sábado, 16 de março de 2024

Vini Jr: a vítima do racismo tolerado

Post racista contra Vini Jr publicado no site oficial do seu próprio time, o Real Madrid. A imagem associa a evolução do macaco ao homem com o jogador brasileiro. Reprodução.



por José Esmeraldo Gonçalves 

O jogador Vini Jr vive uma situação inédita. Como jogador tem seu talento reconhecido; como homem preto sofre uma intensa perseguição racista.

Vini está sozinho.

A FIFA, os clubes, a federação espanhola, a UEFA apenas assistem ao massacre. Vini é agredido a cada vez que entra em campo. A Espanha não tem leis contra o racismo. O preconceito corre solto. O Real Madrid, onde ele joga, também não reage. Os muitos jogadores negros que atuam no futebol europeu fingem que não é com eles. A mídia espanhola, com microscópicas exceções, bota a culpa na vitima,Vini Jr. 

E não digam que Vini é o primeiro. Vários jogadores brasileiros sofreram com o racismo que berra nas arquibancadas de La Liga. Ele é sim o primeiro a gritar alto. Alguns pretos, como Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Romário optaram, no seu tempo, por ficar calados. Vini expõe reação inédita com corajosa indignação. Está certíssimo. O jogador brasileiro foi atacado ontem no site do Real Madrid. Você inicialmente pode pensar que a conta do Real sofreu invasão. Não. O post é autêntico e foi veiculado na página oficial do clube.  

Se a FIFA, a UEFA, a CBF, a Conmebol e outras confederações ou federações não reagem além de campanhas para exorcizar culpas, a bola está como os jogadores pretos. Que eles,  ao primeiro sinal de racismo, parem o jogo. Se não furarem a bola estarão compactuando com um crime. Emissoras que transmitem o jogo devem suspender a cobertura. Patrocinadores precisam entrar nessa briga. Ou ambos, veículo e quem banca anúncios, estarão faturando com apoio de racistas impunes. 

A questão é a seguinte: chegou a hora de separar quem compartilha e quem combate o racismo. Não há dois lados. Só um deles veste o simbólico capuz da "Ku Klux Klan Klan" à moda da Europa. Multas, jogos sem torcida, punição leve de torcedores racistas, campanhas, faixas contra o racismo exibidas na beira do campo são bobagens diante da magnitude do problema. Tudo é muito bonito, mas inútil. 

Parar o jogo até que os racistas sejam presos é a solução. 

Não entrar em campo contra times que aceitam práticas racistas e não idendificam os criminosos nas arquibancadas quando têm o mando de jogo é a melhor arma. Mas, para isso, é preciso que jogadores pretos se unam. 

No caso de Vini não basta abracá-lo em campo. É necessário que botem a bola embaixo do braço e parem o jogo. 

Ou serão sempre cúmplices da indignidade nos estádios.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Publimemória: com a decadência do meio impresso, a criatividade e a ousadia do passado foram banidas da publicidade

 


por Ed Sá 

Este anúncio da DeMillus foi publicado em 1997 na Revista Cláudia, da Abril. Atualmente, uma peça dessas seria inimaginável. A decadência do meio impresso, especialmente revistas, também atingiu a propaganda. O maior volume de anúncios é hoje veiculado na internet, principalmente em redes sociais de pessoas com alcance na casa de milhões de seguidores. A Manchete, nos seus melhores tempos e nas edições semanais, chegou a alcançar 400 mil exeplares. Em edições especiais como de carnaval, visita do papa ao Brasil, acontecimentos relevantes ou mortes de celebridadess duplicava e até triplicava esse número. Para referência, os rapazes e moças que estão no atual BBB 24, atingem de 400 mil a 7 milhões de acessos. Com raríssimas exceções, os publicitários, mesmo os mais criativos, ainda não se sentem à vontade com a linguagem da internet. A maioria faz peças simples na carona dos influenciadores. Na revistas e na TV os anúncios ganhavam destaque visual. Na internet que, é claro, atinge muitos milhões de consumidores, a maioria clica no "pular" e mesmo assim, em poucos segundos a mensagam básica é transmitida sem sofisticação ou criatividade. O "santo gral" da publicidade passou a ser criar uma mensagem que "viralize" sem "agredir" o código moral do Instagram, You Tube, Facebook e outros gigantes. 

Hoje, o anúncio acima seria provavelmente banido por sexualizar a mulher.  

Mídia: turismo da morte

Reprodução X


Jornalistas brasileiros desfrutam de "jabá" (*) em Israel. Foto: reprodução

Um "bonde' de jornalistas brasileiros viajou para Israel a convite do StandWithUs Brasil em missão de relações públicas nos fronts da Guerra Israel-Palestina. Entre 1 e 9 de março,O grupo - reparem que alguns estão sorridentes - visitou um memorial às centenas de vítimas do ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. Não há referências sobre os mais de 30 mil mortos civis em Gaza em função da retaliação israelense. Participaram do tour (aparentemente liderado pelo jornalista Caio Blinder) profissionais da Band TV, CBN, CNN, Estadão, O Globo, TV Cultura e UOL e dos programas Manhattan Connection e André Marinho Show.

(*) No jargão jornalístico, jabá, abreviatura de jabaculê, caracteriza viagens a convite, com tudo pago, quando profissionais da mídia aceitam missão promocional ou de relações-públicas de interesse do anfitrião pagante.    


sábado, 9 de março de 2024

Mídia - Ordinários, marchem! Como nos tempos da ditadura, o jornalismo volta a valorizar os (as) setoristas de quartel

Nos anos 1970, havia jornalistas em quase todas as redações especializados na caserna. Alguns eram informantes, outros apenas vibravam na breve convivência com os da farda. Sabiam tudo sobre a fila de promoções. Passavam notinhas para os Zózimo da vida sobre os prováveis ungidos com estrelas. 

Um desses jornalistas de coturno que passou pelo Globo e Manchete foi demitido, certa vez, por render nada além de pautas-recado sob o foco militar. Sua reação foi ameaçar o chefe: afirmou que tinha amigos no Doi-Codi.

