domingo, 19 de agosto de 2018

A força-tarefa do sistema na mídia - por Dênis de Moraes


Reprodução Blog da Boitempo

por Dênis de Moraes, para o Blog da Boitempo

Em um dos seus textos mais imprescindíveis, lido ao receber o título de professor emérito da Universidade de São Paulo no dia 28 de agosto de 1997 e publicado postumamente em livro, pela primeira vez, em Combates e utopias: os intelectuais num mundo em crise, por mim organizado [1], Milton Santos delineou o cenário que hoje se consolida: a “instrumentalização pela mídia” de intelectuais que trabalham no interior das organizações do setor, ou que, vinculados à academia, ao mercado ou a instituições específicas, com elas se entrelaçam por convergências político-ideológicas ou motivações outras.

Não escapou à aguda percepção do mestre da geografia humana que a reputação do intelectual já não depende do valor de sua obra e da força de suas tomadas de posição; agora, confunde-se com a consagração pelas engrenagens midiáticas, baseada na visibilidade alcançada pela inserção nos veículos por elas controlados. Daí a reação de Milton contra o declínio da figura do intelectual crítico na sociedade de telas e monitores: “Nosso trabalho não é produzir flashes, frases, mas ajudar a produzir consciência. A cautela do intelectual perante a mídia televisiva não significa recusá-la, porque ele necessita da difusão de seu trabalho. Mas é necessário ser prudente, prudência que vem apenas da consciência plena do papel que temos para exercer.”

Com efeito, a maior parte dos espaços de opinião na chamada grande mídia está atualmente preenchida por dois tipos de intelectuais: aqueles formados dentro das próprias empresas ou por elas projetados (colunistas, comentaristas, âncoras, autores, roteiristas, etc.), em sintonia com seus princípios e prioridades; e os selecionados externamente pelas corporações a partir de suas habilitações profissionais ou acadêmicas e, sobretudo, por seus perfis ideológicos.

LEIA O ARTIGO COMPLETO AQUI

Nenhum comentário: