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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Biblioteca Nacional digitaliza coleção da Revista Fatos & Fotos

 

Capa da Fatos & Fotos
número 1 (1961)
 
por José Esmeraldo Gonçalves 
A digitalização de periódicos pela Biblioteca Nacional é um projeto importantíssimo sob o ponto de vista da história e do jornalismo. Já estão digitalizadas coleções da Manchete. Manchete Esportiva, Manchete Rural e, agora, da Fatos & Fotos. Que venham Desfile (que registrou não apenas a evolução da moda no Brasil, como acompanhou as conquistas femininas nas décadas de 1970 a 2000, a Amiga, que memorizou várias gerações de atores e atrizes da TV, cinema e teatro e a Geográfica, que documentava meio ambiente, cidades e viagens.  

No caso das publicações ilustradas da Bloch a digitalização é ainda mais elogiável porque, como se sabe, o arquivo fotográfico da editora - estamos falando de cerca de 12 milhões de imagens entre cromos, negativos e ampliações  - está desaparecido desde que a justiça leiloou o grande acervo após a falência da empresa. 

Para escritores e pesquisadores essas coleções digitalizadas são um verdadeiro presente.  Para as várias gerações de jornalistas e fotógrafos que passaram pela Bloch, navegar pelas revistas é reencontrar os passos de trajetórias não como nostalgia ou apego ao passado, mas para entender épocas, visitar as bases da carreira e as circunstâncias da formação e do aprendizado que levaram tantos profissionais para outros importantes veículos. 

A Manchete, na qual trabalhei durante seis anos, do fim dos anos 1980 até meados da década de 1990, era a principal revista da Bloch, mas a Fatos & Fotos - onde, durante 11 anos e meio, desde 1975, percorri as funções de repórter, chefe de reportagem, redator, chefe de redação e editor executivo - é um capítulo especial da minha carreira. Pela redação da Fatos & Fotos, a partir daquele ano, passaram nomes como João Máximo, Ruy Castro, Otávio Name, Flávio Moreira da Costa e colaboradores como Clarice Lispector, Nelson Rodrigues e José Louzeiro. Nos seus últimos dez anos,  a FF teve como diretores Moysés Fuks, Justino Martins, Zevi Ghivelder, Moysés Weltman, Paulo Alberto Monteiro de Barros e Carlos Heitor Cony. 

Entre uma crise e outra, a FF alternou períodos de excelência e de mediocriadade, matérias de relevância e fases sensacionalistas com a revista cheia de ovnis, paranormalidades e tais futilidades frutos de uma parceria com o tabloide norte-americano National Enquirer, de quinta categoria. Já um contrato com a People, então um novo formato de revista de celebridades, foi mais proveitoso, era a fase da Fatos e Fotos Gente, que abordava personalidades de todas as áreas.  

Algumas mudanças editoriais impostas pela editora foram caóticas, como, certa vez, a ideia de transformar a FF, no fim dos anos 1970, em uma revista de "atualidades para a mulher". Não deu nem tempo para saber se fórmula daria certo:  o projeto era ruim,  improvisado, as vendas despencaram e a FF  logo voltou ao seu padrão sem distinção de gênero.       

A Manchete era o carro-chefe da empresa e, por isso, mais vigiada pela cúpula da Bloch; a Fatos & Fotos jogava na segunda divisão mas era mais dinâmica e ágil e capaz de algumas ousadias  jornalísticas para os padrões da Bloch. Não por acaso, era campeã de crises na maioria da vezes motivadas por matérias que a direção da empresa notava apenas quando a revista já estava nas bancas ou quando era notificada por reclamações externas posteriores à publicação. Quem trabalhou lá sabe disso, as pressões chegavam via Ministério da Justiça, Polícia Federal, empresários "amigos da casa" e até presidentes de clubes de futebol eventualmente descontentes com reportagens. Lembro que, certa vez, a Câmara dos Deputados se queixou diretamente a Adolpho Bloch e a Murilo Melo Filho por causa de uma charge de Claudio Paíva, já na sucessora Fatos, que mostrava o plenário da casa invadido por ratos. Em um primeiro impulso, Adolpho quis fechar a revista e até retirar a edição das bancas, mas não o fez. Tanto a Cãmara dos Deputado quanto a Fatos resistiram ao que ficou conhecido na redação como a "invasão dos ratos". De resto, muito menos agressiva do que a recente intentona bolsonarista do 8 de janeito.   