De certa forma esses tempos voltaram em novo formato. Agora há jornalistas especializados no "clima" dos quartéis. "Cúpula militar está magoada", repetem. "A insatisfação contra a apuração da ameaça de golpe é grande", relatam. Cada um ou cada uma parece ter um general como crush. Ouvindo e vendo esses "porta-vozes", a audiência tem a impressão de que os tanques estão lubrificados e prontos para rodar as esteiras no asfalto da Praça dos Três Poderes seguidos pela horda bolsonarista. Não são repórteres, não parecem ter coragem para investigar de fato a temperatura da tropa, isso poderia ser notícia, apenas divulgam, como entregadores do "iFood" da extrema direita os recados que inflamam a situação política e animam a ala fascista do Congresso Nacional. Eles se dizem "analistas". Todo dia de manhã ligam para a "fonte próxima" para saber da insatisfação dos quartéis. Se o interlocutor lhes diz que está tudo calmo não há notícia e eles passam a apurar se Janja entrou em alguma loja de luxo para comprar roupa íntima de grife cara. Para esse tipo de jornalista, viver não é matar um leão por dia. É vender diariamente a alma aos patrões na black friday baratinha que, em tempos menos anglófilos, já foi conhecida como xepa. 

Redes sociais X Democracia : é conflito, solução ou batalha perdida?

 


por Ed Sá

O Portal dos Jornalistas publica pesquisa que analisa o que os eleitores de vários países pensam dos efeitos das redes sociais sobre os regimes democráticos. 

Há ainda muitas dúvidas sobre esse conflito. No Brasil, por exemplo, 71% acham que elas "são boas para a democracia", enquanto 25% acreditam que "não são benéficas".

Neste 2024 vários países passaram por eleições importantes. Juntos, tais pleitos poderão mudar a geopolítica mundial e todos, de um jeito ou de outro, estarão plugados na web. Pela primeira vez, as campanhas políticas, que já usaram amplamente o recurso das fake news, vão dispor da IA (Inteligência Artificial). A tecnologia avançou e atualmente permite simular com perfeição imagens e vozes. É possível criar um discurso inteiro, em vídeo perfeito, de um político qualquer. Em geral, a legislação está despreparada para enquadrar ese tipo de crime, e mesmo quando a lei estiver presente, a velocidade da internet é tão avassaladora que a providência jurídica vai chegar muito depois dos efeitos da mensagem falsa. Por enquanto, esse crime vai compensar.  

LEIA SOBRE A PESQUISA NO PORTAL DOS JORNALISTAS NO LINK ABAIXO

https://www.portaldosjornalistas.com.br/em-ano-de-eleicoes-gerais-pelo-mundo-pesquisa-revela-percepcoes-sobre-impacto-das-redes-sociais-na-democracia/

Na capa da IstoÉ: 60 anos depois do golpe de 1964, esse trapaceiro queria (ou quer) trazer a ditadura de volta

 


Para o lixo da história

 


A Universidade Federal de Pelotas cassou títulos de Doutor Honoris Causa concedidos ao ditador Garrastazu Médici e seu comparsa Jarbas Passarinho. Os dois receberam a homenagem no começo dos anos 1970, o período mais violento da repressão, quando Medici comandava assassinos e torturadores. Passarinho, além de importante colaborador da ditadura, deixou para a história seu cinismo canalha em forma de frase, como um dos assinantes do AI-5, o instrumento que deu aos militares o aval para matar oponentes. "Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência", disse ele enquato jamegava sádico e orgulhoso o documento que, na prática, autorizou uma onda de prisões, assassinatos e sessões de tortura. 

Desde a redemcratização o Brasil revelou os crimes da ditadura (1964-1985) e apagou muitas homenagens do tipo, mas deveria passar o rodo em muito mais celebrações dos ditadores. Por exemplo, a galeria do Palacio do Planalto ainda exibe os retratos do líderes do regime assassino como "presidentes". Há cidades com nome dos elementos, viadutos, pontes, rodovias etc. Falta ainda um grande projeto que mergulhe a fundo na corrupção praticada celeremente durante a ditadura e calada por força da censura. 

LEIA A MATÉRIA NA REVISTA CARTA CAPITAL NO LINK 

https://www.cartacapital.com.br/educacao/universidade-gaucha-cassa-titulos-concedidos-a-medici-e-passarinho-durante-a-ditadura-militar/

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Mídia: se cair a internet os correspondentes da GloboNews entram em pânico


Dá um Google, Julia Dualibi, e você verá que as "informações" pedidas ao correspondente estão na internet desde ontem. O jornalismo brasileiro já teve repórteres memoráveis no exterior. Do tipo que não apenas atravessava a calçada da sucursal para narrar um fato à distância. Eles iam em busca da notícia. Sem nostalgia, talvez por corte de custos, tornou-se comum o " jornalismo de mouse". Os rapazes e moças limitam-se a clicar nos sites de notícias locais em Londres, Lisboa, Nova York etc, e, abracadabra, são teletransportados para o Iêmen, Ucrânia, Gaza, Moscou, onde a internet levar.  Esquecem que as informações faiscam em cabos e satélites e chegam ao patropi em questão de milésimos de segundos. Depois não reclamem se a inteligência artificial tomar seus empregos. 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Memórias: Aqueles dias nublados

 


por José Emerson Monteiro Lacerda, do blog Cogitações Diversas (*)

A parecença com o momento de agora fica por conta da dominação que sacode a área externa do mundo convulso em suas práticas de guerra. Naquela fase, em 1966, a bola da vez prenunciava escalada vietnamita de largas proporções, o que se verificou nos princípios da década de 70. O Brasil vivia o desânimo libertário, pois perdia espaço, nas ruas, praças, escolas, o ímpeto de transformação democrática, a sumir nos calabouços e na clandestinidade.

Em Crato, achávamo-nos à frente do Grémio Farias Brito, do Colégio Diocesano. Encenávamos a peça Um chalé à beira da estrada, sob a direção de Alzir Oliveira, nosso professor de História e amigo dos alunos. Declamávamos poemas modernos em pontos diversos da cidade, através do Jogral Pasárgada, formado de sete componentes do colégio: Zadir, Pedro Antônio, Gilva, Eros Volúsia, Clenilson, Bebeto e eu.

Resolvemos, então, publicar um jornal mural, O Bacamarte, depois ampliado em um órgão mimeografado (à tinta), o Nossa Opinião, do qual chegaríamos a tirar até 100 cópias e ficou só nos dois primeiros números, abafado logo no seu nascedouro pelas ameaças daquele trágico período político.

Nesse mandato, estivemos, ao lado de Aglézio de Brito, presidente da União dos Estudantes do Crato, e de José Terto, presidente do Grêmio do Colégio Estadual, em um congresso do Centro dos Estudantes Secundaristas do Ceará, em Fortaleza, realizado sob fortes conotações militares repressivas.

Espírito de contestação impunha atitudes rebeldes. À noite, após reuniões de acalorados debates e transmissão de informações desencontradas, saíamos, nas madrugadas, a pichar as paredes das ruas centrais com dizeres relativos ao momento de expectativa, fogo consumidor daquele turno de existência. 

