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domingo, 16 de julho de 2023

Mídia - Justiça de Brasiíla atropela a Constituição e censura a Revista Piauí

imprensa & justiça


JUIZ CENSURA TRECHO DE REPORTAGEM DA PIAUÍ

Na prática, a decisão implica o recolhimento da revista nas bancas|14 jul 2023_13h11
No dia 20 de junho, Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, juiz da 21ª Vara Cível do Distrito Federal, deu uma liminar determinando a remoção de um trecho da reportagem O cupinzeiro, do repórter Breno Pires, publicada na edição 201 da piauí de junho deste ano. A reportagem mostra como o governo Bolsonaro desidratou o programa Mais Médicos e colocou no lugar uma agência que se transformou num ninho de falcatruas, com casos de nepotismo, irregularidades administrativas, denúncias de assédio moral e mau uso de verba pública.

Em um parágrafo, o texto da reportagem faz referência à denúncia de 95 páginas, entregue ao Ministério da Saúde, na qual se apontava que, entre os contratados para a nova agência, havia uma lista de amigos de ex e atuais dirigentes do órgão, inclusive casais, com o marido e a mulher assumindo bons cargos. A reportagem dava três exemplos. Em uma única frase, mencionava, sem emitir juízo de valor, os nomes do casal L. W. (contratado para a gerência de formação, ensino e pesquisa) e de sua mulher D. O. M. (que assumiu como assessora da diretoria técnica). Era uma menção sumária ao caso dos dois, que, no relatório preliminar da investigação interna aberta para apurar as denúncias, ocupa cinco páginas.
Alegando que a matéria noticia “fato inverídico”, o casal recorreu à Justiça e pediu a remoção da reportagem do site da piauí e a retirada de circulação da edição impressa da revista. Também pedia que, dali em diante, a piauí fosse proibida de fazer menção aos seus nomes em futuras matérias sobre o caso.

O juiz Raposo Filho entendeu que o pedido de censura prévia era excessivo, mas ordenou que a piauí suprimisse a menção a L.W. e D.O.M. tanto dos “textos publicados na rede mundial de computadores”, quanto dos “exemplares da revista piauí edição 201”. Como a edição já havia sido distribuída no início do mês de junho, e o juiz estava informado disso, a consequência inevitável de sua decisão era o recolhimento da edição das bancas – dado que seria impraticável contratar um exército de pessoas que, munidas de canetas, saíssem riscando os nomes do casal de cada um dos exemplares distribuídos a mais de 5 mil pontos de venda no país.
No dia 11 de julho, a piauí recorreu da decisão junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Numa peça de 22 páginas, sustenta que “o conteúdo da matéria é estritamente narrativo, baseado em documentos oficiais e fontes fidedignas” e mostra que a existência de indícios de irregularidades e troca de favores é tão incontroversa que a própria agência instaurou investigação interna sobre o assunto – e afastou toda a diretoria. Ao ressaltar que o assunto é de interesse público, a defesa diz que é “dever da imprensa noticiar fatos […] que envolvem suspeitas de contratação irregular de agentes públicos”
O recurso da revista ainda sustenta, com fundamento na decisão de 2014 tomada pela ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, que o dever do jornalista é “buscar fontes fidedignas”, e o exercício de sua profissão não pode ser engessado pelo rigor dos procedimentos judiciais de investigação. Em outras palavras, o jornalismo não tem poder de polícia, não quebra sigilo bancário, fiscal, não faz escuta telefônica, não manda prender, nem promove operações de busca e apreensão. Segundo Andrighi, os instrumentos à disposição dos jornalistas são limitados aos de sua profissão, razão pela qual, por óbvio, uma reportagem jornalística não é um inquérito policial nem uma sentença judicial.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Cadê o Telegram que estava aqui? Sumiu e já voltou. Tem "especialista" que acha que foi censura. Tem "especialista" que diz que foi bem feito porque o aplicativo estava se lixando para o STF

por José Esmeraldo Gonçalves 

A Frase do Dia, no post anterior, é oportuna. Os canais de notícias fazem atualmente um jornalismo baseado principalmente em análises de "especialistas" convidados e opiniões de âncoras e comentaristas contratados. Nesse aspecto é um espécie de "internetização" do jornalismo, um turbilh~qao de opiniões e "sacadas'. 

Os repórteres que ainda resistem bravamente são geralmente escalados apenas para ouvir assessorias de imprensa e autoridades - é a praga do jornalismo declaratório - e, às vezes, tentar saber o que o "outro lado" pensa. 

Matérias investigativas nos canais por assinatura? Diz aí uma só. Curiosamente, muitos poderão lembrarão que é o velho e semanal  Fantástico, da TV Globo aberta, ainda investe com frequência em reportagens investigativas. Jornais como Folha de São Paulo e Estadão ainda surpreendem de vez em quando com matérias investigativas. No digital, têm se destacado os portais Metrópoles, UOL, BBC Brasil e, especialmente, sites de jonralismo independente, como Brasil de Fato, Intercept, Ponte, Agência Publica, Lupa, além de muitos pequenos veículos regionais qie fazem um contrapónto à mídia neoliberal.

Somando Globo News, CNN BR, Band News, Record News, JP News, vão ao ar diariamente mais de  50 especialistas opinando sobre os mais diversos assuntos. São tantos que já deve ter criança querendo ser "especialista" quando crescer. O jornalismo de palestrante só não cresce mais porque quando um convidado surpreende ao analisar um fato qualquer sob ângulo contrário à orientação politica, econômica, religiosa etc das empresas de comunicação entra para um índex de eternos desconvidados. 

Bom, a fórmula deve dar boa audiência já que todos a seguem. 

