sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Auto-Ajuda no Flamengo?

 


por Niko Bolontrin

Tite sonhava em treinar um time da Champions. Não deu. Ao longo de um ano sabático ele teria sido sondado apenas por poderosos esquadrões da Arábia Saudita e supostamente por uma extraordinária equipe da Flórida. A oportunidade de voltar à área técnica surgiu aqui mesmo no patropi. O Flamengo quer resgatá-lo um ano depois do Catarazzo. Tite pode levar o Flamengo a empilhar taças, mas divertido será voltar a observar seu estilo. O treinador é um voraz leitor de livros de auto-ajuda e, com base nessa inspiração, desenvolveu uma linguagem peculiar para explicar suas táticas futebolísticas. Nas coletivas Tite costuma mostrar seu lado coach e de influencer. Não funcionou nas copas mas dará para o gasto na Gávea, que está precisando de "motivação", "foco", "impulso", "redirecão"... Amigos do treinador falam que ele tem propostas dos Estados Unidos. Curiosamente, essas "proposta" apareceu junto com vaga aberta no Flamengo. Acho que dá para cravar que nada disso existe, Tite vai fechar com o time carioca


De Giovanni Falcone a "Carlos Gambino"


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

De logotipos, coincidências e memórias...

 



Um designer que frequenta este blog notou uma coincidência visual entre os logos da novela Elas por Elas e o título da extinta revista EleEla. Ele informa que não vê plágio  - há diferenças nas fontes - mas sem dúvida um sugere o outro como as reproduções que enviou demonstram. "A memória me remeteu a uma espécie de revista irremediavelmente extinta", diz ele.     

Fotomemória da redação: o fotojornalista Nilton Ricardo divulga a primeira foto profissional de Xuxa e a primeira capa de revista que ela fez

Xuxa, aos 15 anos, fotografada por Nilton Ricardo.
Para ela, posar era ainda um aprendizado. 
 

Aos 16 anos, fez sua prmeira capa, também com foto de Nilton Ricardo.
É visível sua rápida evolução como modelo. 
   

por José Esmeraldo Gonçalves
A Globoplay lançou recentemente no streaming a série "Xuxa, O Documentário". Como tudo que envolve o trabalho e a vida da Rainha dos Baixinhos, o doc biográfico repercutiu na mídia, bateu recorde de público na Globoplay e motivou o fotojornalista Nilton Ricardo a resgatar uma foto do primeiro ensaio profissional da modelo e apresentadora, aos 15 anos. A rara imagem foi publicada há algumas semanas na página do fotógrafo no Facebook, seguiu-se uma matéria no canal Splash, do portal UOL

Segundo Nilton Ricardo, a estréia da Xuxa em ensaio fotográfico profissional foi para um book destinado a mostrar às principais agências de publicidade o potencial da futura modelo. 

"Depois" - ele conta - "fiz a primeira capa da Xuxa, aos 16 anos, para a Carinho". Lançada no final da década de 1970, essa revista destinava-se ao público adolescente e fez grande sucesso até os anos 1990, obtendo números expressivos de circulação. 

Nilton comandou durante muitos anos o estúdio de fotografia da Bloch onde realizou centenas de ensaios. Na opinião dos principais editores da casa, ele dominava linguagem apropriada ao estilo de cada revista. Assim, tornou-se recordista de capas: foram cerca de 800 em Manchete, Fatos&Fotos, Amiga, Carinho, Mulher de Hoje, Desfile, Tendência, entre outras. Muitas delas protagonizadas por Xuxa Meneghel. Com longa trajetória na extinta Bloch, Nilton conta que não se limitou ao estúdio e se especializou em reportagens de ação: pulou de paraquedas, voou em jatos da FAB e escalou o Pico da Neblina, entre outras matérias do tipo experiências reais.

Por mais de 20 anos, Nilton Ricardo assumiu uma tarefa gigantesca: reunir depoimentos de centenas de fotógrafos que atuaram nos meios de comunicação do Brasil de 1950 a 2000. O objetivo foi traçar um painel do fotojornalismo. "Eu quis recuperar as histórias e a História segundo quem as viu passar diante e atrás das câmeras", define ele, que cumpriu a missão. O livro está pronto e Nilton agora enfrenta um desafio igualmente árduo: encontrar uma editora que torne o livro uma realidade ou um patrocinador que viabilize o projeto e ajude a levar às novas gerações a evolução do fotojornalismo segundo seus protagonistas.

Leia a matéria publicada no Splash AQUI


terça-feira, 26 de setembro de 2023

Messi é a novo golfinho do SeaWorld de Miami

por Niko Bolontrin

Todo respeito ao Messi, um dos maiores jogadores de todos os tempos. O argentino para efeito da história do futebol encerrou a carreira de verdade ao ganhar a Copa do Catar. Ao decidir ir para Miami jogar em um obscuro Internacional ele tomou uma decisão pessoal em interesse da família. Futebol não contou.

É patético ver um jogo de futebol em Miami.Tudo parece falso, a torcida organizada, a plateia e o jogo de baixo nível técnico. Em torno da estrela Argentina há um deserto técnico, com exceção, em monentos, de Jordy Alba e Busquet. 