É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. Sem sol, sem sol, tem dó. Sem sol, sem sol, tem dó, eram alguns dos versos que cantávamos, em segundo plano, característica das apresentações do Jogral, enquanto Pedro Antônio, à frente, declamava em altos brados: - Só quem não sabe das coisas é um homem capaz de rir! – seguido de outras palavras da canção Tempo de guerra, de Edu Lobo.

Esses são alguns quadros da época em que partilhamos das experiências culturais de um Crato fervilhante de jovens promessas e movimentações apreensivas, lembranças que retornaram esta semana, ao rever José Esmeraldo Gonçalves, velho amigo desse tempo, quando juntos elaboramos o Nossa Opinião. Ele que veio ao Cariri na ocasião do aniversário de 90 anos de sua genitora, dona Maria La-Salette Esmeraldo. Mora no Rio de Janeiro, onde trabalha na revista Caras (**). Dispõe de raros intervalos semelhantes a este de voltar à Região; o promete, no entanto, repetir, noutras oportunidades. (Texto de 2003). 

(*) José Emerson Monteiro Lacerda é escritor, fotógrafo, advogado e ewcreve no  blog https://monteiroemerson.blogspot.com

(**) Como observado, esse texto é de 2003. O jornalista cratense José Esmeraldo Gonçalves deixou a Editora Abril em 2014. Desde então, editou revistas de instituições e empresas, livros e folders corporativos.   

Fotografou no Sambódromo? Vem concurso aí!

 

Reprodução Jornalistas & Cia


Mais informações no site oficial do Concurso Internacional de Fotografia - Apoteose 40 anos

Na capa da Carta Capital: o "General Plan" de Netanyahu

 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Carnaval 2024; Nilton Rechtman, ex-Manchete, na percussão do Bloco do Junior

Carnaval 2024 - Nilton Rechtman no Bloco do Junior
Veja o vídeo no You Tube (Canal ViewManchete) no link
https://www.youtube.com/watch?v=lkspWVmsFGs

Quem passou por Manchete, Fatos&Fotos e Amiga, entre repórteres, fotógrafos, produtores, editores, laboratoristas, motoristas, motoqueiros etc, envolvia-se com a cobertura de carnaval. Era época de esgotar edições de revistas. Os blocos cariocas ainda registram sobreviventes mancheteanos na pista, agora por diversão. 
Nilton Rechtman, que foi do núcleo de assinaturas e circulação, setor que tinha intensa atuação na tarefa de levar as edições de carnaval, rapidamente, aos leitores em todo o Brasil, é um deles. Como ritmista, já integrou a Furiosa, a épica bateria do Salgueiro. O tempo passou, mas ele se mantém na percussão. Este ano, esteve na bateria do Imprensa que eu gamo, o bloco dos jornalistas cariocas que agita o Largo do Machado, e no Bloco do Junior, em Copacabana.   

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

A Revista Manchete bem que avisou. Em 1992 ! Na chamada de capa: "A guerra civil de Bolsonaro";

 





Post de Marcelo Pimentel, publicado no X, mostra o golpismo de Jair Bolsonaro já explícito em 1992 e denunciado pela Manchete. Post enviado ao blog pelo colaborador José Carlos Jesus, que foi chefe de reportagem.da Revista Manchete .


Mídia - Gleise Hoffmann dá uma invertida em Merval Pereira, que atuou - e ainda atua - como um "frentista" da Lava Jato

 


Deu no site f5: Globo rasga a fantasia. Entenda porque o jornalismo se rendeu ao comercial na cobertura do carnaval


O site f5 explica porque a Globo resolveu cobrir os desfiles das escolas de samba do Rio de janeiro com amadores. O diretor dá a impressão de que, se mantido no comando, fará "prova do líder" no sambódromo no próximo ano, tentará incluir a "eliminação" em uma ala de escola e vai escalar integrante do BBB para a cobeetura dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. 

Leia no link abaixo 

https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2024/02/boninho-responde-criticas-sobre-transmissao-do-carnaval-na-globo-nao-estou-nem-ai.shtml

O fanatismo religioso ameaça invadir o carnaval...

Neopentecostais resolveram usar o carnaval de Salvador como marketing religioso-comercial. Primeiro, Baby, a antiga Consuelo agora "Brasil", anunciou o fim dos tempos em pleno trio elétrico. Ninguém esperavava que a cantora fosse a porta-voz escolhida para anunciar o Apocalipse, mas ela assumiu essa função. Outra cantora, a Ivete, reagiu conclamando os foliões a macetarem a profícia em forma de fake news. Depois, um cantor gospel, que segue Jesus, foi criticado por participar do carnaval. Ele ironizou com o argumento de que é melhor ter na pipoca um participante que acredita em Jesus. Claudia Leite foi meio que pioneira nessa "invasão". Internautas agora recuperaram um vídeo dela gravado durante o carnaval de Recife, em 2004. No DVD ao vivo, que viralizou, ela mudou a letra de uma música para eliminar uma citação a Iemanjá. De lá pra cá essse tipo de intervenção em uma festa popular da diversidade se agravou. Trata-se de uma escalada fanática contra a folia democrática. Não passarão nem mesmo se, no futuro, invadirem os blocos com chicotes nas mãos.  Além disso, Claudia Leitte e deve ser alertada que tambores fazem parte da herança religiosa afro. Ela ainda não os amadiçoou. Vatapá também, Acarajé, idem. Samba, o culto à paz  (em vez de alimentar preconceitos), igualmente. O que deve ser macetado é a intolerância. Tentar reprimir a cultura no momento e local indevidos é ato que merece reação. Esse tipo de bobagem não é privilégio dos neopentecostais. Um arcebispo católico afirmou que "fazer penitência" durante o carnaval é a melhor "vacina contra a dengue" O sujeito fala isso no momento em que a saúde pública luta contra o surto da doença que se agrava no verão. Vacine-se: o mosquito não liga para penitências.    

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Baby Consuelo profetiza o apocalipse em pleno carnaval de Salvador. Aproveitem a saideira

por Ed Sá

E Baby Consuelo? Apesar de estar descolando um cachê na Bahia, a evangélica profetizou no calor da folia baiana que o apocalipse vem aí e vai passar o rodo em todo mundo. Não há informações sobre como será o fim, se fogo, água, crack, overdose de sexo ou Bolsonaro reeleito em 2026. Baby garante que a humanidade tem cinco ou dez anos. Com isso, teve gente que resolveu "metê o loko" e aproveitar cada segundo que resta. A profecia provocou polêmica nos circuitos do carnaval de Salvador. O Psirico recomendou a Baby Consuelo que tome o seu remédio regularmente. Já Ivete Sangalo usou a gíria do momento: "Vou macetar o apocalipse".

