quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Bibi Ferreira (1922-2019) - Quando a Contigo! celebrou o talento da grande dama do teatro

Revista Contigo!/Foto de Renata Xavier/Reprodução

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 2011, a Contigo! homenageou Bibi Ferreira no Teatro Poeira, em Botafogo. A noite era do 5° Prêmio Contigo de Teatro, mas se transformou em uma celebração do talento e da trajetória de Bibi.

A reverência da classe artística, no momento em que a eterna dama do teatro subiu ao palco, deu à fotógrafa Renata Xavier a oportunidade de registrar a imagem mais sugestiva e emocionante, aquela que abriu a edição especial da revista. Aos 89 anos, Bibi permanecia ativa com atriz e cantora, seduzindo todas as gerações. No palco, quando os aplausos cessaram, ela falou sobre a carreira, os momentos marcantes, os obstáculos e a força para superá-los.

Tribuna da Imprensa - 1973 - Reprodução

Enquanto Bibi ecoava em cada frase seu amor pelo teatro, rebobinei algumas lembranças dos encontros que, como repórter, tive com ela. Em 1974, cobri para a Tribuna da Imprensa, os ensaios do espetáculo "Brasileiro, Profissão Esperança", no Canecão, com Clara Nunes e Paulo Gracindo, que Bibi dirigiu. Com muita firmeza, mas sem perder a serenidade, ela às vezes interrompia a cantora e o ator. Não lhes dizia didaticamente o que fazer. Mais parecia atrair Clara e Gracindo para a sua proposta cênica sem lhes tirar o espaço próprio de criação. Lembro que havia uma preocupação no ar: como dar ao espetáculo o clima intimista que as canções e o roteiro pediam em espaços tão vastos como o palco e a platéia do Canecão? (*). Durante os ensaios, Bibi observava constantemente a iluminação. Ali estava precisamente um dos seus segredos. A luz que incidia em Paulo Gracindo e Clara Nunes, projetada sobre um fundo de palco negro e vazio, dava ao público a sensação de "viajar" a uma pequena boate de Copacabana dos anos 1950, ouvindo "Ninguém me ama", "A noite do meu bem", "Fim de caso" e outras canções que se alternavam com o texto de Paulo Pontes. Acho que aquele "Brasileiro Profissão Esperança, sob a direção de Bibi, poderia ser levado até ao Maracanã que não perderia o clima.

Em 1975, no Teatro Tereza Rachel, dessa vez como espectador, reencontrei Bibi como a Joana, amante de Jasão, o casal que pontificava a tragédia urbana ambientada na favela carioca. Era "Gota d'água", escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes. Sob ameaça da censura em plena ditadura, a peça só estreou porque os autores negociaram alguns cortes. A "tesoura" não teve o poder de conter o impacto da montagem. Ao fim, o público deixava o teatro ainda sob choque.

No ano seguinte, 1976, fui entrevistá-la para a Fatos & Fotos, em Copacabana, em um apartamento na Barata Ribeiro, se não me engano, onde Bibi morava com Paulo Pontes e vivia um momento delicado. O dramaturgo lutava contra um câncer. Após uma breve separação, a atriz havia voltado para o companheiro a quem apoiou até o fim. Paulo Pontes morreu no fim de dezembro daquele mesmo ano. Ali era a Bibi vivendo seu drama da vida real.

Prêmio Contigo! de Teatro homenageia Bibi Ferreira. Na foto de Dario Zalis, Danielle Winits,
José Mayer, Sophie Charlotte, José  Esmeraldo (então chefe de redação da revista) e Lília Cabral 

Reprodução/Contigo!

Ao final daquele Prêmio Contigo, enquanto os fotógrafos se preparavam para fazer a foto de capa, Sergio Zalis, diretor da revista, literalmente me levou a subir ao palco, onde me vi junto a Bibi Ferreira, Danielle Winits, José Mayer, Sophie Charlotte e Lilia Cabral. Eu não sabia, mas Sergio queria aquela foto para ilustrar o editorial que ele escrevia para a seção Carta, a "conversa com o leitor" da Contigo!. Dario Zalis fotografou.

Na hora foi um surpresa. Hoje, junto às pequenas lembranças da grande Bibi Ferreira, tenho  a imagem do grupo onde só eu destoo como um desses privilégios que a profissão proporcionou.

(*) Bibi Ferreira dirigiu também no Canecão "Brasileiro, Profissão Esperança" , com Ítalo Rossi e Maria Bethânia. Existe um DVD gravado ao vivo em Porto Alegre, com a atriz fazendo dupla com Gracindo Jr. no mesmo espetáculo.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Brasil acima de todos, a tosquice acima de tudo

por O.V.Pochê

Que o Brasil vive dias toscos, é só abrir a janela para comprovar. Parece que um fenômeno bestialógico abriu fendas na terra e das profundezas emergiram o bizarro, o grotesco e o surreal. Como dizia a carta-canção de Chico Buarque nos anos de chumbo, "muita mutreta pra levar a situação.Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça. E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça. Ninguém segura esse rojão"

Sinta o drama:

* O ministro Paulo Guedes acordou ontem pensando que era John Kennedy e afanou um pensamento do  presidente americano. Em discurso para servidores, Guedes fez uma pausa dramática antes de dizer: "Todos os dias, vem gente de todo o Brasil para pedir coisas ao Brasil. Mas eu pergunto: o que eles podem dar ao Brasil?". A frase de Kennedy cujo conceito Guedes chupou foi: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país". Se era para copidescar a frase, teria sido melhor Guedes se inspirar em Orson Welles, que foi mais original ao recriar a mesma declaração de Kennedy: "Não pergunte o que você pode fazer pelo seu país. Pergunte o que tem para o almoço".

* O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também conhecido como ministro da Mineração, extraiu do intestino uma frase para desqualificar Chico Mendes, o líder ambientalista assassinado em 1968. "Que diferença faz quem é Chico Mendes?" (...) "O fato é que é irrelevante". A diarreia do ministro, que é réu por improbidade administrativa em ação pública ambiental, provocou reações no Brasil e no mundo.

* O Flamengo faz de um conjunto contêineres com uma só porta de saída alojamento para garotos da sua divisão de base. Acabou em tragédia.

* O general Heleno Nunes tem pesadelos recorrentes com a Nova Cruzada. Ele acha que a Amazônia é a nova Terra Santa e o Papa Francisco e os Cavaleiros Templários estão prontos para invadi-la. O general acha que o Sínodo sobre Amazônia, que o Vaticano realizará em outubro, é um Cavalo de Troia para ocupar a floresta. As fronteiras já estão avisadas para barrar Ricardo Coração de Leão e Godofredo de Bulhão.

*  O ministro da Educação, Velez Rodriguez, colocou no seu currículo livro em "coautoria" com o escritor francês Tocqueville morto em 1859. A curiosa observação é do professor Rafael Mafei, da USP.

* Nova modalidade de salvação se espalha pelo país. Desde que um pastor instalou em estacionamento de uma igreja um drive in para oração, esse tipo de marketing da fé tem crescido. O fiel não precisa sair do carro, molha a mão do religioso e descola um conselho ou uma cura expressa.

* As redes sociais estão informando que Bolsonaro acaba de deixar o hospital.

* Professora de uma escola pública de Campinas (SP) estava obrigando alunos a rezar e anotar versículos da bíblia independentemente de a criança ser ou não cristã. A tosquice fundamentalista foi punida. Uma das alunas, que candomblecista, se recusou a participar e passou a sofre bullying. A mãe da criança processou a escola. O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o Estado deverá pagar uma indenização à aluna de R$8 mil. Só que sobrou pro contribuinte. Essa quantia não deveria sair do Estado mas da sacolinha da professora.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Ricardo Boechat: uma ausência

Em 1993, Manchete foi encontrar Ricardo Boechat na redação do Globo.
O colunista posou  para o fotógrafo Orlando Abrunhosa na mesa de trabalho,
que era sua trincheira. 
O jornalismo perdeu Ricardo Boechat no momento em que seu trabalho era mais importante.

O Brasil está precisando de indignação.

Muita.

