quinta-feira, 31 de março de 2022

Brasil na Copa: "a hora é Hexa" ? Jura?

O Estádio de Lusail, a cidade especialmente construida próximo a Doha, receberá o jogo final da Copa do Catar. O Brasil vai chegar lá? Foto Divulgação/FIFA

por Niko Bolontrin

Amanhã a seleção brasileira saberá dos primeiros adversários na Copa do Mundo 2022. Alemanha e Holanda poderão estar no caminho. Se a bolinha do sorteio não favorecer, o time de Tite cairá no "grupo da morte".  Melhor, não. 

O certo é que o Brasil, que voltou a liderar o ranking da FIFA, chegará ao Catar no escuro. Longe de saber se o seu futebol que foi exageradamente exaltado durante a mediocridade da Eliminatórias será suficiente para enfrentar as principais seleções europeias. Vai descobrir em campo, assim como se surpreendeu com a Bélgica na Copa de 2018. A Bélgica, aliás, é a segunda colocada no mesmo ranking.

Nos últimos anos a Europa se fechou para amistosos contra seleções de outros continentes. Tem bastado aos países da comunidade um calendáro pra valer e de alto nível técnico: a dureza das Eliminatórias regionais sem "galinha morta", a poderosa Copa da UEFA e a Liga das Nações: 

Parece-me que Tite terá cinco amistosos preparatórios até embarcar para Doha. No roteiro, jogos contra seleçoes da Ásia, África, da Concacaf. Resta um amistoso válido contra a Argentina. Da Concacaf só vale como treino se o adversário for o México.  

Em 2022 a seleção brasileira comemora 20 anos do Penta, a épica jornada de 2002. Se não trouxer o caneco vai igualar em 2026 o maior intervalo entre seus títulos de campeã (de 1970 a 1994 = 24 anos).

Volta o slogan: "a hora é Hexa". 

31 de março: o dia dos degenerados

por José Esmeraldo Gonçalves

Por não ter punidos torturadores e assassinos da ditadura, como fizeram Argentina e Chile, o Brasil jamais fechará as cicatrizes de um dos períodos mais trágicos da sua história, mas não deve esquecê-lo nunca.

Há poucos dias, Christiane Pelajo, âncora da Globo News, ao comentar a morte do ilustrador Elifas Andreato disse, de passagem, que Vladimir Herzog sofreu "maus tratos" na ditadura. O vídeo com a fala circula nas redes sociais. Saiba a jornalista que Herzog, também jornalista, foi torturado e assassinado nas dependências da máquina dos horrores que era o DOI CODI em São Paulo. Transformar um crime político brutal em "maus tratos" é agredir a história, é desprezar o drama de uma família, é desonesto. É tentar apagar a verdade. 

Assim como desonesta e mentirosa é a nota divulgada ontem pelo Ministério da Defesa saudando a ditadura assassina e corrupta, tantas foram as mortes e os escândalos que a censura impedia de se tornarem públicos e dos quais o aparelhamento da justiça vetava a apuração isenta. A nota grotesca dos generais fala também em êxito econômico da ditadura. Outra mentira. A fachada "desenvolvimentista" dos militares tornou empreiteiros milionários e seus benefícios não chegaram à população. Em 21 anos de autoritarismo a distribuição de renda caiu a níveis críticos, bem piores do que os índices do fim da década de 1950 e começo dos anos 1960. A partir de 1980, ao sair pela porta dos fundos do Planalto, em 1985, o último ditador de plantão deixou uma dívida externa monumental, uma explosão inflacionária e uma crise econômica e social galopantes. Sob o tapete do palácio ficaram os famosos escândalos de  corrupção engavetados sob os rótulos Lutfallla, Delfin, GE, Capemi, Coroa Brastel...   

Cinquenta anos depois, os militares voltaram ao poder no embalo de outro golpe, o que tirou do governo sem qualquer motivo legal uma presidente democraticamente eleita. A conspiração resultou na eleição de Jair Bolsonaro que se cercou de generais e distribuiu cargos e "boquinhas" a  milhares de outros militares. Não por acaso, tornaram-se frequentes as ameaças à democracia, com acenos de novo golpe, agressões ao Supremo Trubunal Federal, a ocupação de instituições vitais, o desprezo às ações contra a pandemia, a omissão e o incentivo à destruição da Amazônia, entre outros desmontes do Estado em nome de interesses privados. 

Bolsonaro postula a reeleição e anuncia como seu vice precisamente o general linha-dura (esse termo também está de volta) que divulgou a nota-exaltação da ditadura.  Não há nada a comemorar no dia dos degenerados.

Frase do Dia: George Orwell e as eleições


Um povo que elege políticos corruptos, impostores, ladrões e traidores não é uma vítima, mas um cúmplice.”

                               

George Orwell, o escritor que inventou a entidade do Big Brother, em sua distopia “1984”, publicada em  1948.

 

 

quarta-feira, 30 de março de 2022

Cadeia legislativa

 


Frase do Dia (de um poeta e dramaturgo vítima de difamação)

 " A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre" 

Oscar Wilde  (1854-1900)

A agonia do Pantanal

 

Reprodução Twitter

Reprodução Twitter

por Ed Sá

As redes sociais se dividem em elogios ao remake de Pantanal - novela que fez sucesso histórico na Rede Manchete há pouco mais de 30 anos - e  a alertas quanto à realidade do universo rural que mudou para pior. A exuberância da natureza não é mais a mesma. 

Há quem veja no cenário romântico da ficção da Globo marcas da destruição progressiva de um bioma de valor incalculável para o planeta.  Talvez por isso, há excesso de closes. 