Não por acaso. comentários dos "especialistas" e da aglomeração de comentaristas contratados rendem polêmicas e retuítes nas redes sociais. É tamanho o fluxo de opiniões que é impossível evitar que muitas delas sejam desbaratadas e se transformem em discussões nas redes sociais., 

Veja o caso da atual polêmica envolvendo o Telegram. O aplicativo está no foco de um investigação sobre crimes digitais na internet. Fake news, ataques à democracia, calúnias, mensagens políticas ilegalmente impulsionadas, racismo, preconceito, misoginia, incitação à violência são conteúdos que desembestam nas redes sociais e no Telegram aparentemente com maior intensidade. O ministro Alexandre Moraes mandou tirar o Telegram da tomada. Alguns "especialistas" e comentarisas divergiram. Os jornalistas neoliberais defenderam a liberdade total e chamaram o ato do STF de "censura". Um deles, Jorge Pontual, da Globo News, pregou como se fosse um missionário do liberalismo ao dizer que as fake news devem ter transito livre e que cabe ao ouvinte, assinante, leitor decidir sobre o que é fake e o que não é. Felizmente, no mesmo programa, a comentarista Flávia Oliveira esclareceu que o Telegram, ao contrário do que Pobntual argumentou, foi bloqueado por não atender a nenhum das intimações do STF e por não ter representante legal no Brasil - apenas um advogado que cuida de direitos autoriais. Não foi desligado por veicular conteúdo falso ou não. Foi penalizado por não dar bola para a Corte máxima da democracia brasileira. Se tivesse atendido ao STF, como fez, por exemplo, a justiça alemã em caso semelhante, teria sido possível bloquear apenas os canais criminosos e não todos os usuários. 

O STF informou ontem que o Telegram finalmente atendeu à determinação do ministro Alexandre Moraes quanto às questões criminais e demais demandas jurídicas. O aplicativo finalmente instalará  um representante formal no Brasil, deixando a cladestinidade virtual. Com isso foi liberado para voltar a funcionar. 

Restou aos coleguinhas que chamaram a decisão do STF de "censura", a subida "honra" de estar junto e connectado a Jair Bolsonaro.    

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Caparam o Capão, ou Aqui Jazz • Por Roberto Muggiati*

Festival de Jazz do Capão. Foto Divulgação



Os regimes totalitários odeiam o jazz, vejam o nazismo e o estalinismo. As facções racistas e reacionárias odeiam o jazz, vejam a quantidade de músicos norte-americanos que preferiu morar e tocar na Europa. 

Agora – retardado como sempre – o “Brasil oficial” adere à onda de ódio ao jazz, uma das manifestações de arte mais libertárias da nossa época, ao lado do cinema. A Funarte acaba de vetar apoio da Lei Rouanet à nona edição do Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, Bahia. O motivo do veto foi que o evento se declarou “antifascista e pela democracia” – como se isso fosse algo nocivo à sociedade brasileira. Mais um vexame para nossa cultura aos olhos do mundo. Para Tiago Tao, o produtor do evento, a não aprovação tem viés ideológico: “Não houve um parecer técnico, nenhuma avaliação do programa. O governo usa argumentos que beiram a bizarrice. Aliás, o governo não foi citado, mas vestiu a carapuça.”

Raul de Souza. Foto Emmanuelle Nemoz/rauldesouza.net  

Realizado há dez anos, o Festival do Capão já reuniu Hermeto Pascoal, Raul de Souza, Ivan Lins, Naná Vasconcelos, Toninho Horta, Orquestra Rumpilezz, Egberto Gismonti e outros nomes de relevo internacional.


... E o Mago tirou um Coelho da cartola 

Paulo Coelho e Christina Oiticica. Foto paulocoelhoblog.com

• O jazz já foi chamado “o som da surpresa”. Enquanto essa matéria ia para nossas prensas digitais, foi anunciado que o escritor Paulo Coelho e sua mulher, a pintora Christina Oiticica, se ofereciam para bancar os custos do Festival de Jazz do Capão. (“Única condição: que seja antifascista e pela democracia”.) Como diria Shakespeare, bem está o que bem acaba... Bela notícia para um 14 de julho em que se comemoram os 232 anos da Queda da Bastilha.

 *Roberto Muggiati é autor dos livros O que é jazz, New Jazz: de volta para o futuro e Improvisando Soluções.

sábado, 13 de junho de 2020

Memória da redação - A epidemia que a ditadura tornou invisível

Revista Manchete, 1972/Reprodução BN
Só imagine: a Covid-19 chega ao Brasil e o governo ordena à mídia silêncio total sobre o avanço da epidemia.

Algo semelhante aconteceu aqui entre 1971 e 1974, em plena ditadura de Garrastazú Médici. Nada de coletivas das autoridades de saúde, nem pensar em divulgar gráficos com os números dos estados e muito menos os cuidados que a população deveria adotar. O governo determinou que a epidemia de meningite era invisível.

Bolsonaro e os militares atualmente aquartelados no Ministério da Saúde bem que tentaram "administrar" os números da atual Covid-19 e segurar o coronavírus pelos coturnos para mostrar ao mundo que a tragédia brasileira é "criação da imprensa".

No começo dos anos 1970, com o poder de censura na mão, Médici conseguiu esconder a fragilidade do sistema de saúde, calar a mídia e fazer com que as vítimas morressem em silêncio. Em 1972, registrou-se, em certo momento, cerca de dois mortos por dia. Mas os números jamais foram consolidados de maneira confiável. Sabe-se que em 1974 havia quase 70 mil casos conhecidos no país, descontada a subnotificação.  A "lei da mordaça" contra a meningite só foi aliviada em 1975, já no governo Geisel, que ensaiava a distensão política e quando não dava mais para esconder o drama. Epidemiologistas foram convocados, formou-se a Comissão Nacional de Controle da Meningite. No ano seguinte, houve uma vacinação em massa.

A política do governo militar para esconder doença não era inédita. O cientista Albert Sabin, muito amigo de Adolpho Bloch e frequentador da Manchete sempre que vinha ao Brasil, acusou certa vez, em entrevista nos Estados Unidos, o ditador Médici de manipular dados sobre a incidência de poliomielite no Brasil entre 1969 e 1973.

