por Eli Halfoun
Historinha rápida e
importante: há dias fui buscar o resultado de um exame de imagem (rotina) feito
em um desses imensos laboratórios que são hoje os verdadeiros responsáveis
pelos diagnósticos. Enquanto espero meu envelope, uma senhora de uns 70 anos
recebe o dela e abre. Abre, lê fica pálida e quase desmaia. Pergunto se está
passando do mal e ele responde: “fiquei nervosa. Meu exame deu um resultado grave.”
Tento acalmar a senhora e digo: “não sou médico, mas posso ver o resultado?”.
Leio e como já tive a mesma coisa digo que não há nada grave. O resultado
mostra uma esteatose. Acalmo a senhora: “não é grave. Esteatose é só gordura no
fígado. Basta parar de comer gordura”. A senhora se acalma sai até sorrindo aliviada.
Torço para que ela tenha
aprendido que exames médicos não são para serem lidos pelos pacientes, mas sim
pelos médios, que entendem tudo o que está escrito. O paciente não conhece as
palavras e é evidente que se assusta quando lê esteatose ou coisa parecida.
Lembrei do episódio porque sempre defendi a tese de que exames de laboratório
deviam se entregues lacrados e de preferência aos médicos que solicitaram. O
paciente é leigo não conhece a complicada terminologia médica e pode acabar até
enfartando quando der de cara com uma palavra, ou melhor, um palavrão que nunca
ouviu.
Acredito também que pacientes
não devem ler bulas de remédios: são bastante complicadas, estão escritas de
uma forma que deixe o laboratório sempre protegido de processos e se mal
interpretadas as bulas acabam fazendo com que o paciente se medique e até
receite aos amigos e parentes. Remédio só funciona e faz bem quando tomado e
ministrado corretamente por um profissional e não por uma bula de letrinhas miúdas
e redação complicada. Pena que não existe remédio para combater a curiosidade
dos pacientes. Se existissem muitos problemas graves causados por medicação inapropriada
seriam evitados. Bula não é leitura divertida. Pode até ser, mas só para os médicos. (Eli Halfoun)
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