sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Kelmon Eventos ameaça - "Trago Bolsonaro de volta em três dias"

 




Cantanhede minimiza ditadura


 

O conto dos vigários - "Padre" Kelmon ou padre Peyton reencarnado?

Bolsonaro e "padre" Kelmon, em 2022. Reprodução Tv Globo

 
Ademar de Barros e o padre Peyton,
da CIA, em 1963.

Essa é para os mais antigos, quero dizer, mais sábios. O falso padre Kelmon, o esmegma político do Bolsonaro no último debate dos candidatos a presidente, não foi a primeiro a personificar um conto de vigário na política brasileira. 

Um pouco antes de 1964, as senhoras católicas brasileiras foram acometidas de súbita umidade ao rezar o rosário com o padre Peyton. O "religioso" era, na verdade, um emissário da CIA que percorreu a América do Sul ajudando a combater a ameaça comunista. Era convidado para saraus com damas do society no escurinho a luz de velas de Copacabana. Os maridos confiavam plenamente na fidelidade do rosário do padre Peyton, que arrastava multidões conservadoras no Brasil para intermináveis orações. Dizem que o general Castelo Branco em momento de êxtase se ajoelhou diante do padre, cuja área de atuação, antes de ser recrutado pela CIA, era na Hollywood de estrelas e becos frequentados por rapazes a fim de subir na vida. Padre Peyton foi escalado para vir ao Brasil como parte da preparação do golpe militar de 1964. 

As eleições presidenciais brasileiras deste 2022 expeliram o "padre" Kelmon. Cada tempo tem o seu reverendo. Dizem que Kelmon é " linha auxiliar" de Bolsonaro, uma  espécie de Rasputin integrado ao clã presidencial.

Padre Payton veio ao Brasil em 1963, há quase 6O anos. Será o padre Kelmon uma reencarnação do Peyton?

Coincidência? 

Não. 

Coincidências não existem.

Ele está de volta (o Horário de Verão...)

 

Horário de Verão volta em 2023. Foto Ag.Brasil

“O samba, a prontidão/E outras bossas,/São nossas coisas,/São coisas nossas!”

São coisas nossas, Noel Rosa, 1932

Depois de três temporadas de suspensão, o governo anuncia a retomada, em 2023, do Horário de Verão, aquela saudável prática que o Brasil vinha adotando desde 1985 para minimizar a crise hídrica. Foi apenas uma de nossas coisas boas canceladas ou ameaçadas pelo Feoapá (Festival de Ódio que Assola o País) durante a pandemia negacionista que tantos danos e sofrimento causou à sociedade brasileira nestes últimos quatro anos.

Na urgência da hora, Panis Cum Ovum faz um breve inventário de nossa pauta de virtudes violentada recentemente: 

Foto AGBr

• A diplomacia exemplar do Itamaraty inspirada no Barão do Rio Branco.


Ibama funcionando em 2014. Foto Vinicius Mendonça/Ibama

• O trabalho sério do Ibama na defesa da fauna e da flora e a consciência ambientalista do povo brasileiro.


Vacinação contra polio, 2012. Foto José Cruz/AG.Brasil

• A eficácia do sistema vacinal alcançada através da luta de Oswaldo Cruz contra o obscurantismo e que se tornou um exemplo para o mundo.

• A Funai na proteção aos povos nativos e a atuação de indigenistas como os irmãos Villas-Boas, o médico Noel Nutels e o antropólogo Darcy Ribeiro. Sem esquecer Chico Mendes, o mártir, e Raoni, nosso candidato ao Nobel da Paz.

• As bases educacionais, mundialmente reconhecidas, lançadas por Anísio Teixeira, Paulo Freyre e Darcy Ribeiro.

• Na área da saúde mental, a terapia pela arte desenvolvida pela Dra. Nise da Silveira.


Incendio da Cinemateca Brasileira, 2021. Foto: Reprodução Ag.Senado

• A cultura – tão degradada nos últimos tempos – que deu ao mundo Portinari e Tarsila do Amaral, Villa-Lobos e Tom Jobim, Nélson Pereira dos Santos e Glauber Rocha, Machado de Assis e Guimarães Rosa, Bandeira e Drummond. 