Ver Messi em campo virou uma atração turística como os golfinhos amestrados, como o Pateta e Mickey. Os promotores dos jogos levam artistas de Hollywood para badalar o evento. Alguns vão embora depois da foto sem entender xongas do que vêem em campo. Messi sofre para dar algum coletividade ao soccer, como o nome diz, mas é difícil. Nas arquibancadas, brancos americanos até tentam entender o jogo mas ao chegar logo querem saber quem é o quarter back. O estádio não tem mais do que 20 mil lugares não totalmente ocupados. A maioria "latinos", como segrega a receita racista dos Estados Unidos, um balaio onde cabem todos os não brancos, mexicanos, colombianos, venezuelanos, brasileiros etc. Nas arquibancadas aparecem uns animadores de torcida que ganham por hora cujo entusiasmo parece mais falso do que nota de três dólares. Eles gritam na hora errada e comemoram até quando a bola sai na linha de fundo. Vai ver pensam que é um touch down. Há suspeitas de que os organizadores incluem na TV e nos estádios um play back da torcida vibrando e enlouquecida. O som não combina com a imagem da galera parada como se estivesse em um velório. A maioria não parece concentrada, nem vibra diante de um chute perigoso ao gol como faz o torcedor brasileiro, inglês, espanhol, italiano, alemão ou argentino.

Repito: todo respeito ao Messi, que faça bom uso dos dólares, mas é triste vê-lo no meio de mais essa tentativa de tornar o soccer esporte de massa no país do football jogado com as mãos, do baseball, do basquete e do hockey. Nos anos 1970, levaram Pelé e Beckenbauer para o Cosmos. Deu em nada. Depois, o inglês Beckham tentou impulsionar o Los Angeles. Mixou. Agora sobrou para o Messi. 

Para sair do vexame de Miami, o argentino tem uma saída: jogar a Copa de 2026 sediada por Estados Unidos, México e Canadá e encerrar sua carreira em grande estilo. 

Lembrando que dos três países-sede apenas o México tem o futebol originário como esporte nacional. E a próxima Copa recebera 48 seleções. Isso, 48. Prepare-se para ver peladas monumentais.

Por fim, um teste: cite agora, sem consultar o Google, um meio campo norte- americano talentoso, nomeie um grande atacante canadense. 

Pois é.


Jornalista adora entrevistado de vida fácil

 


O Globo de hoje publica uma entrevista com Hamilton Mourão. Deve ser a milésima desde que saiu do anonimato alçado à patente de bobo da corte da extrema direita. O culpa não é dele. É da velha fórmula jornalística que consiste em "repercutir" um fato. A delação premiada do Cid do B, o cambono de Bolsonaro, apontou para a participação de militares graduados em uma reunião em que se discutiu impedir a posse de Lula? "Corre lá, repórter, repercute". Na pressa, o jornalista, coitado, não consegue ninguém mais sério e apela para o Mourão que está em casa, no sofá, pijama com validade vencida, apenas esperando que um jornalista o procure. Sei lá por que, nunca falh,  sempre um escriba do Globo, Folha, Estadão, CNN, Globo News liga para ouvir o ex-general falar qualquer bobagem. Ele se acha espirituoso e, pelo jeito, os jornalistas também gostam do estilo "praça da alegria" do pilar da direita bolsonarista. Dessa vez, classifica a preparação  para um ataque à democracia  - onde até tentativa de atentado a bomba ocorreu - como "blá- blá-blá". 

Mourão é um entrevistado de vida fácil. É desfrutável. Está sempre de prontidão para falar e tirar um jornalista do sufoco quando for urgente "repercutir" um assunto. Vai acabar nomeado padroeiro dos repórteres desesperados.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Mídia - Globo diz amém para evangélicos e adere ao sertanejo

Até há alguns anos, a Globo não virava suas câmeras  para o chamado universo evangélico nem seus microfones captavam a música sertaneja. No quesito costumes, o grupo Globo se posicionava como progressista, como demonstravam as cenas ousadas e os temas de gênero incluídos em novelas.

Esse tempo passou. 

E o executor da nova estratégia global seria o diretor Amauri Soares, que assumiu o posto em março de 2023. 

No campo religioso, séries bíblicas, concursos de música gospel já despontam na programação; na música, além de série ficcional sobre uma jovem que luta pelo sucesso como cantora, documentários lamuriosos contam a trajetória de ídolos sertanejos. 

O que move a Globo não é a fé nem o gosto musical. É a busca pela audiência. A TV aberta, principalmente tem que matar um boi por dia para segurar os números em quedas na última década. A Globo Play é  máquina voraz de consumo de conteúdo. O música sertaneja dar una força nisso. E séries biblicas, concursos de música gospel e introdução de personagens carolas em novelas cumprem a mesma missão mercadológica. 

Obviamente, a estratégia implica em custos, um deles é a censura. A tesoura tem cortado cenas gravadas de beijos gays e cortado trechos de roteiros antes mesmos de serem gravados.

A propósito, aparentemente o último reduto ainda imune à música sertaneja é o Rock'n Rio, do qual a Globo é parceira. Como dizia o jargão dos colunistas de antigamente, "não será surpresa" se Gustavo Lima, Luan Santana e outros subirem no Palco Agro Pop. 


