domingo, 25 de outubro de 2009

Que droga!

por Eli Halfoun
O assassinato da menina (não era mais do que isso) enforcada por um amigo drogado coloca novamente no balcão a interminável discussão em torno da dependência química. O pai do jovem músico assassino (26 anos e uma vida, a dele, jogada no lixo). O pai (o produtor cultural Luiz Fernando Proa) levanta mais uma polêmica ao culpar o Estado por não obrigar os viciados a manter tratamento. Não é bem assim: o Estado pode (e deve) até criar centros que ofereçam tratamento, mas não tem o poder de obrigar qualquer tipo de doente de submeter-se ao tratamento. Obrigar o dependente a tratar-se o trancando em centros de recuperação será criar um novo sistema prisional e o dependente químico não é, até cometer qualquer crime (o que quase sempre se torna inevitável), um bandido, mas sim um doente é como tal que deve ser cuidado.
Tem razão o pai do jovem assassino quando diz que “todo viciado se torna perigoso por causa da droga e deveria ser mantido (isso nada tem a ver com aprisioná-lo antes de cometer um delito) em tratamento para defesa da própria sociedade porque coloca em risco a vida não só de desconhecidos, como dos próprios entes queridos”. É, lamentavelmente, assim mesmo: o viciado não pensa em ninguém, a não ser na droga que precisa consumir a qualquer preço e aí não mede conseqüências: rouba e mata com a maior tranquilidade. Aí sim se transforma em um bandido que, como todo bandido, tem que ficar na cadeia. De preferência para sempre.
Mesmo que se tire de circulação os traficantes e, portanto, dificultando a aquisição dos produtos, a questão da dependência química está longe de ter uma solução definitiva. Nem mesmo os especialistas (médicos, psicólogos) se entendem: enquanto alguns defendem a tese de que só é possível cuidar do doente quando ele procura tratamento, outra corrente médica acredita que o dependente químico deve ser tratado à força porque essa e a única maneira. Não há estatística (nenhum dependente químico assume o vício) que calcule o número de drogados no Brasil, mas mesmo sem estatística é fácil perceber que é cada vez maior o número de dependentes químicos – e esse número cresce em conseqüência da ainda facilidade de adquirir em qualquer esquina todo tipo de droga, do crack è maconha. O que parece fundamental (e cada vez mais) é ensinar ao jovem antes que chegue ao vício mortal que viver não é uma droga.

2 comentários:

Eliane Furtado disse...

Muito bem dito. Viver é uma maravilha!!!!
DROGA é ser dependente de qualquer coisa.
Droga é não se dar o direito de escolher.
Bom dia amigos do Panis.
Bom Dia eli.

deBarrros disse...

De qualquer maneira o Estado deve assumir uma ação independente de correntes Junguianas ou Freudianas, que venha procurar ajudar a resoiver esse problema terrivel, das drogas, que destrói seres humanos como também suas famílias. Essa história de que só de pode internar um viciado se ele assim o desejar não resolve nada. O viciado não vai querer nunca ser internado. O que ele mais quer é ir pras ruas e se drogar mesmo. A Holanda procurou a solução de discriminalisar a droga. Não sei se deu certo, porque carecemos – até propositadamente – de informações a esse respeito. Uma das soluções holandesas foi até o fornecimento de seringas e agulhas ao viciado, para com isso evitar o contágio da AIDS. É preciso fazer alguma coisa e qualquer coisa que se faça teremos, quem sabe, um viciado a menos.