• O esporte: destaque para o futebol, com participação em todas as Copas do Mundo e o pentacampeonato; heróis do atletismo como Adhemar Ferreira dos Santos e João do Pulo; astros do tênis como Gustavo Kuerten e Maria Ester Bueno; campeões da Fórmula-1 como Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna; as conquistas do vôlei de quadra e de praia, masculino e feminino; mais recentemente, os fenômenos das meninas da ginástica e do skate, dos rapazes do surfe e a explosão do imbatível Isaquias na canoagem.

• A luta pela tolerância étnica, religiosa e de costumes no país da miscigenação racial, à luz do pensamento de historiadores e sociólogos do porte de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Paulo Prado.


• A eficiência, presteza e transparência das urnas eletrônicas, que há 26 anos fizeram do Brasil o protagonista da maior eleição informatizada do mundo e vêm garantindo o pleno exercício do voto democrático no país. 


O monograma do Rei Charles III e o logotipo do Flamengo

 


O Palácio de Buckingham apresentou o monograma oficial do rei Charles III, mas esqueceu...

...
de conferir no Google o logotipo do Flamengo. Ou há um flamenguista infiltrado
na sala de design da famíila real ou ou o time carioca poderá reclamar contra o plágio.
Reproduções






Recado dos Beatles: Jair in Hell with Diamonds

 

Reprodução Twitter

Manifesto apresenta 13 argumentos sociais e econômicos para não reeleger Bolsonaro

Membros do Comando Nacional das Bancárias e Bancários divulgam na reta final da campanha manifesto com 13 motivos para não reeleger Bolsonaro. (*) 

Leia a íntegra do manifesto:

"As militantes e os militantes membros do Comando Nacional dos Bancários e Bancárias, em consonância com debates realizados pelos trabalhadores do setor, vêm dialogar com a categoria sobre as eleições de 2022 e suas consequências para o Brasil.

Trata-se da eleição mais importante de nossas vidas, na qual os fundamentos de cidadania e de democracia estão no centro do debate. Esta eleição será definida entre Lula e Bolsonaro, que propõem projetos completamente distintos.

O governo do atual presidente promove ataques continuados aos direitos dos trabalhadores, ao patrimônio público, às instituições e à soberania nacional, com claro viés antidemocrático.

Por isso, apresentamos, a seguir, motivos que justificam a mudança na condução do país, com 13 pontos que simbolizam as mazelas do governo Bolsonaro e, com isso, manifestamos nosso posicionamento em apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República.

Também ressaltamos a importância da eleição de parlamentares para a Câmara dos Deputados, ao Senado e às Assembleias Legislativas comprometidos com a democracia e que defendam a pauta da classe trabalhadora.


13 Motivos para não reeleger Bolsonaro:

1.        A não correção da tabela do Imposto de Renda, que, no governo Bolsonaro, acumula defasagem de 24,49%, corroendo substancialmente os ganhos e tirando 47 bilhões do bolso dos trabalhadores;


2.        A privatização de 36% das estatais controladas pela União, algumas em setores estratégicos, como a Eletrobrás e subsidiárias da Petrobras;


3.        O descaso na gestão da pandemia, com uma política genocida que causou 685 mil mortes, 10,5% do total de vítimas da covid 19 em todo o mundo;


4.        A cesta básica aumentou 71% e, desde o início do governo Bolsonaro, seu valor passou de R$ 439,20 para R$ 749,78;


5.        Em 2022, apenas 16,8% das negociações salariais no Brasil obtiveram reajuste acima da inflação;


6.        O preço da gasolina encareceu 32%, o óleo diesel subiu 117% e o gás de cozinha ficou 60,7% mais caro;


7.        O aumento do desemprego, que chega a quase 10 milhões de pessoas, do subemprego e da informalidade, além de diversas medidas provisórias para a retirada de direitos dos trabalhadores;


8.        A inflação voltou a ultrapassar dois dígitos, ficando por vários meses acima de 10%;


9.        O salário mínimo com menor valor real e o rendimento médio dos trabalhadores com queda de 14% desde o início do governo Bolsonaro;


10.      O endividamento atinge 79% das famílias, e 29,6% delas estão inadimplentes;


11.      São 33,1 milhões de pessoas no Brasil que não têm o que comer e 58,7% da população que convivem com insegurança alimentar – leve, moderada ou grave (fome);


12.      O número de famílias em situação de extrema pobreza, com renda per capita mensal de R$ 105, chegou a 17,5 milhões em 2022, um salto de 11,8%;


13.      Aumento de 20% no desmatamento da Amazônia no último ano: mais de 13 mil km², o maior já registrado desde 2006; o Pantanal foi o bioma que mais sofreu com as queimadas, com registro de 22.119 focos, crescimento de 120% em 2022.