Naquela época, redações de jornais e revistas eram forçadas a admitir como "consultores" coronéis de pijama que davam um "parecer" sobre matérias potencialmente capazes de criar problema com Brasília. A Manchete teve um desses meganhas.  Em 1972, a revista publicou uma matéria sobre o avanço da meningite, chegou a registrar o drama de famílias de algumas vítimas no Rio e em São Paulo. A reportagem (veja reprodução acima), era assinada por Marco Aurélio Borba, Miguel Pereira e Celso Arnaldo. Foi a única reportagem na Manchete a mostrar que havia uma epidemia no Brasil. Mesmo assim, com visível cuidado: falava em "súbito aumento de casos" e em "certo temor da população". Nos anos seguintes, foi publicada outra, mas sobre o Instituto Mireux, de Paris, que pesquisava uma vacina; e na Pais & Filhos saiu uma  texto sobre "cuidados com a doença". Ambas as matéria não se referiam diretamente à epidemia em curso no Brasil. A Veja fez em 1972 uma única reportagem de capa sobre o assunto. No título "O Surto da Desinformação". E, no mesmo ano, a Folha de São Paulo teve censurada a reportagem "A Epidemia do Silêncio".

Governos que amam odiar a transparência, como se vê na atitude negacionista do regime bolsonarista frente à Covid, não possuem anticorpos contra o vírus do autoritarismo.

Mas é preciso registrar que nem o execrável Médici mandou invadir hospitais...


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O brado retumbante da censura



Na ditadura a tesoura tinha assinatura e carimbo do Divisão de Censura de Diversões Públicas. Era o autoritarismo explícito que o Brasil imaginava ter eliminado. Bolsonaro e dos seus adeptos em vários níveis de governo instituíram a censura dissimulada em total desprezo pela Constituição. O cinema tem sido um alvo preferencial. Pelo menos dois filmes são vítimas dos neofascistas de Brasília. "Marighella", dirigido por Wagner Moura, está em exibição em vários países mas teve sua estréia suspensa no Brasil. O filme conta a história do guerrilheiro que lutou contra a ditadura. "Chico, artista brasileiro", que deveria participar da mostra Cine de Brasil 2019, no Uruguai, segundo noticia a Revista Fórum, mas telefonema de "uma mulher que falou em nome do ministro das Relações Exteriores do Brasil" obrigou o exibidor a cancelar a participação do filme de Miguel Faria.
Os tempos sombrios estão de volta.

terça-feira, 30 de julho de 2019

Governo sinaliza trevas na relação com jornalistas

A relação do governo com jornalistas vem emitindo seguidos sinais de trevas e autoritarismo. Demissões de profissionais por ingerência política, agressões e ameaças se sucedem. Dois exemplos atuais, apenas.

Na recente coletiva do porta-voz da Presidência, general Rego Barros, um episódio mostrou ao mesmo tempo a relação tensa entre repórteres que tentam exercer sua função dignamente - e não festejar o governo como certos comentaristas de TV preferem - e a estrutura oficial de comunicação do Planalto, o próprio Bolsonaro e seus ministros.

O repórter do portal UOL, Leonardo Vieira deu uma lição de integridade profissional ao questionar o porta-voz quando ele acusa o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, de "crime", que ele não consegue tipificar, por divulgar conteúdo basicamente jornalístico de mensagens trocadas por Sergio Moro e sua facção de procuradores.

Nesta mesma semana, o apresentador do Roda Viva, Ricardo Lessa, acusa a TV Cultura de censurar veladamente uma entrevista com o general Santos Cruz, ex-chefe da Secretaria de Governo há pouco tempo demitido por Bolsonaro.

Segundo Lessa, ao convidar o general para ir ao programa foi "aconselhado" a não fazer a entrevista. Como pediu que enviassem por escrito o veto, recebeu  autorização para gravar. Em represália, a TV Cultura fez algo inédito: pautou duas entrevistas para o mesmo dia do Roda Viva, sendo que o programa com Santos Cruz passou para meia noite. Às 10, horário habitual, foi pautada uma entrevista com o economista Bernard Appy sobre a reforma tributária, tema que ainda não começou a ser discutido no Congresso.

Lessa acusou a TV Cultura de atitude "indigna e vil". Antes, segundo o apresentador, os "aiatolás" da emissora do governo João Dória, vetaram pelo menos mais dois entrevistado: Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência, e Marcos Truirro, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério de Economia.

A Cultura divulgou nota explicando que exibiu dois programas na mesma noite porque planejou uma "maratona". E não respondeu à grave acusação de Lessa sobre a pressão para vetar Santos Cruz, nem comentou o impedimento de entrevistas com Bebbiano e Truirro.

VEJA AQUI TRECHO DO VÍDEO ONDE O REPÓRTER DO UOL FAZ A PERGUNTA QUE ENCURRALA O PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA. AQUI

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Joan Baez faz turnê mundial de despedida dos palcos. A cantora voltará a Woodstock para comemorar em agosto os 50 anos do festival

Joan Baez. Reprodução/http://www.joanbaez.com/photos/
por Ed Sá 

No ano em que o Festival de Woodstock comemorará 50 anos, entre os dias 15 de 18 de agosto, Joan Baez faz sua última turnê mundial. A cantora, que há poucos dias completou 78 anos, iniciou seus shows de despedida no ano passado percorrendo cidades dos Estados Unidos e da Europa, onde divulga seu novo disco, Whistle Down The Wind. Ela deu à turnê mundial o nome de Fare Thee Well Tour, que terá agendas em vários países até 2020. Depois disso, não mais palcos, mas não dará adeus aos discos.

Com mais de 60 anos de carreira desde as primeiras apresentações em bares de folk music, Joan Baez tem seu nome ligado, para sempre, à canção de protesto, à antológica performance em Woodstock, onde cantou "Drug Store Truck Drivin Man" e "Joe Hill" (em homenagem ao sindicalista condenado à morte no começo do século passado), e ao ativismo político. Ela cantou no Vietnã, esteve na famosa marcha que ocupou as avenidas de Washington, em 1963, foi presa por participar de um ato de protesto em uma instalação militar, engajou-se em campanhas contra armas, em defesa dos direitos humanos e combateu a violência contra a mulher.

