quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Pesquisadores desvendam origem de mancha misteriosa no quadro "O Grito", de Munch...

Mancha no quadro de Munch não foi obra de pássaros. Cientistas descobrem finalmente a causa do acidente que se incorporou a uma das mais famosas pintura de todos os tempos. Foto: University of Antwerp/Reprodução

por Jean-Paul Lagarride
Por mais de 100 anos, críticos de arte afirmavam que uma inusitada mancha branca no quadro "O Grito", de Edvard Munch, resultara de excrementos de pássaros que acidentalmente atingiram a obra prima do pintor expressionista.

Munch, que trabalhava ao ar livre e guardava suas obras em precários galpões de madeira, pintou quatro versões da figura torturada, mas apenas a versão mais antiga- de 1893 - tinha a suposta "colaboração" dos pássaros.

Segundo o Mirror, pesquisadores de Universidade de Antuérpia acabam de descobrir a verdade.

A mancha branca foi causada por cera. Usando equipamento de raio-X e scanner fluorescente, eles identificaram material escorrido provavelmente de uma uma vela acesa no próprio estúdio de Munch.

Os pássaros são inocentes e estão absolvidos da acusação de sujar um quadro que hoje vale mais de 100 milhões de dólares.

A especulação agora é outra e vale como piada: o personagem da famosa pintura não estava angustiado. Ele leva às mãos à face e grita no preciso momento em que vê a cera da vela cair sobre o quadro ameaçando incendiá-lo.

Modelo reage a censura de comercial e manda puritanos assistirem a filme pornô para relaxar...


por Clara S. Britto 
Um anúncio de uma marca de lingerie (Bras N Things) licenciada para a Playboy foi denunciado como "pornô amador" e banido pela Advertising Standards Bureau, da Austrália.
Até aí, não é muita novidade. Essas instituição costumam reagir com a censura a qualquer comentário puritano em redes sociais. O que chama a atenção nesse caso é a reação corajosa da modelo Simone Holtznagel, que não temeu represálias ou boicote do meio publicitário nem dos setores de controle da propaganda.
A ASB considerou que o anúncio era "muito sexy", "vulgar". Uma das queixas acusa a modelo de "olhar lascivamente para a câmera", outra considera o anúncio "embaraçoso".
A estrela do comercial declarou-se ofendida e resolveu responder àqueles que definiu como puritanos: "Sou uma mulher normal, saudável, estou promovendo produto para mulheres. Como ousam considerar ofensivo? Como se atrevem? Estou mostrando o meu corpo, confortavelmente, e isso de forma alguma pode ser sujo ou errado. Mantenham suas neuroses longe do meu corpo e vão assistir a alguns pornôs verdadeiros. Talvez vocês fiquem menos tensos".
Simone Holtznagel reafirmou que o anúncio é de bom gosto, dirigiu-se à "pobre alma que ficou ofendida" e enfatizou que apenas está abraçando suas formas femininas, sua confiança, e encoraja todas as mulheres a fazer o mesmo.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

De Luis Fernando Veríssimo: "Ri, palhaço"

por Luis Fernando Veríssimo - para O Globo (*)

Pela lógica destes dias, depois da cassação da Dilma, o passo seguinte óbvio seria condecorarem o Eduardo Cunha, o herói do impeachment

Depois da provável cassação da Dilma pelo Senado, ainda falta um ato para que se possa dizer que la commedia è finita: a absolvição do Eduardo Cunha. Nossa situação é como a ópera “Pagliacci”, uma tragicomédia, burlesca e triste ao mesmo tempo. E acaba mal. Há dias li numa página interna de um grande jornal de São Paulo que o Temer está recorrendo às mesmas ginásticas fiscais que podem condenar a Dilma. O fato mereceria um destaque maior, nem que fosse só pela ironia, mas não mereceu nem uma chamada na primeira página do próprio jornal e não foi mais mencionado em lugar algum.

A gente admira o justiceiro Sérgio Moro, mas acha perigoso alguém ter tanto poder assim, ainda mais depois da sua espantosa declaração de que provas ilícitas são admissíveis se colhidas de boa-fé, inaugurando uma novidade na nossa jurisprudência, a boa-fé presumida. Mas é brabo ter que ouvir denúncias contra o risco de prepotência dos investigadores da Lava-Jato da boca do ministro do Supremo Gilmar Mendes, o mesmo que ameaçou chamar o então presidente Lula “às falas” por um grampo no seu escritório que nunca existiu, e ficou quase um ano com um importante processo na sua gaveta sem dar satisfação a ninguém. As óperas também costumam ter figuras sombrias que se esgueiram (grande palavra) em cena.

O Eduardo Cunha pode ganhar mais tempo antes de ser julgado, tempo para o corporativismo aflorar, e os parlamentares se darem conta do que estão fazendo, punindo o homem que, afinal, é o herói do impeachment. Foi dele que partiu o processo que está chegando ao seu fim previsível agora. Pela lógica destes dias, depois da cassação da Dilma, o passo seguinte óbvio seria condecorarem o Eduardo Cunha. Manifestantes: às ruas para pedir justiça para Eduardo Cunha!

Contam que um pai levou um filho para ver uma ópera. O garoto não estava entendendo nada, se chateou e perguntou ao pai quando a ópera acabaria. E ouviu do pai uma lição que lhe serviria por toda a vida:

— Só termina quando a gorda cantar.

Nas óperas sempre há uma cantora gorda que só canta uma ária. Enquanto ela não cantar, a ópera não termina.

Não há nenhuma cantora gorda no nosso futuro, leitor. Enquanto ela não chegar, evite olhar-se no espelho e descobrir que, nesta ópera, o palhaço somos nós.

(*) LEIA NO GLOBO, CLIQUE AQUI



Com ataque explícito de ódio, suposta "pedagoga" dá show de racismo na praia, manda gravar essa "merda", diz que tem dinheiro e que caso vai dar em nada... Veja o vídeo




Um vídeo chocante circula nas redes sociais. O caso aconteceu na praia, no Recreio, no Rio. Mostra a  suposta "pedagoga" (!),  Sonia Valéria Rebello Fernandez, segundo a 16ª DP,  em uma explosão de racismo contra a agente de viagens Sulamita Mermier.

A dita "pedagoga" (!), segundo a vítima, simplesmente começou a falar 'Heil Hitler', "Preto e mulato não são raça, são sub-raça", "Não entendo porque preto pega sol", "Esses cabelos duros". Depois de ouvir tantas ofensas, Sulamita gravou a cena. A "pedagoga (!) gritou que podia gravar mesmo - "tenho dinheiro e isso não vai dar em nada". "Grava essa merda. A gente vai para a delegacia e tu vai pagar mico. Porque eu não sei quem você é, eu sei quem eu sou. Você eu nunca vi".   