A candidatura de Lula à Presidência da República representa o compromisso com os mais pobres, a erradicação da fome, a defesa da democracia, a geração de emprego, a prioridade na atenção à saúde, a correção da tabela do Imposto de Renda, igualdade e desenvolvimento regional, a preservação ambiental, a soberania nacional, a defesa das empresas públicas e estatais, o combate à violência contra as mulheres, o respeito à diversidade, mais investimentos em educação, cultura, ciência e tecnologia, entre tantos outros temas.

Por isso, conclamamos que todas e todos se envolvam nesta reta final da campanha, dialogando com colegas de trabalho, familiares e todas e todos que estão dispostos a fazer do Brasil um país justo e democrático.


Membros do Comando Nacional dos Bancários.


(*) Fonte: Sindicato dos Empregado em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Município do Rio de Janeiro.  

Mídia - Se os debates vão continuar assim, é melhor o Porta dos Fundos passar a organizá-los

Os debates presidenciais pouca ajudaram o eleitor a decidir seu voto. Perderam o sentido jornalísticoe assumiram um formato inútil de um tosco reality show.  As regras mal feitas (e aí a culpa é mais das assessorias dos candidatos do que das emissoras) permitem a formação de consórcios de candidatos contra um deles .No debate do Band as regras permitiram que Lula fosse pouco acionado pelos outros candidatos para responder a perguntas. Como resultado, foi o candidato que teve menos oportunidade para falar. No debate da Globo, sobrou tempo para confronto e faltou para discussão de propostas. O pior foi a presença imposta pela legislação de um candidato "laranja", o falso padre que atuou como "aviao" para o tráfico de perguntas de Bolsonaro.

As redes de TV precisam decidir se fazem dos debates um programa informativo e jornalístico ou se deixam como estão:  uma ridícula disputa ginasiana digna de Sicupira, sem o mérito de um roteiro escrito pelo genial Dias Gomes.

Uma solução é parar de discutir as regras do debate com os comitês de campanha dos presidenciáveis. Outra seria dividir os debates por temas. Emprego, saúde, educação, meio ambiente, energia, infraestrutura, segurança, indústria, novas tecnologias, transporte urbano, casa própria, agricultura, saneamento etc.

Cada candidato teria um tempo para falar dos seu programas de governo para as áreas referidas. Poderá optar por não falar, mas, se aceitar, não será permitido que discorra sobre outro assunto que não o tema proposto. Se o assunto for inflação e o sujeito preferir fala do kit gay, do jejum obrigatório ou de armas para as milícias terá o microfone desligado. Poderá haver um bloco livre para denúncias, críticas aos programas, casos de corrupção próprios ou de aliados, por exemplo.   O número de participantes é outro problema, mas aí cabe à legislação eleitoral criar critérios mais racionais ou pelo menos permitir que dois do blocos reunam apenas ou dois ou três com melhor colocação nas pesquisas.

O fato é que o formato atual é ruim, pode agradar aos marqueteiros e aos comentaristas políticos que gastam horas para "analisar" a mediocridade, mas, para os eleitores, é inútil e nem para entretenimento serve. O Porta dos Fundos faria melhor. 


domingo, 25 de setembro de 2022

Sou italiano graças ao Senegal • Por Roberto Muggiati

 

Cartão enviado de Dacar, por Diogo Muggiati, em 1911

O Senegal em sua segunda participação numa Copa (se seguir em frente poderá enfrentar o Brasil nas quartas de final) me levou a divagar sobre minha relação com aquele país do oeste africano. Entre velhos papeis da família que dormiam no fundo de uma gaveta, tive um dia minha atenção chamada para um pequeno cartão postal enviado de Dacar por meu avô paterno para minha avó em Curitiba. 

