segunda-feira, 31 de julho de 2017

Manchete Memória: de pai para filho, um perfil exclusivo...

Manchete. Clique na imagem para ampliar. 

por Ed Sá

No momento em que Chico Buarque lança um álbum de músicas inéditas, vou ao porão virtual de raridades para resgatar essa matéria feita em 1966. Chico havia acabado de vencer o II Festival de Música Popular Brasileira, com A Banda, e era o grande destaque da mídia na época.
Manchete foi ao conjunto residencial da State University of New York para ouvir o historiador Sérgio Buarque de Holanda, autor de obras fundamentais como "Raízes do Brasil", "História Geral da Civilização Brasileira" e "Do Império à República", assumindo que a partir daquele momento era "apenas" o pai de Chico. De fato, na entrevista, Sérgio Buarque falou só do filho. A reportagem foi feira pelo correspondente Roberto Garcia. Sérgio Buarque faleceu em abril de 1982, há 35 anos. 

O nome dele é Trump, mas pode acabar virando Trixon...

Ilustração Lyne Lucien/Daily Beast

por Niko Bolontrin 

por Niko Bolontrin


O site Daily Beast ouviu veteranos do caso Watergate, que derrubou Nixon, para identificar semelhanças entre o escândalo dos anos 70 e a atual tempestade que atinge Donald Trump. Os sobreviventes foram unânimes em um ponto: Nixon selou sua queda quando demitiu o procurador-geral que investigava a espionagem do escritório do Partido Democrata promovida pelos porões republicanos para nomear alguém supostamente engavetador. Não deu certo. E, alertam os conselheiros escaldados pela História, também não daria certo agora. Se tentar substituir o atual procurador-geral, como ameaça, Trump provavelmente baterá o último prego do seu caixão político. Mesmo que a ameaça não seja cumprida, o empresário esaria agindo nos bastidores e com certa agressividade para impedir a investigação sobre conspiração para interferir no recente processo eleitoral. Mas ainda não apareceram o Deep Throath, a fonte que entregou as digitais de Nixon no crime e, mesmo com o jornalismo investigativo em moda, faltam a coragem do editor Ben Bradlee do Washington Post, que bancou o trabalho demolidor do jornal e, principalmente, a dupla de repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein.

Mídia digital, pesquisa analisa a força do jornalismo independente


(do Meio & Mensagem) 

Melhor gestão pública e combate à corrupção são temas veementemente abordados por diversas mídias digitais e independentes da América Latina. Mais da metade (66%) dos veículos produziram histórias publicadas pela imprensa internacional e 72% pelos veículos do seu país de origem. Como exemplo deste primeiro grupo está o artigo “The Phony Businesses of Veracruz”, de Animal Político, usado pela Associated Press e The Guardian e responsável por promover uma investigação completa pelo governo mexicano, que encontrou milhões de dólares e diversas contas bancárias ligadas ao Javier Duarte, ex-governador de Veracruz.
Estes dados são do estudo Ponto de Inflexão, publicado pela organização sem fins lucrativos de apoio a jornalistas empreendedores SembraMedia, em parceria com a empresa filantrópica Omidyar Network. A pesquisa analisou 100 startups de jornalismo digital – que variam entre pequenos projetos de voluntários voltados para nichos de público e organizações jornalísticas –, encontrados na Argentina, Brasil, Colômbia e México.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO MEIO & MENSAGEM, CLIQUE AQUI

sábado, 29 de julho de 2017

Bloch Editores: há 17 anos, a falência, o drama, a humilhação e a luta dos ex-funcionários


por José Esmeraldo Gonçalves

Acho que ninguém mais confere data em  "folhinha". Mas veja no calendário do seu celular: o próximo dia 1.º de agosto 'cai' numa terça-feira.

Foi também em uma terça-feira, há 17 anos, o 1.° de agosto mais dramático nas vidas dos ex-funcionários da Bloch Editores.

Ao longo da década de 1990, a Rede Manchete, do mesmo grupo, enfrentou grave crise. Foi vendida, devolvida, vendida de novo, voltou à Bloch e, afinal, foi comprada definitivamente por empresários paulistas, em 1999.

Se o fechamento da editora de revistas fundada em 1952 parecia àquela altura inevitável, tantas as dívidas, talvez a venda da TV injetasse alguma esperança, pensaria um otimista.

Mas, como disse Millor Fernandes, "o otimista não sabe o que o espera". Nem o pessimista, acrescento.

Há muito eram tensos os dias no prédio da Manchete na Rua do Russell. E, naquela manhã de terça-feira de agosto de 2000, a atmosfera estava mais pesada do que nunca. Talvez nem o mais pessimista entre aqueles que estavam no meio do furacão da Bloch esperasse o que estava por vir. Não naquela intensidade e nível de vexame.

Em questão de minutos, um "comando" bem treinado de oficiais de justiça percorreu os andares e ordenou que os funcionários que ainda estavam nos seus postos de trabalho abandonassem o local, levando seus pertences, e fossem literalmente para a rua após passar por uma humilhante e minuciosa revista. Não foram poucas as lágrimas que desceram de elevador.

Em depoimento no livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata), o coordenador de reportagem José Carlos Jesus recordou aquela terça-feira sombria:
“Quando o telefone da minha mesa tocou, me veio um estranho pressentimento. Tive a certeza de que aquela ligação estava me trazendo alguma coisa de muito grave. Do outro lado da linha, a voz, um tanto autoritária, logo confirmou. A ordem era que juntássemos todos os nossos pertences e nos retirássemos da sala e deixássemos o prédio o mais rápido possível. Só nos restava obedecer. Foi o que fizemos. A Bloch acabava ali. Para aqueles profissionais, uns, como eu, com trinta anos de trabalho, outros com quarenta, era o ponto final de um longo tempo de dedicação a uma empresa que já fazia parte da nossa vida, do nosso corpo e da nossa alma. Levei algum tempo para administrar o choque. ‘E agora?'”.

Bloch Editores: abandonada
às pressas em um triste 1° de agosto de 2000.
Há 17 anos... Foto bqvMANCHETE
Quem viveu aquela cena que não deixou selfies jamais a esquecerá. Anos depois, algumas fotos mostraram o que restou após o vendaval que varreu vidas profissionais e objetos que eram parte daquele que foi um dos maiores grupos de comunicação do país.

São imagens que dão uma ideia do que ficou para trás além das memórias.

Nos anos seguintes, os mais novos foram à luta e reconstruíram suas carreiras, outros não tão jovens, experientes, tentaram se adaptar a novos modelos e tecnologias ou descobriram alternativas fora do ofício e um número expressivo de antigos funcionários, os mais idosos, principalmente, passou a viver dias difíceis. Para muitos e saudosos colegas, difíceis e últimos.

José Carlos Jesus conta que o choque persistiu por meses. Processos de falência costumam ser longos e exasperantes para quem depende da quitação dos seus direitos. A legislação brasileira permite, infelizmente, que massas falidas se arrastem e acabem praticando autofagia. Quanto mais tempo levam mais consomem os bens que deveriam garantir suas dívidas. Era do conhecimento de todos que a Bloch Editores dispunha de um patrimônio importante e capaz de atender aos credores prioritários, que são os ex-funcionários. Mas nada atestava que tal patrimônio seria uma garantia irrefutável para o justo resgate dos direitos trabalhistas ou que a burocracia não o consumiria vorazmente.