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Mídia - Entrevista exclusiva (*) com a maior fonte anônima dos jornalistas que cobrem Brasília: o Entorno


por O V. Pochê

O blog conseguiu entrevistar a atual e maior fonte dos jornalistas brasileiros que atuam no DF: o Entorno. Trata-se de um colaborador com muita mobilidade. O Entorno atua próximo a Lula, frequenta o circuito mais íntimo de Bolsonaro, isso mesmo, e está por dentro do que Haddad fará na economia. O Entorno está ao lado de Alexandre Moraes, o maior gerador de conteúdo do momento. O Entorno está colado em Roberto Campos Neto e sabe da Selic antes do Bolsonaro a quem o Bob conta tudo. O Entorno consegue falar com "pessoas próximas" ao comandante golpista da Marinha. O Entorno é tão importante que a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) já o convidou para uma palestra. O Entorno não trabalha sozinho em Brasília, ele tem a concorrência do Pessoas Próximas, do Fonte Confiável, do Interlocutor, Observador Atento, . Uma âncora da Globo News às vezes até dispensa nomear a fonte. Ela costuma dizer que tem "um bastidor" e manda lá uma "exclusiva" sem pai nem mãe, que o " bastidor" dela é autosuficiente,  elástico, tem vida própria e aceita tudo. O jornalismo brasileiro banaliza a fonte anônima porque não entende a utilidade que ela tem para o jornalismo investigativo e, por isso abusa e usa. O exemplo clássico é o Deep Throat do Caso Watergate: não era uma fonte declaratória, dava informações que balizavam a investigação e sinalizavam pistas. Cabia a Bob Woodward e Carl Bernstein correrem atrás dos envolvidos e suas ramificações. 

Reprodução O Globo

Reprodução CNN
Reprodução O Globo

A expectativa do Entorno na nota acima não se concretizou. Acontece.


Aqui o Entorno, em nome dos seus similares, mostra como funciona o fantástico mundo do jornalista especulativo e de caça cliques.

 - Senhor Entorno, como se sente ao fornecer temas de debates aos comentaristas dos canais por assinatura, que passam horas "contextualizando" suas informações? 

- Eu me divirto. Devo dizer que não fantasio a toa. Conheço a política e tudo o que crio obedece a uma lógica e, por isso, repercute. Muita coisa faz sentido para quem conhece Brasília. Eu invento, não aumento.

- O senhor obedece a algum político ou interesses?

- Não. Já passei por vários cargos de assessoria técnica nos três poderes. Conheço todo mundo, sempre ajudei os jornalistas. Antigamente me procuravam para fornecer pistas de reportagens mais extensas. Hoje, as novas gerações buscam qualquer coisa para sustentar opiniões e análises. Acho que o jornalismo mudou nesse sentido. Opinião é opinião não precisa assim de tanta confirmação. Um repórter me pergunta quem é o favorito para determinado cargo. Eu solto um nome elegível. E eles botam lá, 'no entorno de fulano um nome forte é sicrano'.

- O senhor também lança 'balão de ensaio' ?

- Sim, mas antes que você me pergunte, não ganho nada com isso. Não preciso de dinheiro. É engraçado. Pego o nome de um político vaidoso mas sem chance de ser indicado para um cargo importante e passo para um repórter ou comentarista. Acredite, basta isso para o nome circular e o citado estufar o peito nos corredores. Eu mesmo dou-lhe os parabéns por estar 'cotado". O cara acredita, outros políticos acreditam, e ele passa a se considerar cogitado para nomeação. Depois, quando não é nomeado todo mundo esquece, até o comentarista ou repórter que levou o nome para a TV. O cara fica feliz porque no interior, na base dele,  passa a ser visto como de prestígio em Brasília. O eleitor, coitado, pensa que em algum momento ele pode emplacar em um cargo.

- Você como fonte não perde credibilidade junto ao jornalista?

- De jeito algum. O jornalista marca ponto por obter um informação exclusiva do Entorno e o canal preenche muitos minutos da programação debatendo essa possibilidade. Viu o caso do Aras? Nunca teve chance mas foi levado a sério para continuar na PGR. Nesse caso, dois políticos do PT lançaram o ' balão de ensaio', não fui eu. Mas houve um nome de um certo candidato a ministro da Defesa que circulou na mídia e jamais teve chance.

- Eu conheço um advogado muito badalado ultimamente. Confesso que ajudei a impulsionar, como se diz, a sua figura. Uma repórter adorou quando citei seu nome em off, claro, e fez média junto à chefia.

- Você não acha que essa entrevista vai queimar o Entorno.

- Acho que não. Tem muitos outros por aí, até contratados por políticos. Têm o Fontes Próximas, tem o Pessoa Ligada A...", têm o "Membro das Forças Armadas" , esse eu acho esquisito mas ultimamente tem subido muito como fonte.

- Você já foi desmentido?