A pergunta é: o desenrolar da novela vai ignorar isso? A composição dos personagens passará ao largo da triste realidade? A arte prestará um serviço ao denunciar a hecatombe ecológica. 

De resto, uma constatação: se algum canal de streaming quiser fazer novo remake de Pantanal daqui a dez anos terá de usar recursos digitais e técnicas computacionais. O Pantanal como o conhecemos só existirá em pixels.

terça-feira, 29 de março de 2022

Na capa da IstoÉ: a corrupção vai na fé

 


Na capa da Carta Capital: a pátria enlameada

 


Alain Delon decide morrer • Por Roberto Muggiati

Alain Delon em cena de "O Sol por
Testemunha

Durante a pandemia tenho visto muito filme de Alain Delon. Uma beleza de ator, em todos os sentidos. Estrela da série de DVDs Filme Noir Francês, ele brilha em “Borsalino”, sobre a Máfia de Marselha – que antecipou em dois anos “O poderoso chefão” – , num noir político atualíssimo, “A morte de um corrupto”, e em Os sicilianos”, com Jean Gabin e Lino Ventura. Revi também sua interpretação magistral em “O sol por testemunha”, fazendo o melhor Tom Ripley de toda a saga do herói amoral de Patricia Highsmith. E não há como esquecer a figura solitária do assassino de aluguel em “O samurai”, no clássico dirigido por Jean-Pierre Melville. E, ainda há poucos dias, topei no YouTube com um thriller sobre a Guerra da Argélia, com Lea Massari, e um título que define Delon, “O insubmisso”.

Fui surpreendido agora pelo anúncio que Delon, 86 anos, acaba de fazer pública sua decisão de morrer por suicídio assistido na Suíça, país onde mora e do qual tem a nacionalidade. Disse ele: “Minha vida tem sido linda, mas também muito difícil. E, a partir de certa idade, temos o direito de ir embora tranquilamente”. Há poucos dias, o filho de Alain, Anthony Delon, disse à imprensa que acompanharia o procedimento quando o pai marcasse uma data. 

Alain Delon já tinha manifestado sua “ânsia de morrer” em 2017, depois da morte de sua ex-mulher Mireille Darc: “Hoje, prefiro ter 81 anos a 40. Não terei muitos anos mais para viver sem ela, não há muito tempo para sofrer. Sem ela, também posso partir”. 

Outra história de eutanásia: a cantora Françoise Hardy, 78 anos, ícone da jovem guarda francesa, disse recentemente que se sente "perto do fim da vida" e é a favor do suicídio assistido. Diagnosticada com câncer linfático em meados dos anos 2000, descobriu um tumor no ouvido em 2018. Ela já havia sido colocada em coma induzido em 2015. Em entrevista por e-mail, pois tem muita dificuldade em falar e ouvir, Françoise disse que os anos de radiação e quimioterapia causaram uma dor imensa. "Cabe aos médicos abreviar o sofrimento desnecessário de uma doença incurável a partir do momento em que ela se torna insuportável”.

Não conheci Delon em pessoa, mas tive a sorte de compartilhar alguns momentos na mesma sala com Françoise Hardy, uma graça, em 1970, no Hotel Glória. Ejetado da chefia de Fatos&Fotos – graças-a-deus! – eu me vi sem rumo certo como repórter especial da Manchete. No Glória, tomei um chá de cadeira à espera de ser recebido por Paul Simon, que era o presidente do Festival Internacional da Canção daquele ano. Havia uma seção na revista chamada Fulano no Paredão – pequena contribuição da revolução de Fidel para o jornalismo brasileiro e ainda hoje vigente no BBB – pessoas famosas do mesmo ramo do entrevistado faziam perguntas para ele. Ignoro até hoje o que prendeu a famosíssima Françoise Hardy por dez ou quinze minutos naquela saleta apertada. Na época, me permiti até dar asas a uma fantasia insana: seria pelo prazer da minha companhia?

Frase do Dia: sobre apalpar a vida

 “Se a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela.”

(Do livro “Flor de obsessão: as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues - Companhia das Letras)

Quem você mandaria a Hollywood para fazer piada com a mulher de Will Smith?

por O.V.Pochê

Está aberta a campanha para enviar a Beverly Hills brasileiros selecionados para ficar em frente à casa de Will Smith fazendo graça com a alopecia da Sra. Jada Smith e cantando que Chris Rock é um bom companheiro. Talvez seja necessário fretar um Airbus 380. Veja os candidatos ao tour do Will.

* Bolsonaro "da Val do Açaí"

* Milton Ribeiro "Quilo de Ouro"

* Os pastores corruptos

* Damares "Goiabeira"

* Paulo Guedes  "Palestrante"

* Regina Duarte "Cinemateca"

* Arthur "Bolsonaro" Lira

* Rodrigo "Bolsonaro" Pacheco

* O mímico de libras da Presidência 

* A ruiva "photoshopada" do comercial do Safra 

*  "Ciroliro" Gomes

 * Arthur "Mamãe Falei" do Val

* Autores de podcasts sobre como fazer podcasts

* O ônibus lotado de candidatos da terceira via

* A SAF do Cruzeiro

* A JP "Heil" News

* Raul "Lollapalooza do TSE" Araújo"

As caras de quem reagiu ao tapa de Will Smith em Chris Rock

Oscar 2022: prêmio de melhor tapa. Reprodução TNT.

O tapa na cara que ofuscou na mídia a guerra da Ucrânia. Reprodução

segunda-feira, 28 de março de 2022

Frase do dia: Anitta, oferecendo-se para pagar a multa do TSE aos artistas do Lollapalooza dispostos a desafiar censura autoritária e inconstitucional a manifestações políticas (*)


Anitta no clipe Envolver/Divulgação


“50 mil? Poxa… menos que uma bolsa”. 