Joan Baez estará nos shows comemorativos de Woodstock 2019, ao lado de cantores e bandas de várias gerações, como Pearl Jam, Foo Fighters, Logic, Chance The Rapper, Pink, Lorde, The Weeknd, Coldplay, Kesha, Mumford and Sons, Lumineers, Demi Lovato, Ariana Grande, Eminem, Graham Nash, Neil Young, Santana, The Who, Phish, Bon Jovi, Elton John, The Doobie Brothers, Zac Brown Band, Florida Georgia Line, Jason Aldean, Daft Punk, Swedish House Mafia, Deadmau5, Skrillex, Steve Aoki, and Chainsmokers.

Joan Baez veio ao Brasil em 1981. Em pleno governo militar, a Polícia Federal da ditadura proibiu as apresentações em São Paulo, onde ela subiu ao palco apenas para dizer que estava impedida de cantar, e no Rio. Dessa época, restou um documentário da sua turnê pela América do Sul, exibido na TV americana, Baez aparece tomando cerveja com Lula em um boteco paulistano. Só em 2014,  voltou ao Brasil e pode, enfim, cantar no Rio, em São Paulo e Porto Alegre.

No site oficial da cantora há um link para tour schedule até julho de 2019.

O Brasil não está lá.

Infelizmente.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Justiça do PR contraria STF e ainda manda indenizar delegada

A justiça do PR manteve a censura em sentença: o leitor ganhou, mas não levou!

Reprodução Blog Marcelo Auler Repórter
por Marcelo Auler (Blog Marcelo Auler Repórter) (*)

No último dia 5 de junho, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ao apreciar a Reclamação 28747, cassou a liminar do 8º Juizado Especial Cível de Curitiba que censurou este Blog (STF cassa censura da DPF Érika ao Blog). Apesar disso, o site continua impedido de divulgar as reportagens “Novo ministro Eugênio Aragão brigou contra e foi vítima dos vazamentos” (16 de março de 2016) e “Carta aberta ao ministro Eugênio Aragão” (22 de março de 2016). Ou seja, os leitores, segundo os ministros do STF têm o direito de ler as postagens. Mas a Justiça do Paraná não permite.

Ao fazê-lo, mais uma vez atropela o que dita a Constituição e desrespeita o Estado Democrático de Direito que não admite censura, como reforçaram diversos julgados do órgão máximo do Judiciário, o STF.

Tudo em consequência das decisões da Juíza Leiga Bruna Alexandra Radoll Neumann e do juiz togado Nei Roberto de Barros Guimarães. Ela, ao analisar o processo movido pela delegada de Polícia Federal Erika Mialik Marena – ex-Operação Lava Jato, ex-Operação Ouvido Moucos e, hoje, superintendente do Departamento de Polícia Federal (DPF) em Sergipe – apesar de todas as provas juntadas aos autos, considerou parcialmente procedente a pretensão da policial para: converter a tutela provisória concedida em definitiva (Evento 9.1), determinando que Marcelo José Cruz Auler retire de seu blog (internet) as matérias nas quais menciona o nome da reclamante de maneira vexatória, sobretudo, as matérias “Novo Ministro Eugênio Aragão brigou contra e foi vítima dos vazamentos” e “Carta aberta ao ministro Eugênio Aragão”, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, pena de multa diária de R$ 400,00 (quatrocentos reais), limitada a 20 (vinte) dias; condenar Marcelo José Cruz Auler ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), corrigido monetariamente pela média do INPC/IGP-DI a partir da presente decisão e com juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir do evento danoso”.

Essa sentença, de 08 de maio de 2018, foi homologada pelo juiz Barros Guimarães, titular do 8º Juizado. Foi ele quem, em 30 de março de 2016, diante da queixa da delegada e antes mesmo de intimar o Blog sobre o processo, determinou a censura pedida pela policial. Censura que ele manteve, agora por sentença, mesmo com a recente decisão do Supremo.

Ele foi alertado da decisão da 1ª Turma do STF pelo escritório Rogério Bueno, Advogados Associados, de Curitiba (PR), que defende “Pró-Bono” o Blog.

Inclusive sobre o fato de a ministra Rosa Weber ao se manifestar sobre o caso, considerar “incongruência na decisão do juízo de origem, de caráter liminar, que determinou a exclusão das matérias antes mesmo de ser julgado, no mérito, se houve ou não ofensa”, como noticiou a assessoria de imprensa do STF.

Na informação do próprio site do STF, para seus ministros só cabe retirar reportagens de blogs quando evidenciado dolo por parte do autor da matéria.

No entendimento do ministro Luiz Fux, a decisão do 8º Juizado Especial de Curitiba “representa afronta ao julgado na ADPF 130, pois não ficou claro que o intuito do jornalista tenha sido o de ofender a honra da delegada mediante a divulgação de notícia sabidamente falsa contra sua honra, mas sim apontar a existência de vazamentos de informações na Operação Lava-Jato e, para tanto, identificou supostas fontes”.

Ainda assim, o juiz togado não quis rever a decisão (veja reprodução acima) que contraria diretamente todos os entendimentos do Supremo de que a liberdade de expressão e pensamento estão acima de qualquer outro direito. Em 14 de junho, ele registrou que a decisão do STF se referia à “tutela antecipada” e não atingia a determinação daquele Juizado, agora emanada de uma sentença condenatória. Como o Supremo ainda não publicou o acórdão, a defesa do Blog não teve como provocá-lo novamente sobre a insistência do juízo em censurar.

No Embargo impetrado contra a condenação no Paraná, o advogado Rogério Bueno da Silva destacou que “da leitura atenta da sentença ora embargada, depreende-se que quase todas as provas juntadas sequer foram analisadas pela ilustre Julgadora Leiga”. Na quinta-feira (12/07) ele ajuizou Recurso à Turma Recursal de Curitiba na tentativa de reverter a condenação e a censura que a juíza leiga e o juiz togado continuam impondo ao Blog.

