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domingo, 29 de setembro de 2019

Publimemória: cadê o sabonete que estava aqui?


Pascale Petit cuidando do seu banho

Romy Schneider esfregando suas costas

Jane Fonda garantindo sua beleza

Antonella Lualdi apanhando o sabonete para você

por Clara S. Britto  

Você viu anúncios de sabonete por aí? Pois é, sumiram.

Sabonetes como Lux, Lifebouy, Palmolive e Phebo já foram grandes anunciantes de revistas no anos 1950/1960. A Lux, por exemplo, ostentava: gastava altas verbas para usar a imagem das grandes estrelas de cinema de Hollywood. Suas campanhas estavam obrigatoriamente nas páginas de O Cruzeiro e Manchete.

Talvez fossem de uma época em que o Brasil se industrializava rapidamente e grande parte da população abandonava o velho sabão em barra ou o reservava apenas para lavar roupa e aderia à espuma suave da modernidade. O mercado, portanto, explodia. 

As marcas ainda existem firmes e fortes, mas não se destacam em campanhas publicitárias. O fato é que as revistas ilustradas de formato maior que tornavam mais vistosas as propagandas também desapareceram.

Era o tempo em que as mulheres iam ao chuveiro como se fossem uma entre dez estrelas e os homens sonhavam com Hollywood esfregando suas costas. Só que acabou.  Os sabonetes estão aí, mas provavelmente perderam a aura do estrelato.

São simples e frugais... sabonetes.

domingo, 2 de junho de 2019

Publimemória:em 1961, meninos e meninas de azul, sem patrulha do fanatismo religioso

Foto: Reprodução do blog Propaganda de Gibi
Veja como o Brasil entrou em uma espiral de atraso. Em 1961, o anúncio das fitas Scotch publicado em revistas mostra meninos e menina de azul. Quem imaginaria que um dia, em 2019, um regime fanático-fundamentalista no poder tentaria enquadrar pessoas em cores.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Publimemória: quando ser sócio de vídeo clube era sinal de status...


por Ed Sá

O streaming era futuro, a Netflix nem ficção era.

A Sharp lançou em 1982 o primeiro vídeo cassete brasileiro.  Não estava ao alcance de muitos: custava cerca de 390 mil cruzeiros, moeda da época. Uma fita virgem, Basf ou Maxell custava entre 7 mil e 10 mil cruzeiros (em maio de 1982, o salário mínimo foi reajustado para Cr$ 16.608,00).

A campanha da Sharp, acima - anúncio publicado na Manchete três anos depois, em 1985 -, oferecia algo mais. Quem comprasse um aparelho podia ser tornar sócio do Vídeo Clube do Brasil que tinha lojas em 50 cidades. Esse tipo de clube emitia até carteirinha de associado. Dava um certo status. Adquirir um vídeo cassete implicava em adotar um rotina que as novas gerações nem imaginam: ir a uma locadora escolher os filmes para ver no fim de semana. Esse programa era mais obrigatório do que ir à missa. O feliz proprietário da nova mídia gastava alguns minutos percorrendo estantes repletas de filmes, invariavelmente ouvia sugestões e dicas do freguês ao lado. Escolhia alguns, comprava pipoca e cerveja e garantia um novo lazer. Quem esquecesse de rebobinar a fita ao fim da sessão doméstica pagava uma multa ao devolver o filme.

Todo esse ritual agora se resume a um clique. Gastava-se uma hora nesse brincadeira. Hoje, só o tempo de carregamento do filme. Se a conexão for boa, menos de um segundo.

terça-feira, 19 de março de 2019

Publimemória - A aviação voa de costas?

por Ed Sá

Os aviões são mais seguros - apesar do computador pirado do tal Boeing Max 8 - mais rápidos, têm mais autonomia, há mais rotas e muito mais cidades dispõem de aeroportos. Então ficou mais prático e confortável viajar de avião? Nem sempre. As cabines já não são tão confortáveis (primeira classe à parte), o serviço a bordo é precário quando não caro, protocolos de segurança exigem tempo e paciência dos passageiros, paga-se passagem, direito de escolha de assento, bagagem, taxa de embarque, espaço pra perna se o freguês quiser, transferência de voo, pra remarcar, pra cancelar etc.

Isso sem falar nas companhias de low cost, também conhecidas como Sadô-Masô Airways.