(*) Liminar do ministro Raul Araújo, do TSE, proibiu atos políticos no festival em apoio a Lula e manifestações do tipo "Fora Bolsonaro". A decisão foi ignorada no pálco e na plateia"



domingo, 27 de março de 2022

"Muito prazer, Silva, Thiago Silva"; "Jesus, Gabriel Jesus"; "Coutinho, Philippe Coutinho"...

Ruy Castro na Folha de São Paulo, hoje: futebol com nome e sobrenome

por José Esmeraldo Gonçalves

Ruy Castro sacou o que estava na cara e ninguém via. Jogadores de futebol agora se identificam pelo nome e sobrenome. Até para diferenciar: são tantos os Diegos, Matheus, os Gabriel. Mas não só por isso. É preferência agora. Neymar, que não tem homônimos conhecidos, adotou a marca dobrada Neymar JR. 

E quanto aos jogadores de nome e sobrenome na seleção brasileira? Em 1958 e 1962, o time bicampeão entrou em campo com apenas dois craques com nombre e apelido como dizem os hispânicos: Nilton Santos e Djalma Santos. No tri, em 1970, só Carlos Alberto esteve na final. Na final da Copa de 1994, apenas o duplo Márcio Santos entrou em campo. Em 2002, jogaram a decisiva os duplos Roque Júnior, Roberto Carlos, Juninho Paulista e Gilberto Silva. 

Nas últimas quatro copas. a geração de nome e sobrenome não deu muita sorte. Desde 2006, foram convocados muitos duplos do tipo "Bond, James Bond": Silva, Thiago Silva; Jesus, Gabriel Jesus; Alves, Daniel Alves; Coutinho, Philippe Coutinho; Firmino, Roberto Firmino, Luiz, David Luiz etc. 

O problema é que apreceram diante da seleção brasileiras uns sujeitos que atendiam pelos nomes simples de Zidane, Henry, Sneijder, Müller, Klose, Kroos, Khedira, Schürrle e a exceção, De Bruyne. Craques, respectivamente, da França (2006), Holanda (2010), Alemanha (2014) e Bélgica (2018), eles fizeram os gols que eliminaram o Brasil nas últimas quatro Copas do Mundo. 

Cuidado no Catar: a seleção francesa vem aí com Benzema, Mbappé, Griezmann, Pogbá, Kanté... 


sábado, 26 de março de 2022

Aposta furada

 

Veja a nota acima publicada hoje na coluna de Ascânio Seleme no Globo. Não faz muito tempo Rodrigo Pacheco, que Bolsonaro escalou para presidir o Senado, tornou-se queridinho de comentaristas políticos de plantão em Brasília. Ele tanto acreditou nos elogios que se apresentou como presidenciável. Não deu. O povo foi mais sábio e lhe cravou nas pesquisas em torno de 1% das intenções de votos. Com margem de erro para o nada. Desde que elegeu Collor de Mello, a mídia neoliberal busca o "Collor de Mello" perdido. Um coleguinha mais empolgado sonhou que o mineiro que também seria o JK reencarnado. Não rolou, o homem era um peixe vivo fora da bacia. Fica na história por frases como essa aí destacada. Na roubalheira pastoral  montada por Bolsonaro, flagrada no Ministério da Educação e audível em gravações, o maleável Pacheco viu apenas "frase infeliz".  Então, tá.

Frase do Dia: poeminha do contra

 "Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!"

Mário Quintana 

( 1906-1994)



quinta-feira, 24 de março de 2022

O Rosa e o Reaça • Por Roberto Muggiati

Nélson Rodrigues na Manchete. Reprodução Foto de Paulo Scheuensthul

Um desfilava seu perfume pelos salões refrigerados da diplomacia. O outro derramava seu suor pelas redações fedorentas dos jornais. Ambos exímios artesãos das palavras, construíram com sua elaborada bricolagem verbal suas mitologias pessoais: o Sertão e o Subúrbio. Estou falando dos dois grandes escritores que marcaram o século 20 brasileiro: o cerebral João Guimarães Rosa (1908-67) e o visceral 

Nélson Falcão Rodrigues (1912-1980) – o yin e o yang de nossa literatura.

Por que trago Nelson à cena nesta altura do campeonato? Porque, com a reedição dos seus romances pela HarperCollins, ele se tornou um de nossos ficcionistas mais publicados. Depois, porque encontrei no camelô da esquina por dez reais uma edição nova em folha de A cabra vadia/Novas confissões, 470 páginas de um Nelson-por-ele-mesmo. Vou dar só uma amostra, que é a primeira das 85 confissões, intitulada “O ex-covarde”, onde ele desfia o rosário de tragédias da família Rodrigues:

