Donald Trump demorou, mas conseguiu com uma palavra encurralar o moralismo da mídia mundial. E fez isso ao usar a expressão shithole em um dos seus ataques hidrófobos de racismo.
Shit é merda e hole é buraco. Ponto. Não há como disfarçar. O Haiti e todo o continente africano são, para ele, "buracos de merda". E o Brasil só não entrou no time como titular porque a questão que motivou a ofensa não incluía, naquele momento, esse lado de baixo do equador.
No Brasil, O Globo de ontem pediu os sais, calçou luvas, espartilho e polainas e optou por traduzir o xingamento de Trump por um suave "pocilga". O Houaiss diz que "pocilga" é "curral de porcos", no máximo admite a variação "lugar sujo". Mas imagino a reunião de cúpula que shithole exigiu até que a palavra mais famíliar fosse encontrada e desidratada para consumo da família brasileira.
No Globo de hoje, shithole foi traduzido como "países de merda" |
Na capa de hoje, suitando a declaração, a Folha escolheu "país de merda", O Globo de hoje mudou de ideia e adotou a mesma tradução: "país de merda", bem mais fiel do que o delicado "pocilga" da edição anterior..
O site da Veja também chamou a "criada", pediu o chá-das-cinco e foi de "pocilga". O Estadão conseguiu publicar um artigo inteiro, hoje, onde fala de "linguagem vulgar" e de "países fracassados" sem botar a mão na shit.
Ao gourmetizar a tradução, os jornalões apenas aliviam a barra de Trump fazendo com que ele pareça menos grosseiro. Praticam uma modalidade de fale news.
Sasha Lekach, do Mashable, achou interessante pesquisar mundo afora como os grandes jornais enfrentaram o shithole de Trump. Veja algumas tentativas de tradução para disfarçar o óbvio e a curiosa variação adotada pela Finlândia:
A Croácia traduziu por "vukojebina", segundo Lekach algo como "lugar onde ursos trepam"
A Tailândia por "lugar onde os pássaros não põem ovos"
O Japão: "países sujos como privadas"
Itália "países-toilette
México: "países de merda"
França -"países de merda".
Canadá - "buraco de rato"
Haiti - "buraco de merda"
Finlândia "países cus"
Alemanha - "sumidouro" ou "buraco do vaso"
Irã - "países "buraco de toilette"
Atualização -
No Globo deste domingo, 14/01, a jornalista Dorrit Harazim evita o "tucanês" (como se denomina a tradicional linguagem liofilizada do PSDB) e, no seu artigo, sem copidescar Trump, assume que shit é merda.
Atualização -
No Globo deste domingo, 14/01, a jornalista Dorrit Harazim evita o "tucanês" (como se denomina a tradicional linguagem liofilizada do PSDB) e, no seu artigo, sem copidescar Trump, assume que shit é merda.
2 comentários:
O jornal Nacional nos tempos do Tomás Buschetta inventou a pronúncia Busketa que não existe em italiano no caso desse nome, era Buceta mesmo.
Trump quis dizer como a Finlandia tradziu, uns cus de paises
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