quarta-feira, 25 de março de 2020

O Humor da Manchete: Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati preparam livro sobre a comédia, as excentricidades e as pegadinhas que assolavam a Bloch Editores


O bunker da Rua do Russel, onde se instalava a Manchete, já rendeu vários livros. "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", coletânea de jornalistas que trabalharam na Bloch Editores, "Memória de um Sobrevivente", de Arnaldo Niskier, "Os Irmãos Karamabloch", de Arnaldo Bloch, "Seu Adolpho", de Felipe Pena e "Aconteceu, Virou História", de Elmo Francfort, entre os principais.

Pois vem aí mais um livro. Não apenas mais um. Dessa vez, Arnaldo Niskier e Roberto Muggiati vão explorar o humor que desanuviava as redações e aliviava a tensão dos fechamentos. Os dois autores, aliás, cobriram 45 dos 48 anos de vida da Manchete. E em postos de observação privilegiados. Arnaldo entrou na Manchete em 1955, Muggiati em 1965; o primeiro saiu nos anos 90; o segundo ficou até o fim, em 2000. De 1965 aos anos 1990 trabalharam juntos e compartilharam muito daquela “chose de Bloch” – parafraseando o bordão do Jô Soares, chose de loque.

O Humor da Manchete, em preparação, não é apenas texto, terá fotos incríveis também. Veja, abaixo, algumas imagens e um vídeo em que Arnaldo Niskier revela alguns episódios que estarão no livro.

Foto de Ronald de Almeida/Reprodução Fatos & Fotos 11-6-70

• Adolpho brincando numa Jump Ball, uma das muitas manias dos anos 70 (a foto é de 1970), Arnaldo, o “apanhador” aparece à esquerda, Que presidente de um império de comunicação se prestaria a tal acrobacia? Adolpho parece um daqueles judeus voadores das telas de Chagall.

Foto Acervo Pessoal, 1971

Foto Gil Pinheiro

• Teresópolis, outubro de 1971, Muggiati, chefe de redação de EleEla, dirigida pelo Cony, sobre a Serra para entrevistar o dr. Albert Sabin. Viúvo, Sabin é o alvo das facções casadoiras, Adolpho aposta todas suas fichas na Marlene Bregman, mestra do marketing da Bloch – Adolpho cuspia para esta função novidadeira do jornalismo – seu negócio eram fotos e tintas – Marlene aparece catando cravos nas pernas do médico ilustre. Muggiati teve de esperar até a soneca depois do almoço, quando Sabin o chamou ao seu quarto e o submeteu a um teste antes de conceder a entrevista: “You tell me, vat iz can-cerrr?!” A resposta – mais pelo inglês de Cambridge e da BBC do Muggiati do que por sua sapiência científica – satisfez o doutor, que finalmente concedeu a entrevista. Muggiati, triste sina, se tornaria o entrevistador by appointment de Sabin, o que incluiria uma entrevista especial para o lançamento da Rede Manchete em julho de 1983, todo um sábado e domingo de trabalho incluindo, além da entrevista propriamente – havia uma campanha de vacinação no Brasil naquele momento – até a edição do vídeo e a tradução das legendas, tarefa complicada para a inexperiente equipe da TV. Quanto à corrida para preencher o celibato de Sabin, Adolpho perdeu para a facção da Condessa Pereira Carneiro, que emplacou sua protegida Heloisa Dunshee de Abranches como nova esposa do Dr. Sabin. Na outra foto, a do fotógrafo Gil Pinheiro, Adolpho, o Abominável Homem da Serra, na ducha da fonte natural de Teresópolis.

Foto: Acervo Pessoal

Foto Acervo Pessoal

• O editor Roberto Muggiati  fazendo palhaçada na redação. Isso só poderia ter acontecido naquela hora morta da manhã de terça-feira – entre  a ressaca do fechamento da revista na segunda e sua saída nas bancas à quarta, antes da execrável reunião de pauta. Fotos do arquivo pessoal são provavelmente do início dos anos 90.

Arnaldo Niskier fala sobre O Humor da Manchete. Clique AQUI

Um comentário:

Stênio R. Oliveira disse...

As revistas são diferentes hoje. Os sites de internet tem outro jeito de fazer reportagem. Digo que a Manchete ainda faz falta. Era muito inteligente e informativa com fotos maravilhosas. Mas não tem jeito, o jornalismo foi em frente e acho que Manchete não ia mesmo viver para sempre. É pena. Se até as bancas de jornais e revistas estão acabando. Mas fui leitor desde criança, meus pais tinham coleção, e vou gostar de ver as histórias.