Veja o vídeo do fim do mundo

AQUI

https://twitter.com/i/status/1756527407933108342

Escolas de Samba: a cobertura da Globo merece o Estandarte de Lata

Sambódromo 2024: 40 anos do palco do samba.
Comissão de Frente do Salgueiro. Independentemente do resultado, o samba Hutukara entra para a história. Foto de Alex Ferro/Riotur/Divulgação


por José Esmeraldo Gonçalves 

Nos últimos anos, a Rede Globo demitiu a memória humana e técnica de cobertura dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. O resultado, um completo desastre, foi visto ontem na primeira noite do Grupo Especial na Sapucaí. 

Pela ordem de entrada na pista: faltaram talento, direção, informação e respeito diante de uma das maiores e mais autênticas manifestações culturais do Brasil. O nível foi de uma cobertura estilo tiktok sem noção ou uma produção amadora e tresloucada de shorts para o You Tube. No caso da cobertura das escolas de samba, a prática sempre demonstrou que o profissional que trabalha com empatia legítima diante do espetáculo e seus bastidores - e isso vale para quem está na pista, no estúdio e na técnica – potencializa o interesse da audiência. Quem não está nas arquibancadas e vê a imagem fechada no retângulo luminoso da TV, do computador ou celular, espera contar com a parceria de repórteres, câmeras e apresentadores para “legendar” a intensa sucessão de imagens, como já aconteceu em antigas transmissões da Rede Manchete e da própria Globo e seus profissionais que não estão mais lá ou outros que foram afastados da equipe neste ano. 

No estúdio instalado no sambódromo, Milton Cunha, Alex Escobar, Pretinho da Serrinha e Karine Alves ancoravam a transmisão. O primeiro, um veterano conhecedor do espetáculo, sabia do que estava falando e destacava a importância e o significado do que as escolas mostravam. Pena que em vão. A edição, que parecia estar em outro mundo, era aleatória, variava entre planos gerais e enquadramentos fechados e quase sempre irrelevantes, sem pontuar com imagens o que Cunha eventualmente destacava. Durante o desfile da Beija Flor, o editor optou por se fixar em Neguinho da Beija Flor, por longos minutos,  cantando o samba no primeiro recuo da bateria – o que o cantor sempre faz com talento e carisma -  enquanto a escola de Nilópolis já evoluía na avenida. 

Na pista, os repórteres da Globo tentavam ser performáticos e pareciam fugir de qualquer coisa que lembrasse um fundamento do jornalismo: a informação. Se um avião despencasse no sambódromo naquele instante eles deixariam a notícia de lado e iriam entrevistar um bombeiro sobre a sensação de recolher destroços na manhã seguinte. Esse era o nível. Se a modelo Lilian Ramos fosse vista ontem em um camarote ao lado do presidente Itamar Franco usando uma minissaia e sem prerrogativas que encobrissem a sua íntima emenda constitucional, a Globo ignoraria porque um influencer tinha prioridade ao vivo. 

Picotar a ediçao de imagens e nem sempre respeitar a sequência do enredo também contribui para dificultar o entendimento da história que cada escola conta. Entrar na ala em pleno desfile para entrevistar uma baiana mostra apenas que, além da indelicadeza, a pessoa jornalista sonha em ser uma musa da Sapucaí. O humorista que faz "esquetes" entrevistas também está mais preocupado com sua própria atuação. O editor de imagens que corta a conclusão da apresentação da Comissão de Frente da Beija Flor merece fazer um estágio na ala da força da escola de Nilópolis ano que vem. A coreografia do grupo que abre o enredo tem começo, meio e fim. O sujeito cortou o fim, só isso. 

A propósito, Hutukara, o samba do Salgueiro entra para a história ao lado de Heróis da Liberdade, Histórias para ninar gente grande, Ratos e urubus larguem minha fantasia"  e outras peças antológicas, mas a Globo só vai perceber isso em tempos distópicos quando o Sambódromo for uma ruína, como o Coliseu.

 Hoje a emissora mostra o segundo dia dos desfiles do Grupo Especial. Tem uma chance para escapar do rebaixamento.  

Atualização na terça-feira, 13/2.  No segundo dia de desfiles a cobertura da Globo manteve o mesmo formato do primeiro dia e permaneceu recebendo muitas críticas nas redes sociais. Um colaborador do blog acrescenta que três repórteres experientes que fizeram boas pautas nos barracões no pré-carnaval também trabalharam na avenida nos dois dias de desfiles, mas limitados à concentração e dispersão. Curiosamente suas matérias, que eram direcionadas ao Bom Dia RJ, não entraram "ao vivo" e só foram exibidas  nas edições de segunda e na terça-feira de manhã. Pelo volume de informações e de pautas relevantes, fizeram falta ao conteúdo superficial da "cobertura principal".

sábado, 10 de fevereiro de 2024

A távola malévola

Reprodução 

por José Esmeraldo Gonçalves

Carnaval é prazerosa fantasia, mas a realidade se impôs agora com a divulgação do vídeo pornô da reunião de Bolsonaro e seus auxiliares. 

Em cenas de fascismo explícito canalhas engravatados passaram horas discutindo um golpe e, para usar a linguagem que predominou naquela discussão, deixaram claro que há surubas mais honestas e dignas do que o visto e ouvido naquelas tenebrosas duas horas.

Os golpistas pareciam excitados entre iguais, um era o espelho do outro. Se fosse possível decupar olhares e bocas de cada um, uma verdade estaria na cara: não havia integridade nem dignidade naquela mesa de vagabundos antidemocráticos. Se houvesse um só que fosse decente teria se retirado daquele espetáculo horrendo. Pareciam fascinados. O clima era de vulgaridade, as indicações conspiratórias eram pontuadas por palavrões. 

Infelizmente as câmeras oficiais não enquadravam os pilantras, não ofereciam closes das suas reações apaixonadas ao líder. Alguma coisa era possível observar: a sede inclemente dos bolsonaristas. Eram servidos por um batalhão de fornecedores de rios d'agua. Se forem à guerra precisarão de um aqueduto. Um deles, em determinado momento, sôfrego, escreveu algo em uma folha de papel e tentou entregá-la a Braga Neto, que a devolveu sem ler, em um gesto brusco. Restou ao indigitado, constrangido, recorrer a mais um copo d'água. Ao lado um ex-ministro da Justiça lançava olhares de admiração à performance de Bolsonaro. Quando resolveu falar traçou um cenário apocalíptico no qual todos ali seriam presos. Chegou a apontar futuros presidiários. Deve ter assustados até o cara do cafezinho.

Em tempo: continuamos otimistas aguardando que sua profecia se realize. 