Então é isso: em termos de conveniência, a aviação até parece voar de costas.

Veja o anúncio acima publicado na Manchete no começo da década de 1960: a Real Aerovias, empresa brasileira que nunca figurou entre as grandes, oferecia voo direto de Constellation do Rio para Los Angeles com escala em Bogotá e Cidade do México, mas sem conexão. Ou seja, o cidadão não precisava trocar de avião.

Não há, hoje, voos diretos do Rio para Los Angeles. As frequências que ainda existem exigem troca de avião e horas de espera em aeroportos. Parece-me que ainda há uns poucos voos sem escala São Paulo-Los Angeles. A situação do Rio de Janeiro é pior. A cidade vem perdendo voos diretos do Galeão para as principais capitais do mundo. Em seis anos, segundo O Globo, o Rio perdeu 25% dos voos domésticos e internacionais. Até Rio-Orlando, abastecido pelos mickeymaníacos e sacoleiros nutella, já foi cancelado. O último Rio--Nova York direto decola em abril próximo.

Sinal dos tempos: para pegar esse voo da Real que o anúncio promove os paulistas tinham que vir para o Rio. Hoje, em algumas rotas internacionais, os cariocas têm que fazer um pit stop na Paulicéia.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Memória da propaganda: em 1960, João Doria Junior era "modelo" em anúncio na Manchete



O anúncio acima foi publicado na Manchete em 1960, edição especial retrospectiva de 1959. Nele, a Doria Associados, agência do então deputado e empresário baiano João de A. Costa Doria, saudava o maior acontecimento do ano anterior: a inauguração de Brasília.

Doria pai homenageou Doria Junior, o menino da foto, atual governador de São Paulo. "Dois amigos de infância", diz o título, referindo-se a Brasília e ao filho nascido em 1957. A mensagem do Doria pai tem trechos que o neoliberal e conservador Doria Junior poderia reler: "um Brasil de igual oportunidade para todos, com a subnutrição e o sub-desenvolvimento relegados ao passado. Brasil onde o pão e o leite, o abrigo e a escola, a saúde e o bem-estar, o trabalho e o recreio, a terra e o berço, o Direito e a Justiça sejam patrimônio de todos e não privilégio de alguns".

Papai falou, Doria.

Pouco mais de quatro anos após a mensagem otimista, o deputado João de A. Costa Doria, que fazia parte da bancada parlamentar que apoiou João Goulart, foi cassado pela ditadura militar e partiu para o exílio em Paris.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Memória da propaganda: Em 1962, o Natal do consumo antes da crise...

O sonho de consumo. 

Os brinquedos analógicos, ainda quase artesanais. 

A anúncio da Coca-Cola apelando para Deus às vésperas de um ano de crises..

O presente de Natal da Seleções

Calça Lee nem pensar: o dólar alto deixava o sonho pra depois. O Brasil vestia Far-West.


A Varig oferecia o trenó aéreo para um White Christmas em Nova York.

Em 1962, o Brasil curtia um Natal de consumo marcado pela onda de industrialização que JK acelerou. O mineiro já não era presidente, mas os resultados da sua política repercutiam na mídia, que também se modernizava, e estavam nas páginas das revistas que passaram a receber centenas de páginas de anúncios.
Apesar do otimismo que a propaganda refletia, 1962 antecedeu uma ano de crise
econômica e política.
Pelo menos um dos anúncios - o da Coca Cola - apelava para Deus segurar a barra no Ano Novo que despontava. Não deu. A crise tornou-se aguda e acabou em golpe militar. 1963 foi último ano integralmente democrático antes da longa noite a partir de 1964 e que só começaria a clarear em 1985.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Memória da propaganda: "não saia sem guarda-chuva"...



Em novembro de 1968, o Banco Nacional lançava nas revistas uma campanha que prometia "lucro certo" para investidores. Um guarda-chuva dominava a cena.

O guarda-chuva, aliás, tornou-se na década seguinte uma espécie de símbolo do banco mineiro, que dava de brinde aos clientes o utensílio com o logotipo da instituição.

A campanha ainda estava na mídia quando a ditadura lançou o AI-5, em 13 de dezembro de 1968. A partir do ato institucional que suspendeu garantias constitucionais, inclusive o habeas corpus, e abriu caminho para a institucionalização da tortura e dos assassinatos políticos, a barra pesou. Houve uma onda de prisões de jornalistas, escritores, artistas, funcionários públicos, estudantes, sindicalistas e políticos.

