quinta-feira, 19 de março de 2020

Coletivas: "pega na mentira, corta o rabo dela, pisa em cima, bate nela"

Foto de Marcos Corrêa/PR

Essa foto é, sem duvida, a mais ridícula da semana.

Bolsonaro e ministros fazem uma cenografia em rede nacional para mostrar suas "preocupações" com o vírus. O capitão inativo tem, na vida real, debochado da pandemia e dá a mínima para recomendações médicas, como evitar contato físico.

Isso depois de participar da comitiva presidencial mais contaminada do mundo. Ele diz, agora, que qualquer dia os brasileiros o verão no metrô lotado de São Paulo e na barca Rio-Niterói.

Mandetta foi o "rei das coletivas" antes de Bolsonaro tomar o seu papel. Foi elogiado pela "transparência". Sabe-se, agora, que o governo federal foi leniente em medidas mais restritivas (alguns os estados, como Rio e SP acabaram saindo na frente, mas a maioria ainda reluta em decisões mais rigorosas) e muito do que se falou naquelas coletivas não correspondia à realidade ou não estava em prática. O Brasil perdeu tempo em várias medidas, provavelmente por inspiração do chefe que achava que nada precisava parar e que a mídia espalhava pânico na população.

Foto de Gervário Baptista

Mas a coletiva do Bolsonaro e seus ministro bateu o recorde em encenação. Eles tiravam e botavam a máscara que o marketing governamental plantou para mostrar autoridades "conscientes". O mais desmiolado chegou a pendurar a máscara na orelha.

Talvez o reality show armado pelo Planalto só encontre semelhança com a foto dramaticamente ridícula de Tancredo Neves e sua equipe médica.  A foto foi feita no dia 25 de março, no Hospital de Base, de Brasília, pelo saudoso Gervásio Baptista, então convidado para ser o fotógrafo oficial do presidente "eleito" pelo Colégio Eleitoral da ditadura.

Não foi exatamente uma coletiva, mas teve o mesmo efeito. Armada para mostrar que Tancredo estava se "recuperando bem", a foto foi imediatamente distribuída para todos os veículos. Apenas três horas depois de ser fotografado, Tancredo sofreu forte hemorragia e foi transferido para um hospital em São Paulo, onde morreu em 21 de abril de 1985.

A imagens são ridículas, mas, por favor, os fotógrafos não têm culpa. Apenas focalizaram o show.

2 comentários:

Anônimo disse...

Agora estão tomando medidas que deviam ter tomado há três semanas. E ainda hesitando. Priorizaram o lado econômico. Muita gente inocente vai sofrer por isso.

J.A.Barros disse...

É claro que o fotógrafo não tem nada a haver com a simulação, mas na minha opinião os médicos tiveram sua parte de culpa nessa fantasia fotográfica que dava ao povo brasileiro a esperança da recuperação do seu presidente recém eleito. Tudo era uma mentira e em cima dessa mentira continuaram a explorar o nome e a imagem do prestígio do velho político até o seu triste final em um
hospital em São Paulo