No lado oposto, um ex-ministro da Economia falava ao celular. Às vezes fazia anotações. Não se sabe se eram lembretes colhidos dos interlocutores ou se registrava frases do Bolsonaro do qual é tiete rastejante. 

Na verdade, Bolsonaro falou sozinho. E falou tanto que seus microfones foram trocados várias vezes. Excesso de perdigotos? 

Pouco antes do fim, o fuhrer da Barra da Tijuca pediu aos seus auxiliares que se manifestassem, que fizessem críticas, que dissessem se ele estava errado. Todos ficaram calados demonstrando que assinavam embaixo do golpe. Bolsonaro deve ter se sentido respaldado. Alguns da claque romperam o silêncio e pediram a palavra apenas para enfatizar a necessidade de "virar a mesa" antes das eleições. O mais passional foi o doidivanas Heleno. Uma figura que parece frágil mas se sente um Rambo da Guerra Fria. Falou em estratégia como se fosse um Rommel pilotando um Panzer. Ouvir aquela vozinha trêmula dizendo que ia botar pra quebrar foi patético. Heleno acabou confessando um crime: orgulhou-se de montar um esquema para espionar políticos em campanha. Pensou em agradar, foi repreendido pelo chefe que não discordou da proposta, mas apenas da inconfidência.

Aliás, o argumento mais atualizado na távola dos golpistas para dar o golpe ante as urnas foi algo que eles chamam de "comunismo". Bolsonaro usou um argumento devastador para aquela tosca plateia e que deve ter impressionado os presentes. Segundo ele, o comunismo obrigaria madames e donzelas a "darem o rabo". Acho que foi isso que lhe deu a unanimidade para o "plano B". Deve ter sido o maior pesadelo dos auxiliares ali reunidos. Muitos provavelmente sonharam com Maduro, Daniel Ortega, Kim Jong-Un, Xi Ji Ping adentrando alcovas ilustres e passando o rodo nas últimas donzelas do "mundo livre".

Há uma interpretação adotada por jornalistas bolsonaristas segundo a qual não houve crime durante o vídeo da suruba do golpe porque nada se consumou, Lula foi eleito e tomou posse. Trata-se de uma manipulação dos fatos. A tentativa de golpe saiu daquela mesa para as ruas. Bloqueio de rodovias, financiamento para manifestações em porta de quartéis, ataques às urnas eletrônicas, falsas denúncias de fraude eleitoral, tentativas de atentado no aeroporto de Brasília, a espantosa tentativa de se lançar um ônibus contra veículos em trânsito, também em Brasília. Essas duas ações foram implementadas e por muito pouco os terríveis objetivos dos terroristas bolsonaristas não foram alcançados. A última cartada foi o ataque planejado à Praça dos Três Poderes e a depredação dos prédios da Presidência, do Congresso e do STF.

Ah, mais o golpe não aconteceu, dizem os notórios jornalistas bolsonaristas. É verdade. O que impediu? Muita coisa ainda virá à tona. Por enquanto, sabe-se que a não adesão dos comandantes da  Aeronáutica e do Exército (o da Marinha estava fechado com os golpistas) teria pesado. Declarações públicas de Washington sobre a validade das eleições e a expectativa de respeito à voz das urnas, também. A postura do STF e do TSE. A mídia independente, a luta democrática nas redes sociais. Os políticos que se mantiveram na oposição a Bolsonaro. Os profissionais da saúde que expuseram o deboche e os crimes de Bolsonaro cometidos durante a pandemia de Covid e até hoje impunes. As pesquisas de opinião pública ao constatar que os brasileiros fora da bolha fascista e bolsonarista queriam democracia. A derrota de Donald Trump e a posse de Joe Biden em 2021 também foi decisiva. Com Trump no poder para um segundo mandato a ousadia dos golpistas brasileiros seria maior. Outros fatores poderão aparecer nas investigações. O Brasil tem muito a agradecer a cada uma dessas circunstâncias. E o país tem uma chance para refletir diante das eleições que se aproximam: os pleitos municipais neste 2024 e a eleição presidencial de 2026. Nesta, que os eleitores rejeitem o bolsonarismo fascista e votem com consciência e competência (não apenas dirigentes devem ser competentes e honestos, eleitor também) em um Congresso que mereça respeito, que não seja serviçal de lobbies e interesses e que não funcione como uma startup de emendas e de chantagem. Uma coisa é certa: a maioria das pessoas que aparece em torno daquela mesa suja continuará atuante. 

O risco à democracia voltou para ficar. Cabe a cada um de nós ter certeza de que bolsonaristas não são apenas os folclóricos que cantam o hino nacional. Estão em missão politica, fundamentalista, de ultra direita, de ocupação imoral e corrupta do Estado. São predadores da democracia.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Todo mundo em Brasília é "deep throat". São as fontes "sem nome" da GloboNews

 

Reprodução X

O comentário a seguir é do blog. Os políticos de Brasília deveriam aproveitar a renovação das carteiras de identidade para deixarem de ser um bando de "sem nomes". 

A GloboNews abusa tanto da prerrogativa de não revelar a fonte que banaliza esse instrumento do jornalismo investigativo e compromete sua credibilidade. Ninguém parece ter nome e CPF. Qualquer irrelevância é "revelada" como se o (a) comentarista ou âncora estivesse apurando um "caso Watergate" e precisasse usar um "deep throat" de estimação. 

Imagine-se o (a) jornalista "apurando" uma bobagem com um deputado qualquer e em seguida destruindo o celular a marretadas para evitar a identificação da sua "fonte secreta". Ou percorrendo os corredores do Congresso usando barba postiça e capuz ao encontro da sua "fonte" que, por sua vez, se disfarça de frade para não se revelar. 

A impressão que fica é que nas apurações dos (das) comentaristas da GloboNews ninguém se identifica nem pra dizer o que comeu no café da manhã". 

O nível de "confidencialidade pode ser mais ou menos assim: "conversei com um ministro hoje e ele me disse que o governo está preocupado com as ações de Arthur Lira". "Falei agora com um líder da oposição e ele me deu um "bastidor" de que vai chover no fim de semana". "Em primeira mão, uma pessoa próxima a Lula me disse que o Salgueiro vai ganhar o carnaval carioca". "Eu tenho um."bastidor" quente: um vizinho do presidente do Senado contou que ele está muito irritado com a onda de calor"...

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Bilionário do Vale do Silício quer realizar "olimpíadas" neoliberais com doping autorizado


por José Esmeraldo Gonçalves

Segundo The New York Post, o bilionário Peter Thiel, que fez fortuna no Vale do Silício, pretende mobilizar outros empresários para organzar em 2025 os primeiros jogos neoliberais, uma espécie de olimpíada com doping liberado. Os atletas terão liberdade para se entupirem de esteroides até a medula. E não só esteroides conhecidos. Thiel quer mobilizar a farmacêutica a desenvolver novos produtos para doping em todas as modalidades "aberta e honestamente", diz ele. 