Aportei na revista em janeiro de 1975 e lá permaneci até fechar a edição de despedida da Fatos & Fotos em março de 1985. Carlos Heitor Cony, o último diretor da FF, admitiu que a fórmula da publicação estava esgotada. Como o Brasil entrava em nova era após a ditadura militar, Cony propôs a Adolpho Bloch lançar a Fatos, uma revista de informação e análise, segmento não explorado pela Bloch. Claro que não havia a pretensão de concorrer com a Veja, mas era viável ocupar um lugar naquela faixa de revistas. A partir da autorização do Adolpho, Cony, eu e J.A. Barros, diretor de arte da FF, nos reunimos para planejar a Fatos, da qual fui editor executivo. Fizemos um número zero, apresentamos a revista ao mercado em um tour por Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Recife e Fortaleza. A Fatos foi uma bela aventura, não muito mais do que isso. A nova revista foi para as bancas em 17 de março de 1985 e teve de destacar, às pressas, José Sarney, quando tínhamos quase tudo pronto para a posse que não aconteceu: a de Tancredo Neves. 

Trabalhamos com liberdade durante um ano e meio até que a Fatos foi abatida por uma soma de problemas editoriais: custos, falta de engajamento da publicidade e uma lamentável campanha de bastidores empreendida por alguns jornalistas de ultra direita incomodados com a linha progressista da nova revista. Era um grupo de cretinos influentes. Tais "dinos", saudosos da ditadura, rotularam a revista de "comunista" em ofensiva que incluiu "denúncias" através de telegramas falsos postados em Copacabana e endereçados a Adolpho -  que ele mesmo nos mostrou - e um boicote da publicidade revelado depois por um antigo integrante do setor.  A revista tinha um espaço para grandes entrevistas e, nos primeiros meses, dedicamos as capas a personalidades que a ditadura havia vetado durante anos, entre outros D. Helder Câmara, Luis Carlos Prestes e o capitão Sérgio Carvalho, o Sérgio Macaco, que denunciou e assim impediu um atentado preparado pela linha dura militar que previa a explosão do Gasômetro, no Rio, à qual, conforme o plano abortado, se seguiriam perseguições e assassinatos de opositores da ditadura. Cobrimos o chamado Caso Baumgarten que expunha os intestinos da ditadura. A Fatos também investigou a operação queima de arquivos empreendida pela ditadura apodrecida e a Casa da Morte em Petrópolis.

Essas primeiras matérias de capa teriam caracterizado, na visão de um jornalista da direita, já falecido e conhecido nas redações como dedo-duro, a "perigosa" infiltração "subversiva" na Fatos. O desgaste interno - na verdade efeito do macartismo da Rua do Russell - levou a empresa a desacelerar o investimento e em pouco tempo encerrar a publicação em julho de 1986. 

Abatida a Fatos, a Fatos & Fotos voltou às bancas apenas em especiais de Carnaval, Eu já não estava lá, fui para O Globo a convite de Humberto Vasconcelos, então editor do Segundo Caderno. Não fiquei muito tempo no meio jornal e retornei para a Bloch, dessa vez para a redação da Manchete, quando os anos 1990 já apontavam na esquina. Em 1996 deixei a empresa rumo à Editora Caras, a convite do diretor da sucursal carioca da revista, Sérgio Zalis. Em 2004, fui demitido da Caras após um conflito de opiniões editoriais com o diretor geral, em São Paulo e, no dia seguinte, fui convidado por Edson Rossi para o cargo de editor Rio da Contigo, da Editora Abril, onde fiquei até 2014. 

Tudo isso para dizer que essa carreira de "revisteiro" começou na Fatos & Fotos, agora digitalizada e à disposição da curiosidade das novas gerações e dos arqueólogos do jornalismo impresso.

