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domingo, 27 de janeiro de 2019

Jean Wyllys: a justa opção pela vida

Reprodução Lebération

Reprodução da mensagem de despedida de Jean Wyllys no twitter. 

O deputado federal Jean Wyllys tem todo o direito e fortes razões para deixar o Brasil. Em um país onde sicários já mostraram que têm notórias ligações com políticos, e até o aval de alguns, sua vida e as vidas da sua família correm risco.

A renúncia forçada de Wyllys ao seu posto na Câmara é um golpe na democracia e um retrato do ódio implantado na política. Seu gesto tem a força de uma denúncia que ecoa na mídia internacional e exibe os riscos da "nova era". Há outros políticos de oposição ameaçados, além de líderes ambientalistas, membros do MST e de movimentos sociais, especialmente em regiões do interior do país. A chamada imagem do Brasil lá fora já não é lá essas coisas. E o fato de um brasileiro ser  obrigado a deixar sua terra para não morrer não ajuda em nada.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Huck desiste de ser presidente e partidos usam o controle remoto para buscar um substituto...

Mais rápido do que Jânio Quadros, Luciano Huck renunciou à presidência que já era sem nunca ter sido.

Copiou o estilo de outro apresentador que desistiu antes da eleição: Silvio Santos, em 1989.

Partidos que estavam interessados em bancar a candidatura do apresentador da Globo estão agora com o controle remoto nas mãos buscando um substituto.

Amaury Jr., Ratinho, Gugu, Danilo Gentili, Faustão, Rodrigo Faro, Fátima Bernardes, Sabrina Sato, Luciana Gimenez, Ana Maria Braga e Roberto Justus são alvos.

Justus, aliás, já cogitou a hipótese. Afinal, se os Estados Unidos colocaram na Casa Branca um apresentador de O Aprendiz, porque ele que foi o âncora da versão brasileira do mesmo programa não pode subir a rampa do Planalto?  (O.V.Pochê)

domingo, 21 de maio de 2017

Fotografia - Temer e Jânio: os pés da crise...





Foto de Erno Schneider/Reprodução


Duas crises, duas fotos. No alto, imagem publicada na Folha de São Paulo, hoje, mostra Temer, no Jaburu, com passos indecisos, pés apontando para rumos opostos, como se vê no detalhe. A foto é de Pedro Ladeira.

Acima, a famosa e premiada foto de Erno Schneider, de 1961, para o Jornal do Brasil. Com essa cena, Schneider fixou o logotipo da renúncia de Jânio Quadros e ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo. Jânio, na época, não sabia se ia para a direita, esquerda ou se ficava no centro. Acabou defenestrando-se do cargo.

Temer, investigado no caso JBS, resiste a renunciar. O que não o impede de também trocar os pés. Simbolicamente, ele não sabe se caminha em direção ao seu "núcleo duro", aí representado por Moreira Franco e Eliseu Padilha, ou se segue o que lhe sugere o pé direito e se afasta da dupla que, por sua vez, já tem o filme queimado pela Lava Jato sob a denúncia de receber propina da Odebrecht.

Pode-se dizer que o flagrante de Temer não é tão expressivo fotograficamente quando o de Jânio, mas ambas as tristes figuras, no instante da foto, estão visivelmente com o GPS político avariado.

sábado, 20 de maio de 2017

"Toma que o filho é teu": Demorou, mas a grande mídia aderiu ao "Fora Temer"...

Editorial do Globo 


Mídia aderiu ao "Fora Temer" mas
não às "Diretas Já". Reprodução
A mãe de todas as bombas, a JBS, provocou uma tremenda saia justa na moçada da mídia dominante.

Antes de o gravador de Joesley disparar novos "segredos" - mesmo após o vazamento da denúncia da Odebrecht que incriminou o ilegítimo - Temer era algo como a encarnação da suprema ética, o "nosso guia", alguém imbuído da missão divina de fazer as reformas a qualquer custo. Editoriais, colunistas e o noticiário exaltavam a pérola preciosa resgatada do lamaçal do Tietê, digo, do PMDB. Até que o raio paralisante da JBS caiu na redações. Nas primeiras entradas ao vivo, a perplexidade estava exposta em closes. Falar de Lula e Dilma seria mais voltagem do mesmo choque dos últimos anos. A notícia tinha ingredientes viçosos. Um típico caso jornalístico em que o homem (Joesley) mordeu os cachorros (Temer e Aécio). Não dava mais pra segurar, explode coração.

Nos primeiros minutos, ainda no susto e na velocidade dos acontecimentos, havia tensa cautela cada vez que Temer tinha que ser encaixado no texto. As análises eram timidamente superficiais, com um "se comprovadas as denúncias" exaustivamente encaixado entre centenas de vírgulas.



Ontem, a leitura dos jornais ou um simples zapear na TV mostravam outro clima: a opinião e a ênfase voltaram da folga e passaram a trabalhar. Um editoral do Globo foi a senha para levar Temer ao paredão do reality institucional do Planalto Central. Um dia antes, a Folha ousou dizer que os diálogos entre Temer e Joesley não eram "conclusivos". Veja e Época aderiram ao "Fora Temer". A Istoé, que vinha em uma trajetória de marcado adesismo, diluiu Temer ao lado de Dilma e Lula e tardiamente "descobriu" que a Lava Jato "não escolhe partidos". Só em Istoé.

Em outras circunstâncias históricas (1964),
o  "Basta" do Correio da Manhã.
Por coincidência, ressalvadas as circunstâncias históricas,  Veja destacou um "Basta!", na capa. Lembrou o Correio da Manhã, em 1964, quando a mesma interjeição pedia que Jango fosse derrubado.

A Época fez um capa tétrica do momento nacional inspirando-se em um bullying que Temer sofre: a conhecida referência ao seu visual de mordomo de filme de terror.

Em geral, para muitos coleguinhas não deve ter sido fácil acompanhar a brusca guinada. Mas à medida em que os veículos conservadores explicitaram posição e ligaram seus radares e GPSs políticos, diminuiu a tensão, âncoras, articulistas e colunistas dessas redações puderam relaxar e coreografar com mais precisão suas intervenções. Mesmo assim, haja equilibrista. Um deles, tido como "porta-voz informal de Temer", foi buscar ajuda no escritor Robert Stevenson, autor de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde" para aliviar um pouco a barra e conceder a Temer pelo menos uma dupla personalidade. É preciso reconhecer a habilidade inserida na "opinião" que o dito jornalista construiu: "O presidente Michel Temer poderá ser levado a renunciar ao cargo por pressão do professor de Direito Constitucional Michel Temer, um homem tão cioso do cumprimento das normas constitucionais e dos princípios ético que regem a moral pública. O professor está envergonhado do ato praticado pelo presidente da República".

Por esse raciocínio de ficção, o Dr. Jekill Temer é inocente, a culpa foi do Mr. Hyde Temer. Se o culpado for para a Papuda, o STF vai ter que rebolar para saber o que fazer com o inocente.

Complicado vai ser se Mr. Hyde Temer fizer delação premiada e melar ainda mais a vida do Dr.
Jekill Temer.