Quem disse que pedra no caminho é apenas um verso de Drummond?

Ao mesmo tempo, sabia-se dos imprevistos e sombras que podem afetar e postergar um processo daquela magnitude. E a inércia e omissão dos principais interessados não ajudariam a torná-lo mais rápido e transparente. Coube a José Carlos propor iniciativas para acompanhar o desenrolar das ações da Massa Falida da Bloch Editores.

Por sugestão da Juíza da 5.ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, Maria da Penha Nobre Mauro, foi formada uma comissão de ex-funcionários para tornar mais efetiva a comunicação entre os credores trabalhistas e aquela instância. Designado presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE), José Carlos passou a se inteirar das etapas do complexo processo, promover assembleias regulares no Sindicato do Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, reunindo centenas de ex-funcionários, e a conduzir diplomaticamente as reivindicações do grupo - cerca de 2.500 pessoas -  junto ao Juízo, ao Síndico da MFBloch e ao Ministério Público.

José Carlos sempre registra como fator decisivo para as conquistas dos ex-funcionários ao longo de 17 anos o respeito, a abertura ao  diálogo, a sensibilidade sob o rigor da lei e o preciso senso de justiça da Dra. Juíza Maria da Penha Nobre Mauro.

Ao lado dos diretores da CEEBE, como Nilton Rechtman e Jileno Dias, e com a força participativa dos demais ex-funcionários da Bloch, o esforço resultou em vitórias: o recebimento do valor “principal” das indenizações, em 2009, três rateios da correção monetária, em 2012, 2013, 2014.

Contudo, o trabalho da CEEBE não terminou: há processos trabalhistas não concluídos, a MFBloch não encerrou a quitação da correção monetária devida aos processos findos, há bens da Bloch ainda a leiloar, houve derrotas na Justiça, com a MFBloch assumindo discutíveis responsabilidades de outras empresas, sem falar que determinados bens de legítima propriedade da editora destinados à quitação das dívidas, sendo a trabalhista prioritária, são frequentemente alvos de investidas por parte de terceiros.

Esse 1.° de agosto de 2017, 17 anos depois, sinaliza duas coisas aos ex-funcionários da Bloch:

- a burocracia dos processos de falência agride direitos trabalhistas, é desumana;

- quem quiser justiça que faça barulho e fique atento e forte. Apenas esperar não vai resolver seu problema.

Hi tech: Fone de ouvido Bluetooth WT2 traduz línguas estrangeiras em tempo real

A empresa chinesa Timekettle desenvolveu um aplicativo iOS para celular capaz de fazer tradução em tempo real. Por enquanto, o gadget ainda em testes é aplicável em iPhones e iPad e faz a versão de mandarim para inglês, mas outros idiomas serão adicionados à medida em que o projeto for desenvolvido.

O objetivo é tornar coisa do passado dificuldades de comunicação no estrangeiro tanto para turistas quanto para empresas. O aparelho se completa com um fone de ouvido Bluetooth WT2 acoplado ao smartphone. Na versão para testes, foi registrado um delay de três segundos na ação do intérprete digital. A Timekettle garante que esse intervalo será reduzido a menos de um segundo.

Para que ocorra uma conversa entre um turista e um local, será necessário que ambos disponham do aplicativo e dos fones especiais acoplados aos respectivos smartphones, caso contrário você se limitará a ouvir no seu idioma a fala do interlocutor.

Deverá ser útil para o básico. Lembrando que cautela é preciso nesse tipo de tradução digital. A expressão italiana "traduttore, traditore" ("tradutor, traidor") ensina que são comuns as armadilhas dos idiomas e os labirintos das culturas mesmo para muitos que têm fluência em língua estrangeira.

Imagine para um mero aplicativo.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Chico Buarque lança "Caravanas", seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2011. O clipe oficial de "Tua Cantiga" está quebrando a internet...



VEJA E OUÇA, CLIQUE AQUI

Fotografia & Justiça: a importante vitória de Orlando Abrunhosa





por Sérgio Rodas (do site Consultor Jurídico - Conjur)


O fato de uma imagem ser famosa não afasta os direitos do autor sobre ela. Este foi um dos fundamentos da 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para negou apelação da Infoglobo e condenar a empresa a pagar indenização por danos materiais e morais de R$ 93,7 mil a Carlos Orlando Novais Abrunhosa autor da icônica foto de Pelé comemorando um gol na Copa do Mundo de 1970 com um soco no ar. Segundo a decisão, reproduzir fotografia sem prévia e expressa autorização do autor configura a prática de contrafação, proibida pela Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998).

O autor foi à Justiça após os jornais O Globo e Extra, publicados pela Infoglobo, reproduzirem a imagem em sete ocasiões, entre 2009 e 2014, sem pedir autorização nem remunerá-lo. Segundo ele, a companhia violou seus direitos autorais sobre a fotografia, que foi publicada sem indicação de autoria.

Em contestação, a Infoglobo alegou que as reportagens tinham cunho informativo, de cunho social, sem fim lucrativo. Por isso, não teria cometido danos materiais e morais a publicar a imagem. Além disso, a empresa sustentou que teria havido prescrição, uma vez que já se passaram três anos das veiculações da foto, como estabelece o Código Civil.

Efeito pedagógico
O juiz de primeira instância deu razão ao fotógrafo, mas a empresa recorreu. No TJ-RJ, o relator do caso, desembargador Marcelo Lima Buhatem, entendeu que a reiterada publicação sem autorização das imagens configura danos continuados. Dessa maneira, o prazo prescricional para a ser contado a partir da data da última veiculação – no caso, 5 de janeiro de 2014. Como a petição inicial foi distribuída em 21 de maio daquele ano, não houve prescrição, destacou o relator.

A fotografia é uma obra protegida por direitos autorais, como estabelece o artigo 7º, VII, da Lei 9.610/98, apontou Buhatem. Assim, disse, a sua reprodução sem prévia autorização configura a prática de contrafação. E o fato de ser uma imagem famosa, comumente reproduzida, não afasta o direito do autor sobre ela, ressaltou o desembargador.

Para ele, a Infoglobo infligiu danos morais a Abrunhosa, e o mero pagamento de retribuição autoral não é suficiente. O valor da indenização, a seu ver, deve “desestimular o comportamento reprovável de quem se apropria indevidamente da obra alheia”. Considerando que a imagem foi reproduzida sete vezes, durante cinco anos, Marcelo Buhatem avaliou que a reparação de 100 salários mínimos – o que dá R$ 93,7 mil – fixada pela primeira instância é adequada.

Ele também concluiu que a Infoglobo gerou danos materiais ao fotógrafo, uma vez que usou indevidamente um patrimônio dele. Dessa forma, o magistrado decidiu que o ressarcimento deve ser feito com base no valor de mercado normalmente empregado para utilização de espaço nos jornais O Globo e Extra, a ser apurado na liquidação de sentença. O voto de Buhatem foi seguido por todos os seus colegas da 22ª Câmara Cível do TJ-RJ.

À ConJur, Marcelo Buhatem afirmou que a decisão reitera e potencializa os direitos do autor. De acordo com ele, o acórdão também serve para encorajar profissionais que estejam na mesma situação que Carlos Orlando Novais Abrunhosa — tendo suas obras reproduzidas sem autorização nem remuneração — a buscar a Justiça.