Para acessar a coleção da Fatos & Fotos, vá à aba Hemeroteca Digital , 

no portal da Biblioteca Nacional AQUI,             

sábado, 14 de maio de 2022

Carlinhos (de) Oliveira, na aparente simplicidade...

Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História) 

Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.

Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.

Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).

É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.   

Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.

A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.

Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

Por valorizar ainda mais a foto, louve-se o trabalho da redação, que a Fatos & Fotos produzia edições gráficas altamente criativas (por exemplo, outra de que gosto muito, o uso de três fotos de Chico Anysio, em show no Canecão, que dá movimento quase cinematográfico à página impressa). 

Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.

O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Nas páginas de Manchete, ao longo de décadas, uma aglomeração de cronistas notáveis. E você pode visitá-los na coleção digitalizada da revista no portal da Biblioteca Nacional

A página original da Manchete com a crônica de Rubem Braga, em 1958. 


A Edição Comemorativa dos 45 anos da Manchete republicou a histórica crônica em 1997
Clique na imagem para ampliar
 
por José Esmeraldo Gonçalves 

É muito conhecido o texto "Ai de Ti, Copacabana", de Rubem Braga. É um monumento literário. Uma referência da crônica brasileira. O que poucos sabem é que essa obra, que está nas melhores antologias do gênero, foi lançada nas páginas da Manchete em 25 de janeiro de 1958, na edição número 301. 

A dimensão que a crônica de Rubem Braga tomou - distópica, como se diz hoje - talvez nem o autor e muito menos a revista tenham percebido na hora. 

Revistas e jornais impressos eram uma linha de montagem. Imagine a versão jornalística da fábrica que Chaplin mostra em Tempos Modernos. Lembra das engrenagens? Engoliam qualquer um. Mesmo que reunissem as melhores cabeças, redações eram sequestradas e oprimidas pelo relógio. A Manchete tinha um funcionário, era o Lourival Bernardo, responsável pela produção gráfica. Um personagem com voz de barítono. No meio da tarde, quando verificava que o fluxo de páginas baixadas para a fotocomposição estava devagar, ele adentrava a redação trovejando: "Como é que é, rapaziada, vocês não vão fechar a revista do "seu" Adolpho? Qualé, os operários estão parados...". Com variações em torno da mesma pressão, a frase parecia ter o poder de acelerar redatores e editores. Se vivesse na era romana, Lourival poderia ter cadenciado remadas nas galés da marinha de César. 

Certamente aquela crônica de Rubem Braga, que hoje é antológica, foi mais festejada por chegar na hora do que por ser que é. E ainda bem que chegou na hora. Não era indispensável apenas para o simples fechamento daquela edição da Manchete, era necessária para gerações de brasileiros, como o tempo provou. 

Além de Rubem Braga, cada um daqueles cronistas que entregaram os textos na hora, sem atrasar os fechamentos, devem ser reverenciados - Fernando Sabino, Sérgio Porto, Nelson Rodrigues, Henrique Pongetti, José Carlos de Oliveira, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector,  Carlos Heitor Cony e muitos outros têm o eterno reconhecimento das redações por não terem deixado páginas em aberto. E, principalmente, por não atrasarem o happy hour etílico no bar do Hotel Novo Mundo, bem ali ao lado da sede da Manchete, na Rua do Russell, uma tradição pós-fechamentos. 

Os nomes aí citados deixaram um acervo de crônicas admiráveis e hoje proporcionadas pela coleção digitalizada da Manchete na Hemeroteca Digital Brasileira (link na barra vertical à direita da página neste blog).  

Com um clique você poderá se aglomerar com esses escritores e jornalistas e seus legados.  

terça-feira, 12 de novembro de 2019

O Pasquim, 50 anos. Agora com um clique você viaja no tempo. A coleção do semanário que desafiou a ditadura foi digitalizada pela Biblioteca Nacional

O Pasquim número 1, junho de 1969. 

Uma edição que faz um link entre a ditadura e o Brasil de hoje: jornalistas ameaçados pelo governo
e pelas milícias digitais. 