No recurso, ele demonstra que foram desprezadas as provas – documentos oficiais – e testemunhos – do ex-ministro da Justiça e subprocurador-geral da República aposentado Eugênio Aragão e do ex-diretor-geral do DPF, delegado aposentado Paulo Fernando Lacerda – levados ao processo. Um exemplo é quando a juíza leiga diz:

“Na primeira matéria (Eventos 1.3 e 1.5), o reclamado afirmou que o então Ministro da Justiça Eugênio Aragão virou alvo de uma representação assinada pela reclamante. Ocorre que o reclamado não apresentou, nos autos, a referida representação. Na verdade, o reclamado copiou uma nota publicada pela Revista Veja, não verificando a sua procedência (Evento 1.4)”.

(*) Marcelo Auler foi repórter na revista Manchete entre 1974 e 1978.

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terça-feira, 22 de maio de 2018

Alberto Dines: o jornalista que fez diferença

Alberto Dines/ Foto: Reprodução EBC/TV Brasil

O Observatório da Imprensa está preparando uma edição especial sobre Alberto Dines.

Sua vida e legado jornalístico não caberiam nas poucas linhas da nota em que o instituto anunciou a morte do jornalista nesta manhã, aos 86 anos, no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Dines deixa marcas profundas no jornalismo brasileiro. Seu nome está ligado à evolução e ao aperfeiçoamento da mídia, à ética, à liberdade de imprensa e às referências de várias gerações de profissionais da imprensa. Nas últimas décadas, foi o teórico, sem nunca se afastar da prática, que questionou os rumos do jornalismo.

A prometida edição especial do Observatório da Imprensa certamente contará aos jovens jornalistas que enfrentam atualmente os desafios dos novos modelos e plataformas a trajetória de Dines e suas valiosas lições.




Aqui, registramos dois momentos que ficaram na memória dos tempos difíceis, quando a censura nada virtual era a "ferramenta" que atormentava editores e repórteres. Tentar um drible nos coronéis que ficavam de sentinela nas redações era uma obrigação. Esse jogo gerou pelo menos duas inesquecíveis primeiras páginas do Jornal do Brasil editadas por Alberto Dines.  Uma, quando a  ditadura lançou o AI-5, em 1968, e o recado possível foi dado no quadradinho da previsão do tempo no alto da página. Outra, ao noticiar a queda e morte de Salvador Allende, em 1973. O JB recebera ordem expressa para não publicar foto do sangrento golpe no Chile. E a opção por dar a capa sem foto, com texto em destaque, sem título, obteve maior impacto dramático, exatamente o que os coronéis queriam evitar. Os censores saíram da história pela porta dos fundo, aquela primeira página ficou".

DINES NA MANCHETE E NA FATOS & FOTOS

Alberto Dines chegou à Manchete em 1957 como subeditor e secretário de redação. Não demorou muito foi para o Última Hora, mas já em fins de 1960 voltou à Bloch para dirigir a nova revista semanal da editora de Adolpho Bloch, a Fatos & Fotos.

No livro Maysa, o escritor Lira Neto dedica algumas linhas a uma capa da Manchete editada por Dines.



Em maio de 1957, pela primeira vez Maysa era capa de revista. O então assistente de redação da Manchete, Alberto Dines, encantou-se com os olhos da cantora, captado pelas lentes do fotógrafo Gervásio Batista. Dines não teve dúvidas: rompeu com a tradição dos planos americanos das capas da publicação e estampou um close de Maysa. Resultado: levou um sabão do dono da editora, Adolfo Bloch, que achou um exagero dar tamanho destaque a uma cantora em início de carreira. Mas a capa revelou-se profética. Dali a menos de um ano, Maysa já seria uma das cantoras mais famosas - e mais controvertidas - do país".

sábado, 13 de janeiro de 2018

Imprensa - Donald Trump deixou os jornais com um shithole na mesa de edição



Donald Trump demorou, mas conseguiu com uma palavra encurralar o moralismo da mídia mundial. E fez isso ao usar a expressão shithole em um dos seus ataques hidrófobos de racismo. 

Shit é merda e hole é buraco. Ponto. Não há como disfarçar. O Haiti e todo o continente africano são, para ele, "buracos de merda". E o Brasil só não entrou no time como titular porque a questão que motivou a ofensa não incluía, naquele momento, esse lado de baixo do equador.

No Brasil, O Globo de ontem pediu os sais, calçou luvas, espartilho e polainas e optou por traduzir o xingamento de Trump por um suave "pocilga". O Houaiss diz que "pocilga" é "curral de porcos", no máximo admite a variação "lugar sujo". Mas imagino a reunião de cúpula que shithole exigiu até que a palavra mais famíliar fosse encontrada e desidratada para consumo da família brasileira. 

No Globo de hoje, shithole
foi traduzido como "países de merda"
Na capa de hoje, suitando a declaração, a Folha escolheu "país de merda", O Globo de hoje mudou de ideia e adotou a mesma tradução: "país de merda", bem mais fiel do que o delicado "pocilga" da edição anterior.. 

O site da Veja também chamou a "criada", pediu o chá-das-cinco e foi de "pocilga". O Estadão conseguiu publicar um artigo inteiro, hoje, onde fala de "linguagem vulgar" e de "países fracassados" sem botar a mão na shit. 

Ao gourmetizar a tradução, os jornalões apenas aliviam a barra de Trump fazendo com que ele pareça menos grosseiro. Praticam uma modalidade de fale  news.

Sasha Lekach, do Mashable, achou interessante pesquisar mundo afora como os grandes jornais enfrentaram o shithole de Trump. Veja algumas tentativas de tradução para disfarçar o óbvio e a curiosa variação adotada pela Finlândia:

A Croácia traduziu por "vukojebina", segundo Lekach algo como "lugar onde ursos trepam"

A Tailândia por "lugar onde os pássaros não põem ovos"

O Japão: "países sujos como privadas"

Itália "países-toilette

México: "países de merda"

França -"países de merda".