Fonte: Conjur


A FOTO SÍNTESE DA COPA DE 1970




Originalmente em preto&branco, a histórica foto de Orlando Abrunhosa foi colorizada para a capa da  Paris Match, em 1970. A revista francesa foi uma das publicações internacionais que não resistiram à icônica "pirâmide" dos craques do Tri. Antes, na versão p&b autêntica, foi capa da Fatos & Fotos 
A premiada foto do genial Abrunhosa foi alvo de muita pirataria. 
Em vida, ele lutou exemplarmente pelos seus direitos. Desde o uso não autorizado da foto em um selo dos Correios passando por capa de fita de vídeocassete e até inclusão ilegal em catálogo de uma agência internacional. 
Foi em torno da foto-símbolo da Copa de 1970 que o cineasta e jornalista Eduardo Souza Lima, o Zé José, fez o documentário "Três no Tri" sobre a trajetória de Orlando Abrunhosa. 
No caso em questão, a justiça agora feita vale como uma homenagem ao profissionalismo e talento do  grande fotógrafo. (José Esmeraldo Gonçalves)

Acendeu virou Manchete: Caixa de fósforos do Anos Dourados virou peça de colecionador...

O Brasil ainda é um país de fumantes. É o oitavo colocado no ranking da fumaça segundo pesquisa patrocinada pela Fundação Bill Gates publicada pela revista The Lancet. São cerca de 11 milhões e de homens e sete milhões de mulheres "nicotinófilos".

Em contrapartida é um dos líderes da lista de queda de número de fumantes ano a ano. A porcentagem de fumantes diários no Brasil caiu de 29% para 12% da população nas últimas duas décadas.

Por isso, caixas de fósforos são cada vez mais raras em tempo de isqueiros a gás, acendedores elétricos de fogões e aquecedores e... cigarros eletrônicos.

Mais rara ainda é essa caixinha de fósforos que está à venda no site Mercado Livre. Custa 29 reais.

O brinde promocional da Manchete é dos anos 1950, quando a redação da revista ainda estava na Rua Frei Caneca e fumar, como propagavam os filmes policiais americanos e franceses, era um toque de classe e elegância.  Tanto que a caixinha aí vista entrava nas boates e restaurantes chiques da época. Da Night and Day ao Montecarlo, Casablanca, Vogue e Bife de Ouro.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Ele&Ela, primeira e única

Por Roberto Muggiati

1969: EleEla número 1
Por pura desinformação, falta de memória ou preguiça de apurar – o Globo de hoje afirma categoricamente (no obituário de Domingo Alzugaray) que foi Status, lançada em 1974, “a primeira revista masculina do Brasil”.

Ora, as primícias nesse segmento do mercado editorial, para uma grande editora, couberam à Bloch, que lançou em 1969 a mensal Ele&Ela. Contribuo aqui com uma memória pessoal, já que trabalhei lá, como chefe de redação, em 1971 e 72, quando o editor era Carlos Heitor Cony.

Assim, como Pais&Filhos (franquia da alemã Eltern), lançada meses antes, Ele&Ela tinha direito aos serviços editoriais de outra mensal alemã, a Jasmin – serviços nunca usados, tal a disparidade entre as cabeças do brasileiro e do germânico. Cony e equipe saímos logo em campo para dar uma cara bem carioca à revista.

A principal dificuldade é que estávamos nos primeiros anos do AI-5, que proibia fotos nuas: as mulheres publicadas na Ele&Ela apareciam com as partes mais interessantes bem cobertas, não usavam sequer biquíni, mas aqueles duas peças enormes que só frustravam os leitores.

Seja como for, conseguimos criar uma revista masculina agradável e inteligente, forrada de bons textos. Entre os colaboradores, estavam os escritores João Antônio, José Carlos de Oliveira, Paulo Mendes Campos. Na redação, o jornalista e escritor Mário Pontes, o jornalista e cinéfilo Paulo Perdigão, a iniciante Susana Schild (hoje renomada crítica de cinema) e o crítico de arte Flávio de Aquino – que, com sua cultura fenomenal, escrevia praticamente sobre tudo.

O carimbo da censura prévia nos Anos 70.
Apesar de nossa cautela para evitar encrenca, tivemos alguns exemplares censurados. Antes de seguir para a impressão na gráfica de Parada de Lucas, a revista, em arte final, era submetida – não sei por que cargas d’água – a uma censora. (Recordei há pouco, aqui no Panis, um episódio bizarro em que a dita senhora recebeu o contínuo Neto de peignoir, numa clara tentativa de assediá-lo.)

Para profissionais que começaram a carreira trabalhando em jornal – e encarando o fechamento nosso de toda noite – fazer uma revista mensal era moleza. Mas, como éramos todos muito inquietos, nosso momentos de lazer serviram para darmos vazão a projetos pessoais. Cony concebeu nessa época o que ele considera sua obra máxima de ficção, o romance Pilatos, publicado em 1974.

A partir de um texto publicado em Ele&Ela – A perigosa viagem do som – escrevi o livro Rock: o grito e o mito/A música pop como forma de comunicação e contracultura, lançado em 1973 (o editor da Vozes, Mário Pontes, sentava ao meu lado na redação). El grito y el mito saiu em espanhol pela Siglo Veintiuno, editora de Borges e Cortázar, e vai ser relançado em breve pela Azougue.

Paulo Perdigão também ruminava o livro genial que escreveria depois sobre a derrota do Brasil para o Uruguai em 1950, Anatomia de uma derrota. Perdigão foi a única pessoa que conheci capaz de conciliar obsessões aparentemente díspares como o Maracanazo, o pensamento de Sartre (ele traduziu O Ser e o Nada) e o filme Shane/Os brutos também amam, ao qual assistiu (não é exagero) centenas de vezes.

Éramos uma pequena família. Pontualmente às seis da tarde, Cony cerrava, material e simbolicamente, as cortinas da redação (ficava no sétimo andar, de frente para a Baía de Guanabara) – foi por essa janela que assisti à minha última chuva de granizo.

Fazendo o tipo paizão, Cony dava carona ao pessoal da Zona Sul, com direito a uma parada no Leme, onde nos oferecia uma rodada de doces na confeitaria Chuvisco.

Uma pauta da Ele&Ela resultou num dos mais longos casamentos blochianos. Cony incumbiu a repórter Ana Maria Abreu (irmã de Marília, na época mulher do “guerrilheiro” Fernando Gabeira) de entrevistar gente conhecida sobre “o seu filme de amor preferido”. Entre os intelectuais procurados, Ana Maria ouviu Narceu de Almeida, então na redação da Manchete. A love story favorita do Narceu só podia ser, como ele, romântica e trágica: O acossado, de Jean-Luc Godard, em que a mocinha (Jean Seberg) entrega à polícia o mocinho (Jean-Paul Belmondo), que morre numa rua de Montparnasse com uma bala nas costas. Da entrevista ao casamento, Narceu e Ana Maria viveram felizes (com três filhos) até a morte prematura dele, em 1985 aos 52 anos. Na ocasião, Narceu era editor de Ele&Ela.

1974: Sonia Braga, uma das estrelas
da revista
Outros ocuparam a cadeira ao longo dos anos: Sérgio Ryff, Léo Borges Ramos, Henrique Diniz, Alexandre Raposo, Lincoln Martins.