O crime seria de racismo, previsto na Constituição, e inafiançável. 

Mas legisladores de inspiração racista introduziram na lei um artigo-jeitinho que enquadra esse tipo de crime como "injúria racial", com penas leves, fianças merrecas e tapinhas nas costas dos racistas. 

Quase que invariavelmente, tais casos são registrados como simples "injúria racial", o que minimiza e deturpa a intenção e o princípio constitucionais. 

A cena deplorável aconteceu no último domingo. A polícia foi chamada. A "pedagoga" (!) Rabelo Fernandez foi levada para a delegacia, indiciada por "injúria racial", na moleza, teria pagado uma fiança, beleza, e vai responder a processo em liberdade, tranquilo e favorável. Provavelmente receberá, isso se for condenada, uma dessas penas de oferta de cestas básicas para uma instituição, prestação de um "serviço social" qualquer. Não se sabe nem se essas "penas-fantasia" são fiscalizadas. 

A agressão racista sofrida por Sulamita junta-se a milhares de outras ocorridas no Brasil. Muitos casos resultaram em flagrantes e foram parar em delegacias.

Agora tente lembrar de alguma condenação efetiva. 

Tentou? Desista.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Das páginas da Manchete: cinco carros-problema que os anúncios vendiam como maravilhas...

por Ed Sá 
Quem disse que publicidade tem compromisso com a verdade?
Claro que a legislação avançou, propaganda enganosa hoje é punida, mas o espaço para vender fantasias tinha sutilezas que nem sempre o freguês percebia.
De um baú de anúncios antigos retirei cinco exemplos de carros que não deram muito certo no mercado e que no entanto foram badalados em anúncios nas edições da Manchete como as oitavas maravilhas da indústria automobilística nos anos 1960 e 1970, chegando até a um exemplo rodante da chamada Era Collor.
Se não foram sucessos de venda, esses modelos ganharam com o tempo o selo de cults.
Viraram peças de coleção. Não eram nada do que a propaganda vendia, mas se tornaram referências de um tempo. Sinta a nostalgia...
O jipe Vemag foi lançado em 1958. Era barulhento, queimava uma mal cheirosa mistura de gasolina e óleo e não conseguiu concorrer com o adversário do mercado, o Jeep Willys. 


O Renault Dauphine chegou em 1959. Pretendia concorrer com o Fusca. Não deu. Era até mais confortável mas quebrava toda hora e ganhou um apelido popular: "Leite Glória", porque desmanchava sem bater. Ainda mais metendo o carro nessas pedras que o anúncio mostra...

A Veraneio era uma camionete robusta. A Chevrolet tentou vendê-la como um veículo "de luxo" e foi vencida por
um problema de imagem. Àquela altura, o utilitário era mais conhecido como camburão de polícia,
ambulância e rabecão. Como chegar em uma festa dirigindo tal vexame? 
O Fiat 147 era até simpático. Mas chamá-lo de carrão era um exagero. era frágil e tinha
uma famosa correia dentada que era o terror dos proprietários



O governo Collor abriu o mercado de importação de carros. A primeira leva trouxe os Niva.
Tinham alto consumo de combustível, direção dura, Em velocidades um pouco maiores, vibravam e
eram barulhentos.  Mas até hoje têm admiradores: são os "niveiros". 


Memórias da redação: Há 40 anos, morria JK. Ficaram a história e dois grandes mistérios ligados à Manchete...

Há 40 anos, no dia 22 de agosto de 1976, um domingo, todos os repórteres da Manchete e Fatos & Fotos foram convocados às pressas para ir às redações, na Rua do Russell, onde diretores e editores das revistas iriam distribuir pautas para a cobertura da morte, velório e enterro de Juscelino Kubitscheck. Tudo era urgente, estavam previstas edições especiais que deveriam ir para as bancas em cerca de 48 horas.
Com o país sob o impacto da morte do ex-presidente em um acidente na Via Dutra, as tiragens se esgotaram. Quatro décadas depois, em tempo de Rio 2016 e turbulências políticas, a data não foi registrada pela mídia. JK é história, seu legado político já foi visto e revisto.
O que não se desvendou foram certas e misteriosas circunstâncias que cercaram seu velório no antigo prédio da Manchete. Os jornalistas Carlos Heitor Cony e José Esmeraldo Gonçalves descrevem, abaixo, os estranhos e insondáveis compassos da marcha fúnebre do ex-presidente na madrugada de 23 de agosto no hall do prédio da Manchete. São dois os mistérios: um envolve um surpreendente terceiro caixão que chega à rua do Russell mas se perde na madrugada. O outro levanta a suspeita de uma inesperada troca de caixões.


A edição especial da Fatos & Fotos e as equipes que cobriram o acidente, velório e enterro de JK.
(Clique na imagem para ampliar)



JK: O MISTÉRIO DO RABECÃO SEM RUMO

por Carlos Heitor Cony (*)