Ao completar 50 anos (foi lançado em junho de 1969), O Pasquim ganha um ponte digital para as novas gerações e para o futuro. A Biblioteca Nacional acaba de digitalizar as 1072 edições do histórico semanário. Textos, fotos e charges poderão ser acessado na plataforma da Seção de Periódicos da BN.

A nova plataforma será lançada no dia 19 de novembro durante a abertura da exposição "O Pasquim 50 Anos", no Sesc Ipiranga, em São Paulo.

O Pasquim digitalizado chega, coincidentemente, em uma época difícil para a liberdade de expressão. Jornalistas são perseguidos e alguns veículos "chapa-branca" demitem, a pedido do governo da direita radical, profissionais que criticam a republiqueta bolsonarista.

A nova censura afeta a cultura, com registro de exposições, filmes e peças vetados por instituições oficiais.

O Pasquim volta, pelo menos em forma de memória jornalística,  mais atual do que nunca.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Patrimônio fotográfico extraviado - Exposição que homenageou Gervásio Baptista conseguiu reunir apenas dez fotos históricas. A maior parte da obra do grande fotojornalista permanece sumida junto com o acervo de fotos que pertenceu à extinta Bloch Editores

Gervásio Baptista observa uma das suas mais famosas fotos: JK saudando a inauguração de Brasília. Esta imagem foi capa da Manchete e inspirou a estátua do ex-presidente fixada no alto do Memorial JK.

Gervásio no Vietnã, no começo dos anos 1970, e na Galeria Olhos de Águia, que expôs suas fotos históricas. 

Uma exposição de fotos que se encerrou no último dia 30 de janeiro, na Galeria Olhos de Águia, em Taguatinga, DF,  homenageou a trajetória de Gervásio Baptista, uma das grandes lendas da equipe da Revista Manchete.

Aos 96 anos, o repórter fotográfico teve uma pequena parte da sua obra exibida às novas gerações.

Gervásio cobriu incontáveis eventos e registrou personalidades de todas as áreas, de presidentes a atletas, de misses a líderes mundiais, de atores a atrizes, de tragédias, guerras, revoluções a crises políticas e crimes de repercussão.

São apenas dez fotos históricas entre as milhares que sua câmera captou desde 1954, quando foi para a Manchete após uma passagem pela revista O Cruzeiro.

Certamente, o fotojornalismo brasileiro merecerá um dia um livro que reúna uma ampla seleção da obra de Gervásio Baptista.

Infelizmente, a maior parte de sua produção permanece em lugar incerto e não sabido, assim como não se conhece as condições de conservação do material, desde que um advogado do Rio de Janeiro arrematou em leilão promovido pela Massa Falida da Bloch todo o acervo fotográfico reunido pelas revistas da editora em mais de meio século de existência.

O arquivo desaparecido, assim como a impossibilidade de contato com o detentor dos direitos patrimoniais do acervo (os direitos autorais pertencem aos fotógrafos, que também não têm acesso ao material) imobilizam um patrimônio histórico, com grave prejuízo à Cultura.

Pouco antes do leilão, ex-funcionários da Manchete tentaram mobilizar o Ministério da Cultura, o Arquivo Nacional e até instituições privadas para que se habilitassem a adquirir o acervo de milhões de imagens que acabaram vendidas por pouco mais de 300 mil reais.

Desde então, sumiram.

Um alento, para quem valoriza a memória jornalística, foi a iniciativa da Biblioteca Nacional que digitalizou a coleção da Revista Manchete e disponibilizou para consulta pública, a seção Periódicos do site oficial, milhares de exemplares.

Não resolve os problemas dos pesquisadores, escritores e documentaristas, que não sabem a quem se dirigir para obter licenças legais para uso de fotos (os direitos sobre textos não foram objeto de qualquer leilão), mas torna possível conhecer o trabalho de gerações de jornalistas, cronistas e fotojornalistas que atuaram na revista Manchete, entre estes, Gervásio Baptista, cuja exposição, louvável por revisitar seu talento, só conseguiu reunir 10 fotos entre milhares virtualmente perdidas.