Por uma destas arapucas do destino, a partir de 1999 – depois de mais de vinte anos como editor da Manchete – acabei sendo o último editor de Ele&Ela, já demie-bombée (a revista), nos estertores finais que levaram ao último sopro com a autofalência de Bloch Editores em 1º de agosto de 2000.

Aliás, logo estaremos, melancolicamente,  apagando as 17 velinhas do fim daquele que já foi um dos maiores impérios editoriais do Brasil.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Turquia prende ativista e funcionária da Avaaz, o site de petições sobre direitos humanos. Um novo "expresso da meia-noite" se movimenta no país... Centenas de jornalistas e editores já são passageiros do trem da repressão.

Özlem Dalkıran. Foto:Avaaz
O governo da Turquia mantém presa uma funcionária da Avaaz, o site global que promove campanhas, abre petições e pressiona governos e corporações sobre temas cruciais relacionados a direitos humanos, democracia, meio ambiente etc.

Por apenas ter participado de um reunião de defensores de direitos humanos,  Özlem Dalkıran, que também atua na Citizen's Assembly, foi encarcerada sem acusações formais, como milhares de pessoas brutalmente perseguidas pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoggan.

Uma petição foi entregue a Federica Mogherini, representante de Relações Exteriores da UE, que participou de encontro considerado crucial para a Turquia, já que foram discutidos acordos comerciais com a União Europeia.
Além de Dalkiran, outras pessoas foram presas ao participar de um seminário de direitos humanos em Istambul, entee os quais İdil Eser (da Anistia Internacional), Günal Kurşun e Veli Acu (da Human Rights).

A Alemanha criticou a Turquia pela detenção de opositores ao governo autoritário de Erdogan, no poder desde 2003. Com projeto de islamização forçada de um país tradicionalmente laico, o presidente acusa de "terrorista" a quem lhe faz oposição. Um cidadão alemão foi preso sob essa acusação infundada e multiplicada aos milhares atingindo centenas de jornalistas e editores. O governo alemão já avisou aos seus cidadãos que não pode garantir sua segurança na Turquia, assim como acesso consular. A resposta de Erdogan? "Ninguém tem o direito de interferir em assuntos internos da Turquia".

Em 1978, o diretor Alan Parker lançou um filme, hoje um clássico, sobre a prisão de um estudante americano na Turquia. "O Expresso da Meia-Noite"  mostrou o drama do estudante preso e jogado em uma cela degradante.

Agora pilotado pelo fundamentalista Erdogan, um novo expresso da meia-noite está em movimento na Turquia.

O número de turistas estrangeiros que visitam a Turquia caiu em quase 30%. O interesse de brasileiros em visitar o país também despencou pela metade, muito além do que pode ser atribuído à crise econômica.

domingo, 23 de julho de 2017

Época: Nos julgamentos da ditadura, juízes ignoravam as leis para condenar de acordo com a vontade dos militares...

Capa da Época: falsa Justiça, condenações políticas.

Gostou dessa? O contribuinte paga para Temer tirar a corda do pescoço


Rico ri à toa... e debocha de lei...


Chico Buarque: meme anuncia chegada do compositor ao Instagram





por Clara S. Britto
A famosa capa de um disco um disco de Chico Buarque, de 1966, é uma das memes mais populares das redes sociais. O Chico "triste" e o Chico "alegre" ilustram centenas de memes do tipo "eu não tinha", "agora tenho", "eu não era, agora sou" etc, cabe em qualquer situação.
O Estadão revelou que ao estrear no Instagram, Chico usou  a meme para anunciar sua nova conta oficialchicobuarque.

Acha que é fácil a vida de repórter? Coletiva acaba em queda...


O repórter Fred Gomes, do Globoesporte.com cobria a coletiva do jogador Diego Alves, na sede do Flamengo, e tudo ia bem até que ele resolveu sair do meio de campo e investir pela ponta direita. O resultado você pode ver AQUI

O cantor Seu Jorge é vítima de racismo. Criminosos devem ser denunciados e processados...

O cantor e ator carioca Jorge Mário da Silva, o Seu Jorge, foi alvo de racismo no Instagram.

Um internauta brasileiro identificado como hduartescp, o chamou de “preto de merda”. E prosseguiu praticando o crime de racismo ao postar outra ofensa: "Foda-se o mundo tá infestado de pretos”, recebendo aparentemente o apoio da internauta renatinha_katrina.

Seu Jorge, que atualmente mora nos Estados Unidos, respondeu:
 “Esse cara aqui @hduartescp entrou na minha transmissão ao vivo pra destilar o seu veneno racismo contra minha pessoa me ofendendo de graça lse eu nunca tê-lo visto em toda minha vida! O que vcs acham que eu devo fazer a respeito desse assunto? Alguma sugestão? Só não cale o famoso deixar pra lá, pra não dizer depois que nós os negros somos paranoicos e cheios de mimimi!”, 

Está aí pra todo mundo ver, e olha que ele conseguiu fazer isso a mais de 10.000 km de distância...Imagina como deve ser na vizinhança dele, na escola, com os empregados dele no futuro”
A melhor sugestão, claro, é ir à polícia que facilmente vai identificar os criminosos, e processá-los. O racista covardão hdduartescp amarelou e já retirou sua página do ar. O que não impede de ser rastreada e localizados seu endereço e todos os dados pessoais.

E você pode colaborar: no site Instituto de Defesa Cibernética há vários links onde podem ser denunciados crimes virtuais. Ajude a não deixar esses criminosos impunes.

Atualização em 24/07/2017 - Depois de o episódio de racismo repercutir nas redes sociais, o autor das ofensas foi supostamente identificado como menor de idade. Portanto, pela lei brasileira, mesmo se condenado, não pode ser chamado de "criminoso", mas de "infrator". Fica o registro.
Antes de deletar sua conta no Instagram, Seu Jorge revelou: “Acabei de receber várias mensagens do menino que me ofendeu quando eu estava ao vivo aqui no Instagram. Uma delas foi pedindo desculpa — muitas delas –, dizendo que não é racista, que errou, que foi força da emoção. Justificou a atitude dele com problemas que teve no passado com uma pessoa negra, e aí perdeu o controle. Conversamos, ele se mostra arrependido e ficou de publicar um vídeo pedindo desculpas a mim e a toda comunidade negra”.

Racismo como ele é... "Você faz faxina? Não, faço mestrado. Sou professora"

(Luana Tolentino, via Facebook)

Hoje uma senhora me parou na rua e perguntou se eu fazia faxina.

Altiva e segura, respondi:

– Não. Faço mestrado. Sou professora.

Da boca dela não ouvi mais nenhuma palavra. Acho que a incredulidade e o constrangimento impediram que ela dissesse qualquer coisa.

Não me senti ofendida com a pergunta. Durante uma passagem da minha vida arrumei casas, lavei banheiros e limpei quintais. Foi com o dinheiro que recebia que por diversas vezes ajudei minha mãe a comprar comida e consegui pagar o primeiro período da faculdade.

O que me deixa indignada e entristecida é perceber o quanto as pessoas são entorpecidas pela ideologia racista. Sim. A senhora só perguntou se eu faço faxina porque carrego no corpo a pele escura.