No dia 22 de agosto de 1976, fui com o Murilo Melo Filho ao Instituto Médico Legal no Rio de Janeiro, levar o recado de Sarah Kubitscheck, que desejava que  o velório do seu marido acontecesse no hall do edifício da Manchete, uma vez que o Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, fora o local prévia e e apressadamente escolhido. No carro da empresa, ao passarmos pelo MAM, Murilo e eu vimos pessoas varrendo o enorme hall do térreo e cuidando dos primeiros preparativos para o velório.
Chegamos ao IML O carro com o logotipo da Manchete chamou a atenção da reportagem. Queriam saber o que dois diretores da revista estariam fazendo ali. Evidente que não estávamos ali como jornalistas, mas como emissários de Sarah às autoridades do Instituto sobre as últimas providências a respeito do velório e do traslado no corpo de JK para Brasília.
O repórter Tarlis Batista, o mais furão e devastador que conheci, valeu-se da condição de colega, afastou-se dos demais repórteres e quis saber o que nos levara até lá. Pertencendo a uma revista semanal, não furaria ninguém, nem rádio, TV e jornais que sairiam no dia seguinte. Se fôssemos raptar o corpo de JK ou verificar se ele havia mesmo morrido, Tarlis só poderia dar o furo depois de toda a mídia ter furado o furo dele.
Para resumir, disse que Sarah pedira que o corpo de JK e do motorista, Geraldo, fossem levados ao hall da Manchete, apenas isso. Até aí, a responsabilidade desse relato é minha, Carlos Heitor Cony, brasileiro, portador da carteira de identidade número tal etc.
Entra agora o espírito de porco do vidente cego Allan Richard Way. Ao ouvir o que lhe comunicara, Tarlis disse o famoso "deixa comigo", expressão generalizada em todo o mundo ocidental, mas que parece ter sido inventada por ele. E sumiu na multidão que se espremia na calçada do IML.
Subimos, Murilo e eu, atravessamos corredores sinistros, embaciados por lâmpadas mortiças que iluminavam corpos e pedaços de corpos. Fomos à sala onde estavam o genro do ex-presidente, Rodrigo Lopes, e o médico Guilherme Romano, cuja presença ali me causou tamanha estranheza que, anos depois, me levaria a escrever um livro com a repórter Anna Lee (O Beijo da Morte, Objetiva, 2004). Neste livro, colocamos em questão as diversas versões sobre a morte de JK, embora não assumindo nenhuma delas por falta de provas realmente comprovadas.
Demoramos no IML cerca de 15 ou 20 minutos.Ao sairmos e entrarmos no carro da Manchete que nos esperava, notei que o rabecão do próprio IML descia por uma das rampas laterais que dão para a Avenida Mem de Sá. Espantei-me ao ver Tarlis na boleia, ao lado do motorista. Com largos e enérgicos gestos, batendo com a mão na lataria da porta do veículo, como se marcasse o compasso imaginário de uma ordem policial, ele mandava que o pessoal ali aglomerado abrisse passagem para a viatura, tinha pressa: ele só realizava grandes missões e todas elas tinham pressa.
Na manhã de 23 de agosto de 1976, filas se formam
em frente ao prédio da Manchete para
o adeus a JK.
Reprodução da edição especial de Fatos & Fotos.
Nâo dei importância a Tarlis estar na boleia do rabecão. Já o vira em condições e situações mais transcendentes. Conhecia todo mundo em todos os lugares, diziam que ele comera a atriz Bo Derek e que o Julio Iglesias só fazia o que ele mandava, fora o único jornalista brasileiro que tivera acesso a Frank Sinatra na suíte ocupada pelo cantor no Rio Palace, hoje da rede de hotéis Sofitel. Nada demais que arranjasse carona num rabecão que ia para onde ele desejava ir naquela noite.
Murilo e eu voltamos a Copacabana para dar conta a d. Sarah de que havíamos transmitido sua vontade ao genro, que ali representava a família de JK. Ao passarmos pela Manchete, cerca de 3 horas da manhã, mesmo estando numa pista distante da portaria, vi que havia um rabecão e movimento de caixões. Confesso que não vi Tarlis, mas o adivinhei nas proximidades, ele sempre se anunciava à distância, como os tornados e as baterias das escolas de samba.
Confesso também que tive uma suspeita cruel, uma suspeita formidável, mas nada disse ao Murilo, que estava tenso e comovido com os últimos acontecimentos, que mexiam tão de perto com ele, amigo íntimo de longa data de JK.
Horas depois, voltei sozinho para a Manchete, levando dinheiro para comprar panos pretos a fim de montar no hall alguma coisa parecida com aquilo que os franceses chamam de les pompes funèbres. Dei o dinheiro ao Marechal, continuo especial do Adolpho, que percorreu as lojas da Rua do Catete, que esgotaram todos os estoques de panos pretos.
Armaram duas urnas simples, sem qualquer suntuosidade, cobriram com os panos pretos, que também foram espalhados aleatoriamente pelo hall, e o velório já estava em processo, com pessoas chorando junho aos caixões, inclusive Tarlis, que a lenda garante que estava chorando no caixão errado (era o único que não podia fazer isso).
Por volta das 5 ou 6 horas da manhã, o dia amanhecendo já com bastante gente espremida no hall e outras chegando, inclusive Elio Gáspari, vi entrar, em marcha lenta, um rabecão do IML Por Júpiter! Poucas vezes vi tamanhas caras de estupefação. Tanto o motorista quanto o ajudante que ia ao lado dele olhavam pasmos o velório em marcha, os dois caixões sendo pranteados, tudo nos modos e cômodos de um velório pungentemente sofrido e chorado.
O rabecão quase parou na porta principal, mas os funcionários do IML vendo, como Cristo, que tudo estava consumado, decidiram ir embora, levando a carga não sei para onde - acredito que nem eles sabiam. Pegaram o retorno da Rua Silveira Martins com a praia, junto ao Palácio do Catete, passaram em marcha lenta do outro lado da pista, vi ainda a cara pasmada do motorista olhando para o hall e não querendo acreditar no que via. Como os motoristas de ônibus que atropelam transeuntes e se evadem. O rabecão tomou rumo ignorado.
Não ouso acrescentar mais nada, tampouco concluir. Perdi contato com o vidente cego Allan Richard Way, de maneira que no momento em que lembro esses fatos não posso consultá-lo.


Os caixões de JK e Geraldo Ribeiro eram absolutamente iguais. Reprodução da edição especial de Fatos & Fotos


SURGE A DÚVIDA: QUEM GARANTE QUE O CAIXÃO 
DA ESQUERDA É MESMO  O DE JK? 


por José Esmeraldo Gonçalves (**)