Resumo a história de sua breve vida: com pai mãe, irmão mais velho e duas irmãs deixou a Itália aos doze anos, em 1889, e veio participar do sonho da Colônia Cecília, uma comunidade anarquista que se instalaria nos campos de Palmeira, a cem quilômetros de Curitiba. O sonho virou pesadelo quando o pai morreu de febre amarela ao chegar em Paranaguá. A viúva subiu para Curitiba e, sem meios para criar as crianças, as destinou a famílias locais em cujas casas teriam cama e comida, é claro, ajudando como serviçais, cumprindo pequenas tarefas., Maria Quaroni Muggiati, com os ganhos do trabalho de costureira logo, resgatou os dois filhos e as duas filhas. Os meninos, começando como sapateiros acabaram em pouco tempo donos de uma próspera indústria de calçados.

Meu avô casou com uma italiana nascida já no Brasil e teve cinco filhos, quatro homens e uma mulher. Pouco depois de completar 34 anos, uma doença pulmonar o levou a procurar cura na Itália. O cartão enviado de Dacar em 3 de agosto de 1911 – cuja imagem destaca um embarque de tropas sei lá de que guerra, o Senegal seria colônia francesa até 1960 – descreve as vicissitudes por que passava meu avô Diogo:

 “Acho-me na metade da viagem, pior do que imigrante, devido ao grande número de passageiros que somos não me foi possível passar para a 2ª nem 1ª classe por não haver lugar, minha saúde sempre o mesmo, não tive nenhuma melhora, paz.”

Um mês depois, em 3 de setembro, meu avô morria num hospital de Pavia. 0itenta anos depois, inspirado nessa informação, dei início ao processo de aquisição da cidadania. O consulado italiano no Rio redigiu uma carta em para a prefeitura de Pavia requisitando o atestado de óbito. Através desse documento ficamos sabendo que tinha nascido em Stradella. A certidão de nascimento o dava como Pietro Giuseppe Diego Muggiati, o escriba da imigração, que não gostava de nomes compridos, o reduziu a Diogo Muggiati. 




Juntando toda essa papelada e vertendo os documentos brasileiros para o italiano por um tradutor juramentado, ganhei o passaporte italiano, extensivo a minha mulher e meus dois filhos. Morando no exterior (ele há 14 anos, ela há seis anos), recebem o tratamento condigno de cidadãos da comunidade europeia, que jamais receberiam como brasileiros.

• Em outubro de 1960, a caminho de uma bolsa de estudos em Paris, na escala do voo São Paulo-Lisboa eu teria no aeroporto de Dacar o meu gostinho do Senegal – ou pior, meu cheirinho, o bodum descomunal de um punhado de burocratas soviéticos com ternos grossos, pulôveres, camisas, camisetas e ceroulas, vendendo seu peixe em longas viagens ao redor do mundo.

• Em Paris, estudando no Centre de Formation des Journalistes, ao voltar certas noites para a Cité Universitaire, comia algo no bistrô La Petite Source, no Carrefour de l’Odéon, muitas vezes na companhia do colega Cissé, do Senegal, que me assediava sedento de notícias do Brasil. Quando nos conhecemos olhou para mim como se eu fosse um ser extraterreno e me perguntou, solene:

– Monsieur Muggiatí, est-ce que tu connais vraiment le Roi Pelé?

Na sua visão, Sua Majestade Edson Arantes do Nascimento reinava supremo sobre um vasto império tropical cheio de súditos felizes. Curiosamente, eu acabara de assistir em 13 de junho, no Parc des Princes, à fabulosa vitória do Santos de Pelé sobre o Racing por 5x4 no Torneio de Paris, diante de de 40 mil pessoas extasiadas. 

Outra das fantasias do bom Cissé eram as brasileiras:

– Ah, les femmes brésiliennes... Ce que je ferais pour les connaître!

• Dezoito anos depois, em outra escala no aeroporto de Dacar, no voo Rio-Genebra a caminho do Festival de Jazz de Montreux, com Hermeto Pascoal e sua banda, conversei com o saxofonista Nivaldo Ornelas que, ao saber que eu era da Manchete, me inquiriu exaustivamente sobre seu conterrâneo Argemiro Ferreira, que trabalhava na revista, contrariando a frase famosa que Nelson Rodrigues atribuía a Otto Lara Resende: “O mineiro só é solidário no câncer.”