* As fotos acima foram enviadas ao blog por José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE), que as recebeu de Dalva Tosta e Gilberto Costa

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Site Poder 360 também noticia digitalização da coleção da Revista Manchete


Continua repercutindo na mídia a iniciativa da Biblioteca Nacional, que acaba de disponibilizar para o público a coleção digitalizada da Revista Manchete.

O site Poder 360 destaca o projeto da BN que contou como  o apoio da FINEP, dos Ministérios da Cultura e da Ciências, Tecnologia e Inovação, com produção da DocPro Bibliotecas Virtuais.

Para pesquisadores, escritores, jornalistas, cineastas e leitores em geral, a Manchete é inestimável forte de informações. A bem-vinda digitalização torna-se um agregador de fatos, de fotojornalismo, de personagens, acontecimentos culturais, políticos, esportivos e de comportamento.

Um olhar para cinco décadas de linha do tempo no Brasil e no mundo.  AQUI 

domingo, 6 de janeiro de 2019

Coleção da Revista Manchete já está no arquivo digitalizado da Biblioteca Nacional



O blog recebeu do leitor e estudante de jornalismo Italo Bertão Filho uma informação que certamente será útil para pesquisadores, escritores, estudantes de Comunicação, repórteres, fotógrafos e, especialmente, o público do Panis Cum Ovum, este blog que virou Manchete.

Segue a mensagem:

Olá,

Acompanho o blog praticamente todos os dias, faz parte do meu clipping. Não sei se vocês souberam, mas Manchete entrou no arquivo digitalizado da Biblioteca Nacional. Pelo que conferi, o acervo está quase na íntegra (há exemplares faltantes dos anos finais - o último, de julho de 2000, não está lá, por exemplo). Entrou há pouco, pois pesquiso frequentemente nos arquivos do BN e não estava lá. 
Enfim, segue o link:

http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

Abraço,
Italo


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Fotografia: a repressão e a inspiração...

Rio de Janeiro, Cinelândia. Foto de Ana Carolina Fernandes. Reprodução Facebook

A fotógrafa Ana Carolina Fernandes cobre manifestações desde 2013. Na sexta-feira passada, durante a violenta repressão da PM carioca, ela fez a foto acima, que viralizou nas redes sociais.

O aparato policial faz contraponto à frase de Ana Maria Machado em um cartaz no prédio da Biblioteca Nacional.

Ana Carolina contou ao jornal Extra que viu poucas vezes uma repressão tão forte da polícia.
"A repressão foi das mais violentas. E foi a violência mais rápida. Na minha opinião, ficou muito claro que não era nem para acontecer (o protesto). A Polícia Militar sufocou. Foi violentíssimo. Eu diria que ele nem aconteceu", relatou ao Extra.

A PM alegou que reagiu à "ação dos vândalos". Mas vários testemunhos denunciaram que a polícia começou a agir ainda durante a concentração.

A fotógrafa foi atingida por balas de borracha, em ambas as pernas.

Ana Carolina já trabalhou em vários veículos, como Jornal do Brasil, O Globo e Folha de S.Paulo,  na Agência Estado, e hoje é autônoma.

Prainha, Rio de Janeiro. Foto de Ana Carolina Fernandes

Quando longe de cenas como a da Cinelândia, ela focaliza cenários mais tranquilos. Ana Carolina pretende lançar, em 2018, um livro com fotos da Prainha, Área de Proteção Ambiental na região do Recreio do Bandeirantes, no Rio, muito frequentada por surfistas. Em entrevista ao site Louie, ela destacou a luminosidade do lugar: "Um contra-luz quase o ano inteiro que eu amo! A Prainha tem cheiro de praia selvagem. Tem essa coisa meio de ser de um tempo mais devagar".
Você poderá ver mais fotos da Prainha no site Louie, clicando AQUI.