- Por incrível que pareça, não. Veja, eu invento algo crível. Como tantos movimentos na política pode ou não acontecer. Não sou jornalista mas não sou burro e posso dizer o seguinte: a demanda por notícias é hoje muito grande. A velocidade de consumo de conteúdo e brutal. O tempo era mais lento nos anos 1990 e ainda mais lento nos anos 1980.  Havia um colunista de política muito famoso e considerado que não inventava notas mas veiculava o que os políticos lhe pediam. Ouvi muitas vezes, ' passa pro fulano que ele vai na minha casa hoje e vai gostar. Fala que fui eu que mandei'. Vigorava uma troca de favores. Ele divulgava a nota de interesse do politico e o político ficava devedor e um dia lhe daria uma notícia legítima.

- Você colaborou com jornalistas durante a Lava Jato ? Pergunto porque muito jornalistas participaram dos esquemas ilegais da Lava Jato.

- Não. Acho que a Lava Jato nem precisou disso, tinha ligação direta com vários jornalistas. Ninguém me perguntava nada sobre a Lava Jato. Dois ou três jornalistas que sempre falavam comigo nunca me perguntaram nada. Achei estranho porque na época eu trabalhava em um "entorno" que poderia interessar a eles. Não precisaram, recebiam tudo direto. Até livros foram publicados, não é?

- Sr.Entorno, muito obrigado. Posso usar suas informações? 

-Claro. Faço isso tudo dia. Nas últimas semanas induzi "candidatos" ao STJ, STF, AGU, PGR e até Ministério da Justiça. 

(*) Entrevista ficcional com fundo e frente de verdade. Qualquer semelhança é mera realidade 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Os novos pracinhas Guga Chacra e Demétrio Magnoll vão reforçar as tropas da Ucrânia

 


Os oligarcas da mídia brasileira e sua mão de obra visível não são muito claros em relação à adesão do Brasil ao Zelenski, coisa que advogam em comentários em análises. Não esclarecem, por exemplo, se defendem que o Brasil enviem "pracinhas" para a Ucrânia. Pelo entusiasmo com que falam de Zelenski, Guga Chacra e Demétrio Magnolli parecem já estar engraxando os coturnos para invadir a Criméia. O Globo Repórter fará um especial quando eles partirem.

Oh! que delícia de guerra

 


Flamengo vai criar Diretoria do B.O.

 


segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Mídia: reflexões sobre uma foto

  

Em 1963, Jango, em viagem presidencial ao Chile
e ainda em Santiago, recebe a edição da Manchete com parte da cobertura da visita.
Foto de Nicolau Drei  

por José Esmeraldo Gonçalves 

Há alguns dias, Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, escreveu aqui sobre a tradicional agilidade da revista ao reabrir edições para acrescentar acontecimentos importantes, de última hora. As coleções mostram outro exemplo desse compromisso extremo com a notícia. Em 1963, Jango visitou o Chile. Foi uma das inúmeras viagens do então presidente em seu curto mandato. Foi a países da Europa, aos Estados Unidos, onde foi recebido por John Kennedy e desfilou em carro aberto na Quinta Avenida e, ainda como vice-presidente, foi à China, então país fechado e muito raramente visitado por nações ocidentais ou da América do Sul, como nós do Sul Global, como se corrige agora. 

Já engajado na campanha golpista que resultou na ditadura a partir de 1964, O Globo mantinha fogo cerrado contra Jango. Manchete cobria bem as viagens do presidente brasileiro, com farta ilustraçãpo, embora a revista também abrigasse conspiradores na sua diretoria, como foi revelado em 1981 no livro "1964, a conquisa do Estado", de René Dreyfuss, com nomes e funções dos envolvidos no organograma da preparação do ataque fatal à democracia. 

Na foto, Jango, ainda em Santiago, entrega um exemplar da Manchete ao presidente Jorge Alessandri, que ficou surpreso ao receber impressa em prazo recorde a cobertura de parte da visita presidencial. "No es posible, no es posible", disse o anfitrião, enquanto Jango brincava: "Eles querem concorrer com a televisão"

Em uma das páginas da edição aparece a primeira-dama  Maria Teresa Goulart, que também era frequentemente atacada pelo Globo. Alessandri, aliás, disputaria nova eleição em 1970, quando perderia para Salvador Allende que, há 50 anos, foi assassinado por militares chilenos comandados por Pinochet e com apoio da ditadura brasileira e dos Estados Unidos. 

O encontro do sorridente Jango com o chileno aconteceu há 60 anos. Manchete não mais existe, mas há coincidências históricas aí. O Grupo Globo em todas as suas plataformas está agora em forte e previsível campanha contra Lula. Editorialistas, comentaristas, colunistas parecem seguir ordens da cúpula e ampliam um jogral deturpado de "interpretações" sobre cada passo do governo. Tal qual os idos de 1963. Maria Teresa era alvo, assim como Janja é vítima, hoje. O que ela fala, veste, o que compra, tudo é ironizado pelo Globo. 