Canadá - "buraco de rato" 

Haiti - "buraco de merda"

Finlândia "países cus"

Alemanha - "sumidouro" ou "buraco do vaso"

Irã - "países "buraco de toilette"

Atualização -

No Globo deste domingo, 14/01, a jornalista Dorrit Harazim evita o "tucanês" (como se denomina a tradicional linguagem liofilizada do PSDB) e, no seu artigo, sem copidescar Trump, assume que shit é merda.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Justiça censura show de Caetano Veloso

O show foi proibido, mas o ato político aconteceu. Reprodução Instagram


"Ocupação Povo Sem Medo", de São Bernardo. Foto de Ricardo Stuckert
A grande mídia em geral tenta desqualificar a censura ao show que Caetano Veloso faria na ocupação do MTST em São Bernardo do Campo. Focaliza-se preferencialmente o despacho da juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública local, que enfatiza a suposta falta de "estrutura para shows, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável”.
Mas há outros fatos a considerar. O pedido do MP caracteriza a censura ao fundamentar o pedido no argumento de que o show seria realizado "em local que foi ocupado, e que está sub judice referida ocupação". Além disso, em operação para tentar proibir o ato político a Prefeitura de São Bernardo impediu a entrada de equipamento de som no terreno ocupado que, aliás, tem alta dívida de IPTU com a própria prefeitura e estava abandonado há 40 anos, segundo o MTST.

Depois da proibição, Caetano Veloso e vários artistas foram à ocupação, ontem. O cantor subiu ao palanque, mas não cantou. Foi a primeira vez que um show de Caetano foi censurado desde o fim da ditadura militar. Sem música, o ato político aconteceu.


Nesta manhã de terça-feira, 6.500 famílias fazem uma marcha de 23km, até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para pressionar o governador Geraldo Alckmin a ceder o tereno para a construção de moradias.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Censura em revistas masculinas inspira livro de arte







Reproduções do livro "Censored", da RVB Books. Divulgação

por Jean-Paul Lagarride

Nos anos 1960 e 1970, havia países que toleravam revistas masculinas desde que fossem impressas com recursos gráficos que encobriam o essencial. Curiosamente, os tais adereços do tipo estrelinhas, flores e bolinhas e outros destinados a esconder seios, vaginas e bundas estão de volta nas redes sociais e selfies íntimas..

A designer francesa Tiane Doan Na Champassak foi buscar em uma coleção de antigas revistas tailandeses - um daqueles países que liberava a nudez feminina mas só em meia-bomba - viu nesse tipo de censura gráfica alguma criatividade e até uma forma de pop arte.

A pesquisa deu origem ao livro "Censored", recém-lançado pela RVB Books, com 280 páginas e mais de quatro mil fotos.

Certamente, os designers daquela época tinham muito mais tempo para criar o tapa-sexo gráfico que profanava curvas com alguma delicadeza.

O padrão censório adotado hoje nas redes sociais dificilmente resultará em livro. Diante de um selfie como essa abaixo, da notória Kim Kardashian, uma personagem das redes sociais, o estagiário nervoso colou apenas grosseiras tarjas pretas.

Se é pra não ferir a moral e os bons costumes, sou mais os rapazes das revistas tailandesas que faziam variações criativas sobre o mesmo tema.
Tarja preta na selfie de Kim Kardashian. Reprodução Instagram

domingo, 15 de outubro de 2017

Em tempos de ódio, a Volkswagen americana faz um anúncio que remete a dias de esperança



É apenas um anúncio. Foi lançado nos Estados Unidos há três dias. A Volkswagen americana quis "comemorar a conexão emocional com as pessoas", "explorar sua herança" .

Nos anos 1960, a velha Kombi foi associada a um espírito de liberdade, de convivência, deixando a individualidade na poeira da estrada.

Ao usá-la como símbolo das pessoas que impulsionaram a marca, o comercial recorre a Woodstock e a canção "With a Little Help From My Friends", na versão de Joe Cocker.

Na verdade, 'sem querer querendo', fez um contraponto com o atual ecossistema social onde o ódio, a censura e o rancor rompem o diálogo, por mínimo que seja, e apontou para um tempo de mentes livres e não acomodadas, participantes.

Já viu as somras por aí? Não está em jogo apenas a política, mas a liberdade.

Melhor pisar no acelerador da Kombi.

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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Virou Coréia do Norte, Turquia, Arábia Saudita, China, Irã? Promotores americanos exigem que site entregue endereços e dados de opositores de Donald Trump. E governo brasileiro também quer atacar a web

Promotores acionados por Donald Trump estão pressionando a empresa de hospedagem de sites DreamHost a entregar cerca de 1 milhão e 300 mil endereços de IP, além de emails e outros dados de visitantes do site DisruptJ20, que organizou protestos durante a cerimônia de posse do empresário-presidente.

A ofensiva autoritária está surpreendendo grupos de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos. Será considerado um perigoso precedente caso os promotores tenham êxito na demanda presidencial. Por enquanto, a empresa está resistindo e tem desafiado o mandato do Departamento de Justiça sob o argumento de que a pretensão fere a Primeira Emenda da Constituição. A iniciativa faz parte de uma ofensiva do governo Trump para processar opositores, segundo o site i24News, com informações da AFP.

Desde o atentado às Torres Gêmeas, a legislação americana ganhou dispositivos dignos de estados policiais, em nome do combate ao terrorismo. Limites foram ultrapassados interna e externamente em operações de espionagem generalizadas. Mas tentar capturar dados pessoais de cidadãos pelo simples motivo de protestarem contra um presidente nivela os Estados Unidos, em termos de repressão na internet, a países como Turquia, Arábia Saudita, China, Coréia do Norte. Irã etc que constantemente investe contra a web.

A internet costuma incomodar governos e políticos com altos índices de rejeição. Se você acha que não tem nada a ver com isso, saiba que no Congresso brasileiro há vários projetos em andamento que ameaçam amordaçar redes sociais, blogs e páginas independentes. você pode obter informações sobre essa ameaça do sub-Trump, o ilegítimo Temer, no site Coalizão Direitos na Rede


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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Depois de sete anos de batalha jurídica, site de humor Falha de S. Paulo vence a censura que a Folha de São Paulo queria perpétua




O Superior Tribunal de Justiça deu ganho de causa ao site de humor Falha de S. Paulo, criado pelos irmãos Lino e Mario Bochini, que satirizava o noticiário da Folha de S. Paulo. O tribunal caracterizou a proibição do site pedida pela Folha como um tentativa de censura.