• Em tempo: um dos senegaleses mais célebres foi Léopold Sédar Senghor, seu primeiro Presidente da República, criador – com o martiniquense Aimé Cesaire – da palavra e do conceito da negritude.



sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Lula não está em jogo. A democracia está



por José Esmeraldo Gonçalves

Lembro desse dia: 27 de outubro de 2002.  Votamos em Lula, eu e Jussara, cheios de esperança, após votar, fomos desafiar a Lei Seca no Quase Nove, o quiosque do Magno, em Ipanema. Na noite do domingo, quando saiu o resultado, a comemoração virou a noite. 

A bandeira que aparece na foto emoldurada é a mesma que, hoje, ilustra, estendida, a imagem. 

Na época, depois de muita luta, Lula chegou à Presidência e derrotou o PSDB. Foi uma vitória importantíssima. 

Digo às novas gerações que a democracia não estava em risco então. 

Vinte anos depois, a mesma bandeira aí está.  Lula foi responsável por grandes avanços sociais e econômicos. Há críticas a fazer ao PT? Sim. Mas não aquelas que a mídia conservadora propagou. Moro, por exemplo, foi fraude como ele mesmo demonstrou.  Dilma foi vítima de golpe, até as tão famosas "pedaladas" eram pretexto e ficção conspiratória como a justiça acaba de desmoralizar.

E isso basta aos honestos. 

Hoje estamos diante de um momento crucial. Lula e o PT não estão em jogo. A democracia está. 

O Brasil não suportará mais quatro anos de uma gangue fascista no poder. Não sobreviverá como se o país fosse propriedade imobiliária da família Bolsonaro, das milícias, dos usuários dos orçamentos secretos, da ameaça neopentecostal que quer transformar o país em pasto de "ovelhas" raivosas e que patrocinam leis que interferem na liberdade dos demais cidadãos. 

O que o Brasil vai decidir  nas urnas é sobre a vida, não sobre a morte. Sobre a paz, não sobre armas. 

Pergunto: você, eleitor democrático, acha que alguém mais, se não Lula, mandaria Bolsonaro para o aterro sanitário? 

Não. 

Por isso valeu a pena guardar essa bandeira.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

ACM Neto vai pro Afoxé Filhos de Ghandi

 


Al Jolson

Sérgio Cardoso

A polêmica da vez na política é quase inacreditável. ACM Neto, candidato ao governo da Bahia se declarou pardo à Justiça Eleitoral. Como foi acusado de usar o recurso para se aproximar do eleitorado negro do estado, o político fez bronzeamento artificial para afirmar a negritude. 

É a primeira vez que esse artifício é usado na política, mas o cinema e a TV já recorreram ao make up racial hoje justamente condenado. Em 1927, o ator Al Jolson se pintou de preto para interpretar um negro no filme O Cantor de Jazz. No Brasil, em 1969, o ator Sérgio Cardoso fez o mesmo para protagonizar a novela A Cabana do Pai Tomás. 

ACM Neto lidera com folga as pesquisas na Bahia, mas, pelo jeito, os eleitores não aprovaram a simulação racial: ele anda perdendo pontos. Assim, não é possível saber dos seus próximos passos, se vai entrar para o Afoxé, ou se gravará um clipe cantando a música de Caetano Veloso.

Atualização em 23/9/2022 - Em declaração à imprensa, hoje, ACM Neto nega ter feito bronzeamento artificial. 

Clique para ouvir "Eu sou neguinha" 

https://g.co/kgs/tUjdwa

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Vira Voto ! Chegou a Hora !Tweet de Chico Alencar 5️⃣0️⃣5️⃣0️⃣ (@chico_psol)








Chico Alencar 5️⃣0️⃣5️⃣0️⃣ (@chico_psol) Tweetou para 8:45 AM on qua., set. 21, 2022:
Livros sim, armas não. Arminha virando L e o voto virando pro #LulaNo1oturno.

Veja o vídeo, ouça a música no link 

domingo, 18 de setembro de 2022

Velório alegre - Bolsonaro e Michele na praça é nossa.

 

Reprodução Twitter


O casal achou o velório a coisa mais engraçada desde que a pandemia matou 685 mil brasileiros. Vejam com a dupla sai rindo pra cacete do Westminster Hall.

Mídia: É isso mesmo? Miriam Leitão vê algo positivo no desmatamento

 

 Miriam Leitão surpreende. Na Globo News, de forma superficial até pela falta de tempo, ela bateu bumbo pelos números da economia que o governo Bolsonaro divulgou, sem o contexto nem as críticas com que economistas independentes analisaram a "recuperação" da economia. Bolsonaro adorou. Agora, no Globo de hoje, ela produz a frase " o desmatamento cresceu, mas esse área vazia permite expandir a pecuária sem derrubar novas áreas". Miriam Leitão acaba de descobrir o "lado bom" do desmatamento.