Não importa se os competidores dos jogos das drogas cruzarem a linha de chegada doidões ou subirem ao pódio trincados, o importante é que sejam testados os limites químicos dos atletas. Thiel imagina que isso estimulará os cientistas a criarem drogas e suplementos alimentares que melhorem a performance das pessoas com impacto na longevidade. Os jogos dos anabolizantes serão realizados em cidades com infraestrutura pronta e apenas com investimentos privados. Já existe uma candidata favorita a sede, mas a equipe do bilionário não revela qual.

Mais detalhes serão anunciados em 17 de abril, antes da Olimpíada de Paris que será aberta em julho. Os jogos neoliberais são chamados provisoriamente de Enhanced Games (algo como Jogos Aprimorados). Claro que não poderão usar os termos "olímpico" e "olimpíada", que são registrados pelo Comitê Olímpico Internacional. A escolha da data e do locala para o anúncio do torneio das drogas é uma clara provocação enquanto Paris se prepara para receber os Jogos de Verão. O Barão Pierre de Coubertin, idealizador das Olimpíadas da era moderna e que está enterrado ali perto, na Suiça, vai se revirar no túmulo com direito a twist carpado e outras piruetas de indignação.

Na capa da Carta Capital: O "SNI" privê dos Bolsonaros

 


Devolve a grana

 


O boicote a Israel, a fala de Genoino, a carta de Roger Waters a Caetano Veloso

por Leneide Duarte-Plon, de Paris, para o Red.Org

A polêmica em torno da declaração de José Genoino nos traz de volta à realidade do movimento BDS (Boycott, désinvestissement et sanctions). Para lutar contra a ocupação da Cisjordânia e o apartheid que Israel impõe aos palestinos que têm cidadania israelense (20% da população do país) – que os supremacistas judeus chamam de “árabes israelenses” para negar a identidade palestina do povo autóctone – foi criada, há alguns anos, a campanha BDS, um movimento internacional que tem como objetivo boicotar Israel, sua política colonial e de apartheid. O BDS promove boicote não somente econômico mas também universitário, cultural e político contra Israel, seus cidadãos e empresas.

Desde o início, o boicote cultural teve o apoio do músico Roger Waters, do escritor John Berger, da ativista Arundhati Roy, do cineasta Ken Loach, do cineasta franco-israelense Eyal Sivan, bem como de duas outras personalidades já desaparecidas: o uruguaio Eduardo Galeano e o cineasta Jean-Luc Godard. Para boicotar Israel, os cineastas citados decidiram não participar dos festivais de cinema israelenses.

Em setembro de 2009, o Conselho Ecumênico das Igrejas declarou estar convencido da necessidade de “um boicote internacional dos bens produzidos nas implantações israelenses ilegais (colônias) nos territórios ocupados”. O Conselho Ecumênico publica no seu site o apelo lançado em 11 de dezembro de 2009 pelo coletivo Kairos Palestina: “A moment of Truth; A Word of Faith, Hope and Love from the Heart of Palestinian Suffering” (este título faz referência explícita a um document datado de 1985 e publicado na África do Sul para lutar contra o apartheid). Entre os signatários do documento, está o centro teológico palestino Sabeel.

O regime racista da África do Sul 

O movimento de boicote contra o regime racista da África do Sul levou ao fim do apartheid, como todos sabemos. O antigo líder anti-apartheid, Nelson Mandela – considerado um terrorista pelos supremacistas brancos que o condenaram a mais de 20 anos de prisão – mostrou como a história dos oprimidos obedece a um tempo lento no qual a Justiça acaba por se impor. O “terrorista” Mandela foi eleito presidente de seu país depois de ganhar o Prêmio Nobel da Paz no ano anterior.

Leia a matéria completa AQUI

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Tá explicado

 

Título de matéria do Globo, hoje


O comentário a seguir é do blog.

por Ed Sá
Essa deve ser a constatação mais conclusiva da história do IBGE. O país com um dos piores índices de distribuição de renda do mundo, terra de violências inomináveis, de injustiças, de golpes de Estado comentidos pelas elites, de injustiças, de assassinatos de lideranças políticas comunitárias, agrícolas, ambientais e indígenas é vítima, como se não bastasse, de um complexo religioso fundamentalista com pilares comerciais e políticos. Ter mais igrejas do que escolas é coisa simbólica: o fundamentalismo surfa na carência de educação. Quanto mais ignorante mais o povo é presa fácil dos picaretas travestidos de " homens de deus". O Brasil assiste esse triste espetáculo hoje onde a fé é moeda de poder, opressão, ganância e abusos recorrentes. O chamado voto religioso é a mais recente desgraça do Brasil. No Rio, elegeu o desastrado Crivella. No Brasil, escolheu o elemento da ultra direita e incompetente, golpista e afanador de jóias Jair Bolsonaro. Nas diversas instâncias elegeu, deputados, senadores, governadores, prefeitos,  governadores e vereadores que trabalham o tempo todo para usufruir recursos do Estado laico e paradoxalmente montar uma teocracia: o futuro Estado Evangelâmico.
 

Fotomemória da Rua do Russell


Sobre o post acima (de Celso Arnaldo compartilhado por José Carlos Jesus), confira a escalação da foto em uma tarde qualquer perdida no tempo na sede da Revista Manchete. 
Da esq. para a dir: Hélio Carneiro, d.Bella, dr. Haroldo Jacques, Adolpho Bloch, Carlos Heitor Cony, Roberto Muggiati, Janir de Holanda, Pedro Jacques Kapeller, Claudia Richer, Roberto Barreira, Lena Muggiati e Tarlis Batista. Sentados: Vera Mendonça, Marilda Varejão, Celso Arnaldo Araújo, Ateneia Feijó, José Esmeraldo Gonçalves, Lincoln Martins, Silvia Leal e Silvia de Castro. 