No imaginário social está arraigada a ideia de que nós negros devemos ocupar somente funções de baixa remuneração e que exigem pouca escolaridade. Quando se trata das mulheres negras, espera-se que o nosso lugar seja o da empregada doméstica, da faxineira, dos serviços gerais, da babá, da catadora de papel.

É esse olhar que fez com que o porteiro perguntasse no meu primeiro dia de trabalho se eu estava procurando vaga para serviços gerais. É essa mentalidade que levou um porteiro a perguntar se eu era a faxineira de uma amiga que fui visitar. É essa construção racista que induziu uma recepcionista da cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, a maior honraria concedida pelo Governo do Estado de Minas Gerais, a questionar se fui convidada por alguém, quando na verdade, eu era uma das homenageadas.

Não importa os caminhos que a vida me leve, os espaços que eu transite, os títulos que eu venha a ter, os prêmios que eu receba. Perguntas como a feita pela senhora que nem sequer sei o nome em algum momento ecoarão nos meus ouvidos. É o que nos lembra o grande Mestre Milton Santos:

“Quando se é negro, é evidente que não se pode ser outra coisa, só excepcionalmente não se será o pobre, (…) não será humilhado, porque a questão central é a humilhação cotidiana. Ninguém escapa, não importa que fique rico.”

É o que também afirma Ângela Davis. E ela vai além. Segundo a intelectual negra norte-americana, sempre haverá alguém para nos chamar de “macaca/o”. Desde a tenra idade os brancos sabem que nenhum outro xingamento fere de maneira tão profunda a nossa alma e a nossa dignidade.

O racismo é uma chaga da humanidade. Dificilmente as manifestações racistas serão extirpadas por completo. Em função disso, Ângela Davis nos encoraja a concentrar todos os nossos esforços no combate ao racismo institucional.

É o racismo institucional que cria mecanismos para a construção de imagens que nos depreciam e inferiorizam.

É ele que empurra a população negra para a pobreza e para a miséria. No Brasil, “a pobreza tem cor. A pobreza é negra.”

É o racismo institucional que impede que os crimes de racismo sejam punidos.

É ele também que impõe à população negra os maiores índices de analfabetismo e evasão escolar.

É o racismo institucional que “autoriza” a polícia a executar jovens negros com tiros de fuzil na cabeça, na nuca e nas costas.

É o racismo institucional que faz com que as mulheres negras sejam as maiores vítimas da mortalidade materna.

É o racismo institucional que alija os negros dos espaços de poder.

O racismo institucional é o nosso maior inimigo. É contra ele que devemos lutar.

A recente aprovação da política de cotas na UNICAMP e na USP evidencia que estamos no caminho certo.

sábado, 22 de julho de 2017

Vai um chocolate no "Capricho"?

por Armando F. Ferraz 
A revista Capricho cancelou há dois anos sua edição impressa para investir no meio digital. Acontece que "monetizar" (nomezinho que se dá a ganhar dinheiro, tornar lucrativo) sites de veículos jornalísticos não fácil nem aqui nem lá fora. Haja imaginação para descobrir fórmula de sobrevivência..
A revista Quem Acontece, que sairá das bancas agora em agosto, anuncia que manterá o site e tentará respirar comercializando eventos.
Jornais também estão investindo pesado em eventos, palestras, seminários, debates, feiras, eventos gastronômicos, de moda etc. No Rio, a maioria desses eventos tem sido maciçamente patrocinada pelo chamado Sistema S (Sesc, Senai, Sesi etc) como se vê em anúncios e matérias publieditoriais de alguns veículos impressos.
Aparentemente, não basta mais vender o produto ou criar edições especiais jornalísticas e correr atrás de anúncios. Eventos são um opção para explorar as marcas. Há núcleos, hoje, na mídia, especializados em criar cursos, debates, seminários, exposições etc, onde são discutidos temas ligados à economia, educação, violência, urbanismo, vinhos, comida, moda etc, não importa o campo desde que seja algo que tire do sufoco o comercial da empresa, respeitando características e público-alvo de cada veículo.
Imagem/Divulgação
Explorar o licenciamento da marca é outra boia de salvação. A Capricho, por exemplo, está lançando os chocolates "Capricho" em parceria com a Cacau Show e nos sabores brigadeiro e iogurte de morango.

Em 2016, segundo a Abril, a revista voltada para publico adolescente vendeu cerca de 10 milhões de produtos com a sua marca.
É uma tendência, dizem os marqueteiros. O  que não se sabe é se os jornalões e as semanais de informação vão aderir ao licenciamento de produtos e diversificar a estratégia muito além daquela antiga fórmula de vender coleções de fascículos, livros, louça, DVD, faqueiros etc.
Algo assim como a Coxinha Estadão,  Maionese Folha, Absorventes Istoé e Tacos de Golf  Época.
Detergente Veja e Biscoito Globo não dá: já tem concorrente na praça.


Fotografia - Na Carta Capital, a história de um legado de Robert Capa


No passado, essa foto encorajou voluntários estrangeiros a aderir à luta contra Franco. Agora, pode ajudar os atuais moradores do prédio. Foto de  Robert Capa

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA CARTA CAPITAL, CLIQUE AQUI

MANCHETE no Carnaval 2018: sorteio define ordem dos desfiles das Escolas do Grupo Especial

O Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, foi o palco, na semana passada, do sorteio da ordem de apresentação das Escolas de Samba no Grupo Especial do Rio de Janeiro.

O presidente da LIESA, Jorge Castanheira, revelou otimismo e disse contar com a garra e a criatividade das Escolas de Samba para superar o corte de verbas e realizar um grande espetáculo.

Algumas escolas já divulgaram seus enredos para 2018.

- Grande Rio - Homenageará Chacrinha com "Vai pro trono ou não vai?
- Salgueiro - "Senhoras do Ventre do Mundo".
- Portela - Contará em "De repente de lá pra cá e dirrepente daqui pra lá" a saga dos judeus que viveram no Nordeste brasileiro e depois fundaram cidades e sinagoga na América do Norte.
- Paraíso do Tuiuti vai duvidar se a Escravidão acabou em "Meu Deus, meu Deus, está extinta a Escravidão?"
- Imperatriz vai representar "Uma noite real no Museu Nacional", que festejará os 200 anos da instituição.
- São Clemente comemorará os 200 anos da Escola de Belas Artes, com "Academicamente Popular".
- Mocidade Independente virá de “Namastê... A estrela que habita em mim saúda a que existe em você”
- Vila Isabel, mostrará “Corra, que o futuro vem aí!”.
- União da Ilha cantará “Brasil bom de boca”.
- Unidos da Tijuca celebrará “Um coração urbano, Miguel (Falabella), o arcanjo das artes, saúda o povo e pede passagem!”
- Mangueira apresentará “Com dinheiro, ou sem dinheiro, eu brinco!”.
- Império Serrano percorre "O Império do Samba na Rota da China”.

ATUALIZAÇÃO EM 01/8/2017 - A Beija-Flor finalmente anunciou seu enredo para 2018:  “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”,

Veja como ficam as noites de Domingo, 11 de fevereiro, e Segunda, 12: 
Foto LIESA/Divulgação


sexta-feira, 21 de julho de 2017

Foto oficial de presidente rende piadas na web...


A foto oficial de Emmanuel Macron, o novo presidente da França e...