Racismo, não - Tweet de ESPN Brasil (@ESPNBrasil)

ESPN Brasil (@ESPNBrasil) Tweetou para 4:28 PM on dom., set. 18, 2022:
BAILA, BRASIL!🎉

Rodrygo abre o placar com lindo gol e comemora dançando com Vini Jr!

VEJA O GOL👉 https://t.co/wDoYTDWF2g

Atlético de Madrid 0 x 1 Real Madrid

#LaLigaNaESPN #FutebolnaESPN https://t.co/FBfGUIVCBn
(https://twitter.com/ESPNBrasil/status/1571582024321835008?t=EbgAyIkbKcAdd8yFKnsaIA&s=03

Será?

 

Reprodução Twitter 

A "conja", o pastel e a fome

 


Em campanha para a Câmara dos Deputados, Rosângela Moro, a "conja" do ex-juiz, come um pastel "eleitoral" em São Paulo. Ao fundo, à direita, uma senhora cata restos do lixo. Após a primeira mordida, ela se volta, gira e continua  ignorando a cena da vida real. É o vídeo mais simbólico da semana.  Viralizou nas redes sociais e foi compartilhado pelo DCM. 

Memes eleitorais...

 

Conta de somar e...

a referência  dos designers democratas ao 22 fascista. Em tempo, no Código Penal (1940) o artigo 22 define o incapaz...  


Da Boca Maldita sei eu... Por Roberto Muggiati

 


Boca Maldita na década de 1960. Reprodução Pinterest

Nascido em Curitiba, onde morei exatos 23 anos – no dia do meu aniversário botei o pé no mundo, ou melhor, voei nas asas da Panair para Paris – lembro bem dos primórdios da Boca Maldita. Em seus tempos mais cândidos, Curitiba se autodenominava Cidade Sorriso, passando uma imagem cordial. 

Quando resolveu assumir uma postura mais verdadeira – já dizia Rimbaud, “Quelle âme est sans défauts?” – surgiu a Boca Maldita. Oficialmente, a confraria dos “Cavaleiros da Boca Maldita de Curitiba”, em 13 de dezembro de 1956. Na mesma data, em 1966, teve seus estatutos criados e, em 29 de setembro de 1975, foi finalmente registrada. Seus principais fundadores foram o político e cartola Anfrísio Siqueira e o jornalista Adherbal Fortes de Sá Junior, que lhe deu o nome.

Jornalista já aos dezesseis anos, em 1954, eu costumava orbitar depois dos fechamentos da Gazeta do Povo em torno dos restaurantes e confeitarias da Cinelândia. Ela ocupava a “avenida mais curta do mundo” (150 metros), então João Pessoa, hoje Luiz Xavier. Na esquina da Avenida com a Rua Ermelino de Leão abriu um café, daqueles da Era a.E [antes do Espresso], com cafezinhos passados em coador de pano e tomados de pé diante do balcão em pequenas xícaras de louça. Os cafezinhos saborosos de uma marca confiável logo começaram a atrair hostes de jornalistas, advogados, políticos e desocupados, que eram maioria naquela fauna desvairada, essencialmente masculina.

A festa de aniversário da Boca tornou-se seu maior evento da Boca, quando 40 pessoas recebem o título de “cavaleiro” da confraria. Entre os agraciados figuram Antônio Ermírio de Morais, Carlos Ayres Britto, Nelson Jobim e Ziraldo.

Apesar (ou por causa) da ditadura militar, a Boca Maldita viu crescer nas décadas de 60 e 70 (quando a Avenida virou um calçadão pedestre exclusivo) seu papel de tribuna livre, mesmo depois do AI-5, pela impossibilidade de se censurar suas atividades essencialmente orais (verba volant...). Isso justifica o fato de ter sido a Boca Maldita escolhida em 1984 como o palco inicial da campanha nacional pelas Diretas Já!

Lula e curitibanos se encontraram na...

Boca Maldita, ontem. Fotos Ricardo Stuckert


Passou também a ser o local favorito para comícios eleitorais, como o que ocorreu neste sábado, de Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, mesmo longe de Curitiba há tanto tempo, declaro aqui o meu desejo de receber, um dia, o título de Cavaleiro da Boca Maldita.


