por Roberto Muggiati
O nome do ano, na mídia, nos palcos e
nas passeatas, foi o de um modesto pedreiro, Amarildo Dias de Souza, torturado e morto por policiais na mesma
favela da Rocinha onde nasceu há 47 anos. O movimento Onde está o Amarildo? teve até repercussão internacional, com o
apoio das Mães de Maio argentinas e do Anistia Internacional.
E o ano fechou na praia de Copacabana
com uma tragédia rodrigueana que teve como pivô outro pedreiro, Adilson Rufino da Silva. Tomado por uma
crise de ciúmes, tentou estrangular a mulher Josilene e, quando a polícia
chegou, tomou a arma de um PM e deu início a um tiroteio que transformou a
Princezinha do Mar num autêntico OK Corrall.
Revendo por acaso o
repertório de outros carnavais, topei com O
pedreiro Valdemar, um clássico de Roberto Martins e Wilson Batista, que fez sucesso em 1949 na voz de
Blecaute, o “General da Banda.” Reparem como a crítica social das marchinhas
carnavalescas, sem nenhuma firula, dizia tudo, direto para o povo:
Você conhece o pedreiro Valdemar?
Não conhece, mas eu vou lhe apresentar.
De madrugada toma o trem da Circular,
Faz tanta casa e não tem casa pra morar (bis).
Leva a marmita embrulhada no jornal.
Se tem almoço, nem sempre tem jantar.
O Valdemar, que é mestre no ofício,
Constrói um edifício e depois não pode entrar.
Passaram-se 64 anos, mas só
uma coisa mudou: não fazem músicas de Carnaval como antigamente...
Ouçam
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