A informação foi publicada pelo jornalista Laura Jardim, do Globo.

Incomodada com a sátira, a Folha de São Paulo reagiu, em 2010, com uma liminar para tirar do ar a Falha de São Paulo e pedir indenização aos autores, alegando suposto uso da marca. O argumento que tentava disfarçar a censura, foi afinal negado pelo STJ. Foram sete anos de luta por parte dos irmãos Bochini, que não tinham dinheiro para mandar os seus advogados acompanharem todas as sessões da disputa contra o poderoso jornalão.

O Falha de São Paulo é uma sátira, uma claríssima paródia.  O maior risco, caso a Justiça não houvesse reconhecido isso, seria a jurisprudência firmada a partir da censura. A Folha de São Paulo não estaria atingindo apenas o Falha mas diretamente golpeando a liberdade de expressão.

Tardou mas valeu a pena a batalha que durou sete anos contra a recaída obscurantista da Folha, que, a propósito, tem no seu DNA íntima e histórica colaboração com a ditadura militar.

Fica a dúvida: ao reivindicar a volta da tesoura, a Folha de S. Paulo estava tentando concorrer com o satírico Falha de S. Paulo ?

É que não deixa ser irônico um meio de comunicação pedir censura.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Nota Oficial da FENAJ e Sindjornal contra a censura e em defesa da liberdade de imprensa

"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas – SINDJORNAL e a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ vem a público manifestar seu total repúdio à decisão judicial proferida no último dia 8,  pela 3ª Vara Criminal de Maceió, que censura a atividade profissional do jornalista Davi Soares, bem como, imputa ao jornalista uma suposta conduta criminosa pelo devido exercício de sua profissão. O SINDJORNAL e a FENAJ consideram a decisão do magistrado Carlos Henrique Pita Duarte antidemocrática e um ataque violento à Constituição, que garante o exercício profissional do jornalista bem como sua liberdade de expressão. Também classificamos a decisão como arbitrária e digna dos momentos mais cruéis da ditadura militar e que proporciona um cenário perigoso para quem busca dentro do que está posto na lei, o dever de informar à população de forma imparcial e seguindo os preceitos do bom jornalismo.

A preocupante decisão em caráter liminar atende a um pedido do deputado estadual Antonio Albuquerque  que se sentiu ofendido pelo jornalista ao ter seu nome veiculado em três reportagens publicadas no portal Diário do Poder. O parlamentar alega que o jornalista e o portal “elaboraram e publicaram matérias inverídicas” contra ele, juntamente com fotos, causando prejuízos à sua honra.

O Deputado Antonio Albuquerque pediu a condenação do jornalista e do veículo pelos crimes de injúria, calúnia e difamação, e, ainda, a aplicação de medidas cautelares de afastamento do jornalista Davi Soares de suas funções jornalísticas; a suspensão do funcionamento do veiculo “Diário do Poder”; e que ambos se abstenham, de qualquer forma, de pronunciar, transcrever ou publicar fatos ligados ao parlamentar, bem como, a retirar do ar as matérias já publicadas, além de não mais publicar matéria que cite Antonio Albuquerque em qualquer outro assunto.

Numa decisão absurda proferida no dia 8 de março, que foi formalmente comunicada no início desta semana, o juiz informa que acatou em partes o pedido do deputado. Em sua decisão, o juiz Carlos Henrique Pita Duarte proibiu o jornalista e o veículo de publicar qualquer matéria que envolva o parlamentar, que não pode sequer ter o nome citado em futuras publicações e ainda determinou a retirada do ar de todas as matérias já publicadas, mesmo as referidas reportagens possuindo posicionamentos do próprio deputado sobre os assuntos abordados, provando assim que a função jornalística de informar e proporcionar espaço ao contraditório foi respeitada.

O caso não foi isolado. O mesmo parlamentar vem constantemente atacando o trabalho de companheiros jornalistas, judicializando várias ações contra diferentes profissionais e pedindo na justiça a condenação de jornalistas pelo fato de não gostar do conteúdo publicado quando envolve seu nome em denúncias. Entendemos que o objetivo nada mais é do que uma tentativa de intimidar os profissionais, prática essa comum dos antigos coronéis de Alagoas.

O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas e a Fenaj informam que não vão permitir ataques ao exercício da profissão, bem como não irão se intimidar diante de tentativas absurdas de censura e desrespeito à Constituição.

O Sindjornal se solidariza com o jornalista Davi Soares, e coloca sua assessoria  jurídica à disposição por entender ser dever da instituição defender o jornalismo contra tentativas de ataque à liberdade de imprensa! Além disso, informa que irá adotar todas as medidas possíveis para reverter essa aberração jurídica de cercear um direito expressamente garantido na Constituição brasileira.

A tentativa de intimidação por quem detém o poder político não pode e não deve cercear o trabalho sério desempenhado pelo jornalismo de  Alagoas. E a justiça deve existir para coibir que os instrumentos jurídicos sejam usados como mecanismos de pressão a trabalhadores. O Sindjornal e a Federação reafirmam que são contrários a qualquer tipo de censura e a judicialização do jornalismo por entender que só com uma imprensa livre a sociedade pode ser mais justa!"

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas – SINDJORNAL 

terça-feira, 28 de março de 2017

Documentário exibido na França mostra o que o sexo no cinema brasileiro dos anos 70 tinha a ver com a ditadura explícita


A pornochanchada chega à academia. Depois do recente lançamento livro "Pornochanchando em nome da moral, do deboche e do prazer", de Claudio Bertolli Filho e Muriel Emídio P. do Amaral e noticiado aqui, a cineasta Fernanda Pessoa levou ao Cinelatino, festival que aconteceu em Toulouse, na França, neste final de março, o documentário "Histórias que nosso cinema (não) contava" ("Des histoires que notre cinéma racontait (jamais)", no título que o letreiro do cinema ABC-Salle 1 exibia).