1965, o último grande funeral: “Eu enterrei Churchill na BBC” • Por Roberto Muggiati


O cerimonial proibia que se fotografasse o caixão de Churchill. Apesar disso, Jáder Neves
fez essa foto exclusiva para a Manchete




Churchiil velado no Westminster Hall. Jáder fez essa imagem a partir das galerias. 


Manchete, 1965: a cobertura do adeus a Churchill foi feita por
Narceu de Almeida e Jáder Neves



No domingo 24 de janeiro de 1965 eu fazia sozinho a transmissão ao vivo do Serviço Brasileiro da BBC. O trabalho consistia em levar ao ar programas pré-gravados durante a semana pela equipe, excetuando dez minutos do boletim de notícias e dos editoriais, traduzidos uma hora antes das doze badaladas do Big Ben (oito da noite no Brasil), para injetar o máximo de atualidade na programação. 

Naquela noite foi tudo diferente. Tinha morrido, aos 90 anos, Sir Winston Leonard Spencer Churchill, o lendário ex-Primeiro Ministro britânico. Limitei-me a dar a notícia pontual do falecimento, liberada pela newsdesk que fornecia os boletins para os serviços da BBC em língua estrangeira, e mandei rodar a fita com o obituário do grande estadista.

Em meus primeiros dias de BBC, em agosto de 1962, fiquei sabendo da existência daquela fita com o perfil do grande estadista. Ela era periodicamente atualizada, mas, a partir de junho de 1962 – quando fraturou os quadris em Monte Carlo, Churchill praticamente não saiu mais de casa. Aliás, em meus primeiros dias de Londres, morando provisoriamente no apartamento de um amigo em Kensington, eu podia ver da janela dos fundos a casa de Churchill em Hyde Park Gate, com um policial sempre à porta. 

Em 12 de janeiro de 1965 o ex-Premier sofreu um derrame que colocou toda a mídia em alerta. Na BBC eu mantinha um regime de trabalho muito conveniente para mim: trabalhava na redação das 10 às 17 as quartas quintas e sextas e na transmissão direta aos sábados e domingos, isso me deixava totalmente livre às segundas e terças. Enquanto a metrópole de oito milhões de habitantes labutava, eu folgava, fazendo da fascinante London meu parque de diversões cultural. E o trabalho no fim de semana se resumia a uma hora de transmissão cada dia, mais o tempo de tradução dos boletins e editoriais – uma hora no sábado para traduzir os artigos e notícias, mais o adiantamento dos artigos do domingo, e meia hora apenas para a tradução do boletim no domingo.

Roberto Muggiati na BBC


Por mera obra do acaso, coube a mim irradiar em português para o Brasil naquele domingo a morte de Churchill, no dia exato em que fazia 70 anos a morte do seu pai. O correspondente de Manchete em Londres era meu amigo Narceu de Almeida, que no ano seguinte assumiria a chefia da Sucursal de Paris. Como Narceu não podia estar a todo tempo em toda parte, ajudei-o pontualmente na apuração de retaguarda. 

O fotógrafo designado para cobertura foi Jáder Neves, que não falava uma palavra de inglês, mas era um daqueles veteranos confiáveis do diretor da revista, Justino Martins. E não deu outra: Jader cumpriu tudo o que se esperava dele, com uma demonstração de perseverança e malandragem de que só um dos nossos “pés-de-boi” seria capaz.  Movido pelo pavor de perder o emprego caso não fizesse a foto do caixão sobre o catafalco em Westminster Hall, Jáder fez o impossível. Era terminantemente proibido fotografar  no recinto e batalhões de policiais estavam a postos para impedir a ação. Jáder ficou horas na fila e, ao se aproximar do caixão, sacou sua Rolleiflex, escondida debaixo da capa de chuva, mas a máquina foi imediatamente arrebatada por um bobby esperto. Sem se dar por vencido, voltou ao final da fila e reiniciou a operação, até ter a câmera novamente recolhida. Já na madrugada, depois de várias tentativas, Jáder pegou a guarda desatenta e “bateu a chapa” tão esperada. Foi o único fotógrafo do mundo a conseguir a façanha. Só na Manchete aconteciam coisas assim...

