quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Memória da farra em dose dupla

Ontem, dois importantes colunistas - Elio Gaspari, do Globo e Luiz Fernando Vianna, da Folha - jogaram alguma luz sobre a farra das privatizações nos anos 90, aquela feita com cortina de fumaça e farta indigestão de "moedas podres". A propósito da crise sobre o controle de gestão da Vale, Gaspari relembrou o "golpe de mestre" dos artífices da venda da empresa: foi "vendida", mas curiosamente a participação pública, ou seja, o investimento público (Tesouro, BNDES, Fundos) lá ficou, ainda folgadamente majoritário. Só que um "acordo de acionistas" deu o controle ao grupo liderado pelo Bradesco, que comanda a Vale com 21% das ações até hoje e foi quem nomeou para dirigí-la o atual presidente da empresa, Roger Agnelli. "A Vale foi privatizada em 1997. Num lance exemplar da privataria tucana, o dinheiro da Viúva continua lá mas a senhora não manda", escreveu Gaspari.
A outra empresa privatizada pelo PSDB, a Supervia dos trens suburbanos cariocas, foi o assunto da coluna de Luiz Fernando Vianna, a própósito do recente quebra-quebra promovido por usuários revoltados com os serviços prestados pela concessionária. Em 11 anos - escreveu o colunista - a Supervia recebeu do governo estadual 285 milhões de reais e vai receber mais 500 milhões até 2016, sem falar de um financiamento do Banco Mundial obtido pelo governador Sérgio Cabral.
Na maioria dos casos, a privatização é necessária, certo? (acho apenas que serviços públicos não deveriam entrar nesse pacote). O problema é que, aqui, empresas foram presenteadas a preço vil e "moeda podre". E a maioria, mesmo após "privatizada", não largou as tetas estatais. Empresas privadas e livre iniciativa são motores essenciais a qualquer país, mas que a iniciativa se livre também dos cofres do governo. Ou será que é impossível empreender sem uma chupetinha amiga no tesouro público?
Um bom e suprapartidário tema para a próxima campanha eleitoral.

2 comentários:

Mariana disse...

Diante da maneira como os governos administram, com a influência de políticos, nepotismos, apadrinhamento etc, sou a favor da privatização de muitas coisas. Mas, realmente, para variar, aquela onda de privatizaçoes dos anos 90 deixou muita coisa nebulosa. O pior, acho, são os contratos que os compradores das empresas ou os concessionários assinaram, totalmente favoráveis a eles e danosos aos usuários. Tem concessionária de estrada por aí, como a de Niterói-Manilha que não constroe nem as cercas protetoras para evitar que animais invadam as pistas e causem acidentes muitas vezes fatais. Sem falar nos preços dos pedágios. E, o mais grave, as privatizações foram feitas pelo que seiu para economizar dinheiro que deveria ir para a educação, saúde etc. Como é que o governo vendeu barato e ainda fica transferindo milhões para o pessoal que arrematou as tais empresas????

deBarros disse...

Elio Gaspari, em seus artigos, critica muito às privatizações feitas pelos tucanos no governo de FHC. Diz que foram privatizações cercadas de fraudes financiadas pelos Fundos, BNDES, enfim, o governo ficou com as moedas podres e repassou as moedas boas. E daÍ? Pergunto eu. O governo não tinha mais dinheiro para modernizar essas estatais e manter as mordomias desses funcionários, que não trabalhavam e impediam que essas empresas progredissem.
Como exemplo podemos citar a Telex, uma empresa retrógrada, viciada, não conseguia se modernizar e se continuasse o Brasil nunca teria telefone celular implantado como está sendo agora com empresas concorrentes disputando entre si a melhor oferta de sistema de telefonia para os seus usuários.
A Vale, antes Rio Doce, na verdade era mais amarga do que doce e refem de um só homem, Eliézer Batista, que comandava todas as compras e vendas da Vale. Hoje privatizada o seu valor de mercado passou de 8 bilhões de dólares para 125 billhões e de 10 mil empregados para 60 mil. O governo daquele que não se pode dizer o nome, quer afastar o atual presidente, Roger Agneli, porque demitiu 4 mil empregados. Na verdade é porque demitiu alguns amiguinhos seus como o tal de Fiooca.
As privatizações das estradas federais no governo do tucanato foram um sucesso como a Ponte Rio-Niterói. Haja visto a Rio-São Paulo. Não se pode dizer o mesmo das estradas privatizadas pela aprendiz de feiticeira, dona Dilma Roussef, que se vangloria de ter privatizado com pedágio baratinho. A Br-101, privatizada de Niterói até Espirito Santo não melhorou em nada a rodovia, que continua do mesmo jeito que encontrou e a empresa já quer aumentar o preço do pedágio.
Não posso me esquecer que antes das privatizações muitas pessoas sofreram acidentes fatais na Ponte Rio-Niterói por falta de socorro imediato. Não posso me esquecer que antes das privatizações para ter um telefone fixo em minha casa precisava desembolsar 10 ou 15 mil reais, dependendo do bairro, para ter um em casa.
Só lamento que muitas empresas estatais não foram privatizadas como Furnas e a Petrobras, "a empresa do Povo brasileiro". Aliás a Petrobras, que não é do Povo Brasileiro é, na verdade, dos seus Diretores e funcionários. Os Diretores estão podres de ricos e os funcionários vivem na maior mordomia. Quando entram em férias recebem o salário das férias e recebem o salário do mês correspondente, quer dizer, recebem mais um salário no ano, seria o 14º ordenado. Quem paga tudo isso: o Povo. A gazolina não para de subir. O litro do alcool está se aproximando do preço do litro da gazolina. Mas a Petrobras é do Povo Brasileiro. É intocável. Você sabia que todo presidente da Petrobras passa receber pelo resto da sua vida o salário que recebia quando então como seu presidente?
Olha gente, ainda falta muita coisa para se fazer neste País. Não será com demagogia e mentiras daquele que não se pode dizer o nome é que se mudará a face do Brasil.
Há u dito popular que diz que: "É mais fácil se pegar um coxo do que se pegar um mentiroso". Mas um dia a gente chega lá e pega esse mentiroso.