“Sofri muito na carne e na alma. Primeiro foi em 1929, no dia seguinte ao Natal. Às duas horas da tarde, ou menos um pouco, vi meu irmão Roberto ser assassinado. Era um pintor de gênio, espécie de Rimbaud plástico, e de uma qualidade humana sem igual. Morreu errado ou, por outra, morreu porque era ‘filho de Mário Rodrigues’. E, no velório, sempre que alguém vinha abraçar meu pai, meu pai soluçava: – ‘Essa bala era para mim.’ Um mês depois meu pai morria de pura paixão. Mais alguns anos e meu irmão Joffre morre. Éramos unidos como dois gêmeos. Durante 15 dias, no Sanatório de Corrêas, ouvi a sua dispneia. E  minha irmã Dorinha. Sua agonia foi leve como a euforia de um anjo. E, depois, foi meu irmão Mário Filho. Eu dizia sempre: – ‘Ninguém no Brasil escreve como meu irmão Mário.’ Teve um enfarte fulminante. Bem sei que, hoje, o morto começa a ser esquecido no velório. Por desgraça minha, não sou assim. E, por fim, houve o desabamento de Laranjeiras. Morreu meu irmão Paulinho e, com ele, sua esposa Maria Natália, seus dois filhos, Ana Maria e Paulo Roberto, e sua sogra, D. Marina. Todos morreram, todos, até o último vestígio. Falei do meu pai, dos meus irmãos e vou falar também de mim. Aos 51 anos, tive uma filhinha que, por vontade materna, chama-se Daniela. Nasceu linda. Dois meses depois, a avó teve uma intuição. Chamou o Dr. Sílvio Abreu Fialho. Este veio, fez todos os exames. Depois, desceu comigo. Conversamos na calçada do meu edifício. Ele foi muito delicado, teve muito tato, mas disse tudo. Minha filha era cega.”

Nelson não menciona outro drama imenso. Ele, que gostava, de se proclamar o Reacionário e cutucar as esquerdas, teve o filho Nelsinho, militante opositor da ditadura militar, preso e torturado e, só então, depois de obter a soltura do rapaz junto aos generais de plantão, reviu suas posições e passou a defender a “anistia ampla, geral e irrestrita”. 

Guimarães Rosa. Reprodução
Guimarães Rosa anda meio esquecido nestes dias de modorra intelectual em nosso país tropical. Merecia – e muito – voltar à atenção dos leitores o homem que escreveu “Viver é muito perigoso: sempre acaba em morte”. O curioso é que a morte de Rosa teve um forte toque rodriguiano. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em agosto de 1963, protelou por mais de quatro anos a posse, receando não resistir à emoção da cerimônia. Finalmente, foi recebido por seus pares na quinta-feira, 16 de novembro de 1967. Em seu discurso chegou a afirmar premonitoriamente: “A gente morre é para provar que viveu”. Ao entardecer de domingo, 19 de novembro, morreu de infarto agudo em seu apartamento de Copacabana. Rosa era um dos indicados para o Prêmio Nobel de Literatura daquele ano, que coube a um latino-americano de menor brilho, o guatemalteco Miguel Ángel Asturias.

Nélson Rodrigues também morreu num domingo, três dias antes do Natal de 1980, de complicações cardiorrespiratórias, e foi enterrado também no cemitério de São João Batista – onde sepultaram Guimarães Rosa no mausoléu da Academia. Detalhe: no fim da tarde daquele domingo, o falecido Nélson fazia treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e colegas de O Globo.

Tive o privilégio de conhecer Nélson Rodrigues em carne e osso. Quando adentrava a redação da Manchete, bradava no seu vozeirão abaritonado:

“Salve, Adolpho Bloch, o Cêcil B. de Maille (sic) do jornalismo!” 

Era generoso nos apelidos. Um de nossos colegas, o bronzeado e atlético Cláudio Mello e Souza, foi contemplado com dois: O Remador do Ben Hur e O Havaiano de Ipanema. Numa de suas últimas matérias para a revista Manchete, sobre sua peça A serpente, em 1978, um Nélson já adoentado submeteu-se pacientemente a posar para uma foto com uma ridícula cobra de pano enrolada no pescoço.

Estadão copia e cola matérias do site Grande Prêmio. Foram 47 "chupadas" sem chiclete durante dois meses e meio

 


A MATÉRIA ESTÁ NO PORTAL DOS JORNALISTAS, QUE VOCÊ
 PODE ACESSAR NESTE LINK
 https://www.portaldosjornalistas.com.br/grande-premio-acusa-estadao-de-plagio-de-47-textos/

A Frase do Dia conta como Jesus expulsou os vendilhões do Ministério da Educação, digo, do templo

 

Na obra clássica de  Doménikos Theotokópoulos, El Greco, Jesus enquadra os corruptos do templo


(Mateus 21:12)

"Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas. 13 E repreendeu-os: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; vós, ao contrário, estais fazendo dela um ‘covil de salteadores’”.


Orando por um jabaculê

 

Do Globo de hoje

Ministério da Educação é o maior garimpo do Brasil

 


quarta-feira, 23 de março de 2022

Neste outono carioca você pode flanar com Monet à beira d'água





Que tal uma pequena caminhada diante das cores e traços de Claude Monet? Não é preciso ir a Giverny. Basta pegar o VLT e desembarcar no escurinho de uma instalação hi tech na Av.Venezuela , 194. O espaço é amplo, você pode optar por ficar sentado ou flanar pelas projeções sincronizadas que dão sutis movimentos às obras de Monet. Vale muito a experiência. A temporada de Monet à Beira d'Água vai até 12 de junho. (Fotos Panis cum Ovum)

O "171" oficial...

Pensou que o desconto chegaria até você. O Globo alerta

por Flávio Sépia

O governo Bolsonasro anuncia cortes de impostos e redução de alíquotas em combustíveis e alimentos. A mídia noticia e os brasileiros sufocados por inflação, desemprego, informalidade e achatamento salarial sonham com alguma alívio no bolso. No começo tudo é festa. De olho na reeleição, o presidente, o Centrão, ministros etc faturam no jogo eleitoral. Passados alguns dias, como cita o Globo em matéria hoje, a verdade começa a aparecer. Empresários e a cadeia do mercado absorvem a maior porção ou tudo na redução ou no fim dos impostos. É o que sempre acontece. Foi assim com os combustíveis em iniciativas anteriores do tipo. Isso já aconteceu com reduções de ICMS e IPI. Há alguns anos, o governo reduziu o IPI dos carros. O consumidos foi beneficiado? Necas. As montadoras alegavam que a maior demanda por determinados modelos neutralizava o desconto. No fim de fevereiro, o governo anunciou o corte do IPI em carros (alguns modelos tiveram desconto de cerca de 18%). Em março, sites especializados no mercado, apontaram que, para o consumiror, nada tinha mudado. Ninguém fiscaliza se o desconto chega ou não chega ao consumidor.