...variações que os...

...internautas produziram em...

...forma de...

...memes. Fotos/Reproduções Facebook/Tweeter
por Ed Sá 

As redes sociais, onde tudo se discute, não perdem a piada. De uns tempos pra cá, as fotos oficiais dos presidentes têm gerado boas polêmicas. A bola, ou a foto, da vez agora é o francês Emmanuel Macron, que decidiu inovar na pose. Por isso, a imagem tem cinco centímetros a mais do que a do seu antecessor. O problema é que as prefeituras e repartições públicas terão que arcar com o custo de trocar as molduras para acomodar a fotona.
Antes de Macron, a foto oficial de Donald Trump, que incluiu uma das frases dele, sem revisão, foi marcada por internautas em flagra de erro gramatical, coisa comum no vocabulário do atual inquilino da Casa Branca. Mandaram Trump voltar pra escola.
A primeira foto oficial de Temer, segundo o Planalto divulgou, tinha grosseiro erro de montagem e não havia sido tratada, o que foi corrigido depois. O photoshop deixou o ilegítimo com uma cara que lembra ainda mais um figurante de cinema da Transilvânia.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, quis uma foto com o mar atrás e foi criticado pelos conservadores por quebrar o protocolo. Ficou com jeitão de selfie de turista.
Macron não só recebeu críticas - um deputado disse que o presidente tem um "problema de ego que deve ser administrado" - como virou alvo de memes nas redes sociais.
Não se pode negar que a voz do povo também é divertida.

Memórias da redação: o dia em que Alberto Jacob foi cobrir para Fatos & Fotos a guerra que não aconteceu...


Trechos de um capítulo do livro "Memórias de um repórter", de Fernando Pinto. Junto com o
fotógrafo Alberto Jacob, ele cobriu a "Guerra da Lagosta" para Fatos & Fotos. 

O contratorpedeiro francês Tartu. O primeiro flagrante de um dos navios de guerra que invadiram os mares
do Nordeste durante a chamada "Guerra da Lagosta". A foto de Alberto Jacob, feita a bordo de um helicóptero militar,  foi publicada na Fatos & Fotos, cedida à Marinha do Brasil e reproduzida em jornais brasileiros e franceses. 
Entre 1961 e 1963, barcos franceses capturavam ilegalmente, no litoral do Nordeste, toneladas de lagostas. Pescadores, pequenas empresas e jangadeiros denunciaram a pirataria. As gestões diplomáticas com a França, então governada por De Gaulle, não avançaram e a Marinha brasileira enviou para a região a corveta Ipiranga, que apreendeu o pesqueiro francês Cassiopée.

A França enviou uma força-tarefa de peso, até com o porta-aviões Clemenceau, para as proximidades da área onde agiam os piratas franceses. O governo brasileiro mobilizou mais navios de guerra, a FAB e o 4° Exército sediado em Recife.



O relato reproduzido acima é um trecho do livro "Memórias de um repórter" de Fernando Pinto (Editora Thesaurus). Ele formou com o fotojornalista Alberto Jacob a dupla enviada al mare pela Fatos & Fotos para cobrir a "guerra" que acabou não acontecendo. No campo diplomático, posteriormente, o Brasil teve reconhecidas suas razões no episódio.

Com a foto "A Mão de Deus", Alberto Jacob
ganhou o Prêmio Esso  de 1971,
quando trabalhava no Jornal do Brasil. 
Alberto Jacob morreu na última terça-feira, no Rio, aos 84 anos.
O carioca começou sua carreira na Revista do Rádio, foi contratado pela Sétimo Céu, da Bloch, e integrou as equipes da Fatos & Fotos e Manchete que acompanharam a construção de Brasília, a citada "Guerra da Lagosta", a queda de João Goulart e as passeatas de protesto contra a ditadura.

Transferiu-se para o JB, onde ganhou um Prêmio Esso, em 1971, com a famosa foto da freira quase atropelada por um ônibus. "A mão de Deus" foi o nome com que ele batizou a imagem premiada.

Alberto Abraão Jacob foi um dos grandes mestres do fotojornalismo brasileiro.



Chegou o Snapcine. É o "netflix" brasileiro

Foi lançada há uma semana uma plataforma de streaming de filmes e séries brasileiras. O produtor Philipe Ribeiro criou para isso o aplicativo Snapcine, que estreia com 100 filmes. A notícia está no Meio & Mensagem

CONHEÇA O SNAPCINE, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Em 1977, a União da Ilha cantou um típico "Domingo" no Rio. Cheque os fatos: a cidade está hoje mais partida do que nunca...

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1977, a Beija  Flor foi campeã do Carnaval. Mas quem fez a festa na Avenida Presidente Vargas foi a União da Ilha.

Como a seleção da Hungria de Puskas, vice na Copa de 1954, a Holanda de Cruyff , vice em 1974, e o Brasil de Sócrates, Zico, Falcão e Junior, quinto lugar em 1982, a carismática escola da Ilha do Governador perdeu o título mas ficou na história - e no terceiro lugar - ao celebrar a alegre agenda de um típico domingo do Rio.

Uma rápida leitura nas notícias de hoje deixam bem claro que 40 anos se passaram na cidade mais partida do que nunca desde aquele Carnaval.

Vida que segue, ligaram o foda-se. Não vale nostalgia nem saudade, apenas medir a frieza dos fatos que passaram a abalar o modo de vida carioca que a União da Ilha cantou naquele distante ano.

A letra descreve um domingo no Rio de Janeiro. O Brasil estava sob a ditadura militar, "Domingo" cantava a vida e naquela noite a arquibancada sonhou com o "lindo dia que se anuncia". Se veio ou não veio, isso dá outro enredo.

Relembre a letra do samba. O puxador - ainda não era politicamente incorreto chamar assim o intérprete - foi Aroldo Forde.

"Domingo"

Autores: Aurinho, Ione do Nascimento, Adhemar e Waldir da Vala,

G.R.E.S União da Ilha do Governador (RJ)

Vem amor
Vem à janela ver o sol nascer
Na sutileza do amanhecer
Um lindo dia se anuncia
Veja o despertar da natureza
Olha amor quanta beleza
O domingo é de alegria 
No Rio colorido pelo Sol
As morenas na praia (bis)
Que gingam no samba
E no meu futebol

Veleiros que passeiam pelo mar
E as pipas vão bailando pelo ar
E no cenário de tão lindo matiz
O carioca segue o domingo feliz
Vai o sol e a lua traz no manto
Novas cores, mais encanto
A noite é maravilhosa
E o povo na boate ou gafieira
Esquece da segunda-feira
Nesta cidade formosa

Há os que vão pra mata
Pra cachoeira ou pro mar (bis)
Mas eu que sou do samba
Vou pro terreiro sambar

Percebeu? Agora veja como a cidade, de lá pra cá, tornou-se ainda mais dividida. Pois é, compare com letra do samba que virou poesia e desfez-se no sufoco atual:

"Praia" - O Globo revela hoje que o calçadão ganhará mais um quiosque de luxo e preços idem. O território mais democrático do Rio perde mais um espeço. Ainda é possível ao povão "ver morenas na praia" sem morrer em uma grana, mas tomar mais de uma cervejinha já é outra história. Quiosque, nem pensar. Foi gourmetizado.

"Samba" - O samba entrou em crise. Escolas discutem a relação, mas é certo que Carnaval está fora da  'bíblia" do prefeito. Os blocos que se cuidem.

"Futebol" - O Maracanã foi elitizado, perdeu a geral, o torcedor de havaiana, a dignidade e deixou de ser o "estádio de todos os clubes" como imaginou Mário Filho. Agora parece loja da maçonaria, fica mais tempo fechado do que aberto. Tem o Engenhão. Tem $im $enhor. Tem São Januário. Tinha. O Estádio do Vasco tomou um grampo de 180 dias.

"Mar" - Veleiros? Claro que só uma meia dúzia velejava e hoje nem isso, mas o resto podia pelo menos apreciar o "barquinho que vai", a tardinha cai"... O mar? Mais sujo do que cagueta da Lava Jato.

"Pipas" - praticamente sumiram da areia, especialmente aquelas em forma de gaivotas. Vê-las "bailando no ar" é bobeira. Vai perder o celular.

"Boate e Gafieira" - Ficou difícil, o jornal informa, hoje, que em um ano caiu em mais de um milhão de pessoas o número de usuários de ônibus, trem e metrô. Sem emprego, sem vale-transporte e com a explosão de assaltos, o carioca que não lava dinheiro e não tem conta ilegal no exterior botou o chinelão e ficou em casa vendo TV. Ou vai ao gargarejo do baile funk com direito a voltar pra casa  se não for no território "doszalemão".

"Cachoeira" - Também ficou mais complicado. O povão resiste, mas cumprir ritual afro, ir pra cachoeira, pra mata ou saudar Iemanjá no mar tende a ser atividade de risco. Fanáticos passaram a perseguir os cariocas filhos de santo.

Haja corpo fechado.

VEJA O VÍDEO DA UNIÃO DA ILHA NA AVENIDA EM 1977. CLIQUE AQUI



terça-feira, 18 de julho de 2017

A Terra é um ovo!

Entre as compras de hoje no mercado: aspargos frescos do Peru (a R$ 13,89); lentilhas em lata de Saint Étienne, França (a R$ 7,99); cebolinhas em conserva de Almería, Espanha (a módicos R$ 3,79 o vidro) e cornichons (pepinos) em conserva de Bangalore, Índia (baratinhos também). [É de Bangalore que vem todo o incenso consumido no Brasil.] Agora só me expliquem uma coisa: por que três cabeças de alho estão custando 20 reais? Caro pra car...amba! (Acácio Varejão)

Fotógrafo brasileiro vence concurso internacional

Vitória Régia Flower © Wendell Azevedo de Medeiros 

O paraense Wendell Azevedo de Medeiros, de 41 anos, é um dos ganhadores do 2017 Photo Contest  da organização ambientalista The Nature Conservancy (TNC).

Medeiros retratou uma vitória-régia em forma de coração no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. A imagem foi selecionada por um júri de fotógrafos especializados, entre as 100 melhores e, em seguida, apontada como a melhor na categoria Voto Popular.

O concurso atraiu mais de dez mil fotógrafos de 80 países, entre os quais 700 brasileiros.

Segundo o site TNC, Wendell Medeiros usou uma Nikon Coolpix, Lente 13.3 mm, Abertura f/3.0.

Entre os prêmios, câmeras profissionais, vale-compras e divulgação nas redes sociais da TNC.

Na categoria Global, a foto vencedora (abaixo) foi do norte-americano Geo Jooste.

Darter bathing. © Geo Jooste

VOCÊ PODE VER MAIS FOTOS NO SITE THE NATURE CONSERVANCY, 
CLIQUE AQUI

Vídeo de jovem saudita usando minissaia com meio século de atraso viraliza nas redes sociais. Bancada religiosa da ditadura islâmica quer condená-la a 60 chibatadas...

Arábia Saudita: jovem sob ameaça de chibatadas por divulgar vídeo onde usa minissaia. Reprodução You Tube

Há alguns anos, na Arábia Saudita uma jornalista, Rosana Al-Yami, 22, foi condenada a receber 60 chibatadas. Seu crime? Entrevistou um homem que admitiu ter mantido relações sexuais fora do casamento. Além do açoite, foi impedida de deixar o país islâmico por dois anos. O caso teve repercussão na época, 2009, por ter sido o primeiro em que uma jornalista foi condenada no reino fundamentalista - que é uma ditadura apoiada pelos Estados Unidos -, por exercer sua profissão e não diretamente pelo rígido código moral e religioso dos sauditas.

O caso que está viralizando na rede, agora, é diferente, mas igualmente representativo de um Estado extremamente repressor.

Uma jovem saudita está sob investigação, ameaçada de prisão, chibatas e corre risco de receber pena até mais pesada por ter se deixado filmar usando uma discreta minissaia, blusa de mangas curtas e cabeça descoberta. No caso, o crime é o de "indecência". O vídeo foi feito na cidade história de Ashkir e publicado nas redes sociais.

A jovem apenas mostrou um figurino que, no Ocidente, já comemorou meio século. A britânica Mary Quant lançou a minissaia em 1964 e dois anos depois recebeu da Rainha Elizabeth II a Ordem do Império Britânico.

Na Arábia Saudita as mulheres são proibidas de dirigir. A justificativa para isso é inacreditável: tanta mobilidade lhes daria mais liberdade para se "encontrarem com homens de forma privada", além de lhes "facilitar a circulação sem o uso do hijab.

Esse tipo de intolerância parece distante do Brasil. Mas temos aqui um "ovo da serpente" em fecundação: as tentativas frequentes  - e em muitos casos já em prática, através de leis aprovadas por bancadas de vereadores e deputados fanáticos- , de fundamentalização religiosa do Brasil, embora a Constituição determina que o Estado é laico. A vítima -  nesse ritmo e mais adiante -, será a liberdade individual.

VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI  

segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Quem" desacontece! Grupo Globo encerra edição impressa de revista de celebridades e manterá o título apenas na internet

O site Meio & Mensagem acaba de anunciar que a revista "Quem Acontece", do Grupo Globo, encerrará sua edição impressa.

A partir de agosto, a publicação especializada em celebridades se dedicará apenas ao meio digital e à realização de eventos patrocinados, com o site e outras plataformas digitais ganhando mais conteúdo.

"Em um contexto onde celebridades têm seus próprios canais de conteúdo, a marca visa acompanhar o segmento através de plataformas como Facebook, Instagram, Twitter e Pinterest", escreve o M&M. citando anúncio oficial da Editora Globo.

 Para um mercado abalado por crises, essa não é um boa notícia. Não há informações ainda sobre demissões de jornalistas.

Voo JJ3054: há dez anos, a tristeza pousou em Congonhas

Memorial 17 de Julho. Foto de Fábio Arante/Secom/Prefeitura de São Paulo


por José Esmeraldo Gonçalves 

Há dez anos, em 17 de julho de 2007, uma terça-feira, a maior tragédia da aviação brasileira chocava o país. O voo JJ 3054, do Airbus 320 da TAM, com 199 pessoas a bordo, fez um pouso desastrado no Aeroporto de Congonhas, ultrapassou o fim da pista e explodiu contra um prédio da empresa na Avenida Washington Luís. Não houve sobreviventes.