A sinopse distribuída ao público francês explicava que, "em plena ditadura militar, um gênero popular toma direções inesperadas e a "pornochanchada" torna-se um canal crítico do terror político e econômico que se instalou no Brasil". Através de comédias eróticas que escaparam à censura - diz a sinopse - relações cruéis de trabalho, a misoginia, o racismo e a violência política são filtrados pela irreverência.
Em entrevista, a diretora Fernanda Pessoa (foto menor) esclarece: "o tema do meu filme não é a pornochanchada. A pornochanchada é o meio para chegar em outro lugar. O filme é sobre o Brasil dos anos setenta e a ditadura militar. Assim, os temas são a cultura industrial, o milagre econômico, a tortura, a violência".
Em breve, o documentário será exibido no Brasil.

VÁ AO SITE DE FERNANDA PESSOA, VEJA MAIS INFORMAÇÕES E O TRAILER DO FILME "HISTÓRIAS QUE NOSSO CINEMA (NÃO) CONTAVA, CLIQUE AQUI

terça-feira, 21 de março de 2017

Deu no The Intercept: jornalistas protestam contra agressão de Marcelo Crivella à liberdade de imprensa



Foto: Reprodução The Intercept


por Cecilia Olliveira ( para o site The Intercept)

ERA NOITE DE sábado quando começaram a circular as primeiras informações sobre a demissão do jornalista do jornal carioca O Dia Caio Barbosa, que era repórter especial desde 2012. A primeira delas foi dada pelo jornalista e escritor Cid Benjamin, irmão de César Benjamin, secretário de Educação, Esporte e Lazer do prefeito Marcelo Crivella (PRB-RJ).

“Foi pedido do bispo da Universal que ocupa a prefeitura da cidade”, afirmou Benjamin em seu perfil no Facebook, e reiterou: “Pra mim isso não é surpresa”. Segundo ele, o que teria motivado a demissão seria a reportagem “Febre amarela: População critica filas e falta de informações em postos”. Publicada no dia 16 de fevereiro, ela falava sobre o mau atendimento nos postos de saúde, principalmente sobre a falta de informações para quem procurava vacinação contra a febre amarela. Em entrevista a The Intercept Brasil, Cid Benjamin classificou a demissão como um “atentado gravíssimo à democracia e à liberdade de imprensa”.

O texto foi reeditado no mesmo dia, e foi retirada a assinatura do repórter. A  reportagem original pode ser lida aqui e a reeditada, aqui. São matérias completamente diferentes. Uma narra as dificuldades de conseguir a vacina e informações e contém críticas duras ao prefeito. A reeditada parece um release da prefeitura do Rio, com informações sobre postos de saúde e muitas aspas do prefeito. Apenas críticas pontuais foram mantidas.

O depoimento – “Não era essa a gestão que prometeu cuidar das pessoas? Bem, pelo que a gente está vendo até agora, parece mais humilhar as pessoas”, criticou a professora Luiza Souza Gomes – foi um dos que sumiram na nova edição.

Descaradamente, a imagem que ilustra a matéria reeditada é do Sana, que fica na cidade de Macaé, feita pela prefeitura local, e com fila menor e ambiente mais amigável. A matéria original era ilustrada com uma foto feita pela Agência O Dia, de um posto de saúde da Tijuca.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO INTERCEPT, CLIQUE AQUI

quinta-feira, 2 de março de 2017

Sindicato questiona direção da EBC por censura no Carnaval



(do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal)

"O Sindicato dos Jornalistas torna público seu questionamento a direção de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação sobre a orientação às redações para que durante o carnaval os jornalistas da empresa não cubram temas políticos, não fazendo sequer imagens de faixa e cartazes críticas a políticos e governos.
É dever deste Sindicato zelar pelo código de ética da categoria segundo o qual o jornalismo deve se pautar por uma cobertura equilibrada, retratando os acontecimentos sem preconceitos, direcionamentos e dando espaço à pluralidade de vozes na sociedade.
Princípios como diversidade, pluralidade, equilíbrio, independência dos governos de plantão estão presentes na própria Lei de criação da empresa (Lei 11.652/2008). Eles também constam do Manual de Jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação.
A posição da direção da empresa de veto e o direcionamento contra protestos questionadores e satíricos da sociedade, que fazem parte da cultura do carnaval, de qualquer matriz ideológica, é algo que fere as normas supracitadas e vai de encontro ao que a Comunicação Pública deve ser.
Reiteramos publicamente o pedido de esclarecimentos à direção da EBC".

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A pedido de Michel Temer, Justiça passa a tesoura no jornalismo. Os golpistas de hoje imitam os golpistas de ontem...

Teoricamente, a Constituição de 1988 acabou com a censura instituída no Brasil pela ditadura militar. Teoricamente porque alguns juízes de vários estados passaram a acolher ações  - geralmente movidas por políticos - para censurar meios de comunicação ou mandar retirar conteúdo que supostamente atingem autoridades ou pessoas a elas ligadas.

O atual e ilegítimo governo Michel Temer parece estar com saudades da ditadura militar.

A pedido da Presidência da República, um juiz de São Paulo acaba de passar a tesoura em reportagens da Folha de São Paulo e do Globo sobre o rumoroso caso envolvendo troca de mensagens entre Marcela Temer e um hacker, já condenado, que tentava chantageá-la usando informações e fotos roubadas do celular e do email da primeira-dama.

Não cabe à Justiça impedir a publicação de uma reportagem. Isso aí é censura prévia. Qualquer pessoa tem direito a processar meios de comunicação caso se sinta ofendida ou difamada por conteúdos publicados. Mas a censura prévia não está entre esses direitos.

Várias entidades manifestaram repúdio à censura judicial.

Vai ver Temer é seguidor do twitter de Donald Trump, que mete o pau na mídia post sim, post não.

Na semana passada, ele baixou portaria restringindo a circulação de jornalistas no Palácio do Planalto. Repórteres e fotógrafos agora devem ser contidos no Comitê de Imprensa. Antes, os jornalistas credenciados tinham acesso aos andares, com exceção do terceiro piso, onde fica o gabinete presidencial.

O Planalto anda tão frequentado por figuras citadas em delações da Lava Jato que, provavelmente, a turma precisa de um pouco de privacidade para pensar na vida pregressa.