E Boechat foi, na grande mídia, um dos poucos que não não se deixou calar e deu voz à justa indignação sem selecionar os alvos.

Em 1993, a Revista Manchete reuniu em uma matéria de várias páginas os principais colunistas da época. O título: "A guerra dos colunistas". O subtítulo: "Obrigados pela crise a dar menos importância às dondocas e badalações, eles partem para o jornalismo mais in do Brasil".

Boechat, um dos focalizados, comentou a mudança que motivava a pauta da revista.

- "O colunista teve que se transformar em repórter apurador", disse ele ao repórter Jorge Eduardo Antunes, sem sequer observar que sua obstinação pela notícia era um dos fatores da evolução do colunismo.

A força das redes sociais era então uma miragem, os fatos não eram acessados com um clique e os jornais impressos ainda eram a fonte mais disputada de notícias de várias áreas. Como apurador, Boechat era um cão farejador que se desafiava a contar o que nem sempre podia ser desvendado.

A internet provocou uma crise de identidade no jornalismo impresso, abalou a mídia, e Boechat, como tantos outros profissionais, teve que se reinventar. Firmou-se como âncora na TV aberta, sem  se empolgar com sites, canais de You Tube e redes sociais. Curiosamente, foi encontrar seu melhor público em um veículo cuja força é hoje subestimada: o rádio e o seu programa nas manhãs da Bandeirantes, de grande repercussão.


Ricardo Boechat recebeu justas homenagens. Uma, talvez, simbolize a missão cumprida junto ao público, a razão de ser do jornalismo. Foi a manifestação espontânea dos taxistas, dos quais a voz de Boechat foi passageira e, agora, torna-se ausência e saudade.

VEJA O VÍDEO DA HOMENAGEM DOS TAXISTAS, EM SÃO PAULO. CLIQUE AQUI

Na capa da Revista do Brasil, a festa dos sem-impostos...

Na capa da Revista do Brasil, um tema do qual a velha mídia costuma passar ao largo: os três maiores bancos privados do Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) pagaram aos seus acionistas, em 2018, quase 37 bilhões de reais.

Essa gigantesca mufunfa não é tributada.

Pense nisso ao receber seu salário já com desconto de Imposto de Renda.

Com base em dados da Confederação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro, a revista mostra que o leão do fisco é mansinho quando se trata de magnata. Só nessa transação, o governo deixa de arrecadar quase 5 bilhões de reais.

Exerça pelo menos o seu direito de ficar indignado ao ver a tramoia em andamento da reforma da Previdência, do arrocho de aposentadores e benefícios. Isso vai ser fácil para as facções políticas. Mas cobrar impostos sobre dividendos e corrigir injustiças do sistema tributários, que ferra mais quem ganha menos, não se fala. Ao defender a reforma da providência, políticos, tecnocratas e colunistas de economia, mensageiros do mercado, acenam que o projeto acabará com as aposentadorias milionárias de privilegiados, marajás e categorias poderosas. Você sabe que isso dificilmente vai acontecer. No fim, vai sobrar para os de baixa renda e os idosos, que não conseguirão pagar nem o boleto da funerária.

Nenhum governo mexeu na facção dos dispensados de impostos.

Não por acaso, o sistema financeiro, que tem bancada própria no Congresso, é um dos maiores contribuintes para os caixas das eleições.

Pegou a visão ?

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Fotografia: Há 60 anos, Ethan Russel fez a última foto dos Beatles

Reprodução/The Guardian

A última foto do Beatles juntos foi feita em 22 de agosto de 1969. O autor da imagem: Ethan Russell. O cenário: uma propriedade rural de John Lennon, perto de Ascot. Em matéria publicada hoje pelo Guardian, Russell recorda o dia. Os Beatles já estavam em crise: "Eu poderia pedir para eles sorrirem, mas seria totalmente falso e eu estou feliz por não ter feito isso".
Durante 10 anos, até 1978, o americano Ethan Russell fotografou outras estrelas e bandas de rock, como Rolling Stones, Jimi Hendrix, The Who.
Leia no Guardian, AQUI 

Diretora da Vogue faz festa na Bahia e rede social vê racismo em noite temática de sinhás e mucamas

Donata Meireles, diretora da Vogue Brasil, em modelito sinhá&mucamas. Reprodução Instagram
Repercute nas redes sociais uma bizarra festa de aniversário de Donata Meireles, que acumula o ofício de socialite com o de diretora da Revista Vogue Brasil.

Tão logo começaram a circular na web, as fotos da festa dos 50 anos da Meireles provocaram reações. O regabofe parecia ter o Brasil Colônia como "conceito", como costumam rotular os marqueteiros. Se Debret fosse convidado para a festa, realizada no Palácio da Aclamação, em Salvador, teria se sentido à vontade entre suas fontes de inspiração: só faltou o pelourinho, havia "mucamas", "sinhás", tronos e abanadores.

Como lembrancinha da volta ao passado, convidados posavam em tronos ao lado de "escravas". Aniversariante e convivas talvez esperassem likes e carinhas alegres a enfeitar as postagens rede social afora. Foi aí que entrou areia no coco e o acarajé passou do ponto. O bombardeio foi de críticas que assinalaram teor "racista' da badalação. A aniversariante pediu desculpas. se "causamos uma impressão diferente". Taoquei, mas entre mucamas, abanadores e tronos, que impressão deveria ser passada?

Houve quem gostasse. Segundo a colunista Paula Saldanha, do site GPSLifetime, "a brasilidade vibrou" na noite e "quem embalou os convidados foi o nativo Caetano Veloso". A coluna não informa se Caetano cantou "eu sou neguinha".


sábado, 9 de fevereiro de 2019

Barraco na mídia: jornal tenta chantagear executivo




por Flávio Sépia 

O jornal National Enquirer, tabloide popular que circula nos Estados Unidos desde o fim do anos 20 do século passado, nunca teve boa fama. Antes da Segunda Guerra chegou a assumir uma linha pró-fascista. Especializou-se, depois, com mais ênfase, em cobertura de crimes, acontecimentos sobrenaturais, discos voadores e celebridades. Nos anos 1970, era a bíblia da fofoca e um fenômeno nas bancas. Enquanto a revista People, na mesma década, focalizava os famosos de uma maneira, digamos, mais amistosa, o National Enquirer investia na baixaria sem medo de ser feliz.

A Fatos & Fotos fez acordo de utilização de matérias no Brasil com as duas publicações, não ao mesmo tempo: a People, entre 1975 e 1978; Enquirer de 1979 até 1981, talvez. A parceria com a People funcionou, havia naturalmente forte interesse do leitor brasileiro na "intimidade" dos astros e estrelas de Hollywood. Já a dobradinha com o National Enquirer não decolou, embora o absurdo às vezes fosse cômico e divertisse os redatores que traduziam as matérias. Era baixíssimo o nível de gossips e escândalos dos famosos e dos personagens freaks que eles adoravam "investigar": algo do tipo a mulher com duas vaginas do Kentucky ou o pastor abduzido que pregou para extraterrestres em uma galáxia distante.

Precisou Donald Trump chegar ao poder para o National Enquirer, quem diria, entrar no radar da luta política que divide os Estados Unidos e virar assunto sério do Globo de hoje.

O National Enquirer, que é da American Media que, por sua vez, pertence a David Pecker, antigo parça de Trump, colocou repórteres e fotógrafos para acompanhar Jeff Bezos, dono da Amazon e do Washington Post, com o objetivo de flagrá-lo ao lado de uma suposta amante: a jornalista Lauren Sanchez, ex-apresentadora de TV.

Bezos denuncia que, de posse de "fotos íntimas", o National Enquirer ameaçou publicá-las caso ele não desmentisse publicamente que via "motivação política" na obstinação do tabloide em torno da sua vida pessoal. 

Trump é crítico da Amazon e se incomoda profundamente com a cobertura política do Washington Post. Por isso, Bezos vê na relação entre o presidente e o Pecker a motivação do tabloide para segui-lo por cinco estados em busca das tais fotos íntimas. Em artigo publicado no seu blog, Bezos explica porque apesar de ameaçado pelo Enquirer decidiu não ceder à chantagem. "Se eu, na minha posição, não posso enfrentar esse tipo de extorsão, quantas pessoas poderiam?", escreveu ele, negando-se a entrar no jogo do amigo de Trump.