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Biblioteca Nacional digitaliza acervo dos Diários Associados


A Biblioteca Nacional fechou acordo para digitalização do acervo dos Diários Associados. Estão incluídos no acordo veículos essenciais da imprensa brasileira, tais como Jornal do Comércio, Correio Brasiliense, A Noite, O Jornal, Revista O Cruzeiro entre outros títulos.  Além de ceder os direitos de divulgação de todas a sua coleção, os Diários Associados doaram à FBN a coleção (física) do periódico “O Jornal” (1919-1974) composta por 576 volumes, mais 383 volumes do periódico “Diário da Noite” (1929-1962). O acordo prevê também que a Biblioteca Nacional receberá 36.631 discos de 7, 10 e 12 polegadas, do acervo da Rádio Tupi. Boa parte do acervo físico de periódicos já está microfilmado e disponível para consulta na Biblioteca Nacional. O processo de digitalização está em andamento  o que possibilitará consultas via internet. Conheça um pouco da história dos principais periódicos da coleção:
DIÁRIO DA NOITE
Um vespertino que será sempre o arauto das aspirações cariocas.  Rio de Janeiro (RJ) 1929 – 1973
Fundado no Rio de Janeiro (RJ) em 5 de outubro de 1929, dirigido por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (seu dono formal), Cumplido de Sant’Anna e Frederico Barata, o Diário da Noite foi um vespertino em complemento ao matutino O Jornal, também de “Chatô”. Apresentava-se como membro da “vanguarda do movimento liberal”. Lançado em duas edições diárias, saindo a primeira às 15h, foi um empreendimento totalmente projetado em apenas duas semanas, tendo conquistado entre 60 e 80 mil leitores em seu primeiro mês de circulação. Editado até 1973, foi mais um dos inúmeros periódicos dos Diários Associados, a rede de comunicação iniciada por Chateaubriand nos anos 1920. Foi no Diário da Noite que Nelson Rodrigues escreveu folhetins usando o pseudônimo de Susana Flag. Funcionava no famoso Edifício da Noite, construído pelo próprio jornal, na Praça Mauá número 7, onde sempre funcionaram, no último andar, os estúdios da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

O JORNAL
Veículo de comunicação que deu início a construção do império de Assis Chateaubriand. Rio de Janeiro (RJ) 1919 – 1974. Lançado em 17 de junho de 1919 no Rio de Janeiro (RJ), O Jornal foi um diário matutino de grande circulação. Anteriormente vinculado à política, seu diretor inicial, Renato de Toledo Lopes, era editor da versão vespertina do Jornal do Commercio carioca – por conta de um atrito com a direção geral deste periódico, demitiu-se para fundar a sua própria folha; sem abrir mão de uma provocação, já que “o jornal” era como o Jornal do Commercio era informalmente chamado. Todavia, quando já completava cinco anos de publicação, O Jornal foi comprado por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. Sob o comando de “Chatô”, a folha constituiu-se no o primeiro e mais importante órgão da cadeia dos Diários Associados. Foi sob esta segunda direção que a folha galgou sua grande importância na história da imprensa brasileira, até sua extinção, em 1974.

