sábado, 13 de janeiro de 2018

Imprensa - Donald Trump deixou os jornais com um shithole na mesa de edição



Donald Trump demorou, mas conseguiu com uma palavra encurralar o moralismo da mídia mundial. E fez isso ao usar a expressão shithole em um dos seus ataques hidrófobos de racismo. 

Shit é merda e hole é buraco. Ponto. Não há como disfarçar. O Haiti e todo o continente africano são, para ele, "buracos de merda". E o Brasil só não entrou no time como titular porque a questão que motivou a ofensa não incluía, naquele momento, esse lado de baixo do equador.

No Brasil, O Globo de ontem pediu os sais, calçou luvas, espartilho e polainas e optou por traduzir o xingamento de Trump por um suave "pocilga". O Houaiss diz que "pocilga" é "curral de porcos", no máximo admite a variação "lugar sujo". Mas imagino a reunião de cúpula que shithole exigiu até que a palavra mais famíliar fosse encontrada e desidratada para consumo da família brasileira. 

No Globo de hoje, shithole
foi traduzido como "países de merda"
Na capa de hoje, suitando a declaração, a Folha escolheu "país de merda", O Globo de hoje mudou de ideia e adotou a mesma tradução: "país de merda", bem mais fiel do que o delicado "pocilga" da edição anterior.. 

O site da Veja também chamou a "criada", pediu o chá-das-cinco e foi de "pocilga". O Estadão conseguiu publicar um artigo inteiro, hoje, onde fala de "linguagem vulgar" e de "países fracassados" sem botar a mão na shit. 

Ao gourmetizar a tradução, os jornalões apenas aliviam a barra de Trump fazendo com que ele pareça menos grosseiro. Praticam uma modalidade de fale  news.

Sasha Lekach, do Mashable, achou interessante pesquisar mundo afora como os grandes jornais enfrentaram o shithole de Trump. Veja algumas tentativas de tradução para disfarçar o óbvio e a curiosa variação adotada pela Finlândia:

A Croácia traduziu por "vukojebina", segundo Lekach algo como "lugar onde ursos trepam"

A Tailândia por "lugar onde os pássaros não põem ovos"

O Japão: "países sujos como privadas"

Itália "países-toilette

México: "países de merda"

França -"países de merda".

Canadá - "buraco de rato" 

Haiti - "buraco de merda"

Finlândia "países cus"

Alemanha - "sumidouro" ou "buraco do vaso"

Irã - "países "buraco de toilette"

Atualização -

No Globo deste domingo, 14/01, a jornalista Dorrit Harazim evita o "tucanês" (como se denomina a tradicional linguagem liofilizada do PSDB) e, no seu artigo, sem copidescar Trump, assume que shit é merda.

2 comentários:

Ebert disse...

O jornal Nacional nos tempos do Tomás Buschetta inventou a pronúncia Busketa que não existe em italiano no caso desse nome, era Buceta mesmo.

Rick disse...

Trump quis dizer como a Finlandia tradziu, uns cus de paises