nação com seus anacolutos. No trono da República, era rainha na prática de desestruturar frases, eliminar o pé,o tronco e a cabeça de sentenças inteiras. "Quero dizer para vocês que, de fato, Roraima é a capital mais distante de Brasília, mas eu garanto para vocês que essa distância, para nós do Governo Federal, só existe no mapa. E aí eu me considero hoje uma roraimada, roraimada, no que prova que eu estou bem perto de vocês"; "Eu acredito que nós teremos uns Jogos Olímpicos que vai ter uma qualidade totalmente diferente e que vai ser capaz de deixar um legado tanto… porque geralmente as pessoas pensam: 'Ah, o legado é só depois'. Não, vai deixar um legado antes, durante e depois"; "Foi muito, houve uma procura imensa, tinham seis empresas que apresentaram suas propostas, houve um deságio de quase… Foi um pouco mais de 38%, mas eu fico em 38% para ninguém dizer: 'Ah, ela disse que era 38′, mas não é não. É 39, 38 e qualquer coisa ou é 36. 38, eu acho que é 39, mas vou dizer 38". Isso foi Dilma sendo Dilma.

Fernando Henrique se sentou na cadeira de presidente mas nunca deixou a cátedra. Falava com se desse aula. “A barbárie não é somente a covardia do terrorismo mas também a intolerância ou a imposição de políticas unilaterais em escala planetária”;  “No candomblé, o mal e o bem coexistem. São irreconciliáveis, mas são eternos. Num momento em que há tantos maniqueístas no mundo, em que as pessoas querem simplificar as coisas – o bem está de um lado, o mal está de outro, uns são formidáveis, outros são horríveis -, o candomblé nos ensina que as coisas são um pouquinho mais complexas";  “Os países podem estar em um processo que, ao mesmo tempo, tenha concentração de renda e diminuição da pobreza"; "Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se" ; "O mundo nunca é maravilhoso para todos, mas há uma similitude efetiva entre um grande período da expansão do capitalismo comercial, da eclosão do Renascimento e das Descobertas -- naquela altura, em que o homem era a medida de todas as coisas, embora não fosse, na verdade, mas como referência passou a ser e é o que está acontecendo hoje em dia".

Apesar da erudição, FHC também dizia coisas como essa: "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata".

Bolsonaro, talvez acometido por algum espírito de quilombola freudiano, relaciona a política a casamentos, namoro, relacionamento, traição etc. Para disseminar seu "bolsonarês, ele tem, como nenhum outro presidente, o alcance das rede social.

Sobre parceria com Paulo Guedes quando ainda candidato"Aîn, estamos namorando"; Sobre desentendimento com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara: "Aîn, isso aí foi briguinha de namorado". Sobre o escritório de representação em Jerusalém e a futura transferência da embaixada do Brasil em Israel: "aîn, todo casamento começa com namoro e noivado".

Frequentemente, a linguagem do Bolsonaro é ofensiva. E esse é um diferencial marcante em relação a presidentes anteriores. "Abraço ´hetero" (em Gabeira), frases racistas e homofóbicas e ofensas às mulheres, aos negros, aos índios pontuaram o vocabulário do atual presidente. "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais"; "eu falei que não ia estuprar você porque você não merece" (para a deputada Mara do Rosário); “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu” (para Preta Gil).

Mas aí não é pra rir, é pra chorar.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Eleições - Escândalo do Whatsapp: deu ontem no New York Times, só não deu no Globo



O Globo já vinha dando sinais em alguns artigos, editoriais e na seleção do noticiário eleitoral que, como dizia Brizola, costeava o alambrado do Bolsonaro.

Primeiro, adotou a tendência de "igualar os extremos". Ontem, pulou de vez a cerca e escolheu sua ponta. Pode-se dizer que era movimento previsível, mas não que fosse tão escandaloso.

A reportagem da Folha de São Paulo com a denúncia do uso ilegal de impulsionamento de fake news no Whatsapp por parte do candidato do PSL foi ignorada em todos os veículos do grupo Globo por mais de 12 horas. Sites, TVs e rádios silenciaram sobre o maior fato político do dia. Não vale justificar que não quis suitar outro veículo, porque já fez isso inúmeras vezes.