A Associação Comercial de São Paulo mantém o Impostômetro, um totalizador do pagamentos de tributos. Beleza. Mas deviam inaugurar o Sonegômetro. Quando muitos deixam de pagar, os impostos logicamente ficar mais altos para quem cimpre suas obrigações fiscais. Seria educativo o Sonegômetro. 

Quer ver outra forma de enganar o contribuinte-consumidor-usuário? Em função da estiagem recente que afetou as hidrelétricas, a geração de energia ficou mais cara pelo uso de termelétricas movidas a gás, diesel e carvão. O governo vai ajudar as distribuidoras com dineiro público e já avisa que o consumidor pagará na conta de luz o montante bilionário. Estranhamente, mídia e economistas chamam a ajuda de "empréstimo". Para o cidadão comum, emprestimo é algo que o tomador se compromete a pagar. No caso desse "empréstimo", a mídia não esclarece. E fica a pergunta: se o governo vai "emprestar" os bilhões às distribuidoras e deixa claro que recolherá depois o valor na conta dos consumidores, quando as distribuidoras pagarem o "empréstimo" os consumidores receberao de volta o que "emprestaram" ao govero? 

Se isso não acontecer, a bufunfa não é "empréstimo" e sim doação. Certo?

Pastor pediu ouro para liberar verba. "Especialistas" afirmam que commodities antigas podem subir de cotação no mercado do gabinete dos atravessadores. Incenso, mirra, sárdio, crisólito e açafrão estão em alta no pregão

por Ed Sá

O Estadão, ao revelar mais um escândalo do governo Bolsonaro - dessa vez em um gabinete paralelo informalíssimo formado por certos pastores que fazem política e que mandava na grana no Ministério da Educação - e a Folha, em seguida, divulgando uma estarrecedora gravação da jogada, praticaram jornalismo do bom essa semana. Reportagem e investigação. 

Em alguns dos demais veículos, onde esses dois pilares do jornalismo andam escassos, o de sempre: comentaristas, âncoras e "especialistas" pegando carona nos furos dos outros e "repercutindo" o assunto junto com repórteres escalados para colher monótonos desmentidos já previstos e o twist carpado do governo para tentar contornar o incontornável: o uso de pessoas alheias à Educação como atravessadores de verbas públicas para prefeituras. Segundo um prefeito, um dos pastores pediu um quilo de ouro para facilitar o encaminhamento da bufunfa para um município. 

Esse aspecto interessante que não me escapa: o pastor recorre ao valioso ouro. Podemos esperar outras transações usando valores consagrados em tempos antigos? A mirra, por exemplo, era muito apreciada pelos efeitos terapêuticos. O incenso era bem cotado. Nos vilarejos mais imundos e onde mortos jaziam ao ar livre, essa resina aromática - acreditava-se que a fumaça subia aos céus -  chegava a valer mais do que o ouro. Entende-se. O mau cheiro devia ser um grande problema na época. Tanto que o olíbano, outra resina perfumada, também era commoditie. Era chamado de "suor dos deuses" e concorria em valor com o ouro. Podia ser usado como analgésico. Era produto de exportação e também servia para pagamento de dívidas e para limpar o nome nos "serasa" da Galiléia. A canela e o açafrão eram coisa fina. Supondo que um religioso influente da época pretendesse obter, digamos, a exclusividade de uma rota para transporte de especiarias, o "homem de bem" poderia prometer a autoridade um mimo em forma de carregamento de canela. Obteria a concessão, certamente. 

As pedras preciosas, claro, mandavam bem no mercado da corrupção. Além do valor em si, carregavam poderes místicos que lhes davam ainda maior importância. Se quisesse ter a mulher de um potentado com aliada, uma joia de jasper era tiro certo, simbolizava a paixão; sárdio, crisólito e calcedônia eram apreciados como reforço nos lobbies empreendidos por negociantes. 

Fica a ideia aos corruptos atuais. Em vez de carregar volumosas malas de dinheiro e entupir apartamentos com sacos de notas de 100 e 200 reais, poderão transportar com discrição pedras valiosos, incenso e mirra. As duas últimas também facilitariam a lavagem de dinheiro e evitariam problemas legais. Duvido que o Banco Central fiscalize o mercado de especiarias é e improvável que a justiça eleitoral exiga dos políticos candidatos declaração de bens em olíbano e açafrão.

Antes que eu me esqueça: não me venham falar em intolerância religiosa. Pastores que fazem politica são políticos e devem ser tratados como tal sempre que estiverem nessa atividade. Intolerância religiosa é outra coisa. É, por exemplo, atacar e incendiar terreiros de religiões afro-brasileiras e destruir imagens de santos católicos.


terça-feira, 22 de março de 2022

Frase do dia

“Existem somente dois tipos de homem: os íntegros que se consideram pecadores, e os pecadores que se consideram íntegros.”