O mais espantoso: o jornalão dos Marinho publicou recentemente um editorial pedindo "paz". Paz para os golpistas, bem-entendido. O Globo diz que o país tem que se reconciliar com a turba que depredou o Congresso, o STF e o Planalto. O elemento terrorista que tentou explodir uma bomba em um caminhão de combustível perto do aerooprto? Relevemos, sugere o editoriatista. O grupo que tentou e felizmente não consegui lançar um ônibus em cima de carros que conduziam pessoas que voltavam do trabalho? Esquece. Foi o calor do momento. Não sabemos  ou sabemos das intenções do Globo. De golpe o jornal sabe tudo. A julgar pelo que escreve e fala, o Grupo não pretende se conciliar ou pelo menos ser jornalisticamente honesto com um governo que apenas uma semana depois de tomar posse foi vítima de uma tentativa de golpe. Vê-se em alguns bolsões que a tentativa foi apenas pausada. O Globo, assim como Estadão, Folha, Farialimer, neopentecostalismo, cacs, viúvas da Lava Jato, narcogarimpo, o agro pop e Roberto Jefferson etc procuram um candidato do "centro" para 2026. Ainda não encontraram e essa pretensão tem uma condicionante histórica: se não tem tu vai tu mesmo. "Tu mesmo" sendo o replay de 2018 com um "Paulo Guedes" garantidor, como os colunistas do Globo afirmaram na época, que vai preservar os privilégios econômicos seja quem for o tal meliante escolhido para representar o "centro" Quer apostar?            

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Em 1974, Jackie O foi intimada a devolver jóias que havia recebido de presente durante o mandato de John Kennedy. Michelle B se inspirou na ex-primeira-dama norte-americana?

 

Reprodução Manchete. Clique na imagem para ampliar.

por O.V. Pochê 

Por falar em Jackie Onassis, não haveria muito em comum entre a sofisticação jet-setter da ex-primeira-dama da Casa Branca e a controvertida figura com carimbo da Ceilândia autodenominada Mijóias.  Agora há: o gosto por se apoderar de jóias caríssimas presenteadas por visitantes oficiais, pertencentes por lei aos respectivos patrimônios nacionais e não às pessoas físicas em questão. 

Em 1974, ainda no âmbito das investigações do Caso Watergate, a justiça constatou a falta de colares com esmeraldas, rubis e diamantes, cintos de platina, casacos de pele etc no acervo da Casa Branca. Foi comprovado que Jackie embolsara o tesouro. No mesmo ano, ela foi obrigada a devolver todas as peças, conforme a Manchete registrou. 

Antes de Jackie O, Pat Nixon também afanou preciosidades do acervo da Casa Branca. 

Aviso aos navegantes: não vale a defesa do esquema Mijóias do clã usar esses precedentes como justificativa para a mão leve que subtraiu as preciosidades que vieram da Arábia Saudita. Registre-se que as peguetes oficiais de Nixon e Kennedy devolveram os tesouros e não tentaram repassá-los em obscuras negociações no mercado paralelo de receptação internacional e não vestiram placas de "vendo ouro" para negociar o que não lhes pertencia.     

terça-feira, 12 de setembro de 2023

A foto e o fato: o dia em que o mundo viu o "bush" de Jackie Onassis


por José Esmeraldo Gonçalves

Jacqueline Kennedy foi a mulher mais fotografada da sua época. Vestiu as melhores grifes, era disputada pelos mais famosos estilistas. Não deixa de ser irônico que uma das suas mais famosas sequências de fotos mostre sua elegância despida de qualquer marca registrada a não ser o seu mais íntimo figurino à vista na Ilha de Skorpios. A ex-primeira-dama da era Camelot dos Kennedy tinha 43 anos. 

Em fins de 1972 , a revista Screw publicou uma série de imagens da viúva de John Kennedy - então casada com o bilionário grego Aristóteles Onassis - peladíssima. A Screw usou a palavra "bush" (arbusto) para ressaltar o exuberante e plebeu ecossistema pubiano da sofisticada Jackie. Se o Messias descesse à terra naquela semana de fevereiro não teria provocado tanto alvoroço na mídia. As máquinas pararam no mundo como se recebessem um comando único. Todos os veículos queriam aquelas fotos. É possível que até a redação do Osservatore Romano tenha lamentado não poder entrar no leilão sob pena de tortura nas masmorras do Santo Ofício. A Fatos & Fotos deu capa logo em seguida. As imagens correram o mundo como um rastilho incendiário.

Imediatamente, o autor das fotos, o italiano Settimio Garritano, que teria feito o flagrante em setembro de 1972, tornou-se o fotógrafo mais admirado e invejado do mundo. Ao mesmo tempo, os paparazzi mais experientes lançaram suspeitas sobre os tantos ângulos e posições das imagens. Depois de duas ou três fotos de tanto valor de mercado, qualquer paparazzo teria caído fora da ilha cheia de seguranças para não correr o risco de ser capturado e perder o ouro já garantido. 

Jackie posou, as fotos foram consentidas? Garritano nunca revelou a verdade sobre o que de fato aconteceu na Ilha de Skorpios. Nem explicou porque esperou três meses até que as fotos fossem vendidas e publicadas. Esperava autorização de quem as contratou?

Um jornalista norte-americano, Christopher Andersen afirmou que o próprio Onassis quis humilhar Jackie por considerar que ela o desprezava; o filho do bilionário, Alexander Onassis, movido por questões familiares, também figurou como suspeito. 