O CRUZEIRO
A maior e melhor revista da América Latina. Rio de Janeiro ( RJ) 1928-1975.
Revista semanal, lançada em 10 de dezembro de 1928, O Cruzeiro estava nas bancas de todas as capitais e grandes cidades do Brasil, e nos principais pontos de venda de Buenos Aires e Montevidéu. Esgotaram-se rapidamente, em poucas horas, os 50 mil exemplares no lançamento. Pouco depois de seu lançamento, já havia se firmado como a grande revista nacional.
Revolucionou o mercado editorial brasileiro com utilização de fotografias, apresentação gráfica moderna e conteúdo diferenciado. A receita era aparentemente simples: uma resenha do noticiário nacional e internacional da semana com farto material fotográfico, textos literários, reportagens sobre lugares exóticos e aspectos pouco conhecidos da fauna e da flora brasileiras, colunas que abarcavam um leque variado de assuntos. O jornalista David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon, foram fundamentais para o sucesso da revista, tornaram-se uma das mais notáveis duplas jornalísticas da história da imprensa no Brasil, que nos anos 40 e 50, fizeram reportagens de grande repercussão.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO
O mais antigo periódico em circulação da América Latina.  Recife (PE) 1825 – até a presente data
O “Diário de Pernambuco”, fundado em Recife em 7 de novembro de 1825 pelo tipógrafo Antonio José de Miranda Falcão, é o mais antigo jornal da América Latina ainda em circulação, seguido pelo Jornal do Commercio do Rio de Janeiro (de 1827). Foi um jornal projetado para cobrir assuntos de interesse comercial. Trazia informações gerais sobre a vida mercante de Pernambuco, como anúncios de produtos, leilões, roubos, compra e venda e horários de embarcações. Era veiculado pela Tipografia Miranda & Companhia, que em 1828 passa a se chamar Tipografia Fidedigna, em virtude de uma mudança de endereço. Depois de ser administrado pelo seu fundador, em 1835 o jornal passa a ser propriedade do comendador Manuel Figueroa de Faria. Em 1901 o jornal é leiloado e adquirido pelo conselheiro Francisco de Assis Rosa e Silva. No ano de 1912, por conta de rivalidades políticas locais entre Rosa e Silva e o general Dantas Barreto, o jornal é empastelado. Em 1920 passa para as mãos do coronel Carlos Benigno Pereira de Lyra. Em 1931 o jornal é vendido à cadeia “Diários Associados”, de Assis Chateaubriand. Em 3 de março de 1945 o jornal sofre outro empastelamento, por conta de sua postura agressivamente contrária ao governo getulista, algo característico dos “Diários Associados”. Depois da invasão de sua redação e depredação do patrimônio, fica 45 dias sem circular. Em 1994 passa a ser administrado pelo “Condomínio Associado” e pelos empresários Armando Monteiro Filho, Eduardo de Queiroz Monteiro e Paulo Sérgio Macedo. No ano de 1997 a publicação volta a ser dos “Diários Associados”, sob a presidência de Paulo Cabral. Periodicidade diária.

JORNAL DO COMMERCIO
Utilizado por muitos anos como publicação oficial dos atos do governo, Rio de Janeiro (RJ) 1827 – até a presente data. O Jornal do Commercio é um jornal econômico brasileiro. É o jornal mais antigo de circulação diária com publicação ininterrupta da América latina. Teve origem no Diário Mercantil (1824), de Francisco Manuel Ferreira & Cia., editado no Rio de Janeiro, voltado para o noticiário econômico. Adquirido por Pierre Plancher, teve o seu nome mudado para Jornal do Commercio em 31 de Agosto de 1827. No período de 1890 a 1915, sob a direção de José Carlos Rodrigues, contou em suas páginas com os nomes de Rui Barbosa, Visconde de Taunay, Alcindo Guanabara, Araripe Júnior, Afonso Celso e outros. Era então editorialista José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Desde 1957 integra os Diários Associados.

FONTE: BIBLIOTECA NACIONAL. VISITE O SITE DA BN, CLIQUE AQUI

quarta-feira, 16 de março de 2011

A foto mais famosa (e a mais pirateada) da MPB é de Paulo Scheuenstuhl para a Manchete

Foi no terraço da casa de Vinicius de Moraes, em agosto de 1967. Os maiores nomes da MPB se reuniam para planejar um campanha de valorização e resgate das marchinhas de carnaval. A foto é exclusiva, foi feita pelo fotógrafo Paulo Scheuenstuhl para a Manchete. É uma das mais pirateadas - no sentido de ser publicada sem o devido crédito - da MPB. O Globo de hoje publica a famosa foto com um vago e indevido crédito de "divulgação". A propósito, o acervo fotográfico que pertenceu à extinta Bloch Editores foi leiloado. A ARFOC, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro e a Associação de Ex-Empregados da Bloch Editores já enviaram correspondência ao comprador e não obtiveram resposta. Fotógrafos que trabalharam para a Manchete, Fatos & Fotos, Amiga. Desfile e outras revistas gostariam de saber com quem está o acervo - cujo direitos autorais lhes pertencem - em que condições está guardado e o que o comprador pretende fazer com mais de 10 milhões de cromos, negativos e reproduções que são patrimônio cultural e jornalístico do Brasil. Os profissionais que lá atuaram também se mobilizam para que o Ministério da Cultura, Museu da Imagem e do Som, a Prefeitura do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional e outras instituições ajudem a desvendar o paradeiro de um dos maiores arquivos fotográficos do mundo. Por enquanto está tão desaparecido como a ossada de Dana de Teffé e o menino Carlinhos sequestrado nos anos 70. Ambos, aliás, objeto de numerosas fotorreportagens guardadas no acervo que virou mistério.   

