Em um primeiro momento, o Brasil reagiu com eficiência à ameaça do coronavírus. Reação técnica e científica e não ideológica, ao contrário do que é tão comum a esse desgoverno. O ministro da Saúde Luiz Mandetta foi elogiado, pesquisadores de institutos e de universidades até recentemente ofendidos pelo ministro da Educação, logo isolaram o vírus e decifraram seu genoma, sequência importante para desvendar o inimigo, e a comunicação, setor fundamental em uma ocasião dessas, funcionou com aparente transparência.
Mas agora há ruídos nesse processo. Bolsonaro afirmou que a mídia exagera, que a pandemia não é isso tudo e parece ter dado a senha a nível federal. O Ministério da Saúde passou a criticar governadores que começam a tomar medidas mais fortes, em sintonia com o que faz a grande maioria dos países, como a vigilância em aeroportos. O ministro da Economia reza a ladainha de sempre, de reformas e corte de gasto e, a não ser tomar medidas da cartilha única do governo - do tipo liberar FGTS, antecipar pagamentos de parcela do 13° para aposentados - nada faz. Ou faz: tem usado a ameaça do vírus apenas para pressionar pela aprovação das reformas que interessam ao mercado. Mais uma vez, sem a consciência social do que uma pandemia impõe aos de bom senso.
Nesse momento, o Brasil ameaça ir na contramão do mundo. Por exemplo, está hoje nos jornais, o governo estuda "ajudar" as companhias aéreas afetadas pela queda de movimento e pela alta do dólar. E as aéreas tentam "vender" uma ideia típica do pior jerico: pedem que o governo, além da injeção de recursos em empresas privadas, alívio de impostos e multas, crie incentivos ao turismo doméstico para compensar as perdas. Querem que estados como São Paulo e Rio de Janeiro, com os maiores índices de contaminados, exportem mais vírus a bordo de aviões para as regiões até agora menos afetadas? Xênios!
Ainda bem que algumas autoridades estaduais e municipais estão tomando medidas mais restritivas em sintonia com outros países.
Após críticas contundentes de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Paulo Guedes ficou de anunciar novas medidas frente ao quadro da pandemia. A aguardar se há remédio para sintomas de falta de sensibilidade social.
E finalmente o Ministério da Saúde cede à realidade. Mas apenas "recomenda" adiamento ou cancelamento de grandes eventos. Recomenda?
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Um comentário:
Diria que o vírus vai explodir no Brasil nas próxima semanas. E eu sou um otimista
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