Ou o Globo, desnutrido por tantas demissões, perdeu agilidade e senso ou Madame Valéria fez o grupo encontrar finalmente seu amor em um dia.

Hoje, na capa do impresso, minimiza o fato em chamada discreta.

A 6.516 km de distância, o site do New York Times informou muito melhor.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

2018: o drama, a tragédia e a comédia eleitoral em números...



Em dados divulgados ontem e levantados entre 9 e 13 de agosto, o Instituto Paraná Pesquisas aponta o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, como líder das intenções de voto para as eleições de outubro. Sem Lula na sondagem, o capitão aposentado alcança 23,9 por cento de preferência do eleitorado (em julho, ele tinha 23,6). Fernando Haddad figura como nome no PT. com 3,8%, embora ainda não seja o candidato oficial do partido (em julho, tinha 2,8%). Marina Silva (Rede) apresenta 13,2 %, (em julho, estava com 14,4%). Ciro (PDT) fica com 10,2% (em julho, tinha 10,7%). Alckmin vem com 8,5% (em julho atingiu 7,8%.).

Cabo Daciolo (do Patriota), no momento recolhido a um "monte" onde afirma fazer jejum contra supostas ameaças de morte por parte "dos illuminati" e outras sociedade secretas, está com 1,2% na nova pesquisa.

Quando incluído na sondagem de agosto, Lula lidera com 30,8%. O adversário mais próximo é Bolsonaro com 22,0%.

Quando indagados se a candidatura de Lula será impugnada pelo TSE, 64,1 por cento dos entrevistados acham que sim.

A grande expectativa, agora, é para o desenrolar dos acontecimentos a partir do registro das candidaturas feito ontem, o início da campanha eleitoral nas ruas e internet, desde hoje, a prevista impugnação de Lula e a propaganda eleitoral no rádio e na Tv a partir de 31 de agosto.

Especialista em pesquisas e diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra avaliou em entrevista à TV247,  que, ao sair do páreo, Lula transferirá votos para Fernando Haddad "em horas". E ressalta que Bolsonaro representa uma parte do Brasil e não é, ao contrário do que se imagina, "um adversário fácil".

sábado, 4 de agosto de 2018

Ghost News - O primeiro editorial psicografado da história do jornalismo

Momento "mediúnico " na Globo News. Reprodução

por O.V. Pochê

O que não falta no tosco repertório do Bolsonaro é polêmica. O homem ainda vive em cavernas ideológicas. Só que o viral do programa "Central das Eleições", da Globo News, que está repercutindo nas redes sociais, surpreendeu: deu Miriam Leitão nas cabeças.

Durante a entrevista, o candidato a presidente pelo PSL, defende seu apoio à ditadura citando Roberto Marinho, um entusiasmado golpista de 1964.

Miriam Leitão vira meme no Facebook,
que trola o momento exato em que, no estilo Chico Xavier,
ela capta o primeiro editorial "psicografado" da história do jornalismo.
Reprodução
Curiosamente, o programa "acaba mas não termina". Míriam pede um tempo. Segundos depois, aparentemente obedecendo ordens do ponto eletrônico, repete nota ditada em resposta a Bolsonaro. O negócio todo parece feito meio às pressas e se refere a um editorial publicado em 2013, com um tardio mea culpa de Marinho pelo suporte aos anos de chumbo. Há um delay constrangedor entre o que parece chegar pelo ponto eletrônico e o que vai ao ar pela voz pausada da jornalista.

Redes sociais comentam que Miriam psicografou Roberto Marinho, com exclusividade, em link direto com o Além. O mea culpa em questão é de 2013. Roberto Marinho faleceu em 2003. Não se sabe se o dono do Grupo Globo concordaria com o editorial publicado pelos seus herdeiros. Só Chico Xavier poderia checar essa informação.
Veja o vídeo da "saia justa" do Central das Eleições no You Tube, AQUI