A direita ganha mais espaço no You Tube e na mídia neoliberal

 


Além de veículos, sites e jornalistas de extrema direita, o You Tube registra nas últimas semanas um tsunami de novos canais bolsonaristas que divulgam fake news travestidas de "análise" e "comentários". Tal ofensiva simultânea só se explica por impulsionamento e patrocinio. Ao mesmo tempo, tal qual aconteceu no período entre o golpe contra Dilma Rousseff e a eleição de Bolsonaro, a mídia dos oligarcas também mostra suas garras. O chamado jornalismo de guerra voltou a calçar os coturnos. Jornais como Folha, Estadão e Globo radicalizam seus editoriais e o direcionamento do conteúdo alegadamente "jornalístico". Na semana passada, a CBN reforçou seu time de comentaristas selecionando jornalistas identificados com posições de neoliberalismo extremado ou de direita light ou até hard. No caso da CBN, entre as novidades anunciadas há apenas um exceção: o democrata Bernardo Mello Franco. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Puxar o freio de segurança: face à gravidade da crise atual

 

por Leonardo Boff

Encontramo-nos no coração de uma espantos e generalizada crise na

forma como habitamos e nos relacionamos para com o nosso planeta,

devastado e atravessado por guerras de grande destruição e movido

por ódios raciais e ideológicos. Acresce ainda que a idade da razão

científica, criou a irracionalidade do princípio de autodestruição:

podemos pôr fim, com as armas já construídas, a nossa vida e grande

parte senão toda a biosfera.

Não são poucos os analistas da situação mundial que nos alertam

sobre o eventual uso de tais armas de destruição em massa. A razão

de fundo seria a disputa sobre quem manda na humanidade e quem

tem a última palavra. Tem a ver com o enfrentamente entre a uni-

polaridade sustentada pelos Estados Unidos e a pluripolaridade

cobrada pela China, pela Rússia, eventualmente, pelo conjunto dos

países que formam os BRICS. Se houver uma guerra nuclear, nesse

caso, realizar-se-ia a fórmula: 1+1=0: uma potência nuclear destruiria

a outra e juntos levariam humanidade e parte substancial da vida.

Dadas estas circunstâncias, vemo-nos na necessidade de puxarmos o

freio de segurança do comboio da vida, pois, desenfreado, pode se

precipitar num abismo. Tememos que este freio já esteja oxidado e

feito inutilizável. Podemos sair desta ameaça? Temos que tentar,

segundo a dito de Dom Quixote:”antes de aceitar a derrota, temos que

dar todas as batalhas”. E vamos dar.

Sirvo-me de duas categorias para aclarar melhor nossa situação. Uma

do teólogo e filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1885), a

angústia, e outra do também teólogo e filósofo alemão, discípulo

notável de Martin Heidegger, Hans Jonas (1903-1993), o medo.

A angústia (O conceito de angústia,Vozes 2013) para Kierkegaard

não é apenas um fenômeno psicológico, mas um dado objetivo da

existência humana. Para ele como pastor e teólogo,além de exímio

filósofo, seria a angústia face à perdição eterna ou à salvação. Mas é

aplicável à vida humana. Esta apresenta-se frágil e sujeita a morrer a

qualquer instante. A angústia não deixa a pessoa inerte, mas move-a

continuamente para criar condições de salvaguardar a vida.


Hoje temos que alimentar esse tipo de angústia existencial face às

ameaças objetivas que pesam sobre nosso destino que podem ser

fatais. Ela é algo saudável, pertencendo à vida e não algo doentio a ser

tratado psiquicamente.

Hans Jonas em seu livro O princípio responsabilidade

(Contraponto,Rio 2006) analisa o medo de sermos colocados à beira

do abismo e nele cair fatalmente.Estamos numa situação de não

retorno. Não se trata mais de uma ética do progresso ou do

aperfeiçoamento. Mas da prevenção da vida contra as ameaças que

nos podem trazer a morte. O medo aqui é saudável e salvador, pois,

nos obriga a uma ética da responsabilidade coletiva no sentido de

todos darem sua colaboração para preservação da vida humana na

Terra.

A situação atual a nível planetário fugiu ao controle humano.Criamos

a Inteligência Artificial Autônoma que já independe de nossas

decisões. Quem, com seus bilhões e bilhões de algoritmos, impede

que ela possa optar pela destruição da humanidade? Temos como

controlar os tufões e terremotos, sem dizer os eventos extremos,

consequência da mudança climática? Não osbtante nosso saber

científico sentimo-nos impotentes face à força da natureza.

Primeiramente, temos uma tarefa a cumprir: cabe responsabilizarmo-

nos pelo mal que estamos visivelmente causando ao sistema-vida e ao

sistema-Terra,sem capacidade de impedi-lo ou freá-lo, apenas

minorando-lhe os efeitos danosos. O sistema de produção mundial

energívoro está de tal modo azeitado que não tem condição nem quer

parar. Não renuncia aos seus mantras de base: aumento ilimitado do

lucro individual, a competição feroz e a superexploração dos recursos

da natureza.

Além disso, importa responsabilizarmo-nos também pelo mal que não

soubemos no passado evitar física e espiritualmente e cujas

consequências tornaram-se inevitáveis, como aquelas que estamos

sofrendo como o aquecimento crescennte do planeta e a erosão da

biodiversidade.

O medo do qual somos tomados se relaciona ao futuro da vida e à

garantia de ainda podermos continuar vivos sobre este planeta. Em


função desse desiderato Jonas formulou um imperativo ético

categórico:

Aja de modo a que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a

permanência de uma vida humana autêntica sobre a Terra; ou,

expresso negativamente: aja de modo que os efeitos da tua ação não

sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida; ou,

simplesmente, não coloque em perigo a continuidade indefinida da

humanidade na Terra” (Op.cit. 2006, p. 47-48). Nós acrescentaríamos

“não coloque em perigo a continuidade indefinida de todo tipo de

vida, da biodiversidade, da natureza e da Mãe Terra”.

Essas reflexões nos ajudam a alimentar alguma esperança na

capacidade de mudança dos seres humanos, pois, possuímos livre

arbítrio e flexibilidade.

Mas como o risco é global, impõe-se uma instância global e plural

(representantes dos povos, das religiões, das universidades, dos povos

originários, da sabedoria popular ) para encontrar uma solução global.

Para isso temos que renunciar aos nacionalismos e aos limites

obsoletos entre as nações.

Como se pode observar, as várias guerras hoje em curso são por

limites entre as nações, a afirmação dos nacionalismos e a crescente

onda de conservadorismo e de políticas de extrema direita afastam

para longe esta ideia de um centro coletivo para o bem de toda a

humanidade.

Devemos reconhecer: estes conflitos por limites entre as nações, estão

descolados da nova fase da Terra, tornada Casa Comum e

representam movimentos regressivos e contrários ao curso irresistível

da história que unifica cada vez o destino humano com o destino do

planeta vivo.

Temos uma Terra só e uma Humanidade só a serem salvas. E com

urgência pois o tempo do relógio corre contra nós. Cumpre mudar

mentes e nossas práticas.


https://leonardoboff.org/2024/01/25/puxar-o-freio-de-seguranca-face-a-gravidade-da-crise-atual/

Sabia disso? Rio de Janeiro tem banco de reconhecimento facial ilegal

 

Reprodução De Fato (link abaixo)

Reprodução O Globo

Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode aprimorar a segurança nos centros urbanos, várias entidades estão preocupadas com os abusos, como demonstram as duas matérias recentes, acima, publicadas no portal De Fato e n Globo. Defensoria Pública e Ministério Público também registram casos de uso indevido dos novos recursos. 