Onassi morreu em 1975. O filho faleceu em janeiro de  1973, vítima de acidente aéreo, quase um mês depois da Screw publicar as fotos. Jackie Kennedy morreu em 1994 e, pelo menos publicamente, nunca se interessou em desvendar o "místério".

Em 1975, Garritano vendeu o material, incluindo sobras, para a revista masculina Hustler, que publicou imagens ainda mais frontais. Na mesma época os cinemas exibiam o filme Histoire d"O com a sensual Corinne Cléry. A mídia passou a chamar Jacqueline Kennedy Onassis de Jackie O.                      

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Memórias da redação: Há 50 anos, “Salvador Allende, presente!” • Por Roberto Muggiati

 



Era terça-feira, 11 de setembro de 1973, e a Manchete estava fechada quando soubemos do golpe no Chile. A magnitude do fato exigia um registro imediato. Com grande parte da revista já impressa, optamos por um encarte de oito páginas. A relativa proximidade geográfica permitiu-nos obter material fotográfico dos trágicos acontecimentos que culminaram com o suicídio de Salvador Allende e o massacre de seus apoiadores, acuados no Palácio de la Moneda e bombardeados pela artilharia, tanques do exército e aviação, comandados pelo general Augusto Pinochet. Massacradas também foram as forças da resistência civil, formadas por bravos, mas mal equipados grupos estudantis e operários. Revivi agora aquele momento histórico vendo pela primeira vez o filme de Helvio Soto Chove em Santiago (1975), que descreve as últimas horas do governo Allende.

Mesmo sendo uma semanal ilustrada de assuntos gerais, com forte ênfase no mundo do entretenimento, a Manchete sempre manteve um compromisso com a cobertura da atualidade. Não foram poucos, nas décadas seguintes, os acontecimentos que exigiram a reabertura da revista às terças-feiras. Lembro o assassinato do Rei Faisal da Arábia Saudita por seu sobrinho em 25 de março de 1975. 


Em 1974, quando o presidente norte-americano Richard Nixon renunciou na onda do Escândalo de Watergate, na sexta-feira, 9 de agosto de 1974, fizemos uma edição extra em preto-e-branco que chegou às bancas em menos de 24 horas.


O assassinato de John Lennon em 8 de dezembro de 1980 – nas primeiras horas da terça-feira 9 de dezembro, horário de Brasília – nos levou à produção de um encarte na edição de quarta-feira e a atualização com uma chamada enorme ocupando quase metade da capa de gala de Pelé, já praticamente impressa.


Na segunda-feira, 30 de março de 1981, o presidente Ronald Reagan sofreu um atentado a bala em Washington. Tivemos de esperar a chegada das fotos pelo malote de Nova York para paginar a matéria de abertura e a capa na manhã de terça-feira. Três coisas a destacar:

• Semanas depois, em 13 de maio, na Praça de São Pedro, no dia de Nossa Senhora de Fátima, o Papa João Paulo II sofria um atentado.

• O atentado contra Reagan foi cercado de conotações cinéfilas, ele próprio tendo sido um galã de Hollywood. A cerimônia de premiação do Oscar, marcada para aquela noite, foi cancelada. O agressor, um adolescente perturbado, atirou contra o Presidente para chamar a atenção da atriz Jodie Foster, que despertou nele uma paixão obsessiva ao vê-la no filme Taxi Driver, cujo tema era justamente um atentado político.

•  O autor das melhores fotos do atentado contra Reagan foi o brasileiro Sebastião Salgado, da agência Magnum, que vinha na cola do presidente para registrar seus primeiros 100 dias de governo. Salgado, com o dinheiro da venda das fotos, conseguiu se dedicar ao seu projeto de documentação da natureza e da ocupação humana voltado para a preservação do planeta.


Numa terça-feira especial de março de 1985, Carlos Heitor Cony, com sua vocação de portador de más notícias, me ligou de Brasília no meio da noite: “Muggiati, como editor da Manchete você precisa saber: o Tancredo não toma posse amanhã. ” Dito e feito. A cobertura da doença do primeiro presidente civil pós-ditadura se estenderia por mais de cinco semanas de trabalho desgastante para os jornalistas, principalmente os da imprensa diária. Com Gervásio Baptista como fotógrafo oficial da presidência – escolha de Tancredo confirmada por Sarney – tivemos a primeira foto exclusiva do presidente após sua hospitalização: com dona Risoleta e o corpo médico em Brasília. Foi capa, com a chamada triunfalista TANCREDO: A VOLTA POR CIMA. Às seis da manhã da terça-feira toca meu telefone de cabeceira. O chefe de reportagem, Cesarion Praxedes, esbaforido, me avisava que Tancredo acabara de ser transferido para o InCor, em São Paulo. Com as fotos da remoção do Presidente atualizamos a matéria de abertura. A foto da capa ficou ainda mais atual, com uma nova chamada: TANCREDO: O DRAMA DO PRESIDENTE. Seria a última foto de Tancredo Neves vivo.

Outra terça-feira 11 de setembro ocuparia os noticiários, a de 2001, com a explosão das Torres Gêmeas em Nova York. Ficamos fora dessa, os jornalistas da Manchete. As Torres Gêmeas do Russell já haviam caído, em 1º de agosto de 2000. Significativamente, uma terça-feira...