PASCAL (1662)



segunda-feira, 21 de março de 2022

Do Twitter: o Congresso virou puxadinho do Planalto

 


Fotomemória da redação: cena do exótico Hotel Novo Mundo

 

A foto acima, que foi enviada ao blog por J.A.Barros, ex-diretor de Arte da revista Manchete. Registra um grupo de jornalistas que trabalharam na Bloch após um almoço no Hotel Novo Mundo durante a divulgação do livro "Aconteceu na Manchete, as história que ninguém contou". A imagem é, provavelmente, de 2008. A Manchete já não existia, faliu em 2000. O Novo Mundo resistiu por mais alguns anos. Hoje é um residencial. No térreo ainda funciona um bar, que era um concorrido point etílico das redações das revistas das Bloch. Atualmente abriga-se no térreo do antigo hotel o Bar do Zeca Pagodinho. Na foto: Beatriz Lajta, Alberto Carvalho, Carlos Heitor Cony, Daysi Prétola, Roberto Muggiati, Maria Alice Mariano, J.A.Barros, Lenira Alcure, Jussara Razzé e José Esmeraldo. O Novo Mundo era histórico e com histórias. Dignas de um filme. Afinal, o cinema gosta de tramas em hoteis. Quem não viu "O Grande Hotel Budapeste", "Grande Hotel", "Encontros e Desencontros", "O Exótico Hotel Marigold" e - que não se ouse duvidar das lendas no Novo Mundo - até mesmo um Hotel Overlock de  "O Iluminado".

Copa do Brasil: Zebras eliminam Macaca e Bugre e premiam Tigre e Jacaré

Altos voando alto. Reprodução

Os campineiros se foram: depois da Ponte Preta, o Guarani foi eliminado nos pênaltis pelo Vila Nova, o Tigre goiano. Já o Altos do Piauí liquidou o ABC potiguar e, assim, só com a Copa do Brasil, conseguiu ganhar R$ 3,2 milhões. Somando todas as cotas de suas competições, o Jacaré totalizou em 2022 a quantia de 4,8 milhões. Levando em conta que o Fluminense perdeu 10 milhões ao ser eliminado pelo Olímpia do Paraguai na Libertadores, é uma boa grana. E tem mais pela frente para o Altos.

Consolo póstumo não existe, mas os carrascos dos gaúchos Grêmio e Internacional foram eliminados nessa fase. O Mirassol paulista pelo Azuriz paranaense; o Globo FC potiguar pelo Brasiliense (DF). Dois times parelhos, o Goiás despachou o Criciuma: mais um catarina fora, no rastro de Chapecoense, Figueira e Avaí. O Cascavel paranaense, que eliminou a Ponte Preta, foi eliminado agora pelo Tocantinópolis. Falta só um jogo na segunda fase: o Vitória baiano encara em casa, no Barradão, dia 23, o estreante Glória, de Vacaria (RS), que eliminou o Brasil de Pelotas. Os nomes são fortes: será a glória do Vitória? Ou uma zebraça: a vitória do Glória?


Bolsonaro posa de cocar. Que a maldição não o poupe. Ao longo da história, políticos pagaram caro ao usar o adereço dos indígenas para promoção pessoal

Bolsonaro
por O.V.Pochê

Política e cocar não combinam. É azar na certa. A história do Brasil comprova. O problema, segundo indígenas, é que os caciques só usam o adereço quando feito de animais que seguem vivos após cederem algumas penas. Se isso não acontecer - e é mais comum o abate da ave - não são positivos os presságios. Os políticos desconhecem a origem dos cocares promocionais que exibem e, por isso, pagam caro. 

É longa a lista dos líderes que cederam ao marketing e se deixaram cobrir por cocares vistosos. O último foi Bolsonaro. Que a lenda não o poupe. O cocar do Bolsonaro (foto ao lado) parece mais hollywoodiano, retrofitado pela Secretaria de Comunicação do Planalto. Bolsonaro tem dados mostras de que é azarado crônico, condição que se alia à sua notavel incompetência. Sua gestão teve a pandemia da Covid-19, desabamentos mortais de barratgens, secas até no Sul do país, incêndios recordes no Pantanal e na Amazônia, falta de chuvas que impactaram a energia elétrica e o bolso dos brasileiros, enchentes fatais e até a guerra na Ucrânia que joga nas alturas o preçosno Brasil. Imaginem a uruca agora que ele usou cocar.

Lula 

Dilma

Antes, Lula e Dilma posaram com penas multicoloridas. Deu no que deu, ambos enfrentaram percalços políticos. Juarez Távora enfeitou-se durante a campanha eleitoral de 1955 e  perdeu a eleição para JK. 


Ulysses Guimarães, coitado, deixou que pousassem penas na sua cabeça e logo se perdeu no mar de Angra. 


Mário Andreazza, em quem a ditadura chegou a apostar como um provável "presidente" popular, viu suas chances voarem como penas ao perder uma convenção do partido da ditadura em 1984. 


No mesmo ano, Tancredo Neves, um político habilidoso, vacilou e acabou caindo na armadilha mística do cocar. Usou e partiu um ano depois. Já José Sarney, longevo em cargo de poder, nunca botou um cocar na cabeça. Foi premiado com o cargo de presidente após a doença e morte de Tancredo. Há mais mistérios entre cocares e destinos políticos do que sonham os marqueteiros

Cadê o Telegram que estava aqui? Sumiu e já voltou. Tem "especialista" que acha que foi censura. Tem "especialista" que diz que foi bem feito porque o aplicativo estava se lixando para o STF

por José Esmeraldo Gonçalves 

A Frase do Dia, no post anterior, é oportuna. Os canais de notícias fazem atualmente um jornalismo baseado principalmente em análises de "especialistas" convidados e opiniões de âncoras e comentaristas contratados. Nesse aspecto é um espécie de "internetização" do jornalismo, um turbilh~qao de opiniões e "sacadas'. 