No Rio de Janeiro e, provavelmente, em outras capitais, há casos de montagem de bancos de imagem privados para reconhecimento facial que ferem a Lei Geral de Proteção de Dados e outros dispositivos legais. Fotos aleatórias de pessoas sem necessariamente objeto de culpa por algum delito ou com contas a prestar à justiça circulam em grupos de whatsapp clandestinos. São imagens colhidas em bares, restaurantes e no comércio em geral. No caso, não de trata de imagens dos circuitos internos de câmeras, mas de fotos feitas por celulares geralmente operados por seguranças ou até garçons. Tal prática parece mais frequente em Ipanema, Leblon, Copacabana e Tijuca. Os "alvos" vão desde quem se envolve em algum conflito ou discussão até simples clientes que os estabelecimentos resolvem "marcar" por qualquer motivo. As fotos ilegalmente colhidas e sem qualquer critério se espalham em grupos nas redes sociais. Os "alvos", embora não sejam necessariamente abordados passam a sofrer algum tipo de intimidação aonde quer que circulem. Não se sabe se tais bancos de dados privados são compartilhados com a polícia, provavelmente, sim, porque há indicios de que, em alguns casos, a polícia foi acionada pelo estabelecimento para verificar pessoas cujas imagens estariam no banco de dados ilegal. Nos casos conhecidos, invariavelmente a policia chegou, viu, nada constatou e foi embora. A prática, contudo, é potencialmente perigosa para quem passa a integrar esse tosco banco de reconhecimento facial privado. 

Nos links abaixo você poderá ler duas matérias sobre o assunto. 

https://defatoonline.com.br/uso-do-reconhecimento-facial-preocupa-entidades/#google_vignette


https://paniscumovum.blogspot.com/2024/01/reconhecimento-facial-o-uso-publico-e-o.html


Mídia: uso de inteligência artificial provoca demissão de executivos e editores de revista


The Arena Group, dona de publicações como Sports Illustrated e The Street, demitiu seu presidente-executivo e alguns editores, segundo a assessoria de comunicação da empresa. Motivo: uso indiscriminado da inteligência artificial. A Sports Illustrated vinha publicanto matérias geradas por IA. As reportagens continhgam fotos e nomes falsos de autoresmes e fotos de falsos autores. 

No Brasil, vários veículos ainda discutem o uso ético dos recursos de IA já que a barreira da falsificação pode ser facilmente ultrapassada. Circulam informações de que a Jovem Pan estaria usando chatboots.     



sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O paraíso é aqui... no caixa das verbas públicas

 



(O texto a seguir é uma análise do Panis). A Carta Capital mostra a fantástica máquina fiscal do longo braço politico-financeiro das igrejas evangélicas. Com a ajuda de políticos de todos os partidos, pastores obtém benefícios incalculáveis nas esferas federal, estadual e municipal. A cobiça, como define a revista, experimenta uma constante escalada ao longo do tempo. 

A dinheirama entra na megasacola em forma de isenções de impostos, de dotações, "subvenções sociais" e de "convênios" com órgãos públicos. São entidades de "assistência", de terceirização, clínicas de "desintoxicação", creches, eventos apoiados etc. 

A boiada financeira passa praticamente sem fiscalização. E, diante do poder político da máquina evangélica, é difícil considerar que haverá no futuro uma investigação de lavagem desse dinheiro não carimbado. O campo é  fértil. A existência da "legalização" de quantias de origem duvidosa e até criminosa já foi constatada em casos noticiados pela mídia. No ano passado, em São Paulo, uma organização criminosa foi acusada de comprar sete igrejas evangélicas com o objetivo de tirar o diabo da ilegalidade do corpo dos seus lucros.

A cascata de isenções não é apenas fiscal, é moral, ética e penal. Há líderes religiosos com os pés tão fincados na terra que gastam mais tempo como CEOs da máquina política e financeira do que preocupados com ativos espirituais. 

A bíblia menciona o céu como lugar de felicidade, onde não há sofrimento ou pecado. Pois muitos privilegiados já chegaram lá. O paraíso está no caixa do dinheiro público. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

O voo dos masoquistas e a ajuda do Papai Brasil às companhias aéreas

Passageiro de avião no Brasil paga caro para sofrer desde o momento em que adentra o aeroporto. Na verdade, o pobre diabo faz o check in sem ter 100% de certeza se vai embarcar e decolar. Tudo pode acontecer. Uma greve deixa passageiros no chão em dezenas de aeroportos brasileiros. Detalhe: a greve foi na Argentina.

Ocorre que as companhias aéreas trabalham atualmente como os lotações dos anos 50/60 do século passado. Para as novas gerações, eu explico. Os lotações eram ônibus precários e montados em chassis de caminhões usados e que paravam em qualquer lugar. Barulhentos e pilotados por motoristas enlouquecidos que ganhavam por "viagem" e por isso disparavam no trânsito "costurando" o engarrafamento na velocidade mais alta possível. Um mesmo veículo podia rodar a cidade por mais de 16 horas com o motor fumegando. 

As companhias aéreas já dispuseram de aeronaves em reservas que podiam cobrir emergências como essa da greve na Argentina. Não mais. O avião que decola de Buenos Aires atende a vôos domésticos no Brasil. Assim, o passageiro que esperava seguir de Fortaleza para Natal fica mofando no aeroporto porque "seu" jato está parado em Ezeiza. E isso acontece com frequência a cada evento que paralisa a malha.

Os jornais noticiam que o governo prepara ajuda para as companhias aéreas. O serviço é ruim e o preço das passagens é exorbitante. Há momentos em que um bilhete da ponte-área Rio-São Paulo custa mais caro do que uma passagem São Paulo- Nova York. Mesmo assim, os executivos estão fazendo lobby para que o governo inhete dinheiro e subsídios na operação. Até o momento Fernando Haddad, ministro da Fazenda com a responsabilidade do equilíbrio fiscal resiste. 

É curioso. Os neoliberais pregam o estado mínimo e a privatização de tudo, até das próprias mães, se necessario, mas adoram subsídios e mamatas amigas. De preferência se parte da verba pública de "ajuda" pagar os bônus milionários dos executivos que em milagre contábil brasileiro costumam ser premiados até quando alegam prejuízos.




Abin, a Gestapo de Bolsonaro exportou dados de milhares de brasileiros