Morre Juscelino Kubitschek no famoso acidente de carro da Rodovia Dutra. Domingo, fim de tarde, João Luiz Albuquerque, chefe de Reportagem da Manchete, convoca todos os repórteres. A notícia acabara de ser confirmada. Estavam previstas edições especiais da Manchete e da Fatos&Fotos. Cheguei à Redação, ouvi as instruções e logo fui às ruas conversar com políticos, gente que trabalhou com JK e alguns dos seus melhores amigos, como Oscar Niemeyer. Creio que já passava da meia-noite quando voltei ao Russell. Era madrugada de 23 de agosto de 1976. Havia uma agitação no hall do prédio. Tudo estava sendo preparado para o velório de JK e de seu motorista, Geraldo Ribeiro, que também morreu ao volante do Opala, mas logo ouvi que tinha uma pedra no meio do caminho. Niomar Muniz Sodré queria que o velório fosse no Museu de Arte Moderna, instituição que presidia. Briga de foice na madrugada pela honra de sediar as exéquias de JK. A Manchete tinha um repórter que, em campo, era um trator. Era Tarlis Batista, que tinha uma característica: era “entrão” e, pelo seu temperamento, desempenhava as missões mais difíceis. Se o acesso a determinado evento era proibido, melhor escalar Tarlis. Ele dava um jeito de furar esquemas e resistências. Era brigão também. Bom repórter. Claro que o saudoso Tarlis foi enviado ao IML, onde o corpo de Juscelino era preparado. Àquela altura, a disputa pelo velório já chegara às portas do Instituto Médico Legal. Pressões políticas, uma palavrinha de amigos influentes, valia de tudo. Murilo Melo Filho, então um dos mais importantes diretores da Bloch, contou recentemente ao repórter Timóteo Lopes do antigo site No Mínimo, que naquela madrugada teve até que subornar funcionários para apressar a liberação do corpo de JK. Adolpho Bloch que, no período em que JK era persona non grata dos poderosos, o recebeu e o abrigou no prédio do Russell, montando um gabinete onde o ex-presidente pudesse se dedicar a escrever e receber amigos, fazia questão de se despedir do velho amigo na casa que foi sua referência derradeira. Tinha razão. Se Murilo e Cony, que também foi ao IML, se encarregavam do trabalho, digamos, diplomático, usando luvas e persuasão para resolver o impasse, cabia a Tarlis meter o pé na porta. E foi o que ele fez, atropelando os procedimentos e convencendo uns e outros a queimar etapas no ritual legal. Na madrugada, com o Russell ainda com pouca gente, praticamente só os funcionários da Bloch, uma Kombi estaciona na porta principal do prédio. Sentado ao lado do motorista, Tarlis dava as ordens. “Encosta mais e vai mais à frente, meu irmão, assim fica melhor para desembarcar o caixão”, comandava. Esse era Tarlis. Na Kombi, vinha o corpo de JK. Não sei se havia um segundo veículo trazendo o caixão do Geraldo ou se os dois vinham juntos. Sob as ordens de Tarlis, os caixões de pinho envernizado, absolutamente iguais, foram desembarcados e dispostos lado a lado. JK à esquerda, seu motorista e fiel amigo à direita. O impacto atingira bastante a parte superior dos corpos. Os dois caixões estavam cobertos de cravos vermelhos que formavam desenhos idênticos. A Fatos&Fotos publicou uma foto de d. Sarah e de Márcia Kubitschek ao lado do caixão fechado. As fotos, na época, não mostram os rostos, nem de JK nem de Geraldo. A manta de flores que cobria os caixões também tinha um detalhe semelhante: uma cruz de cravos brancos. Aparentemente, não havia como distingui-los. A dúvida era pertinente. Quem garantia que o caixão da esquerda era mesmo o de JK e o da direita, do Geraldo? Só o afoito e competente Tarlis, que comandara a ruidosa expedição de resgate desde o IML. Daí nasceram a hipótese e a especulação jamais esclarecidas. O próprio Cony já levantou essa bola em uma das suas crônicas na Folha de S.Paulo sob o título Coisas que Acontecem, publicada em 4 de junho de 2005.
Estou levantando outra. O posicionamento dos caixões semelhantes e sem clara identificação foi aleatório? Apenas convencionou-se, na pressa, ali no Russell ou à saída do IML, qual era o ataúde que abrigava JK? Do prédio da Manchete, o corpo de JK foi levado ao Aeroporto Santos Dumont, de onde, com escala no Galeão para troca de avião, foi transportado ao Campo da Esperança, em Brasília. Anos depois, os restos mortais tidos como os de JK foram exumados e levados para o Memorial, onde permanecem em uma urna de mármore negro. Curiosamente, nenhum membro da família Kubitschek, segundo apurou o jornalista Timóteo Lopes, esteve presente à exumação. Já o corpo de Geraldo foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio, e, depois, exumado e levado para Belo Horizonte. Eis o mistério. Como diz Cony na sua crônica, “quem quiser que acredite”. Quem cobriu ou acompanhou o enterro de JK sabe que a pressa e o afobamento marcaram a cerimônia.
À ditadura não interessava que o enterro de um líder cuja influência já parecia ter sido contida pelas fórmulas autoritárias - incluindo-se aí o exílio, a cassação e as ameaças de morte - se transformasse em manifestação política contra o regime. De fato, policiais fardados e à paisana, infiltrados no meio da multidão no percurso entre o prédio da Manchete e o Aeroporto Santos Dumont apressavam ostensivamente o cortejo. A ordem, assim parecia, era fazer o séquito bater algum tipo de recorde de velocidade e chegar logo ao aeroporto rumo a Brasília. Para os militares, o perigo era o Rio, o tambor que repercutiria bem mais que qualquer protesto político na capital federal. Foi tamanha a pressa que não foi permitido aos funcionários da Manchete estender sobre o caixão a Bandeira Nacional. Acabei tendo uma participação casual nesse episódio. O cortejo saiu, ou disparou, e à altura do Hotel Glória um dos motoristas da Manchete me pediu que entregasse ao sobrinho de Adolpho, Pedro Jack Kapeller, o Jaquito, um envelope pardo.
Cortejo de JK. Reprodução

Era a bandeira. Por várias vezes, tentei me aproximar do caixão. Um cordão policial e a multidão compacta me impediram. Além disso, era impossível naquelas condições localizar Jaquito.
Quando o cortejo já se aproximava do Aterro do Flamengo, decidi furar o cordão de policiais de qualquer jeito ou JK chegaria ao aeroporto desbandeirado. Foi o que fiz. Rasguei o envelope, desdobrei a auriverde e lancei-a sobre o caixão. O que era para ser um simples favor ganhou pompa e circunstância. O cortejo parou e a multidão cantou o Hino Nacional.
A cena virou notícia dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo. Para quem tem uma biografia que cabe em poucas linhas, como este que vos fala, o episódio já é alguma coisa. É isso: se a História não me registra, nem deve, eu deixo registrado aqui esse episódio. A morte e o enterro de JK resultaram em uma edição especial da Fatos&Fotos que nos custou pouco mais de vinte e quatro horas de trabalho ininterrupto. Saímos cansados do Russell, com a satisfação de colocar uma revista nas ruas, e fomos parar no bar do Novo Mundo, point de incontáveis happy hours.

(*) (**) Textos extraídos do livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou - Desiderata, 2008)

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O mar redescoberto no Centro do Rio é o legado da Rio 2016. O Boulevard Olímpico "pegou"...


A Orla Conde movimentada, ontem

No caminho rumo à Praça Mauá, o Espaço Cultural da Marinha (na foto o submarino-museu Riachuelo), passou a receber mais visitantes. 

À beira-mar: trecho que estava fechado a civis há mais de 200 anos é... 



...uma atração à parte na orla que...


...leva ao Museu do Amanhã.
FOTOS BQVMANCHETE


Estação das Barcas: o pier fora da curva no Centro do Rio renovado


Com a região da Praça XV reurbanizada e recebendo mais cariocas e visitantes nos fins de semana, as instalações da Estação das Barcas ficaram bem mais visíveis após a derrubada da Perimetral.
Está na hora de a CCR Barcas colaborar com o Rio e dar um trato visual nos atracadouros das embarcações.
E não apenas pelo visual: se a segurança desses pieres corresponder ao péssimo aspecto, cabe bem um reforma. alô Agetrasp... Foto BQVManchete

Com a derrubada da Perimetral, o Rio redescobriu o Almirante Negro... que está com a mão "machucada"...



