quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Deixe de ser curioso e pare de ler exames médicos e bulas de remédios. É perigoso

por Eli Halfoun
Historinha rápida e importante: há dias fui buscar o resultado de um exame de imagem (rotina) feito em um desses imensos laboratórios que são hoje os verdadeiros responsáveis pelos diagnósticos. Enquanto espero meu envelope, uma senhora de uns 70 anos recebe o dela e abre. Abre, lê fica pálida e quase desmaia. Pergunto se está passando do mal e ele responde: “fiquei nervosa. Meu exame deu um resultado grave.” Tento acalmar a senhora e digo: “não sou médico, mas posso ver o resultado?”. Leio e como já tive a mesma coisa digo que não há nada grave. O resultado mostra uma esteatose. Acalmo a senhora: “não é grave. Esteatose é só gordura no fígado. Basta parar de comer gordura”. A senhora se acalma sai até sorrindo aliviada.
Torço para que ela tenha aprendido que exames médicos não são para serem lidos pelos pacientes, mas sim pelos médios, que entendem tudo o que está escrito. O paciente não conhece as palavras e é evidente que se assusta quando lê esteatose ou coisa parecida. Lembrei do episódio porque sempre defendi a tese de que exames de laboratório deviam se entregues lacrados e de preferência aos médicos que solicitaram. O paciente é leigo não conhece a complicada terminologia médica e pode acabar até enfartando quando der de cara com uma palavra, ou melhor, um palavrão que nunca ouviu.

Acredito também que pacientes não devem ler bulas de remédios: são bastante complicadas, estão escritas de uma forma que deixe o laboratório sempre protegido de processos e se mal interpretadas as bulas acabam fazendo com que o paciente se medique e até receite aos amigos e parentes. Remédio só funciona e faz bem quando tomado e ministrado corretamente por um profissional e não por uma bula de letrinhas miúdas e redação complicada. Pena que não existe remédio para combater a curiosidade dos pacientes. Se existissem muitos problemas graves causados por medicação inapropriada seriam evitados. Bula não é leitura divertida. Pode até ser, mas só para os médicos.  (Eli Halfoun)

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