PS • O 11 de Setembro do Bem 

Foto da sessão de gravaçã de Love me do, em 11 de setembro de 1962 na capa da partitura.

Aconteceu no ano de 1962 em Londres, nos estúdios de Abbey Road, quando os Beatles gravaram o seu primeiro single: Love Me Do/P.S. I Love You. Foi uma tarde tumultuada. 

O produtor da EMI, George Martin, considerava Ringo Starr um baterista de bailes e preferiu se garantir com um escolado baterista de estúdio, Andy White. Mas, pressionado por John, Paul e George, Martin resolveu dar uma chance a Ringo. Usou alternadamente os dois bateristas para escolher a melhor take. Só a 17ª tentativa, com Ringo à bateria, agradou seus exigentes padrões. Àquela altura John já estava com os lábios anestesiados de tanto soprar o riff na gaita-de-boca. Finalmente, depois de tanta luta, os rapazes de Liverpool conseguiam gravar seu primeiro disco. Coincidência histórica: 11 de setembro de 1962 também caiu numa terça-feira.



quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Lula vacila ao defender voto secreto de ministros do STF

 


Lula está fazendo um bom governo e recolocando o Brasil no caminho da democracia, do desenvolvimento e da justiça social. E, além disso, precisa de apoio para afastar o risco fascista representado pelo bolsonarismo golpista e corrupto. Dito isso: Lula não pode ser criticado? Negativo: se a esquerda não puder critica-lo todos seremos "gado", como é a facção bolsonarista. Pedir voto secreto no STF é absurdo, é inconstitucional e desrespeita a sociedade.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Torcedor nazista que grita frase de Hitler no US Open é expulso da quadra. Você conhece a frase, ela inspirou slogan do governo Bolsonaro

Tenista alemão Zverev denuncia torcedor nazista que gritou slogan de Hitler. Reprodução vídeo Espn

No US Open, o tenista alemão Alexander Zverev interrompeu a partida para denunciar um torcedor que gritou frase que foi lema da Alemanha Nazista: "Deutschland Über Alles [Alemanha acima de tudo]". Zverev se dirigiu ao juiz e apontou o torcedor nazista, que foi expulso da quadra.

Lembrando que, no Brasil, um presidente, o nefasto Bolsonaro, escolheu a frase de Hitler como slogan do seu governo. E nada lhe aconteceu, nem mesmo a mídia criticou a versão brasileira da expressão nazista. Aqui é crime exaltar símbolos e peças de propaganda nazista. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Fotografia - Em duas imagens, Brasíila entre a esperança e o terror


Esperança: Sob as colunas do Palácio do Planalto e diarte da multidão
 JK inaugura Brasília. Foto Equipe Manchete (Gil Pinheiro, Gervásio Baptista, Jáder Neves e Jankiel)
 

8 de janeiro de 2023 não acabou. A Polícia Federal,  o Supremo Tribunal Federal, além de uma CPM,I  ainda investigam os terroristas bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto, a sede do Congresso e o próprio STF. Há centenas de réus aguardando a condenação, falta enquadrar e botar atrás das grades os mandantes e financiadores do ato terrorista que tentou golpear a democracia. Dias antes, a facção criminosa bolsonarista tentou explodir uma bomba em um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília e, em uma cena impressionante, como fotos e vídeos mostraram, manobrou um ônibus sobre um viaduto da capital com o intíuito de lançá-lo sobre os carros que passavam na avenida logo abaixo 
e conduziam pessoas que voltavam do trabalho.   

Os canais de notícias acompanham esse processo, diariamente. 

Por isso, ver casualmente o Palácio do Planalto estampado nas páginas de uma edição especial da Manchete, de 1960, à venda em um sebo em Laranjeiras, projeta uma curiosa linha do tempo entre duas épocas, dois eventos.

A página dupla da Manchete Memória mostra o momento em que JK recebe as chaves  do palácio. À frente das grandes colunas que caracterizam a arquitatura da sede do governo, uma multidão de brasileiros esperaçosos imaginava participar do primeiro capítulo de um novo futuro. Oscar Niemeyer revelou em entrevistas a inspiração para as formas geométricas que criou. "A intenção das colunas longitudinais era traduzir a leveza de uma pena pousando no chão". 

A realidade política do Brasil não respeitou a poesia em concreto sonhada pelo arquiteto. 

Apenas quatro anos depois,em 1964, jagunços fardados entraram em cena. Durante 21 anos - dos 63 que Brasília completou em abril passado - as colunas de Niemeyer viram desfilar os "gorilas" da ditadura que, longe da leveza, comandaram uma longa linha dura de perseguições, sequestros, assassinatos e corrupção. 

À frente  mesmo palácio, a explosão de ódio: terrorristas bolsonaristas atacam
a sede do governo. Foto de Marcelo Arruda/Agência Nacional

E, entre 2019 e 2022, a "pena pousada" viu um sociopata escrever um triste roteiro que  desgovernou o Brasil e incentivou a criminosa invasão que destruiu prédios públicos.          