domingo, 7 de novembro de 2010

Biblioteca Nacional: 200 anos de memória cultural

A Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, comemora 200 anos. Para marcar a data, a instituição promove a exposição "Uma defesa do Infinito", que reúne duzentas peças do acervo, que é o oitavo maior do mundo. A história da Biblioteca, desde a viasgem com a Corte Portuguesa, em 1808, as  coleções, manuscritos, a arquitetura do atual prédio e de sedes anteriores da BN se juntam a partituras com que Donga registrou Pelo Telephone, para fins de direitos autorais, e objetos dos maestros Francisco Mignone e César Guerra Peixe. O público poderá ainda admirar uma galeria com obras de grandes nomes como Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Albrecht Dürer, Giovanni Battista Piranesi e Rembrandt.
Exposição os 200 anos da BN
Local: Espaço Cultural Eliseu Visconti
Rua México, S/N (Entrada pelo jardim. Fundos da BN)

Exposição 100 anos do prédio da BN
Local: Terceiro andar do prédio sede
Avenida Rio Branco, 219.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Arquivo fotográfico: sem lances no primeiro leilão

Na primeira tentativa, o leilão do Arquivo Fotográfico da Manchete não se concretizou. O leilloeiro Fernando Braga (na foto) abriu a sessão pouco depois das 15h, no hall do prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, anunciando o valor inicial de 2 milhões de reais. Sem lances, fez a segunda chamada, estipulando os lances em um mínimo de um milhão de reais. Os interessados, se havia algum no local, não se manifestaram. Encerrado o leilão, Braga permaneceu no local por mais alguns minutos atendendo a imprensa. Segundo ele, varias empresas procuraram a Massa Falida e examinaram o acervo. Algumas grandes instituições, foram ao depósito onde estão guardadas as mais de 11 mil caixas com negativos, positivos e cromos, por mais de uma vez. A ausência de lances foi atribuida a vários fatores: seria comum a falta de propostas em um primeiro momento, já que alguns compradores em potencial podem apostar em um preço acessível mais adiante; outros interessados prefeririam receber o arquivo já digitalizado, sob a alegação de que além de pagar o valor do leilão ainda teriam que investir no tratamento e recuperação de imagens. Mas tal encargo, a digitalização, envolve um alto custo, que estaria acima das atribuições da MF; a época do ano, quando as empresas ainda estão fazendo projeções para seus investimentos em 2010, também não seria a mais favorável. O fato é que haverá novo leilão, em data a ser marcada, quando continuará valendo o preço mínimo de 2 milhões de reais. Nada impede, tal qual aconteceu com o prédio do Russell, que, nesse intervalo, uma empresa faça uma proposta direta. Desde que o candidato seja idôneo, a juíza aceite a proposta e o valor seja superior ao mínimo estipulado, o arquivo poderá ser vendido. O leiloeiro lembrou que o prédio do Russell só foi vendido na terceira tentativa. Espera-se, no caso da venda do Arquivo, que a nova data seja marcada e os interessados se apresentem. Trata-se de um bem cultural e perecível. Quanto mais tempo passar acondicionado em caixotes maiores danos podem ser causados ao acervo. Alô Ministério da Cultura, alô Arquivo Nacional, alô Biblioteca Nacional, alô prefeito Eduardo Paes, o arquivo da Manchete é também um valioso patrimônio carioca. Pra facilitar, prefeito, se quiser marcar um visita e conhecer melhor o acervo é só discar para o leiloeiro Fernando Braga: (21) 22247478.