Os repórteres que ainda resistem bravamente são geralmente escalados apenas para ouvir assessorias de imprensa e autoridades - é a praga do jornalismo declaratório - e, às vezes, tentar saber o que o "outro lado" pensa. 

Matérias investigativas nos canais por assinatura? Diz aí uma só. Curiosamente, muitos poderão lembrarão que é o velho e semanal  Fantástico, da TV Globo aberta, ainda investe com frequência em reportagens investigativas. Jornais como Folha de São Paulo e Estadão ainda surpreendem de vez em quando com matérias investigativas. No digital, têm se destacado os portais Metrópoles, UOL, BBC Brasil e, especialmente, sites de jonralismo independente, como Brasil de Fato, Intercept, Ponte, Agência Publica, Lupa, além de muitos pequenos veículos regionais qie fazem um contrapónto à mídia neoliberal.

Somando Globo News, CNN BR, Band News, Record News, JP News, vão ao ar diariamente mais de  50 especialistas opinando sobre os mais diversos assuntos. São tantos que já deve ter criança querendo ser "especialista" quando crescer. O jornalismo de palestrante só não cresce mais porque quando um convidado surpreende ao analisar um fato qualquer sob ângulo contrário à orientação politica, econômica, religiosa etc das empresas de comunicação entra para um índex de eternos desconvidados. 

Bom, a fórmula deve dar boa audiência já que todos a seguem. 

Não por acaso. comentários dos "especialistas" e da aglomeração de comentaristas contratados rendem polêmicas e retuítes nas redes sociais. É tamanho o fluxo de opiniões que é impossível evitar que muitas delas sejam desbaratadas e se transformem em discussões nas redes sociais., 

Veja o caso da atual polêmica envolvendo o Telegram. O aplicativo está no foco de um investigação sobre crimes digitais na internet. Fake news, ataques à democracia, calúnias, mensagens políticas ilegalmente impulsionadas, racismo, preconceito, misoginia, incitação à violência são conteúdos que desembestam nas redes sociais e no Telegram aparentemente com maior intensidade. O ministro Alexandre Moraes mandou tirar o Telegram da tomada. Alguns "especialistas" e comentarisas divergiram. Os jornalistas neoliberais defenderam a liberdade total e chamaram o ato do STF de "censura". Um deles, Jorge Pontual, da Globo News, pregou como se fosse um missionário do liberalismo ao dizer que as fake news devem ter transito livre e que cabe ao ouvinte, assinante, leitor decidir sobre o que é fake e o que não é. Felizmente, no mesmo programa, a comentarista Flávia Oliveira esclareceu que o Telegram, ao contrário do que Pobntual argumentou, foi bloqueado por não atender a nenhum das intimações do STF e por não ter representante legal no Brasil - apenas um advogado que cuida de direitos autoriais. Não foi desligado por veicular conteúdo falso ou não. Foi penalizado por não dar bola para a Corte máxima da democracia brasileira. Se tivesse atendido ao STF, como fez, por exemplo, a justiça alemã em caso semelhante, teria sido possível bloquear apenas os canais criminosos e não todos os usuários. 

O STF informou ontem que o Telegram finalmente atendeu à determinação do ministro Alexandre Moraes quanto às questões criminais e demais demandas jurídicas. O aplicativo finalmente instalará  um representante formal no Brasil, deixando a cladestinidade virtual. Com isso foi liberado para voltar a funcionar. 

Restou aos coleguinhas que chamaram a decisão do STF de "censura", a subida "honra" de estar junto e connectado a Jair Bolsonaro.    

A frase do dia (dedicada a Paulo Guedes)


“O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada.”

GEORGE BERNARD  SHAW (1856-1950)

 

domingo, 20 de março de 2022

A guerra dos livros

Foto Lev Shevchenko, Instagram

O ucraniano Lev Shevchenko, de Kiev, postou essa foto no Instagram: uma barricada de livros. Uma prova de que a guerra relativiza tudo em volta. Vidas, objetos, objetivos, sonhos, relações pessoais, tudo é redimensionado. 

Shevchenko é arquiteto. Os livros protegem a sala da sua casa contra estilhaços de bombas e tiros. Ele tem se dedicado a fotografar cenas das ruas de Kiev. Você pode ver outras imagens no Instagram.

Frase do dia

 "Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza" 

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

sexta-feira, 18 de março de 2022

Frase do dia

 “A tolerância chegará a tal ponto que as pessoas inteligentes serão proibidas de fazer qualquer reflexão para não ofender os imbecis.”

                                                        FIÓDOR DOSTOIÉVSKI (1821-1881)

 

CNN Brasil quer provocar nova guerra?

 

Uma das mais famosas lendas dos mares é a do Escocês Voador, um navio fantasma que sobrevoava veleiros e apavorava navegantes. Pois a CNN Brasil criou hoje o porta-aviões voador. O Mar da China é provavelmente a próxima guerra planejada pelos Estados Unidos. Mas o Pentágono não precisa da ajuda dos estagiários da CNN Brasil para inaugurar um novo conflito. Maneira aí, jornalista.