O monumento ao marinheiro João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata, ganhou mais visibilidade com a reforma da Praça XV e imediações. Ao lado da Estação das Barcas, o Almirante é agora revisto pelos carioca após a derrubada da Perimetral. Curiosamente, ele que lutou contra a tortura e os castigos cruéis que eram rotina na Marinha na virada do século passado, exibe a mão esquerda "machucada". O Almirante reivindica uma restauração caprichada.  Foto BQVManchete.

domingo, 28 de agosto de 2016

Escultor sugere que estátua de Vinícius seja erguida ao lado da escultura de Tom Jobim, no Arpoador, completando a cena da foto clássica de Carlos Kerr para a revista Manchete, publicada em 1958...

A matéria do Globo sobre a foto da Manchete que inspirou a estátua de Tom Jobim, no Arpoador. Creditada como "Arquivo", a foto hoje clássica é de autoria de Carlos Kerr.

A escultora Christina Motta revelou em entrevista que se baseou em foto da Manchete para homenagear Tom Jobim.
Foto de Ricardo Cassiano/PMRJ

Há cerca de dois anos, o Rio homenageou Tom Jobim com uma estátua no Arpoador.
Na época, a escultora Christina Motta ressaltou em entrevistas que se baseou em uma foto da Manchete.
Na imagem, com o violão ao ombro, Tom parece caminhar no  calçadão de um dos seus locais preferidos na cidade que tanto amou.
No Globo de hoje, na coluna Gente Boa, outro escultor, Edgar Duvivier sugere que Vinicius de Moraes, ao lado de Tom, na foto, também deveria ser lembrado em uma escultura que o mostraria andando, tal qual a cena original da Manchete.
De autoria do fotógrafo Carlos Kerr, essa imagem já clássica foi publicada na Manchete inúmeras vezes. A edição especial Manchete 45 anos destacou e o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" reproduziu a encontro.
O Globo, infelizmente, credita a foto ao "Arquivo". Embora "Arquivo" seja um "fotógrafo" muito atuante e, provavelmente, um dos que mais assinam mais fotos na mídia e em livros, registre-se que Tom e Vinícius posaram para Carlos Kerr em Brasília, em 1958, nas imediações do Catetinho, uma construção em madeira que era a casa e escritório de JK quando o então presidente visitava a capital em obras.
Em fevereiro de 1958,  JK havia encomendado a Tom e Vinícius uma peça musical em homenagem a Brasília. Logo depois, Oscar Niemeyer convidou a ambos para conhecer a cidade em construção, que seria a fonte de inspiração de "Brasília - Sinfonia da Alvorada".
Manchete cobriu com exclusividade o tour do músico e do poeta, que gravaram a sinfonia em 1960. A peça deveria ter sido apresentada na solenidade de inauguração de Brasília em uma grandioso espetáculo de som, luzes e efeitos especiais. Às vésperas da festa, o espetáculo foi cancelado. Conta-se que JK já acossado pela oposição por denúncias de corrupção durante as obras da nova capital recusou-se a pagar o alto preço cobrado pelos produtores franceses do megashow de "son et lumière".
O público só viria a conhecer trechos da "Sinfonia de Brasília durante um programa na TV Excelsior, em São Paulo, em 1966.
Com o golpe que implantou a ditadura militar, JK e tudo o que a ele se referia caíram no limbo da intolerância política.
Só em 1986, com a saída dos generais-ditadores, Brasília conheceu sua música em um concerto na Praça dos Três Poderes.
Assim aconteceu e assim viraram história Tom, Vinícius e a foto de Carlos Kerr.

Segundo a nota do Globo, o escultor Edgar Duvivier sugere que uma estátua de Vinícius seja colocada ao lado de Tom, completando a cena da foto original e histórica de Carlos Kerr para a Manchete

Em outra foto de Carlos Kerr publicada pela Manchete (reproduzida a edição especial Manchete 45 anos) Vinicius e Tom, na mesma ocasião, recostados em uma árvore do cerrado do Planalto Central. 

sábado, 27 de agosto de 2016

Posse festiva da nova diretoria do Sindicato dos Jornalista Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ)


Fonte: Site do SJPMRJ

Sindicato dos jornalistas cariocas tem nova gestão

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)
Caro colega jornalista,
Há uma novidade nos bastidores do jornalismo carioca. A partir desta sexta-feira luminosa de agosto, hoje (26/08/2016), uma nova gestão assume no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro - SJPMRJ. Esperamos bem representá-lo e, para isso, nos esforçaremos ao máximo.
Desafios? Sim e serão hercúleos, de acordo com o que apuramos durante a campanha da Chapa 4 para as eleições da Diretoria, Conselhos Fiscal e de Ética.  As condições verdadeiras saberemos a partir de agora e, após análise e diagnóstico, divulgaremos à categoria qual a real situação e o grau dos problemas que atingem a nossa Entidade.
Jornalista carioca, de antemão sabemos que vamos encontrar um lugar abandonado, não pelos seus donos, afastados forçadamente dela. Mas nossa Casa (assim, com C maiúsculo!) resiste, com dificuldades, é verdade. Contudo, está de pé e tem uma função maior do que a de abrigar uma categoria. Nosso Sindicato é o lugar certo e a hora certa é agora para darmos uma virada no cenário do nosso exercício profissional no Rio de Janeiro. Já explanamos nossas ideias durante a campanha eleitoral. E, graças ao seu voto, que nos proporcionou a vitória nas urnas, vamos trabalhar duro para resolver prioritariamente os problemas mais urgentes, como o ajuste dos salários e o saneamento das finanças. Isto sem deixar de lado questões cruciais como subemprego e desemprego, opressão e assédios, exploração e outras situações de ilegalidade a serem combatidas.
 Porém, para conseguirmos vencer essas batalhas, precisamos da participação efetiva de toda a classe. Para tanto, vamos arejar o SJPMRJ, abrir completamente as portas para receber os verdadeiros donos da Casa. Precisamos de todos e contamos com todos: associados antigos, novos e futuros, aposentados e estudantes!
Colega, venha! Ajude-nos a realizar uma gestão digna, com eficiência e responsabilidade. Discuta, exija, opine, denuncie e traga ideias para que proporcionemos uma gestão de excelência. Venha viver um sindicato plural, oxigenado, sem engessamentos e exclusões.
Estamos voltando para Casa. Volta com a gente também!
Seja bem-vindo!


