domingo, 22 de junho de 2025

Marx, Lênin, Oscar Wilde, Mark Twain... e eu também fazia parte do clube • Por Roberto Muggiati

Sala de Leitura do Museu Britânico e...

...o cartão de admissão de RM

Em gesto simbólico, o Museu Britânico reativou a carteira de acesso ao seu Salão de Leitura do escritor Oscar Wilde, preso em 1895 por homossexualismo. O anúncio foi feito no domingo, 130 anos depois da condenação de Wilde (por “indecência grave”) à pena de dois anos de prisão com trabalhos forçados. O famoso Reading Room, inaugurado em 2 de maio de 1857 com um café da manhã que incluía champanhe e sorvete, foi frequentado por figuras notáveis, como Karl Marx,  Bram Stoker, Mahatma Gandhi, Rudyard Kipling, George Orwell, Arthur Rimbaud, George Bernard Shaw, Mark Twain, Vladimir Lenin (sob o nome Jacob Richter),  H. G. Wells e Sir Arthur Conan Doyle.

Em 1963, trabalhando no Serviço Brasileiro da BBC, consegui minha carteira para o lendário Salão de Leitura. Aos 25 anos, as atrações mundanas da grande cidade não me deram muita chance para frequentar devidamente aquele templo do saber. Lembro apenas de uma pesquisa de alguns dias que fiz sobre Joseph Conrad, o escritor que eu mais admirava à época e continuo amando. Tocou-me pessoalmente sua avaliação de Londres: “A visão de uma cidade enorme se impunha, uma cidade mais populosa do que alguns continentes e, em seu poder feito pelo homem, como que indiferente às carrancas e sorrisos do céu: uma cruel devoradora da luz do mundo. Havia bastante espaço aqui para situar qualquer história, profundidade bastante para qualquer paixão, variedade bastante para qualquer cenário, escuridão bastante para soterrar 5 milhões de vidas.”  A minha Londres de 1963 soterrava 8 milhões de vidas, entre elas a minha. Com minha cumplicidade...


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