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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Sinal dos tempos: cadê as musas dos novos escândalos?

por O.V.Pochê

Como é mesmo a letra de "Como uma onda", de Lulu Santos? "Nada do que foi será do jeito que já foi um dia"...

A "nova era" já produz seus escândalos, mas ainda não surgiu em meio à repercussão midiática das novas mutretas uma só musa que mereça esse título.

A culpa deve ser da edição brasileira da Playboy impressa, que foi extinta.

Desde que Lilian Ramos foi parar na capa da revista após cena explícita no camarote do então presidente Itamar Franco, no sambódromo carioca,  em 1994, a revista emplacou várias e belas personagens de crises políticas.

Lilian foi catapultada para a mídia em um momento de descontração carnavalesca. Outras musas vieram, em seguida, no rastro de escândalos políticos, embora não estivessem envolvidas nos quesitos judiciais das investigações. O que as lincava com os episódios que ocupavam as primeiras páginas dos jornais era o relacionamento afetivo, familiar ou simplesmente por trabalhar com um dos eventuais investigados.

Mas a mídia em geral adorava tê-las como "protagonistas" e a Playboy escalá-las para capas. Se tinham dissabores com o excesso de exposição na TV e nos jornais, elas ganhavam uma compensação da Playboy, que acenava com bons cachês.

Lembra da Denise Rocha, a advogada e então assessora parlamentar no Senado? Em 2012, ela trabalhava no gabinete do senador Ciro Nogueira, que era membro da CPI do Caso Cachoeira. Enquanto a comissão investigava o escândalo político, vazou na internet um vídeo íntimo de Denise Rocha, que não tinha a ver com a história, a não ser o fato de trabalhar no Senado. Foi o bastante para a mídia apelidá-la de "Furacão da CPI" e a Playboy convidá-la para capa.

Outra "musa da CPI", no caso de uma investigação sobre o senador Renan Calheiros, em 2007, foi a jornalista Monica Veloso. Ela teve uma filha de um relacionamento com o senador, de quem recebia uma pensão supostamente paga por uma construtora, caracterizando-se propina. Renan Calheiros se defendeu afirmando que a pensão era paga com próprio dinheiro seu, Com a repercussão da investigação, Monica Veloso foi convidada e aceitou posar para a Playboy.  Além dessas três, a Playboy botou na capa, a "prima de Jânio", "a cunhada dele", "a musa do mensalão" etc.

Esse obscuro 2019, contudo, começa com escândalos e polêmicas várias mas sem musas à vista. Mesmo se a Playboy existisse, Damares, Ricardo Velez Rodrigues, Flávio Bolsonaro, Queiroz, Marcelo Alvaro Antonio e Onix e Alcolumbre não emplacariam capas.

Como diria Lulu Santos, "tudo passa, tudo passará".

Passou.