No Rio de Janeiro, entre militantes, foi adotada uma senha de alerta. Quando se sabia que determinada pessoa havia sido presa, significava que vários dos seus amigos ou contatos entravam em alto risco de sequestro por parte da frota de Veraneio, o sinistro utilitário usado pela repressão. A senha para tomar cuidado ou mudar de endereço era passada por telefone ou bilhetes - "Não saia sem guarda-chuva". Pelo menos um recorte da campanha acima foi colado em um corredor da Escola de Comunicação da UFRJ, na Praça da República.

O Banco Nacional, a propósito, pertencia a Magalhães Pinto, chamado de "líder civil" da ditadura e um dos signatários do AI-5.


Reprodução Jornal do Brasil

A relação entre alertas políticos e a meteorologia não era exclusividade dos militantes ou dos alvos em potencial da repressão. O Jornal do Brasil do dia 14 de dezembro de 1968, um sábado, noticiou a edição do Ato Institucional e, no alto da página, à esquerda e à direita, incluiu duas mensagens: a previsão anunciando dias sufocantes e a informação de que 13 de dezembro era o Dia dos Cegos. Foi a forma que Alberto Dines, então editor do JB, encontrou, há 50 anos, para denunciar a censura imposta à redação pelo AI-5.

Não custa deixar seu guarda-chuva por perto.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Memória da propaganda: Há 40 anos, o balanço de Adele Fátima vendia uma marca cheia de curvas: as Sardinhas 88


por Ed Sá 

Em 1978, a moça de biquini amarelo conquistou o Brasil ao cruzar as areias cariocas. O comercial das Sardinhas 88, estrelado por Adele Fátima estava em todas as TVs. A musa reinava nos intervalos e viralizava no Brasil. Se fosse hoje, "quebraria a internet", como se diz.

Não se sabe se inspirado pela curvas da sua marca - as Sardinhas 88 - o português Rubens Gomes da Costa, dono da fábrica de processamento de pescados, em Niterói, convidou Adele Fátima para incendiar corações e mentes. Foram gravados ao longo do ano três comerciais da campanha.

Os leitores da faixa sênior lembram da musiquinha? "Nem oito, nem oitenta, sardinha é... 88"

VEJA O COMERCIAL DAS SARDINHAS 88 NA MOFO TV, CLIQUE AQUI

terça-feira, 10 de abril de 2018

Memória da propaganda: quando o Brasil sonhou com o american way of life...

O carrão Nash.


O brasileiro queria ser o "Howard Hughes" dos trópicos e...


...aposentar a navalha. 


Enlatados para as crianças e...


...o fabuloso Studebaker para o pai.


As mulheres se livraram das toalinhas e...


... as mamães tinham gelo em casa e congelavam alimentos.


Contra o calor do Rio, Crush importado de Chicago. (Reproduções bqvMANCHETE)
por Pedro Juan Bettencourt 

O Brasil anda deprê. Mas há 70 anos, o país acelerava a urbanização e ensaiava momentos de euforia. A industrialização patinava com carência de energia elétrica, estradas e mão de obras especializada, grande parte da população ainda vivia em áreas rurais.

Apesar disso, com os cofres cheios de divisas acumuladas desde o boom de exportações de minério, borracha, madeira, açúcar etc, motivado pela Segunda Guerra, o governo do militar Eurico Gaspar Dutra implantou política econômica liberal, manteve o câmbio valorizado, facilitou pagamentos ao exterior e abriu os portões da alfândega.

Com as economias destroçadas pela guerra, a Europa e o Japão perderam relevância no comércio mundial. Os Estados Unidos, que não tiveram o parque industrial afetado por bombardeios, ao contrário, cresceram no período, eram os grandes fornecedores de bens de consumo para o mundo. Eles tinham o que vender e Dutra queria comprar. Carrofs, eletrodomésticos, produtos de beleza, alimentos enlatados, viagens aéreas, roupas, aparelho de barba, canetas, máquinas de costura, produtos farmacêuticos, brinquedos de plástico lotavam navios rumo aos trópicos.

Foi um breve surto, o Brasil acabou torrando as divisas e voltou ao pendura.

Enquanto a festa durou, as revistas ganharam páginas de anúncios.

E incipiente classe média das capitais a ilusão do american way of life.