A American Media de Pecker já foi utilizada por Trump como "laranja" na intermediação dos pagamentos com que  tentou comprar o silêncio da ex-modelo da playboy Karen Mc Dougal e da atriz pornô Stephanie Clifford, que supostamente tiveram casos com o atual inquilino da Casa Branca. Clifford acabou revelando em livro, como prova de que sabe do que está falando, que Trump tem um pau abaixo do tamanho médio, nada que possa ser chamado de "Trump Tower" e em um estranho formato de cogumelo. Depois de classificar como "nada impressionante" o sexo com o magnata, ela insinuou que Trump tem déficit de atenção durante a trepada e às vezes parece se desligar do que está fazendo. Trump e Pecker agiram para impedir que essas revelações cogumelianas contaminassem a campanha eleitoral.

Os escândalos políticos em Washington costumam ter esses detalhes fálicos, são bem produzidos e roteirizados, quase hollywoodianos. Remember a estagiária Monica Lewisky, que também teria vazado uma característica do pênis de Bill Clinton: seria torto e desgovernado, a ponto de tornar difícil uma performance do tipo "garganta profunda". 

E pensar que Itamar Franco pagou caro por se envolver em um tosco escândalo carnavalesco por simplesmente posar ao lado de uma vagina esfuziante que até fora do seu campo de visão estava: só os fotógrafos viam a desejada comissão de frente enquanto Itamar sorria inocente.

Ô coitado!

    

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Fotomemória: Boca de Anjo no palco do povo...

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História

A série "Bonecos da [minha] História [no Fotojornalismo]" recupera uma figura que foi bastante conhecida, em especial dos fotógrafos, nas praças e nas feiras mais populares no Rio de Janeiro na década de 1970, um pouco menos, um pouco mais.

Foi o povão que lhe deu o nome artístico: Boca de Anjo.

Boca de Anjo - Rio, 1976 - Foto Guina Araújo Ramos

A espetaculosa figura me reapareceu há poucos dias no Facebook, numa postagem do perfil de Ricardo Beliel, colega que conheço desde os tempos em que me iniciei como fotojornalista nas revistas da Bloch Editores, em 1977, quando nos classificamos para o Curso Bloch de Fotografia, um dos caminhos mais valorizados, na época, para entrar na profissão (neste ano, por exemplo, foram mais de 800 candidatos para 30 vagas).

Na postagem, Ricardo Beliel, com uma foto de 1973 (uma entre tantas de alta qualidade que compõem o seu acervo), identifica o artista de rua como Boca de Anjo, apelido que é confirmado por outros colegas. Eu até já me esquecera disso, mas relembrei ter ouvido o nome à época. Agora, no entanto, gastei bastante tempo na Internet, mas não consegui qualquer outra referência a ele, e muito menos cheguei à sua verdadeira identidade.

Eu o fotografei em 1976, ele e os seus malabares de (quase sempre) fogo, numa roda de encantados espectadores, num domingo qualquer de sol, nas proximidades da antiga feira nordestina do Campo de São Cristóvão, junto à obra de um acesso à Linha Vermelha (as barras de aço ao fundo), em frente ao Colégio Pedro II, numa área geralmente vazia da grande praça do Campo, perto do início da Rua São Luiz Gonzaga, aquela que sai dali e bem que vai para Benfica...

Na época, fui algumas vezes à feira, como exercício fotográfico para os seguidos cursos que fiz no Senac da Rua Mal. Floriano, mas também por iniciativa própria (e com amigos), que era a grande, única do tipo, feira popular do Rio de Janeiro. A feira de São Cristóvão, a original, era montada, nos domingos de manhã, em torno do elegante pavilhão de exposições, desde a época da sua construção, no final dos anos 1950. Depois de várias ameaças de proibição, acabou oficializada nos anos 1990 e transferida, na década seguinte, devidamente “reciclada”, para o interior do pavilhão.

Não apenas nós dois fotografamos Boca de Anjo... Imediatamente, colegas da época (como Januário Garcia, Marco Antonio Cavalcanti, Rogério Marques, Custódio Coimbra) se manifestaram, pois o conheciam, tanto dali quanto do Largo da Carioca. E sempre fazendo a mesma performance, vestido com um “roupão” típico de palhaços, controlando os malabares de fogo e, ao mesmo tempo, se balançando sobre uma pequena tábua enlouquecida sobre um rolete de madeira. Nisso, comparado a tantos outros artistas de rua, e apesar da dificuldade da arte, talvez até nem se destacasse tanto...
O que realmente atraía o público era uma mistura de muito bom humor nas falas, enquanto se mantinha no limite do equilíbrio, e a exorbitância de exageradas caretas, que fazia destacando os olhos e os dentes (ou a falta de muitos deles), o seu principal recurso cênico. É certamente em relação a este ponto, e de muita ironia (popular também), que lhe adveio o apelido...

Pois, agora, mais de 40 anos passados, me vem à mente uma preocupação (ou melhor, uma "pós-ocupação"...): como terá sido o final da vida (que suponho já tenha ocorrido) do Boca de Anjo?

Aliás, quem realmente era Boca de Anjo? De onde viera? Do que ele vivia? Apenas dos espetáculos improvisados (mas bem treinados) na rua ou de algum outro trabalho? Tinha uma profissão, digamos, “normal”? e conseguiu se aposentar? Teve uma velhice minimamente confortável? Quantos anos teria na época dessa foto, quantos anos viveu?

E não consigo deixar de extrapolar para os tempos atuais... E as tantas pessoas, cada vez mais, que vivem, que continuam vivendo, no Brasil, como artistas de rua? Como elas conseguem viver? E, afinal, qual será o futuro delas?

Tragédia no campo dos sonhos...

Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zico, Roberto Dinamite, Neymar, Paulo Cesar Caju, Marcelo, Daniel Alves, Fernandinho, Willian, Jesus e tantos outros craques que brilharam no passado ou agora se destacam na Europa ou nos principais times brasileiros devem estar com o pensamento na tragédia que ocorreu hoje no Centro de Treinamento do Flamengo.

Eles sabem exatamente o que significava para garotos vindos de todo o Brasil estar ali, no ambiente de um grande clube, vislumbrando o sonho de se tornar profissional.

Não é fácil a vida de um menino que por vocação ou incentivo dos pais se dispõe a entrar desde cedo na máquina que faz ou desfaz carreiras. Milhares de jovens brasileiros perseguem essa oportunidade, poucos a alcançam.

Os dez jogadores que morreram no incêndio do CT rubro-negro já haviam ultrapassado muitas etapas da "peneira" brutal que seleciona os mais aptos. das escolinhas onde muitos entram aos nove anos, aos incontáveis testes. O grupo que chegou ao Flamengo estava, certamente, à beira do momento em que, enfim, poderia vislumbrar alguma recompensa a tanto esforço.

Hoje é um dia triste para o futebol e para as famílias das vítimas que compartilhavam a luta e o sonho dos seus jovens boleiros.


Na tela: Roberto Civita vai virar filme-exaltação, sessão-pipoca ou mostrará sem reverências o barão da comunicação?

O Portal dos Jornalistas informa que a biografia de Roberto Civita, ex-presidente da Abril, vai virar filme. O produtor Belisario Franca, adquiriu os direitos do livro "Roberto Civita: O dono da banca – A vida e as ideias do editor da Veja e da Abril", escrito por Carlos Maranhão, que trabalhou na editora por cerca de 40 anos.

Poderia ser uma oportunidade para dissecar um dos barões da mídia brasileira. Será? Não se pode falar ainda sobre a adaptação que o cinema fará, mas um problema dessas biografias é a chapa-brancura que ameniza as controvérsias. Algo parecido aconteceu com a biografia de outro barão, Roberto Marinho, encomendada a Pedro Bial, funcionário do grupo Globo.

A proximidade dos autores com o biografado costuma desfocar a grande angular crítica e favorecer a reverência.

Roberto Civita acumulou realizações editoriais, cometeu erros na condução dos negócios e foi controverso nas relações com o poder político. Civita faleceu em 2013. O seu legado vive hoje uma grave crise plantada desde que a Abril perdeu o vlt das mudanças no jornalismo, não entendeu os sinais da internet e gastou milhões em reformulações atirando para todos os lados, dos negócios em Educação (colégios e curso de inglês, livros didáticos), operadora de TV a cabo e TV UHF a provedor de internet, empresa de eventos, de logística e distribuição, loja digital etc.

Perdido no espaço, o Grupo entrou em decadência, abriu mão dos seus melhores quadros, não pagou tudo o que deve a milhares de funcionários demitidos, entre jornalistas, gráficos e pessoal administrativo, caiu em Recuperação Judicial e, finalmente foi vendido.

Há muito o que contar.

Se a contradita e o desfecho não estiverem na tela, a cena vai ficar datada e virar sessão-pipoca.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Memória da propaganda: remédio dos anos 1930 curava autoridades nervosas


por Ed Sá 

Terra plana, comunistas aterrorizando crentes em goiabeiras, possibilidade de guerra contra a Venezuela, pesadelos com boletos bancários, escola sem partido e sem vergonha, ameaça da China dominar o Brasil, denúncia de roubo de índia, filhos ensandecidos, o fantasma da mamadeira erótica, a conspiração LGTB, ambientalistas que atrapalham o progresso etc, a insistência em saber quem matou Marielle, a intimidade com milícias. Vamos combinar que os dirigentes têm razão para pirar.

Alguém avise a eles que esses problemas chatos são atuais, mas o remédio é antigo.

Nos anos 1930, o Neuro Fosfato Eskay já era prescrito para transtorno mentais. Havia um certo preconceito da propaganda ao dizer que era receitado para "mulheres geniosas" e de "lar infeliz".
Talvez fosse mera intolerância da época.

Hoje, o Eskay seria ideal para combater as crises de nervos e o fanatismo epidêmico no Planalto Central tanto em que veste azul quanto em quem veste rosa. Até os anos 1950, a palavra usada para definir esses doidões era "neurastênico". Rendeu até um famoso foxtrot, de autoria de Nazareno de Brito e Alberto Barros. 'Brruumm, sou neurastênico/ Brrruuuumm, preciso me tratar/senão eu vou pra Jacarepaguá"...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Sinal dos tempos: cadê as musas dos novos escândalos?

por O.V.Pochê

Como é mesmo a letra de "Como uma onda", de Lulu Santos? "Nada do que foi será do jeito que já foi um dia"...

A "nova era" já produz seus escândalos, mas ainda não surgiu em meio à repercussão midiática das novas mutretas uma só musa que mereça esse título.

A culpa deve ser da edição brasileira da Playboy impressa, que foi extinta.

Desde que Lilian Ramos foi parar na capa da revista após cena explícita no camarote do então presidente Itamar Franco, no sambódromo carioca,  em 1994, a revista emplacou várias e belas personagens de crises políticas.

Lilian foi catapultada para a mídia em um momento de descontração carnavalesca. Outras musas vieram, em seguida, no rastro de escândalos políticos, embora não estivessem envolvidas nos quesitos judiciais das investigações. O que as lincava com os episódios que ocupavam as primeiras páginas dos jornais era o relacionamento afetivo, familiar ou simplesmente por trabalhar com um dos eventuais investigados.

Mas a mídia em geral adorava tê-las como "protagonistas" e a Playboy escalá-las para capas. Se tinham dissabores com o excesso de exposição na TV e nos jornais, elas ganhavam uma compensação da Playboy, que acenava com bons cachês.

Lembra da Denise Rocha, a advogada e então assessora parlamentar no Senado? Em 2012, ela trabalhava no gabinete do senador Ciro Nogueira, que era membro da CPI do Caso Cachoeira. Enquanto a comissão investigava o escândalo político, vazou na internet um vídeo íntimo de Denise Rocha, que não tinha a ver com a história, a não ser o fato de trabalhar no Senado. Foi o bastante para a mídia apelidá-la de "Furacão da CPI" e a Playboy convidá-la para capa.

Outra "musa da CPI", no caso de uma investigação sobre o senador Renan Calheiros, em 2007, foi a jornalista Monica Veloso. Ela teve uma filha de um relacionamento com o senador, de quem recebia uma pensão supostamente paga por uma construtora, caracterizando-se propina. Renan Calheiros se defendeu afirmando que a pensão era paga com próprio dinheiro seu, Com a repercussão da investigação, Monica Veloso foi convidada e aceitou posar para a Playboy.  Além dessas três, a Playboy botou na capa, a "prima de Jânio", "a cunhada dele", "a musa do mensalão" etc.

Esse obscuro 2019, contudo, começa com escândalos e polêmicas várias mas sem musas à vista. Mesmo se a Playboy existisse, Damares, Ricardo Velez Rodrigues, Flávio Bolsonaro, Queiroz, Marcelo Alvaro Antonio e Onix e Alcolumbre não emplacariam capas.

Como diria Lulu Santos, "tudo passa, tudo passará".

Passou.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

80 anos depois do começo da Segunda Guerra, Rússia lança o filme "T-34". O tanque que foi o pesadelo dos nazistas é o protagonista...

Cena do filme "T-34", nova superprodução russa sobre a Segunda guerra Mundial. Foto Mars Media/Divulgação

A Segunda Guerra Mundial é chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. A União Soviética perdeu então 27 milhões de cidadãos, quase 15% da sua população. Para demonstrar a grandeza desse número, a Alemanha perdeu menos de 9% da sua população, Estados Unidos 0,32%, Reino Unido 0,94%, França 1,44% e Japão menos de 6%.

A devastação material e humana que o país sofreu permanece uma ferida aberta 80 anos após o início da Segunda Guerra (no caso da Rússia, 78 anos desde a invasão das tropas alemãs em 1941).  Hitler se desesperou quando os soviéticos empurrarem de volta para casa o que restou de suas tropas porque viu ali o prenúncio da derrota final.

O tanque soviético T-34, o pesadelo de Hitler, entra em Berlim
em abril de 1945 e decreta a derrota final da Alemanha. 
O mensageiro dessa etapa decisiva na aniquilação dos nazistas foi uma extraordinária máquina de guerra: o tanque T-34. Depois de virar lenda ao vencer as poderosas Divisões Panzer alemãs, o T-34 vira filme e atrai multidões aos cinemas da Rússia.

A superprodução da Mars Media, que estreou há poucas semanas, já foi vista, desde por mais de 10 milhões de pessoas.

O lançamento coincide com o aumento das tensões com o Ocidente e com a Rússia alertando sobre a nova corrida armamentista empreendida por Donald Trump. Pesquisas recentes de um instituto local, o Levada, indicam que mais de 50% dos russos acreditam que o país enfrenta nova ameaça militar.

Geopolítica à parte, o "T-34" é apenas um filme que conta a história de um grupo de soldados soviéticos que escapam de um campo de concentração nazista utilizando um tanque T-34 que os alemães haviam apreendido.

O tema Segunda Guerra é ainda sensível aos russos. Para alguns críticos, o filme "T-34" peca por "romantizar" um episódio baseado em fato real. O diretor Alexei Sidorov explicou porque não optou por uma narrativa sombria. "Sim, é guerra. Sim, é a morte. Toda família perdeu alguém. Mas vencemos essa guerra e isso é importante", disse ele.

Ainda não há previsão para a exibição do "T-34" no Brasil.

ATUALIZAÇÃO EM 9/2/2019 -

Janeiro de 2019 - T-34 voltam para a Rússia. Desmobilizados pelo Exército do Laos,
tanques ainda em boas condições são embarcados de volta para Moscou..
Serão usados em paradas militares, museus, monumentos e filmes..

Há poucos dias, a Federação Russa repatriou 30 tanques T-34, que foram desmobilizados pelo Exército da República do Laos. Os blindados estão em boas condições condições e são da série T-34/85, o mesmo modelo que participou da Batalha de Kursk. A Rússia pretende usar os tanques em paradas militares, museus e monumentos, além de disponibilizar os blindados para filmes históricos. O T-34 ainda foi usado durante a Guerra Fria por forças da Europa Oriental, onde ainda existem raros modelos. Museus da Coréia do Norte têm o blindado, que foi usado durante a guerra, em 1950. No Vietnã, o Museu da História Militar, em Hanói, exibe o veículo que também integrou divisões do Vietnã do Norte. No atual conflito do Iémen, há tanques T-34 ainda em combate. 

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Encaretou! - No intervalo comercial do Superbowl 2019 nada é como antes. Marcas e criadores temem acusações de exploração da mulher e só produzem anúncios "vitorianos"

Nos intervalos comerciais do Superbowl em passado recente, a sensualidade... 
... era ingrediente da festa e impulsionava a audiência e o compartilhamento nas redes sociais. 

No Super Bowl 2019, marcas e diretores temem acusações de sexismo e produzem peças tão comportadas que poderiam ser exibidas até na TV dos países islâmicos e nas comunidades amish. A viralização nas redes já não é tão significativa. 

por Ed Sá 

Hoje tem Super Bowl. Tradicionalmente, há o espetáculo no campo - o jogo e o show no intervalo - e uma competição à parte que é quase o "Oscar" da propaganda. Não existe premiação formal, mas revistas e sites especializados costumam fazer um ranking dos melhores anúncios exibidos pela TV no intervalo que cobra o preço mais caro do mundo por segundo de exibição.

A revista Time fez a sua lista. Nunca o Super Bowl foi tão pudico. Empoderamento feminino, as inúmeras denúncias de assédio e os alertas de algumas atrizes e modelos que teriam sido constrangidas um dia a fazer cenas de maior exposição ou seminudez inibem diretores e roteiristas, que preferem não arriscar. Assim, os comerciais do Super Bowl 2019 assumiram um certo clima moralista e vitoriano. Nos link abaixo, você mesmo pode comparar.

Para ver os anúncios mais ousados dos Super Bowls do passado que incendiavam as redes sociais, clique AQUI 
e AQUI 

Para ver o ranking dos melhores comerciais do Super Bowl 2019, que poderiam ser exibidos até na Arábia Saudita, clique AQUI 

Joan Baez faz turnê mundial de despedida dos palcos. A cantora voltará a Woodstock para comemorar em agosto os 50 anos do festival

Joan Baez. Reprodução/http://www.joanbaez.com/photos/
por Ed Sá 

No ano em que o Festival de Woodstock comemorará 50 anos, entre os dias 15 de 18 de agosto, Joan Baez faz sua última turnê mundial. A cantora, que há poucos dias completou 78 anos, iniciou seus shows de despedida no ano passado percorrendo cidades dos Estados Unidos e da Europa, onde divulga seu novo disco, Whistle Down The Wind. Ela deu à turnê mundial o nome de Fare Thee Well Tour, que terá agendas em vários países até 2020. Depois disso, não mais palcos, mas não dará adeus aos discos.

Com mais de 60 anos de carreira desde as primeiras apresentações em bares de folk music, Joan Baez tem seu nome ligado, para sempre, à canção de protesto, à antológica performance em Woodstock, onde cantou "Drug Store Truck Drivin Man" e "Joe Hill" (em homenagem ao sindicalista condenado à morte no começo do século passado), e ao ativismo político. Ela cantou no Vietnã, esteve na famosa marcha que ocupou as avenidas de Washington, em 1963, foi presa por participar de um ato de protesto em uma instalação militar, engajou-se em campanhas contra armas, em defesa dos direitos humanos e combateu a violência contra a mulher.

Joan Baez estará nos shows comemorativos de Woodstock 2019, ao lado de cantores e bandas de várias gerações, como Pearl Jam, Foo Fighters, Logic, Chance The Rapper, Pink, Lorde, The Weeknd, Coldplay, Kesha, Mumford and Sons, Lumineers, Demi Lovato, Ariana Grande, Eminem, Graham Nash, Neil Young, Santana, The Who, Phish, Bon Jovi, Elton John, The Doobie Brothers, Zac Brown Band, Florida Georgia Line, Jason Aldean, Daft Punk, Swedish House Mafia, Deadmau5, Skrillex, Steve Aoki, and Chainsmokers.

Joan Baez veio ao Brasil em 1981. Em pleno governo militar, a Polícia Federal da ditadura proibiu as apresentações em São Paulo, onde ela subiu ao palco apenas para dizer que estava impedida de cantar, e no Rio. Dessa época, restou um documentário da sua turnê pela América do Sul, exibido na TV americana, Baez aparece tomando cerveja com Lula em um boteco paulistano. Só em 2014,  voltou ao Brasil e pode, enfim, cantar no Rio, em São Paulo e Porto Alegre.

No site oficial da cantora há um link para tour schedule até julho de 2019.

O Brasil não está lá.

Infelizmente.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Escola sem partido - "Eu sou você amanhã"...

Reprodução Pinterest

por Flávio Sépia 

Houve um país que implantou a "escola sem partido". O governo determinou que o ensino deveria ser nacionalista e, acima de tudo, deveria valorizar os princípios morais, nacionalistas e religiosos.

Dizia-se que a "nova escola" daquela "nova era" combateria a ideologia que contaminava as cabeças dos alunos. Em nome dessa eugenia educativa, Iniciou-se uma caça aos professores nas escolas e nas universidades. Muitos foram parar na cadeia.

A "escola sem partido" do regime, a pretexto de acabar com a "ideologia", nunca foi tão ideológica.

Como consequência, professores foram desvalorizados, reduziu-se o nível de competência exigida aos regentes. Foi intensificada a doutrinação religiosa e política. Para o governo, o importante é que professores fossem moralistas, crentes quase fanáticos e nacionalistas quase enlouquecidos, que acreditassem em "terra plana", que tivessem certeza de que jornalistas eram formados pela KGB,que colocassem o país acima de tudo, Deus acima de todos.

Tudo isso aconteceu em Portugal, a partir do anos 1930, quando começou a longa ditadura de Salazar.

A charge acima foi publicada no começo da "nova era" de Salazar, pouco antes da censura rigorosa tornar impossível qualquer crítica. Como ditador implacável, Salazar se inspirou no fascismo e governou o país entre 1933 e 1968.

Salazar não tinha twitter. Mas fazia um discurso por mês que funcionava como uma espécie de recado fatal aos apoiadores e aos opositores. Ele era a lei. Em um desses discursos, determinou que democracia, liberdade, direitos humanos, auto-determinação dos povos, nada disso eram "direitos". Direito, para o ditador, era baseado na relação de forças do momento.  Manda quem pode, ora pois.

Salazar afirmava que essa coisa aí de direitos eram ideias aí que se espalharam depois da Segunda Guerra Mundial. Tudo viés ideológico, tá ok?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Patrimônio fotográfico extraviado - Exposição que homenageou Gervásio Baptista conseguiu reunir apenas dez fotos históricas. A maior parte da obra do grande fotojornalista permanece sumida junto com o acervo de fotos que pertenceu à extinta Bloch Editores

Gervásio Baptista observa uma das suas mais famosas fotos: JK saudando a inauguração de Brasília. Esta imagem foi capa da Manchete e inspirou a estátua do ex-presidente fixada no alto do Memorial JK.

Gervásio no Vietnã, no começo dos anos 1970, e na Galeria Olhos de Águia, que expôs suas fotos históricas. 

Uma exposição de fotos que se encerrou no último dia 30 de janeiro, na Galeria Olhos de Águia, em Taguatinga, DF,  homenageou a trajetória de Gervásio Baptista, uma das grandes lendas da equipe da Revista Manchete.

Aos 96 anos, o repórter fotográfico teve uma pequena parte da sua obra exibida às novas gerações.

Gervásio cobriu incontáveis eventos e registrou personalidades de todas as áreas, de presidentes a atletas, de misses a líderes mundiais, de atores a atrizes, de tragédias, guerras, revoluções a crises políticas e crimes de repercussão.

São apenas dez fotos históricas entre as milhares que sua câmera captou desde 1954, quando foi para a Manchete após uma passagem pela revista O Cruzeiro.

Certamente, o fotojornalismo brasileiro merecerá um dia um livro que reúna uma ampla seleção da obra de Gervásio Baptista.

Infelizmente, a maior parte de sua produção permanece em lugar incerto e não sabido, assim como não se conhece as condições de conservação do material, desde que um advogado do Rio de Janeiro arrematou em leilão promovido pela Massa Falida da Bloch todo o acervo fotográfico reunido pelas revistas da editora em mais de meio século de existência.

O arquivo desaparecido, assim como a impossibilidade de contato com o detentor dos direitos patrimoniais do acervo (os direitos autorais pertencem aos fotógrafos, que também não têm acesso ao material) imobilizam um patrimônio histórico, com grave prejuízo à Cultura.

Pouco antes do leilão, ex-funcionários da Manchete tentaram mobilizar o Ministério da Cultura, o Arquivo Nacional e até instituições privadas para que se habilitassem a adquirir o acervo de milhões de imagens que acabaram vendidas por pouco mais de 300 mil reais.

Desde então, sumiram.

Um alento, para quem valoriza a memória jornalística, foi a iniciativa da Biblioteca Nacional que digitalizou a coleção da Revista Manchete e disponibilizou para consulta pública, a seção Periódicos do site oficial, milhares de exemplares.

Não resolve os problemas dos pesquisadores, escritores e documentaristas, que não sabem a quem se dirigir para obter licenças legais para uso de fotos (os direitos sobre textos não foram objeto de qualquer leilão), mas torna possível conhecer o trabalho de gerações de jornalistas, cronistas e fotojornalistas que atuaram na revista Manchete, entre estes, Gervásio Baptista, cuja exposição, louvável por revisitar seu talento, só conseguiu reunir 10 fotos entre milhares virtualmente perdidas.

* As fotos acima foram enviadas ao blog por José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE), que as recebeu de Dalva Tosta e Gilberto Costa

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Jornalista italiano faz o ranking histórico das melhores canções do Festival de San Remo e esquece Roberto Carlos

por Ed Sá 

A revista italiana Panorama publica na última edição a lista das 25 canções "extraordinárias", "as mais belas de todos os tempos", apresentadas no Festival de San Remo, na cidade à beira do Mar de Ligúria.

O jornalista e crítico Gianni Poglio não incluiu no ranking "Canzone per te", de Sergio Endrigo, que o brasileiro Roberto Carlos defendeu no palco do Teatro Ariston e conquistou o primeiro lugar em 1968.

A maioria dos festivais de música deixou de existir ou perdeu relevância. O de San Remo está nessa última categoria, apenas resiste e ajuda a animar o inverno no balneário. Nos anos 1980. a Rede Manchete transmitia o evento que não mais atraiu brasileiros.

Não? Correção: no ano passado Ana Carolina e Daniel Jobim fizeram uma participação na apresentação do cantor italiano Mario Biondi. Eles interpretaram a canção "Rivederti". Na época, o Corriere della Sera elogiou o trio, mas considerou que a canção estava mais para uma jam session do que para o palco de San Remo.

Veja abaixo a lista da Panorama com as melhores canções de San Remo, em todos os tempos.

1) Luce (tramonti a Est) - Elisa

2) Vita spericolata - Vasco Rossi

3) Nel blu dipinto di blu - Domenico Modugno

4) Lucio Battisti - Un'avventura

5) La terra dei cachi - Elio e le Storie Tese

6) Chi non lavora non fa l'amore - Adriano Celentano e Claudia Mori

7) Spalle al muro - Renato Zero

8) Per Elisa  - Alice

9) Ricomincio da qui - Malika Ayane 

10) Gli uomini non cambiano - Mia Martini

11) Il cuore è uno zingaro - Nada e Nicola Di Bari

12) 4.3.1943 - Lucio Dalla

13) Gianna - Rino Gaetano

14) Un'emozione da poco - Anna Oxa

15) Mina - Le mille bolle blu

16) Controvento - Arisa

17) Jesahel - Delirium

18) Lontano dagli occhi - Sergio Endrigo

19) Una lacrima sul viso - Bobby Solo

20) Salirò - Daniele Silvestri

21) Una storia importante - Eros Ramazzotti

21) Chiamami ancora amore - Roberto Vecchioni

22) Il solito sesso Max Gazzè

23) Come saprei - Giorgia

24) E dimmi che non vuoi morire - Patty Pravo

25) Ti regalerò una rosa - Simone Cristicchi

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Jabazeiros da internet são condenados por fazer publicidade velada. É falta de ética e engana consumidores

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) enquadra influenciadores digitais,  celebridades, blogueiros, atrizes, youtubers e geradores de conteúdo que fazem publicidade velada, o popular jabá.

A maioria dos influenciadores faz divulgação de produtos sem caracterizar que aquilo é propaganda.

O Conar adverte tanto os responsáveis pela ações disfarçadas quanto as marcas que utilizam essa forma de divulgação dos seus produtos.

Entre as marcas citadas pelo Conar e que utilizaram os influenciadores de forma dissimulada estão Bic, Cartoon Network, Foroni, Pampili, Ri Happy, Tilibra, Bag-Online, Portal do Brasil, Superflex, DS Distribuidora Haskell, McDonald´s, Mattel, Copra Indústria Alimentícia, Lupus,  Sestini Mercantil, Kinder, Ferrero, Puket, Desinchá, Óticas Diniz, Jeans Sawary, Volkswagen, Unilever, L´Oréal, e Bauducco.

Fotografia: a tragédia social do trabalho escravo é tema de exposição

Exposição "Sobre o peso das correntes em teus ombros"., com fotos de Sérgio Carvalho. Divulgação

Jornal A Tarde/Reprodução

Hoje, 28 de janeiro, é o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo e o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho. Não por acaso, as datas se completam. O Shopping da Bahia exibe desde a última sexta-feira a exposição "Sobre o peso das correntes em teus ombros".

O jornal A Tarde dedica uma página ao assunto.

A mostra já percorreu várias capitais brasileiras. Integrante das equipes que realizam ações contra a exploração de mão de obra em condições degradantes, o auditor fiscal Sérgio Carvalho, que é fotógrafo, registrou cenas impressionantes ao longo do seu trabalho.

Embora reconheça desde 1995, junto à ONU, a existência dessa modalidade vil de "emprego", o Brasil ainda não conseguiu eliminar o trabalho escravo. Empresários exploradores não deixam. Ao longo de vários governos, a fiscalização sofreu pressão política para "aliviar" a vigilância. No governo ilegítimo de Michel Temer, o quadro se agravou. O presidente investigado por corrupção emitiu portaria suspeita em que são reduzidas as situações que caracterizam o crime. As bancadas ruralistas, da construção civil, setores de confecções, entre outros, aplaudiram a medida desumana.

Além disso, segundo os auditores denunciaram na mídia, o presidente investigado por corrupção cortou em cerca de 70% a verba destinada ao combate ao trabalho escravo que explora, inclusive, crianças.

A exposição é oportuna no momento em que as mesmas forças atendidas por Temer prevalecem no atual governo que, publicamente, já debochou do trabalho escravo, a cujo combate atribui "viés ideológico", trata o assunto como piada e como instrumento que prejudica os empresários e investidores.

Repórter não gosta de ser flagrado na intimidade profissional...


Durante coletiva-relâmpago de Bolsonaro sobre Brumadinho, o repórter Nilson Klava, da Globo News foi flagrado em um "momento íntimo" profissional. Foi enquadrado na tela enquanto anotava frases no celular. Ele tenta obstruir a câmera com um gesto e tira os fones do ouvido. Não gostou, teve um pequeno surto.
A cena foi observada nas redes sociais e reproduzida no site TV e Famosos, do UOL. AQUI. 

Algumas reações da rede social que tudo vê:


domingo, 27 de janeiro de 2019

Alô, marajás. Chegou o Porsche 911 2019... Só cabe no bolso de vossas excelências...


por O.V.Pochê

Atenção srs. deputados, senadores, ministros, juízes, procuradores, funcionários laranjas de parlamentares, amigos, cunhados, mães e filhos de autoridades, milicianos com conexões políticas, empresários sonegadores, diretores de empresas que faturam subsídios, gurus, vereadores, prefeitos, donos de OSs, CEOs da indústria religiosa:  a Porsche acaba de lançar o modelo 911 para 2019. Matéria no Telegraph dá detalhes sobre o possante. Dependendo dos acessórios customizados, custa entre R$ 515.000 a R$ 1.304.000. Reservem os seus. Só os ilustríssimos estão podendo...

Relatório da FENAJ mostra que agressões a jornalistas estão em alta


Relatório da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) revela que os casos de agressões a jornalistas cresceram 36,36%, em relação ao ano de 2017. Foram 135 ocorrências de violência, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais. E os números mostram que esse incremento esteve diretamente relacionado à eleição presidencial e episódios associados a ela, como a condenação e prisão do ex-presidente Lula.

Eleitores/manifestantes foram os principais agressores, sendo responsáveis por 30 casos de violência contra os jornalistas, o que representa 22,22% do total. Entre esse grupo, os partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro foram os que mais agrediram a categoria, somando 23 casos. Já os partidários do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato, estiveram envolvidos em sete episódios.

A greve dos caminhoneiros (movimento com características de locaute) também contribuiu para alterar o perfil dos agressores. Com 23 casos (17,04% do total), os caminhoneiros ficaram sem segundo lugar na lista dos que cometeram atos de violência contra os jornalistas.

Caminhoneiros e eleitores/manifestantes foram os responsáveis pelo crescimento significativo do número de agressões físicas, agressões verbais, ameaças/intimidações e impedimentos ao exercício profissional.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI

Jean Wyllys: a justa opção pela vida

Reprodução Lebération

Reprodução da mensagem de despedida de Jean Wyllys no twitter. 

O deputado federal Jean Wyllys tem todo o direito e fortes razões para deixar o Brasil. Em um país onde sicários já mostraram que têm notórias ligações com políticos, e até o aval de alguns, sua vida e as vidas da sua família correm risco.

A renúncia forçada de Wyllys ao seu posto na Câmara é um golpe na democracia e um retrato do ódio implantado na política. Seu gesto tem a força de uma denúncia que ecoa na mídia internacional e exibe os riscos da "nova era". Há outros políticos de oposição ameaçados, além de líderes ambientalistas, membros do MST e de movimentos sociais, especialmente em regiões do interior do país. A chamada imagem do Brasil lá fora já não é lá essas coisas. E o fato de um brasileiro ser  obrigado a deixar sua terra para não morrer não ajuda em nada.

A caça a Neymar...

Reprodução L'Equipe 
por Niko Bolontrin 

A habilidade de Neymar parece incomodar parte da mídia esportiva europeia.

A mesma crítica às vezes ecoa em mesas-redondas da TV brasileira.

O jogador já sofreu graves contusões, como a gravíssima joelhada na coluna que o tirou da Copa de 2014, a fratura no pé direito que comprometeu seu rendimento na Copa de 2018, faltas violentas por trás e o pisão no tornozelo em jogos do mesmo mundial. Quase sempre, ele não é considerado vítima, mas culpado por um suposto cai-cai e acusado de "prender demais a bola".

Na última quarta-feira, no jogo do PSG contra o Strasbourg, Neymar foi caçado em campo e sofreu mais uma contusão, no mesmo pé direito fraturado há um ano. Os médicos vão aguardar alguns dias antes de avaliar a gravidade e se será necessária nova cirurgia. Se for esse o caso, Neymar deverá ficar afastado dos gramados por três meses. O jornalista Leo Escudeiro postou no twitter cenas que mostram Neymar levando três chutes em um mesmo lance. O brasileiro se irrita e logo depois dá sua resposta ao agressor: uma carretilha genial que deixa o adversário pereba humilhado no chão.

A técnica e a criatividade de Neymar encantam estádios, mas diante da omissão dos árbitros têm lhe custado caro. Não há dúvida de que as críticas ao alegado cai-cai são um incentivo aos adversários que batem contando com a complacência provocada pela difusão do "Neymar está fingindo".

Se for operado, o brasileiro não participará dos próximos jogos da Liga dos Campeões e poderá ficar de fora da Copa América ou, no mínimo, entrar em campo fora das suas condições ideais. 

sábado, 26 de janeiro de 2019

Brumadinho: o crime anunciado...

Não é acidente. É crime anunciado.

O rompimento da barragem de Mariana, onde a lama virou impunidade e vice-versa, não serviu de alerta.

Os poderes públicos e corporativos se completam e deixam à sociedade apenas a prerrogativa de contar seus mortos.

Repete-se a tragédia tendo como protagonista a mesma e poderosa empresa, a Vale. E não há sinais de que essas irresponsabilidades serão contidas. Ao contrário. Aparentemente, a engenharia da Vale não sabe construir barragens e, muito menos, sabe mantê-las. Se soubessem, as represas ficariam em pé.

Apesar dos crimes e dos protestos e alertas das organizações ambientais, a empresa recebeu licenças para ampliar indiscriminadamente, contra pareceres técnicos, seus campos de mineração. Brumadinho foi uma das regiões onde a Vale obteve essa "vitória".

Hoje, uma comitiva do governo federal sobrevoa a região de  Brumadin, o triste cenário do novo crime. É comum o marketing governamental nessas ocasiões. Mas, desse atual governo, já se sabe - as autoridades tornam público isso a cada instante - que tem um lado na questão ambiental: o engajamento predatório ao lado das empresas, gananciosas,  poluidoras e desmatadoras, que já se sentem estimuladas com o aval federal e a extraordinária força das suas bancadas parlamentares.

Existe uma clara ofensiva da "nova era", e já com atos administrativos, contra o licenciamento ambiental como etapa que "atrapalha o desenvolvimento". Está em curso uma virtual criminalização das instituições de defesa do meio ambiente. Passado o choque e o marketing, Marianas e Brumadinhos, nesse quadro, tendem a se repetir.

A tragédia de Brumadinho é hoje o assunto dominante na mídia brasileira e nos veículos internacionais.

O Brasil é cada vez mais o país que desmata, que oprime os índios e populações ribeirinhas, que polui, que envenena o meio ambiente e a produção agrícola  com agrotóxicos liberados, que explora o trabalho escravo. que persegue e ameaça a diversidade, que exibe índices crescentes de homicídios, que tem poderosas quadrilhas de traficantes, que tem milícias paramilitares com fortes ligações políticas, que tem sicários que fuzilam políticos ou os expulsam do país.

Caminha para se tornar - como Davos já mostrou ao praticamente isolar o Brasil - um pária entre as nações.

Revista Veja: na capa da semana, o escândalo do primeiro mês


quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Site Poder 360 também noticia digitalização da coleção da Revista Manchete


Continua repercutindo na mídia a iniciativa da Biblioteca Nacional, que acaba de disponibilizar para o público a coleção digitalizada da Revista Manchete.

O site Poder 360 destaca o projeto da BN que contou como  o apoio da FINEP, dos Ministérios da Cultura e da Ciências, Tecnologia e Inovação, com produção da DocPro Bibliotecas Virtuais.

Para pesquisadores, escritores, jornalistas, cineastas e leitores em geral, a Manchete é inestimável forte de informações. A bem-vinda digitalização torna-se um agregador de fatos, de fotojornalismo, de personagens, acontecimentos culturais, políticos, esportivos e de comportamento.

Um olhar para cinco décadas de linha do tempo no Brasil e no mundo.  AQUI 

Já lavou seu dinheiro hoje? Marcelo Adnet oferece os serviços do "Qualquer Bank"


Agitando as redes sociais a nova paródia de Marcelo Adnet, no "Tá no Ar" de ontem. Trata-se do  "Caixa Laranja 24 horas", que faz até 48 depósitos de 2 mil reais, próprio para quem tem pressa em depositar grana viva, usuários de lavagem de dinheiro ou políticos que precisam dar uma volta na fiscalização do Coaf. Você pode ver o anúncio do Qualquer Bank, uma prestigiada instituição da "nova era",  no Globo Play, AQUI

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Memória da propaganda: em 1960, João Doria Junior era "modelo" em anúncio na Manchete



O anúncio acima foi publicado na Manchete em 1960, edição especial retrospectiva de 1959. Nele, a Doria Associados, agência do então deputado e empresário baiano João de A. Costa Doria, saudava o maior acontecimento do ano anterior: a inauguração de Brasília.

Doria pai homenageou Doria Junior, o menino da foto, atual governador de São Paulo. "Dois amigos de infância", diz o título, referindo-se a Brasília e ao filho nascido em 1957. A mensagem do Doria pai tem trechos que o neoliberal e conservador Doria Junior poderia reler: "um Brasil de igual oportunidade para todos, com a subnutrição e o sub-desenvolvimento relegados ao passado. Brasil onde o pão e o leite, o abrigo e a escola, a saúde e o bem-estar, o trabalho e o recreio, a terra e o berço, o Direito e a Justiça sejam patrimônio de todos e não privilégio de alguns".

Papai falou, Doria.

Pouco mais de quatro anos após a mensagem otimista, o deputado João de A. Costa Doria, que fazia parte da bancada parlamentar que apoiou João Goulart, foi cassado pela ditadura militar e partiu para o exílio em Paris.

Uma notícia para Davos: agronegócio brasileiro ganha licença para envenenar o mundo

Já tomou seu veneninho hoje? O Diário Oficial da União já oficializou há poucos dias: governo "nova era" liberou quarenta novos agrotóxicos. São 28 tipos de veneno, alguns vetados em vários países e outros em estudos ainda polêmicos. A agroindústria brasileira, que já é uma das mais contaminadas do mundo, vai ganhar um up grade. Em 2018, o Brasil "comemorou" seu décimo ano na liderança mundial entre os países que mais envenenam suas culturas, de acordo com dados cruzados de vários institutos de pesquisas nacionais e internacionais.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Jornalista Bruna Drews acusa Datena por assédio sexual. Apresentador nega.

Reprodução/Band
Bruna Drews, ex-repórter do programa "Brasil Urgente", da Band, acusa o apresentador José Luiz Datena por assédio sexual. A revelação foi do site Notícias da TV.
O Ministério Público de São Paulo já recebeu a representação formulada pela jornalista. Segundo ela, Datena a chamou de "muito gostosa" e revelou ter se masturbado várias vezes pensando nele. Ainda segundo a denúncia, ele teria dito que achava "um desperdício" Drews "namorar uma mulher".
Além de acionar o MP, a repórter move ação trabalhista contra a Band. Datena nega as acusações. Bruna Drews afirma que tem testemunhas.

Recatado e do lar, Temer curte o verão "de boas", apesar de investigado...

Michel Temer, o denunciado, está na boa, maré mansa, contando do historinhas para o filho, segundo matéria fofa do Globo de ontem.

A PGR ainda não bateu na porta do ex-presidente para dar um pique em um inquérito e cinco pedidos de investigação sobre corrupção passiva, com suspeitas de propina e lavagem de dinheiro apontadas para a cabeça do ilegítimo.

Diz o jornal que Temer vê séries, faz exercícios na esteira e, sabe-se lá porque, lê a biografia de Adhemar de Barros, o político que ficou conhecido pelo lema "rouba, mas faz" e foi um dos líderes civis do golpe militar de 1964.

Enquanto isso, o Estadão mostra que Temer perdoou dívidas de empresas no valor de 47 bilhões de reais e parcelou a perder de vista outros 57 bilhões e trocados. Lula, lembra?, perdoou outros 60 bilhões de reais também para grandes corporações e setores movidos a lobby.

Isso só mostra que no Brasil "socialista", segundo os "intelectuais" da "nova era", os grandes empresários sempre descolavam uns bilhões maneiros dos cofres públicos. E a moleza continua. O governo atual determina como prioridade passar pente fino em programas sociais, Previdência, benefícios, aposentadorias etc. Quanto aos 50 bilhões de reais que a Receita Federal deixou  de receber nos últimos quatro anos, além da sonegação astronômica, não há ofensiva à vista para cobrar as multas e recuperar os desvios praticados por grandes empresas e contribuintes quer circulam por aí de jatinhos e helicópteros de fino trato. Curtiu?

Para o jornalismo da Record, perguntar ofende...

A propósito do escândalo que envolve Flávio Bolsonaro, com repercussões no novo governo, a Fantástico deu uma invertida pública no jornalismo da Rede Record. Não é cutucada muito comum entre os departamentos de Jornalismo das redes, que costumam evitar esse tipo de "mma" no octógono corporativista. Ocorre que a emissora do "bispo' providenciou uma "entrevista" com o senador alvo de suspeitas para que este se defendesse. Para o Fantástico, como foi observado no ar, Flávio não foi incomodado com duas perguntas essenciais que até mesmo um estagiário sem noção faria: por que preferiu fazer 48 depósitos de 2 mil reais cada um em intervalos de minutos, em vez de depositar tudo de uma vez na agência bancária onde tem conta; e por que quis receber a grana da suposta venda de um apartamento em dinheiro e não em cheque administrativo ou transferência bancária como fazem as pessoas sensatas em um Rio de Janeiro tão violento.
A Record acabou não dando ao senador a esperada chance de explicar o imbróglio.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Marcelo Yuka: o último voo

por José Esmeraldo Gonçalves

Em abril de 2014, a Revista Contigo! me escalou para entrevistar Marcelo Yuka. Fui à casa dele, na Hélion Póvoa, na Tijuca, ao pé da floresta.

O gancho da matéria era o lançamento do livro "Não se preocupe comigo", a biografia do compositor, baterista, ex-integrante do Rappa e ativista, escrita pelo amigo e produtor Bruno Levinson.

Acho que nos primeiros vinte minutos de conversa, diante do ritmo em torno, com Yuka e sua equipe se multiplicando em projetos, o show que faria no mês seguinte, o lançamento do livro, o trabalho social em comunidades carentes, a agenda de palestras e até uma possível exposição de pinturas, encontrei um título para a entrevista que pouco começara: "O homem que sabe voar".

A imagem me veio à cabeça ao vê-lo na cadeira de rodas, confessando que sofria dores permanentes, inclusive naquele instante, e nem por isso desatento ao entorno e ao entrevistador. A todo momento, alguém da equipe o consultava sobre um ou outro detalhe dos projetos. Ao ver que eu o observava, antes de retomar a conversa, Yuka quis justificar a rotina acelerada: "Trabalho para escapar da depressão. Vivo no limite o tempo todo", disse, com um disfarçada tristeza. Mas a entrevista acabaria passando bem longe de  um tom inicial de tristeza.

Naquela cadeira, de onde decolava rumo aos seus ideais, Yuka vencia seu drama.

Ao publicar a matéria,  a revista não usou o título que sugeri. Mas que Yuka voava naquela cadeira, eu vi de perto.

* Marcelo Yuka morreu ontem, no Rio, vítima de um AVC e de infecções. O artista se despede  aos 53 anos, pouco mais de 18 anos após ser vítima de um assalto e dos nove tiros que o deixaram paraplégico desde 2000. 


Neste link, a reprodução da entrevista acima citada e já publicada neste blog. AQUI

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Unesco declara o Rio como Capital Mundial da Arquitetura para 2020


por Ed Sá

O Rio de Janeiro é uma das grandes cidades com arquitetura que exibe maior diversidade de estilos, como colonial, art déco, neoclássico, eclético e moderno, emoldurados pelo mar e pela montanha. A cidade acaba de ser apontada pela Unesco como a Capital Mundial da Arquitetura para 2020. O Rio vai sediar no próximo ano o Congresso Mundial da União Internacional dos Arquitetos. A notícia está no site ONUBR Nações Unidas no Brasil. 

Filme "Bird Box" faz Netflix bombar...

A Netflix, que informa ter 139 milhões de assinantes, acaba de revelar alguns dados de audiência.

Como exemplo, o filme "Bird Box", estrelado por Sandra Bullock, foi visto por 80 milhões de pessoas até agora com base no número dos detentores de senhas, sem a malandragem dos assinantes que repassam seus códigos para parentes e amigos, o chamado gatoflix.

"You" e "Sex Education", também até agora, alcançaram 40 milhões de espectadores.
A notícia está no site Tecmundo.