Dizem os especialistas que normalmente um acidente aéreo resulta de uma conjunção de fatores. No caso do desastre com o jato da TAM foram muitas as falhas e o descaso apurados. As investigações constataram que o Airbus voava sem um dos reversores, equipamento que faz uma inversão do fluxo do exaustor da turbina e ajuda na frenagem; vivia-se o "apagão aéreo" e havia um desgaste em toda a malha em função de atrasos e cancelamentos de voos, estressando funcionários em terra e no ar e com as companhias pressionando a todos para cumprimento de horários, segundo depoimentos de tripulações; matéria da BBC Brasil informa que o avião da TAM estava muito pesado por ter sido abastecido em Porto Alegre com mais combustível do que o necessário, isso porque o ICMS do querosene na capital gaúcha custava 8% menos do que em São Paulo; chuvas na véspera do acidente acumularam água na pista, cujo recapeamento não estava inteiramente concluído, faltava um elemento técnico, as ranhuras; e a tripulação recebeu um alerta sobre a pista escorregadia. A reportagem da BBC Brasil afirma que "o mais lógico, diante das condições, seria desviar para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, distante 31 quilômetros do plano original. Mas a inconveniência para os passageiros e tripulantes em época de apagão aéreo, e sobretudo a pressão da empresa em evitar outros aeródromos", fizeram com que os pilotos mantivessem o pouso em Congonhas.

O caso permanece em curso na Justiça. Ninguém foi punido até hoje.

Naquela terça-feira, eu voltava de São Paulo após uma reunião de trabalho. Com dois colegas, Sergio Zalis e Marcelo Tabach, cheguei a Congonhas por volta de 17h30 bem a tempo do voo da ponte-aérea para o Rio, se não me engano, o de 18h30. Menos de uma hora depois, fomos chamados a embarcar. Com os passageiros acomodados, a porta da cabine foi fechada, mas nada de o avião deixar a "sanfona" de embarque. Mais alguns minutos e, pelas janelas, percebemos uma agitação incomum entre o pessoal de terra.

O avião da TAM havia pousado em Congonhas às 18h48.

Menos de dez minutos depois, não mais do que isso, o piloto informou que havia um "obstáculo" no fim da pista e que o nosso voo seria cancelado até o dia seguinte. Estranhamos que um"obstáculo" interrompesse a pista por tanto tempo. Mas, enfim, eram dias de apagão aéreo e desembarcamos.

Logo ao deixar o portão de embarque, de volta ao terminal, soubemos por passageiros que aguardavam seus voos, também cancelados, que acontecera um acidente. Pelos relatos da rádio-corredor não parecia grave. Talvez um avião com problemas fosse o "obstáculo" na pista.

Não demorou muito essa impressão inicial desinformada foi deixada de lado: um forte odor de combustível queimado invadiu o aeroporto. Ao sair do terminal, já na rua, vimos uma coluna de fumaça à distância. O trânsito de carros e pedestres na Washington Luís já estava interrompido, sirenes ligadas, perplexidade. "Parece que tem mortos", informou um funcionário.

Tínhamos compromissos no Rio na manhã de quarta-feira e concordamos em não pernoitar em São Paulo. O trânsito nas avenidas próximas do aeroporto também parou, andamos em direção contrária à coluna de fumaça em busca de um táxi fora do entorno. Até então, os indícios não eram bons, mas não fazíamos ideia da extensão da tragédia. O motorista de táxi, tampouco. O rádio noticiava, ainda sem detalhes, praticamente só chamadas: "acaba de acontecer um acidente"...; bombeiros no local"...; "não há informações sobre vítimas", e não confirmava a procedência ou se o avião acidentado decolava e para onde.

Seguimos para o terminal rodoviário do Tietê. Lá, passamos rapidamente por TVs que abriam "plantões", ainda sem imagens do local do acidente. Não havia informações precisas sobre quantos passageiros o avião levava ou número de mortos, mas já se falava em tragédia. Corremos para comprar passagem e embarcar logo.

Enquanto estávamos no avião que não decolou havíamos desligado os celulares. Ao ativá-los, depois, pipocaram ligações. Amigos e parentes preocupados, especialmente aqueles que tinham o horário do nosso voo de volta e os colegas de quem nos despedimos após as reuniões e que sabiam que estaríamos embarcando naquele horário. No ônibus, rumo ao Rio, as informações iam sendo atualizadas no celular, 20 mortos, 50, 100, 150...

Evidentemente, não corremos qualquer risco. Mas ter estado tão próximos de um acontecimento tão triste, a poucos minutos de decolar da mesma pista onde o voo JJ3054 encontrou seu fim, foi um impacto a mais. Sempre que passo na Washington Luís e vejo a Praça Memorial 17 de Julho penso menos nesse relato pessoal desimportante que faço aqui e mais naquela noite triste, nas vítimas - que têm seus nomes esculpidos na mureta do espelho d'água -, e nas suas famílias.

E na impunidade que, ao que parece, só falta impôr aos passageiros a culpa pela tragédia de 17 de julho de 2007.

Disputa acirrada: redações brigam por troféu que vai premiar a maior cascata do ano...

por Armando F.  Ferraz

O site Coleguinhas, Uni-vos criou em 2015 o Troféu Boimate para premiar a redação que produz o maior número de cascatas e pós-verdades de cada ano.

A matéria da Veja sobre o "boimate". Algo a lembrar sempre às futuras gerações
e peça simbólica digna dos anais do jornalismo mundial. 

Boimate, como se sabe, foi um mentira cabeluda publicada pela Veja em 1983 exaltando cientistas alemães que "criaram" um ser que era uma mistura de boi com tomate. Naquela semana, a editoria de Ciência da Veja e seu redator-chefe esqueceram de tomar o remédio e levaram a sério uma brincadeira de 1° de abril - tradição manjadíssima no jornalismo local - da revista britânica New Scientist.

O troféu, como explica o site, é "o único prêmio dedicado aos coleguinhas que mais se destacam na tarefa de avacalhar o jornalismo brasileiro".

No momento, a Folha lidera o Boimate -2017. E a Globo News vence a segunda seletiva do King of the Kings.

Seis "notícias" já estão classificadas para a grande final em janeiro de 2018.

1. Jornalista da GloboNews festeja recessão e desemprego por devolver poder de compra aos brasileiros. (161 votos, 16%)

2. Estudante tem a cabeça quebrada por cassetete empunhado por policial e e Folha diz que foi por “homem trajado de PM”. (139, 14%)
3. Miriam Leitão afirma ter sido agredida por petistas durante voo, mas ninguém vê. (O Globo)  (127, 13%).
4. Veja acusa Lula de usar Dona Marisa para escapar de Moro. (121, 13%)
5. Procuradores da PGR dão “coletiva em off” para vazar nomes da Lista da Odebrecht. (Vários). (105, 11%).
6. Folha usa perito Molina para desqualificar gravações de Joesley Batista que mostram Temer cometendo diversos crimes. (88, 9%).


 TROFÉU BOIMATE – 2017 (CASCATAS POR REDAÇÃO)

1. Folha de São Paulo: 3

2. Veja: 2

3. IstoÉ, Record, Exame, Globo e Globonews: 1


VOCÊ PODE VOTAR E ACOMPANHAR A MARCHA DA APURAÇÃO NO SITE COLEGUINHAS, UNI-VOS, CLIQUE AQUI