por Eli Halfoun
Em alguns momentos da vida pessoal e
principalmente profissional, a roupa faz diferença: durante os muitos atos que
fui repórter em vários jornais era obrigatório que os repórteres usassem terno
e gravata porque na época a roupa impunha mais respeito diante do entrevistado,
embora, como ainda hoje, muitos entrevistados de terno e gravata não merecessem
o menor respeito. O calor foi aumentando, as épocas se modernizando e o terno
acabou saindo de circulação nas redações que já permitiam o uso de roupa
esporte. Houve um tempo em que o uso do “safári” (calças leves e camisas leves
da mesma cor) foi usado pelo Presidente da República, Jânio Quadros, que varreu
os austeros paletós para o fundo do baú do qual muitas vezes o próprio Jânio parecia
ter saído pendurado em uma vassoura.
Estamos em um escaldante início de
2014 e é um absurdo que algumas profissões ainda acreditem que o uso do terno é
que lhes dá força, credibilidade e respeito. Políticos, pior exemplo, se
obrigam a usar o tal traje completo, que muitos deputados estão sendo obrigados
a trocar por uniformes de presidiários. Não faz sentido em um país tropical
como o nosso usar roupas de países que vivem m climas mais amenos. São trajes
que esquentam o corpo, fazem suar a camisa e não mais do que isso. Um bom profissional
não precisa estar engravatado (praticamente enforcado) para desempenhar seu
trabalho com seriedade e competência. Advogados, por exemplo, deviam poder
(pelo menos nesse período de caldeira do diabo) frequentar o Fórum em traje
esporte, como reivindicam OAB. Na atual moda, ternos não custam mais do que boas
calças e boas camisas. Pelo contrário: um terno pode ser adquirido baratinho -
até porque não será a roupa que mudará a conduta de ninguém. Sofrer com o calor
é que pode mudar o comportamento e o humor das pessoas. Está mudando: agora
mais do que nunca suamos a camisa para sobreviver. (Eli Halfoun)
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