sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Na tela: Roberto Civita vai virar filme-exaltação, sessão-pipoca ou mostrará sem reverências o barão da comunicação?

O Portal dos Jornalistas informa que a biografia de Roberto Civita, ex-presidente da Abril, vai virar filme. O produtor Belisario Franca, adquiriu os direitos do livro "Roberto Civita: O dono da banca – A vida e as ideias do editor da Veja e da Abril", escrito por Carlos Maranhão, que trabalhou na editora por cerca de 40 anos.

Poderia ser uma oportunidade para dissecar um dos barões da mídia brasileira. Será? Não se pode falar ainda sobre a adaptação que o cinema fará, mas um problema dessas biografias é a chapa-brancura que ameniza as controvérsias. Algo parecido aconteceu com a biografia de outro barão, Roberto Marinho, encomendada a Pedro Bial, funcionário do grupo Globo.

A proximidade dos autores com o biografado costuma desfocar a grande angular crítica e favorecer a reverência.

Roberto Civita acumulou realizações editoriais, cometeu erros na condução dos negócios e foi controverso nas relações com o poder político. Civita faleceu em 2013. O seu legado vive hoje uma grave crise plantada desde que a Abril perdeu o vlt das mudanças no jornalismo, não entendeu os sinais da internet e gastou milhões em reformulações atirando para todos os lados, dos negócios em Educação (colégios e curso de inglês, livros didáticos), operadora de TV a cabo e TV UHF a provedor de internet, empresa de eventos, de logística e distribuição, loja digital etc.

Perdido no espaço, o Grupo entrou em decadência, abriu mão dos seus melhores quadros, não pagou tudo o que deve a milhares de funcionários demitidos, entre jornalistas, gráficos e pessoal administrativo, caiu em Recuperação Judicial e, finalmente foi vendido.

Há muito o que contar.

Se a contradita e o desfecho não estiverem na tela, a cena vai ficar datada e virar sessão-pipoca.

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