Bom para o Globo que tem muitas páginas do primeiro caderno ocupadas por anúncios. Se Bolsonaro cortou do grupo as verbas de publicidade federal, é legítimo captar o bom, velho e não comprometido apoio privado. No caso do veículo impresso carioca, há uma overdose, já há algum tempo, de um anunciante. A montadora revendedora de automóveis Caoa inunda o jornal com anúncios de página inteira ou duplas páginas inteiras seguidas.
Jornais não vendem, ainda, name rights, mas, caso surgisse essa oportunidade, a Caoa seria uma séria candidata.
Sobra para o leitor um esforço extra para passar páginas e, também, um certo prejuízo em conteúdo. Quando uma revista apresentava matérias seguidas de baixo interesse, a autocrítica da redação dizia que aquela edição, de tão monótona, "fazia ventinho", em referência à brisa que o passar de páginas desinteressantes lançava no rosto do leitor.
Hoje, o primeiro caderno do Globo, de 24 páginas, tem 13 páginas inteiras da Caoa e uma da Cyrela. Houve uma época, bem antes da crise dos impressos, que o volume recomendável de publicidade em jornais e revistas não deveria ultrapassar um terço do número de páginas. Com menos de dois terços de conteúdo, o leitor poderia se sentir lesado.
Hoje, o meio impresso parece não poder se dar a tal luxo.
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