GESTÃO 2016 - 2019

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Márcio Leal, Jorge Antonio Barros e Washington Santos.

DIRETORIA JURÍDICA
Bruno Quintella, Sônia Fassini e Vanessa Andrade.

DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO
Tania de Athayde, Lucia Guerra e Cristina Miguez.

DIRETORIA DE FORMAÇÃO
Carmen Pereira, Fabio Tubino e Cláudia Freitas.

DIRETORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E COMBATE ÀS OPRESSÕES
Marcos Pereira, Douglas Pereira e Françoise Vernot.

CONSELHO FISCAL
Beth Costa,  Iara Cruz  e Malu Fernandes.

COMISSÃO DE ÉTICA
Ana Maria Costabile, Angélica Basthi , Celso de Castro Barbosa, Gilberto Severo e Marco Antônio Narvaez.

Médico desenvolve técnica inovadora contra fraturas. Veja o estranho caso da calça engessada

Reprodução Facebook
por Ed Sá 
Durante anos, Nelson Rodrigues escreveu para o jornal Última Hora e, depois, para a Fatos & Fotos, uma seção chamada "A Vida como Ela É". O jornalista e escritor destacava uma simples notícia, às vezes um mero detalhe de um nota do cotidiano, e dava-lhe tons de drama ou comédia humanos. 
Hoje, Nelson talvez tivesse dificuldade para escolher a notícia a ser transformada em crônica. Sites e redes sociais despejam a cada segundo o bizarro, o inusitado, o surpreendente , o bom, o mau e o feio como resumia o título de um filme "western spaghetti". 
O caso do médico que enfaixou a perna de uma mulher por cima de calça e tênis é algo quase inacreditável. Mas aconteceu. A paciente Maria Ivone procurou a Santa Casa de Misericórdia de Bariri (SP) após machucar a perna esquerda. Houve um demora de dias no atendimento, ela passou por vários médicos, até que, após quatro radiografias que constataram uma fratura, teve a perna engessada sem que o platonista considerasse o pequeno detalhe de, por exemplo, pedir que a paciente tirasse antes a calça comprida e o tênis. Ao visitá-la, o filho da deparou-se com o estranho procedimento imposto à mãe, fotografou e divulgou o caso. Maria Ivone, que tem 70 anos, voltou à clínica e o bizarro ato médico foi corrigido. A Santa Casa de Bariri divulgou notas em que informa que o doutor foi afastado e o caso encaminhado ao Conselho de Ética Médica. 
O que se espera é que essas instituições deixem o corporativismo de lado e tomem providências. Ou tais "alternativas" baseadas em criativo menor esforço correm o risco de virar moda.
Vai operar apendicite? Basta fazer um furo na camisa. Chegou a hora do parto? Não precisa tirar a calça, o bebê sai pelo bolso do jeans. Hemorroidas? Deixa que eu resolvo rapidinho e nem tire a cueca. Tá com pedra no rim? Tranquilo. Eu aplico o laser por cima do paletó mesmo, jogo rápido.
Claro que essas "técnicas" só se aplicam a pacientes humildes. O doutor não desonraria as calças se a fratura fosse na perna do prefeito, do delegado, do bispo ou dos abonados da cidade 
A pergunta que não quer calar: onde é mesmo que esse pessoal está conseguindo diploma?
Em tempo: não se preocupem: a calça passa bem

Começou o quarto turno...




(por Manolo Ramires para o Jornalistas Livres - publicado em 10 de agosto de 2016.)

O relatório do senador tucano Antonio Anastasia foi aprovado por 59 votos a 21. Ele representa um balde d’água fria naqueles que lutam contra o golpe. Faltam 5 votos para Dilma. Sobram 5 votos para Temer. Mesmo assim, é ilusão achar que a direita triunfará nesse processo. Com a consolidação da saída de Dilma no fim de agosto, estará aberto o quarto turno da eleição.

Assim como a direita não aceitou a vitória de Dilma nas urnas, boa parte da sociedade jamais vai aceitar sua saída no tapetão. Nesse sentido, os protestos tendem a se intensificar, as ruas tendem a ficar cheias de gente e de pautas que estão sendo reprimidas.

A partir de setembro, o jogo vira. Aqueles que atiravam pedras passam a ser vidraças e com um agravante: dificilmente terão uma bengala para se agarrar. Tudo aquilo que promoveram se voltará contra si. A crise econômica, a crise política, a crise de princípios. Todas as crises fabricadas ou hipertrofiadas cobrarão seu custo.

Por outro lado, aqueles que saem definitivamente do poder têm vasta gama para cobrar os golpistas. A começar pela impopularidade de Michel Temer. 70% da população não o quer. Percentual que buscará sua saída pelos mesmos motivos que cassaram Dilma. Quantidade que deve aumentar quando mais gente perceber o tamanho da fraude que foi aplicada.

O quarto turno também tende a ganhar corpo na medida em que novas revelações de corrupção aparecerem. De pouco adianta Moro, Janot e a grande mídia tentarem abafar as denúncias e revelações, como no caso da Odebrecht. As redes sociais vão martelar na cabeça das pessoas a confirmação de um processo seletivo. Vai ter muita gente com sorriso amarelo rapidamente.

Redes sociais essas que não deixaram cair no esquecimento a blindagem de Eduardo Cunha, os milhões de Temer e Serra. A corrupção do metrô de Alckimin, das escolas de Beto Richa. O #foraPT terá se esgotado, o #foratodos, não.

Para além disso, o quarto turno vai abordar a perda de direitos. Vai combater a iminente precarização da saúde e educação, a alta de impostos, a privatização de setores estratégicos da nossa economia. Mais do que nunca, vai retomar o discurso do padrão de vida dos brasileiros que foi roubado cinicamente pelas elites que nunca se preocuparam realmente com o desenvolvimento da nação. Se de um lado a decepção com Dilma e o PT atingiram seu ápice, de outro, a adoção de uma agenda ultraliberal não foi aprovada nas urnas e a resistência tende a crescer.

O quarto turno está apenas começando para colocar frente a frente aqueles que defendem a plutocracia contra aqueles que querem resgatar a democracia. A história não se escreve em apenas um capítulo.
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Le Monde analisa: queda de Dilma é golpe ou farsa...




(Editorial do Le Monde, ontem, 26/8/2016)

Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente 
são os brasileiros."

