1954, Curitiba, Gazeta do Povo * Sentado à direita durante movimento que reivindicou melhores condições de trabalho na redação. |
1961, Berlim • Estudante de jornalismo em Paris, visitando o Muro, erguido quatro meses antes. |
1964, Londres* No Serviço Brasileiro da BBC, com Floriano Parreira e Nemércio Nogueira |
1968, São Paulo • na linha de frente da Veja, na extrema esquerda. |
1977, Rio de Janeiro • O editor da Manchete e a brilhante equipe na famosa foto da Santa Ceia. |
1986, Londres • Sempre repórter, no Palácio de Buckingham, cobrindo o casamento do Príncipe Andrew. |
Ouvi a expressão pela primeira vez em Júlio César de Shakespeare, o filme de 1953, com Marlon Brando, dirigido por Joseph Mankiewicz. Um vidente alertava César: “Cuidado com os idos de março!” A caminho do Senado. César passa pelo vidente e o provoca: “Os idos de março já chegaram”. O vidente, chamado Spurinna –um arúspice que fazia adivinhações examinando as entranhas de animais sacrificados – replica: “Mas ainda não se foram...” Não deu outra: César é apunhalado por sessenta senadores, na conspiração liderada por Brutus e Cássio. Eu imaginava que os idos de março – pela forma plural da expressão – fossem o final do mês. Só muito tempo depois fiquei sabendo que os idos de março (em latim Idus Martiae, era um dia do calendário romano que correspondia a 15 de março, marcado por várias práticas religiosas e notável para os romanos como o prazo final para a quitação de dívidas.
Inadvertidamente, foi nos idos de março, dia 15, no ano de 1954, uma segunda-feira, que subi os 22 degraus do casarão na Praça Carlos Gomes, 4, em Curitiba, adentrando pela primeira vez a redação da Gazeta do Povo e iniciando uma carreira jornalística que fecha, neste turbulento 2020, 66 anos de muitas aventuras e emoções. Deixei a Gazeta em 1960 para estudar jornalismo em Paris durante dois anos; passei três anos em Londres no Serviço Brasileiro da BBC; de volta ao Rio em 1965, comecei uma temporada de 35 anos na Manchete, descontados os dois anos que passei em São Paulo na equipe inicial de Veja, em 1968-69.
Daqui para onde? Se eu viver mais alguns anos – com saúde sem motivo justo – em 2025, aos 88 anos, começo a superar os setenta anos de carreira de um jornalista esportivo paulista, de sobrenome Nicolino, morto recentemente aos 90, que detém o recorde internacional do Livro Guinness como o jornalista mais longevo na profissão.
Mas isso não chega a ser uma meta para mim.
O que conta são os dias que correm, um de cada vez, em que me ocupo de compartilhar com o próximo minha experiência como jornalista e cidadão – meu livro de memórias chama-se A vida é uma reportagem – esta gentil mistura de vida e escrita que supera todas as pedras do caminho.
Um comentário:
Muggiati, fiquei sabendo que você estaria preparando no seu livro, uma lista dos apelidos por quem o Alberto Carvalho chamava seus colegas de redação. No meu caso, Alberto me chamava de "Greg", em alusão ao cantor Gregorio Barrios. Não sei porque ele foi fazer essa alusão, até porque sou desafinado ao extremo. Na Escola Primária a professora de canto orfeônico colocava na última fila e como ouvinte.
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