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Chico Cesar canta "Bolsonions são demônios"


Neste momento Chico Cesar bomba na internet.  Ele acaba de lançar a melô do regime Bolsonaro. Leia a letra e veja o vídeo.

Bolsominions são demônios

satã num condomínio

Bolsominions são vergonhas

Que pastavam distraídos

Whisky modesto, horror a festa

E a risada instruída

A bolsa de valores sem valores

Os corpos molhados sem alma

O sangue de barata e a raiva por toda humanidade que não quer ser salva


Clique Aqui para ver o vídeo 

Tem mais gente na fila do Auxílio Brasil do que na "queue" para o povão dar adeus à Rainha Elizabeth



A fila londrina. Foto. Instagram 


A fila carioca. Foto ReproduçãoTwitter

por O. V. Poche
O mundo se curva mais uma vez diante do Brasil. Em algum momento, somando todo o país, a fila para o cadastro no Auxílio Brasil chegava perto de 2 milhões de pessoas. A fila para a despedida da Rainha Elizabeth ainda está em andamento, mas não deverá bater esse recorde. A "queue" como eles chamam, é um evento em Londres. Sem ofensa, um festival,  um Rock'n Buckingham. Tem gente passando 18 horas enfileirada para ter direito a 15 segundos diante do caixão fechado de Elizabeth. 

Não há registros de incidentes nas madrugadas da fila do Auxílio. Assaltos, por exemplo, ou não aconteceram ou não foram noticiados. Dá para entender, a galera em busca do Auxílio está apenas se inscrevendo pra receber depois. Entra e sai da fila sem grana. 

O que há, no Rio, e já é tradição em filas longas, é a venda de lugar. O cara vira a noite na parada e, de manhã, vende o lugar para um retardatário que não quer perder muito tempo na fila. 

Beckham na espera: 13 horas na fila

Em Londres não tem disso. Segundo o Telegraph, o ex-jogador Beckham passou 13 horas na fila antes de prestar sua homenagem à rainha. Se fosse aqui, como vip, furava a multidão na boa. 


Deu no Telegraph: importunação sexual na madrugada

Em compensação, o mesmo Telegraph conta que houve pelo menos um caso de importunação sexual na fila londrina. Um sujeito de 19 anos que supostamente iria prantear Elizabeth cansou de esperar e, como não estava fazendo nada mesmo, botou o pau plebeu para fora, exibiu-se para duas súditas e tentou agarrar a que estava mais perto. Foi perseguido por um guarda, chegou a pular no Tâmisa, mas foi detido. 

O jornal conta que cerca de 400 pessoas passaram mal na fila e muitas precisaram de atendimento hospitalar. O motivo? Ficar em pé por cerca de 10 a 15 horas. A fila andava sempre, mesmo lentamente, e não dava para sentar no chão.

Outro rumor envolve Donald Trump. O ex-presidente americano não foi convidado. O cerimonial do Buckingham deve ter achado que no gênero baixo nível bastava Bolsonaro. Trump vai insistir, recomenda-se checar a fila, ele pode dar uma de penetra. Quanto a Bolsonaro, o serviço secreto provavelmente vai avisar que não é permitido fazer motociata na The Mall e o funeral não é lugar para discurso eleitoral nem para reunir apoiadores no "cercadinho".   

Felizmente o Brasil está representado na comoção londrina por alguém mais que não é o Bozo. A jornalista Cecília Malan, da Globo, está de luto desde que o médico deu o atestado de óbito da rainha. Ela sente que nos representa e relatou sua odisseia de pessoa física durante oito horas na fila quando curtiu cada momento. A entrega da pulseirinha verde para acesso aos 12 segundos diante do caixão real foi comemorada como se fosse um título de lady do império. "Seis horas depois. Um último adeus. Ainda estou meio sem palavras", disse.

Não merece crítica. Emoção está na latinidade. Que bom que o jornalismo é feito por gente como a gente. Hebe Camargo já ensinava  isso. A legítima emoção da repórter equivale perfeitamente às lágrimas da dona Celeste do Morro Agudo quando teve aprovado seu cadastro para receber o Auxílio Brasil. 

Nisso, a intensa capacidade de emocionar, a fila de Londres tem a ver com a fila do Auxílio Brasil. Não se desesperem, Malan e dona Celeste mostram que o mundo tem jeito. 

 (Post atualizado em 17/9/2002)