Dilma Rousseff, a primeira presidente mulher do Brasil, está vivendo seus últimos dias no comando do Estado. Praticamente não há mais dúvidas sobre o resultado do julgamento de sua destituição, iniciado na quinta-feira (25) no Senado. 
A menos que aconteça uma reviravolta, a sucessora do adorado presidente Lula (2003-2010), que foi afastada do cargo em maio, será tirada definitivamente do poder no dia 30 ou 31 de agosto.

Dilma Rousseff cometeu erros políticos, econômicos e estratégicos. Mas sua expulsão, motivada por peripécias contábeis às quais ela recorreu bem como muitos outros presidentes, não ficará para a posteridade como um episódio glorioso da jovem democracia brasileira.

Para descrever o processo em andamento, seus partidários dizem que esse foi um "crime perfeito". O impeachment, previsto pela Constituição brasileira, tem toda a roupagem da legitimidade. De fato, ninguém veio tirar Dilma Rousseff, reeleita em 2014, usando baionetas. A própria ex-guerrilheira usou de todos os recursos legais para se defender, em vão.

Impopular e desajeitada, Dilma Rousseff acredita estar sendo vítima de um "golpe de Estado" fomentado por seus adversários, pela mídia, e em especial pela Rede Globo de televisão, que atende a uma elite econômica preocupada em preservar seus interesses supostamente ameaçados pela sede de igualitarismo de seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT).

Inimiga número um de parte dos brasileiros

Essa guerra de poder aconteceu tendo como pano de fundo uma revolta social. Após os "anos felizes" de prosperidade econômica, de avanços sociais e de recuo da pobreza durante os dois mandatos de Lula, em 2013 veio o tempo das reivindicações da população. O acesso ao consumo, a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas não conseguiam mais satisfazer o "povo", que queria mais do que "pão e circo". Ele queria escolas, hospitais e uma polícia confiável.

O escândalo de corrupção em grande escala ligado ao grupo petroleiro Petrobras foi a gota d'água para um país maltratado por uma crise econômica sem precedentes. Profundamente angustiados, parte dos brasileiros fizeram do juiz Sérgio Moro, encarregado da operação "Lava Jato", seu herói, e da presidente sua inimiga número um.

A ironia quis que a corrupção fizesse milhões de brasileiros saírem para as ruas nos últimos meses, mas que não fosse ela a causa da queda de Dilma Rousseff. Pior: os próprios arquitetos de sua derrocada não são santos.

O homem que deu início ao processo de impeachment, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, é acusado de corrupção e de lavagem de dinheiro. A presidente do Brasil está sendo julgada por um Senado que tem um terço de seus representantes, segundo o site Congresso em Foco, como alvos de processos criminais. Ela será substituída por seu vice-presidente, Michel Temer, embora este seja considerado inelegível durante oito anos por ter ultrapassado o limite permitido de doações de campanha.

O braço direito de Temer, Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento do governo interino, foi desmascarado em maio por uma escuta telefônica feita em março na qual ele defendia explicitamente uma "mudança de governo" para barrar a operação "Lava Jato".

Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros.



sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Exclusivo - Direto de Brasília, notícia do ano 2030: Governo instala Comissão da Verdade para apurar golpe de 2016...

por Omelete
Brasília, 31 de março de 2030 - Ontem, na Capital Federal, o governo anunciou a instituição de uma Comissão da Verdade para investigar o processo que levou à destituição, há 16 anos, da presidente Dilma Rousseff.
Os HDs
A medida tornou-se necessária desde que operários que trabalhavam na demolição de um dos prédios de um condomínio do Rio de Janeiro, onde coincidentemente havia residido um político indiciado em um rumoroso caso nos anos 2015/2016, encontraram HDs escondidos em um vão de parede.
Os HDs estavam acondicionados em um pacote etiquetado como "filmes pornôs" e foram entregues ao engenheiro responsável pela obra. Este, por mera curiosidade, segundo revelou, levou o pacote a um amigo dono de uma empresa especializada em recuperar dados de dispositivos digitais obsoletos.
Filmes disfarçavam dados digitais do dossiê. 
Para sua surpresa, o amigo especialista descobriu que os tais filmes nada mais eram do que uma 'cortina digital" para encobrir um volumoso dossiê sobre todas etapas até agora desconhecidas da queda da então presidente.
Codificados e disfarçados pelas imagens de sexo explícito, revela-se um episódio político da vida do país.
Uma força-tarefa integrada por autoridades e representantes da sociedade civil, além de observadores internacionais, estuda o dossiê há cerca de um ano. Todos os dados recolhidos foram confrontados com novas provas. Diante das evidências, várias testemunhas do rumoroso processo solicitaram à Justiça permissão para mudar seus depoimentos alegando que na época faziam uso de remédios controlados e  teriam sofrido lapsos de memória.
Os HDs com todos os detalhes de uma suposta ação organizada teriam sido operados por uma organização de hackers que invadiu centros de dados públicos e privados.
Em 2018, quatro integrantes dessa organização morreram em um acidente quando o carro em que viajavam foi fechado por um caminhão.  Um inquérito apurou que os rapazes andavam deprimidos e que tudo não passou de suicídio coletivo.
No material analisado há relatos dos encontros estratégicos. Um vídeo gravado pelos próprios participantes, que aparecem nas imagens fazendo sinal de positivo e "corações", mostra que muitas dessas reuniões eram realizadas em saunas e termas do Rio, São Paulo e Brasília com o grupo inteiramente nu. Um das testemunhas explicou que o método impedia que alguém levasse para o recinto microfones ocultos. Mesmo esse cuidado se revelou inútil: em uma ocasião um empresário foi flagrado e advertido por gravar áudios a partir de um gravador não tão minúsculo instalado no próprio reto. Outro queixou-se de não gostava daquele tipo de reunião porque sofria bullying dos demais participantes "por não ter corpo malhado e barriga de tanque". Algumas mulheres do grupo também reclamavam dos "olhares invejosos" das aliadas definidas por elas como "de bunda caída".
Pequenos problemas de relacionamento à parte, é possível adiantar fortes suspeitas: assim como teria supostamente forjado documentos e reportagens em revistas, o braço secreto da organização pode ser acusado de ter destruído provas que incriminariam alguns conspiradores.
Conspiradores jogavam Pokémon Go/Reprodução
Outro vídeo mostra um grupo em uma fazenda secreta, denominada "Suíça", jogando Pokémon Go.
Um deles comemora muito e é abraçado ao capturar um Pikachu e, logo em seguida, um Raichu.
Mas a grande explosão de alegria dá-se quando um jogador captura um Wartortle que tem o rosto da presidente destituída. Aparentemente, havia apostas altas em torno do jogo. Suspeita-se que o vencedor recebia um depósito direto na sua conta em paraíso fiscal ou uma franquia de 20 mil dólares em combustível para o jatinho.
Não está confirmado se a Comissão da Verdade poderá concluir seu trabalho.
Alguns políticos e empresários atuam fortemente para impedir a divulgação do material sob a alegação de que são dados "classificados" e que só podem ser liberados ao público a partir de 2099.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O que você não vai ver em "Narcos". Biografia visual de Pablo Escobar, assinada pelo fotógrafo e pesquisador James Mollison, mostra o álbum que o chefão teria feito se o Instagram existisse na época dele...

