por Paulo
Moreira Leite (da IstoÉ)
Acabo de
ler um desses panfletos eletrônicos campanha contra a Copa de 2014.
Procuram
atemorizar o turista dizendo que somos um dos países com maiores índices de
assassinato do mundo.Também temos uma
polícia extremamente violenta. Também temos uma educação ruim, uma saúde
pública péssima, um transporte
urbano idem. São
problemas reais, é óbvio. Mas a atitude é de torcida organizada pelo fracasso.
Não se procura fazer um debate racional
para encontrar soluções e alternativas. O esforço é produzir um fiasco
inesquecível, atitude que só prejudica o
Brasil. O nome
disso é guerra psicológica. Não é um movimento pela razão mas que procura a
política pela emoção. Janio de
Freitas escreveu um artigo de mestre a respeito, na Folha de ontem. Quero
abordar alguns aspectos do mesmo tema. Teremos muita guerra psicológica, em 2014, para que,
justamente no país do futebol, a Copa do Mundo venha a se tornar
um problema político. Josep
Blatter, o presidente da FIFA, será endeusado quando começar a falar mal do governo
federal. Vai passar de demonio a santo em 24 horas. Será por isso que ele já
começou a fazer críticas ao governo
brasileiro? Justo quem.
Olhando a
situação com frieza, o ambiente não deveria ser este. Começando
pelo futebol pois, salvo segundo aviso, é disso que se trata. A verdade é
que, ao contrário do que se anunciou
durante todos estes anos, os estádios – novos e reformados – vão ficar
prontos no prazo necessário para os jogos. São
estádios modernos, seguros, confortáveis. Depois que entrarem em uso regular, a ocorrência
de tragédias como a de Joinville e outras cenas de violência que marcam os
campeonatos tradicionais. Só para dar
um pouco de realidade ao debate. Compare as obras da Copa com o Metrô paulista,
por exemplo. Tudo aquilo
que se diz contra os estádios se demonstra -- até com ajuda da Justiça Suiça -
no metrô paulista. Os atrasos
duram anos. O superfaturamento bate recordes. E então? Cadê a indignação? Quando o
Brasil ganhou o direito de organizar a Copa, o país fez uma festa. Quem não
gostou da ideia ficou em silêncio. Alguém
disputou a eleição de 2010 falando mal da Copa? Não me lembro. Nem candidato a
síndico de prédio se atrevia a tanto. Salvo casos
patológicos de desprezo pelas necessidades da maioria da população, quem não queria a Copa como proposta
esportiva, dizendo que o país teria outras prioridades – esta era minha opinião
na época -- admitia a vantagem keynesiana. Era uma forma de apontar uma perspectiva de
investimentos em larga escala, no país inteiro,
nos anos seguintes. Depois da
crise mundial de 2008, quando o capitalismo entrou em depressão em escala
mundial, a Copa de 2014 se tornou
uma benção em vários lugares. Ajudou a manter o crescimento e o emprego de quem
não teria outra chance de arrumar
trabalho. Na dúvida,
dê uma volta no país e converse com pessoas da vida real. O problema
é a psicologia. A maioria
dos brasileiros concorda -- racionalmente, com base em dados objetivos e também
por experiência própria -- que poucas
vezes e trabalhou com tanto empenho para distribuir a renda e melhorar a vida
dos mais pobres como aconteceu depois da chegada
de Lula no Planalto. Neste
ponto, é um governo de valor histórico. A terapia
emocional de massas quer nos convencer do contrário. Embora tenha chegado ao
Planalto em 2003, procura-se criminalizar o
condomínio Lula-Dilma pela omissão de seus adversários ao longo da história. É por isso
que se fala muito do futebol. E
procura-se esconder o drama do metrô. Aliás: deu para notar que os atrasos do
metrô geram menos protesto do que as críticas
a demora relativa nas obras da Copa? Qual é
mesmo prioridade? O esforço
da terapia é esse: mudar prioridades sociais e transformar a Copa num drama
político. Adversário
de tantas ditaduras do século XX, David Rousset deixou uma frase muito útil
para se enfrentar grandes operações contra as democracias:
-- As
pessoas normais não sabem que tudo é possível.
2 comentários:
Concordo com tudo com que o Jânio de Freitas escreveu. São fatos e como fatos temos que reconhece-los. É claro que vieram atrás deles o ufanismo exagerado. Mas, na minha opinião, não é distribuindo dinheiro à vontade de políticos e prefeitos que vai tirar o pobre – os miseráveis como disse o Jânio, – de sua pobre condição, nem vai ascende-lo à tão desejada "classe média ". Ele vai continuar pobre de raciocínio e continuar a morando em sua casa de pau-a-pique. Nem concordo com esse sistema de "cotas " para entrar me faculdades.
Se ele é mal formado na sua educação a culpa é do governo que continua a não lhe dar a educação que ele precisa resultando na falta de qualificação profissional em vários setores industriais e de informática. Ah, dirão alguns, o governo criou muitas faculdades por esse Brasil afora. mas de que adiantam essas faculdades se não tem alunos preparados para cursa-las?
O Jânio de Freitas chamou a atenção , com seu artigo, que obras e muitas realizações foram feitas no governo petista que não podem ser ignoradas.
Milhares de casas populares foram entregues aos mais necesitados. Se muitas delas, ruíram ou foram alagadas pelo primeiro temporal não vamos culpar o governo por essas tragédias de culpa somente dos empreiteiros corruptos e gananciosos.
A Copa não será um fracasso porque futebol, no Brasil pelo menos, é o esporte do povo, é a sua paixão e ele não vai deixar de prestigiar com a sua presença nos Estádios Monumentais os jogos que neles se realizarão.
Acho que a construção desses novos estádios, obedecendo a uma linha arquitetônica em tudo procurando dar mais conforto ao torcedor de futebol, mudará para bem melhor a estrutura administrativa que rege o futebol brasileiro.
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