Roubaram o relógio de Carlos Sainz em Milão. A polícia não informou se brasileiros estavam envolvidos



Após do GP de Fórmula 1, em Monza, o piloto Carlos Sainz, da Ferrari, foi roubado ao chegar ao hotel em Milão. O ladrão levou um relógio no valor de 2 milhões de reais. Sainz correu atrás do larápio e recuperou a jóia. 

Não. Bolsonaro, Cid e Cid pai não estiveram ontem em Milão.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Em 1955, um Picnic subversivo em Hollywood • Por Roberto Muggiati


Zapeando pelo YouTube, fui brindado com um favorito que não revia desde o século passado: Picnic/Férias de amor (1955), o filme que Joshua Logan fez baseado na sua montagem da peça de William Inge ganhadora do Pulitzer, estreada há 70 anos na Broadway. Esse drama romântico usa todos os ingredientes da receita clássica de Hollywood, mas o resultado é um prato picante, duro de engolir para o Establishment. Uma arte subjetiva como o cinema enseja que Fred Astaire dance abraçado amorosamente a um cabideiro ou, em desafio à Lei da Gravidade, sapateando sobre o teto. Em Cantando na chuva, Gene Kelly se esbalda chutando poças d’água até que surge um policial de ronda com seu cassetete e Gene se refreia com um irônico/icônico piscar de olhos para a plateia.

Picnic transcorre no que tinha tudo para ser um pacato fim de semana do Labor Day (a primeira segunda-feira de setembro) numa cidadezinha do Kansas. Mas a chegada de um clandestino num trem de carga vai estragar a festa de todo mundo. Hal Carter, de origem humilde, garoto de reformatório por roubar uma moto, entra na universidade graças a seus dotes atléticos, jogando futebol americano.  Terminada a bolsa, tenta sem sucesso uma carreira de ator em Hollywood. Na caça a um emprego, procura o ex-colega de universidade Alan Benson (Cliff Robertson), cujo pai é dono da imensidão de silos de grãos que se elevam na planície do Kansas. Kim Novak, no papel de Madge, a beldade local, eleita Miss neste verão, é praticamente noiva de Alan Benson. Sua mãe, abandonada pelo marido, antevê já seu casamento com o filho do dono da cidade. Mas bastam duas ou três trocas de olhares entre Hal e Madge para eclodir uma paixão avassaladora. Na metade exata do filme, a dança de acasalamento dos dois é uma das maiores cenas romântico-eróticas do cinema.

Veja William Holden & Kim Novak Dancing in the Movie Picnic - YouTube

https://youtu.be/_DBoMIi8bYc?si=O2JxP1M7oCmP93SV

Essa manifestação de amor explícita provoca uma crise de carência na irmã adolescente de Madge (interpretada por Susan Strasberg), uma explosão de ciúme na professora solteirona (Rosalind Russell), que rasga a camisa de Hal, e o despeito de Alan que, tendo emprestado seu carro a Hal, o denuncia à polícia por furto. Humilhado, Hal vai embora num trem de carga para Tulsa, onde o aguarda um emprego como mensageiro ou ascensorista de um hotel.  Ao se despedir de Madge, ela diz que o ama e o seguirá até o fim do mundo. O desfecho, filmado de helicóptero, mostra os caminhos do trem de Hal e do ônibus de Madge convergindo para o final feliz desta história subversiva em que a mocinha, que podia casar com o dono da cidade, escolhe o amor, a qualquer preço.

PS1 • Um dos grandes galãs dos anos 50, William Holden brilhou ao lado de Gloria Swanson (Crespúsculo dos Deuses), Audrey Hepburn (Sabrina),  Grace Kelly, com quem teve um caso,  (As pontes de Toko-ri), e Jeniffer Jones no lacrimoso Suplício de uma saudade.


PS2
• Por acaso, também revi no YouTube outro favorito, Um lugar ao sol (1951), cuja ação também culmina num Labor Day. Dirigido por George Stevens, e manual de redação de noveleiros globais como Manuel Carlos e outros de sua geração, foi baseado no romance de Theodore Dreiser Uma tragédia americana. Conta a história de George Eastman (Montgomery Clift), sobrinho pobre de um magnata industrial que, contrariando as regras da empresa, tem um caso com uma funcionária da fábrica, Alice Tripp (Shelley Winters). Promovido rapidamente, George começa a frequentar a casa do tio, onde se apaixona por Angela Vickers (Elizabeth Taylor), filha de outro industrial milionário. É hora de se descartar da pobretona Alice, mas a coisa fica mais difícil depois que, grávida, Alice começa a pressionar George para que se case com ela. Um escândalo o fará perder o emprego e a namorada rica – Liz Taylor, na flor dos 19 anos – está apaixonadíssima e quer casar com ele. Ciente de que Alice não sabe nadar, George a convida para um passeio no fim de semana do Labor Day. Passeando num lago, a canoa emborca, os dois caem n’água e George se salva deixando Alice se afogar. A justiça não tarda e um júri popular o condena à cadeira elétrica. Na cena final, a garota dos olhos violeta visita George, jurando seu amor eterno, enquanto ele caminha lentamente para THE END.