Pablo Escobar e sua mulher Victoria Henao, no começo dos anos 1980. Foto Arquivo El Espectador

O chefão inaugura iluminação que doou a estádio, em 1982. Foto Ivan Restrepo (do livro "The Memory of Pablo Escobar").

EScobar desembarca do seu avião, um Lear Jet, na pista de pouso da Hacienda Napoles, uma das suas propriedades.
Foto Arquivo Chino (do livro "The Memory of Pablo Escobar").
A Netflix anuncia a exibição, a partir de 2 de setembro, da segunda temporada de "Narcos", que conta a história de Pablo Escobar, o chefe do Cartel de Medelín.

O drug lord colombiano foi o traficante que deu à produção e ao comércio das drogas estruturas empresariais bilionárias. Foi o mais rico e um dos mais violentos de todos os tempos.

Para quem se interessa conhecer um pouco mais da vida de Pablo Escobar, um dica é a biografia visual - que o autor chama de "jornalismo visual" - "The Memory of Pablo Escobar", assinada por James Mollison.

Fotógrafo e pesquisador, ele investigou durante anos e localizou nos mais diversos acervos centenas de fotografias do álbum da família Escobar, imagens guardadas por antigos seguranças do traficante, acervos da polícia colombiana e da DEA (Drug Enforcement Administration), para contar a história de um personagem que, vinte e três anos depois de morto ainda desperta interesse.

O livro reúne ainda fotos atuais da frota de aviões de Escobar, esconderijos de armas e o zoológico particular do traficante revisitados por Mollison.

"The Memory of Pablo Escobar" ainda está disponível na Amazon.
O site do fotógrafo inglês James Mollison mostra um álbum das imagens pesquisadas. Clique AQUI

Hoje tem espetáculo? Tem sim senhor...

O teatro político encena mais um ato. Talvez o último dessa curta temporada de reprises.

Não chega a ser novidade. A história do Brasil raramente apresenta espetáculos inéditos.

Há pouco mais de 50 anos, no mesmo espaço cenográfico, o então presidente do Senado, a triste figura de Auro de Moura Andrade, anunciou vaga a Presidência da República porque, segundo ele, João Goulart havia se ausentado do país sem pedir licença ao Congresso. Era um ridículo pretexto.

O golpe estava nas ruas, Jango ainda não deixara o país, mas a declaração de Moura Andrade na função de tapete dos golpistas tinha a finalidade de dar um perfil "institucional" ao processo que implantava a ditadura.

Nas décadas seguintes, o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e a grande mídia transformaram-se em contra-regras para o sangrento teatro dos militares.

Se havia necessidade de uma "lei" para justificar desmandos, gastos e perseguições, deputados e senadores corriam como motoboys para entregá-las o mais rápido possível ao quartel mais próximo.

Se era necessário condenar alguém ou tornar "constitucional" o impossível, os juristas do STF estavam lá mesmo para bater continência, digo, jurisprudência, lustrar botas e fornecer sentenças que eram entregues aos solicitantes como caixas de pizza encomendadas por telefone.

Se os órgãos de segurança executavam um militante, a mídia comparecia com matérias que simulavam resistência armada, troca de tiros ou fugas que jamais aconteceram simplesmente porque o dito "fugitivo" já estava morto e enterrado em local incerto. Basta consultar as coleções dos grandes jornais para reler tais textos de ficção estampados nas primeiras páginas.

O tal espetáculo, que ficou em cartaz durante anos, sob aplausos da crítica especializada, chamava-se "Aparência Legal".

Fez tanto sucesso que, até hoje, os ditadores que os dirigiam são chamados de "presidentes"

O "roteirista" encarregado de criar enredos para o gênero que transforma o sujo em mal lavado está de volta ao palco político.

Só o diretor da peça na antiga versão, o general de plantão, não está mais na ativa ou prefere a coxia.

No mais, as mesmas "companhias teatrais", o Congresso e o STF, conduzem o reality show de afastamento de uma presidente eleita em um espetáculo cujo final já está estabelecido.

Nada parece novo na dramaturgia da reencenação da peça "Aparência Legal".

Os atores são canastrões, os personagens são patéticos e até o odor que vem do banheiro do teatro é conhecido de outras temporadas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Atletas, ontem e hoje. Eles continuam os mesmos, mas os seus uniformes... Site compara fotos de Olimpíadas do passado com as imagens da Rio 2016...

Você viu centenas ou milhares de imagens da Rio 2016. O site Distractify resolveu comparar algumas fotos da atual Olimpíada com cenas dos Jogos de 1908 e de de 1896. Veja como os atletas mudaram...
Ginasta versão 2016

A mesma modalidade em 1908

Arqueiro do Século 21 e...

... "colega" no começo do século passado

O estádio dos Jogos do Rio e...

.... a "arena" de 1896, na Grécia. Fotos: Reproduções do Distractify/Link abaixo

VEJA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE DISTRACTIFY, CLIQUE AQUI

40 anos depois do Concorde, maior avião de passageiros pousa no Rio. Veio buscar os atletas franceses que competiram na Rio 2016

O A380 no Galeão. Foto divulgação


por Jean-Paul Lagarride
Na noite da última segunda-feira, um Airbus A380, maior avião de passageiros do mundo, pousou no Galeão. Foi o primeiro voo comercial do jatão da Air France na rota Paris-Rio. O avião, que tem capacidade para mais de 500 passageiros veio especialmente buscar os atletas franceses que competiram na Rio 2016. Logo após o pouso, enquanto ainda taxiava, o A380 foi recebido por jatos d'água, como é tradição em aterrissagens inaugurais.


O Concorde.  Dos vinte produzidos, 17 são exibidos em museus, aeroportos e na fábrica da Airbus,
em Toulouse, na França. Foto Divulgação

Coincidentemente, outro ícone da aviação, o Concorde, comemorou, nesse 2016, 40 anos do seu primeiro voo comercial, regular, para o Rio de Janeiro. Um dos últimos voos do Concorde na rota Rio-Paris foi ligado também a um evento esportivo. Em 1998, o supersônico foi fretado por um grupo de brasileiros rumo à Copa do Mundo da França.