The New Yorker: o drama da guerra

 

Motherland, by Anna Juan

Charlie Hebdo: como encher o tanque de graça

 


Dúvidas nas redes sociais

 


Brasil tem arma secreta para derrubar Putin

por O V.Pochê

A Rússia está no alvo de todo tipo de sanções. Mas nada deve ser mais dramático do que a participação do Brasil na estratégia ocidental contra o país de Putin. Há sinais de pânico em Moscou. Cerca de 40% de tudo que o que o  Brasil exporta para a Rússia é... amendoim. Pois é, como poderão sobreviver sem a leguminosa rica em ômega-3 e vitamina B? Grande parte do amendoim made in Brazil é consumido em forma de aperitivo naquelas tigelinhas largadas nos balcões dos bares e manuseadas por mãos que vão e voltam dos banheiros. É também usado para fazer doces. Nessa brincadeira, os russos compraram do Brasil, no ano passado, mais de 250 milhões de dólares desse tira-gosto típico do Bananão (apud Ivan Lessa). A Ucrânia também compra amendoim do Brasil, mas bem menos, cerca de 3 milhões de dólares anuais.  O apagão de amendoim na Rússia poderá brochar a população. Como se sabe, a leguminosa leva a fama de competente energético sexual. Se os russos já se estressam com a falta de Big Mac, imagine a irritação na cama com a carência de amendoim. Isso sim pode derrubar Putin. Que mané OTAN que nada. O mérito será da subdesenvolvida pauta de exportação da pátria amada.


Sertanista Sydney Possuelo devolve condecoração depois de Bolsonaro emporcalhar honraria

quinta-feira, 17 de março de 2022

E o torcedor pensou que SAF era moleza


por Niko Bolontrin

O futebol brasileiro viveu a fase dos mecenas, ricos comerciantes e industriais que botavam dinheiro nos clubes. Teve em seguida a era dos cartolas "izpertos" que se eternizavam nas diretorias, eram apaixonados pelo futebol mas já não tão transparentes no caixa. Passará agora à fase das SAF e dos donos dos times, começando pelos quase falidos como Cruzeiro, Vasco, Botafogo e outros na fila do que imaginam ser o paraíso. Não é. Os compradores de times estão aí para fazer negócio e ganhar dinheiro. Claro que vão querer botar a mão no patrimônio dos clubes, seja o dos contratos dos jogadores, os lucros da formação e venda de atletas, os imóveis, centros de treinamento e estádios, patrocínios, direitos televisivos, prêmio, sedes etc. Querem porteira fechada. É o caso do Ronaldo Fenômeno no Cruzeiro. Começou "fofo", mas começa a jogar duro. E o Cruzeiro com a corda no pescoço dificilmente resistirá ao avanço do investidor. Esse modelo deverá predominar no Botafogo e no Vasco. A SAF não está pra brincadeira. O futuro comprovará.

Frase do dia

 "A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.”

 Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, Barão de Itararé (1895-1971)


quarta-feira, 16 de março de 2022

Orlando Brito (1950-2022) por amigos

Orlando Brito - Reprodução Instagram

O Brssil perdeu um dos seus grandes fotojornalistas.  Orlando Brito registrou 50 anos da história política do Brasil a partir de Brasília. Nesse campo, suas lentes espelharam o melhor e, infelizmente, o pior do Brasil (durante 21 anos da sua trajetória, ele foi levado pela profissão a fotografar os generais da ditadura e seus cúmplices. São memórias essenciais para a compreensão desse pobre e injusto Brasil. Mas Orlando Brito eternizou também a esperança nacional personificada pela Constituinte, a luta de Ulysses Guimarães e de tantos que formaram a lniha de frente possível em tempos sombrios, fixou cenas do futebol brasileiro em Copas do Mundo, mostrou a saga dos indígenas da Amazônia e, nos anos 1990, quando trabalhou para a revista Caras, fez memoráveis retratos de figuras da política em fase democrática, eram os dias de Itamar Franco, FHC e Lula. O jornalista Ricardo Noblat escreveu no portal Metrópoles sobre Orlando Brito. Noblat traça um belo perfil  do amigo sem deixar de analisar o atual panorama profissional, muitas vezes dramático, para jornalistas e fotojornalistas. Brito não foi poupado desse drama. Muito se escreveu sobre Orlando Brito nesses dias. Todos o homenagearam merecidamente. Destacamos aqui, além do texto de Noblat, um artigo de Fábio Altman, na Veja. Ambos retrataram com fidelidade e emoção os amigo que se foi.


Leia Ricardo Noblat AQUI


Leia Fábio Altman AQUI

Big Mac, до свидания (Adeus) - Cabeça comunista, estômago capitalista • Por Roberto Muggiati

 

Esta loja do McDonald’s em Moscou já foi a maior de toda  a rede no mundo. Reprodução NextaTV

O golpe mais brutal que os Estados Unidos aplicaram na economia russa em represália à invasão da Ucrânia foi a paralisação das 850 lanchonetes da cadeia McDonald’s espalhadas pelo país. Desesperados, os consumidores da pátria armada de Putin correram para comprar a peso de ouro os últimos hambúrgueres, batatas fritas e sorvetes. Houve quem  abarrotasse sua geladeiras dos cobiçados sandubas e um caso extremo foi o martiriológio de pianista Luka Safronov, que se algemou à porta de uma franquia moscovita e acabou detido por policiais.  Safronov proclamou que os hambúrgueres do McDonald’s “estão se tornando um símbolo de violação das liberdades”. 

 Um cidadão moscovita abarrotou sua geladeira de Big Macs comprados a peso de ouro.
Reprodução Twitter

O CEO do McDonald’s na Rússia, Chris Kempczinski9, disse que a empresa se une ao mundo para condenar a agressão e a violência contra a Ucrânia. Os funcionários russos continuarão recebendo seu salário integral enquanto durar a paralisação da rede. KFC e Pizza Hut também fecharam suas portas na Rússia.

Não é só a fast food que protesta. Itens de luxo também tiveram suas vendas à Rússia suspensas, como caviar, trufas, charutos e champanhe. 

O tirano Vladimir Putin certamente não será privado das delícias do mundo em seu bunker. Mas vale perguntar: teria ele, a esta altura do campeonato, algum motivo para estourar e degustar uma Veuve Clicquot ou um Dom Perignon?