por Eli Halfoun
Não faz muito tempo as
praças de alimentação dos shoppings do Rio e de São Paulo (provavelmente de
todo o país) ficavam lotadas todas as noites e mais ainda nos finais de semana.
Marcar encontros com amigos (geralmente grandes grupos) nos shoppings era uma
quase obrigatória questão de segurança. Diversão nas praças de alimentação, que
passaram até a ter atrações musicais e espaços para dançar, era mais tranquila
porque havia menos riscos para a pele que de uma forma ou de outra era esfolada
na hora de pagar a conta. Shoppings deixaram de ser áreas seguras faz muito
tempo, mas a insegurança aumentou desde que desde ganhou força o tal de rolezinho.
Ocorre que “mauricinhos”, “patricinhas” e os idosos estão assustados com medo
de dar de cara com grupos de jovens (esse medo sempre existiu) da periferia
passeando (é um direito de todos) em grupo pelos mais sofisticados shoppings.
Talvez até seja um medo preconceituoso, mas antes mesmo dos rolezinhos entrarem
na moda do noticiário qualquer pessoa ficava apavorada quando dava de cara com
um grupo de jovens, qualquer que fosse. Fazendo algazarra nas ruas. O medo de
ser cercado e atacado por um grupo não é só em relação aos jovens da periferia:
os grupos engravatados nos prejudicam bastante e deveriam assustar muito, especialmente
quando marcam encontros em Brasília, nos quais nem costumam aparecer. Grandes
grupos sempre foram assustadores porque são vistos como bandos e quadrilhas. Os
rolezinhos ficaram mais apavorantes e preocupantes porque ganharam uma dimensão
maior do que o que realmente representam. Como prevenir é e será sempre a
melhor maneira de evitar maiores danos faz sentido que uma grande parte da
população se precavenha, mas é necessário aprender também a prevenir-se dos
engravatados que vivem fazendo no país. Esses são muito mais prejudiciais. (Eli Halfoun)
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