terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A Tribuna da Imprensa saiu das bancas há dez anos. O que não saiu até hoje foi a indenização dos jornalistas que trabalhavam lá

A última edição da Tribuna da
Imprensa: 1° de dezembro de 2008.
Veículos impressos quando vão à falência geralmente deixam um vazio nas bancas e um buraco sem fim no bolso dos jornalistas. Jornal do Brasil, Bloch, Tribuna da Imprensa... A lista é longa. Ou não pagam porque alegam que não têm bens ou deixam massas falidas ricas, mas que se consomem em burocracia e em caras estruturas administrativas ao longo dos anos, restando pendente a complementação das indenizações trabalhistas. A falência da Bloch Editores, por exemplo, atinge a maioridade: fará 18 anos no próximo mês de agosto. Ainda existem ações em curso e, entre aquelas que foram encerradas, a Massa Falida da Bloch deve parcelas da correção monetária de lei.

Há poucos dias, em reunião no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, cerca de 40 profissionais habilitados em processos movidos pelo SJPMRJ foram informados pela advogada Claudia Duranti que ganharam as ações para recebimento dos valores que o jornal lhes deve, mais de R$3 milhões, no total. Ganharam, mas não vão levar, pelo menos não em curto prazo. A Tribuna deve a outros credores mais de R$ 400 milhões. Segundo a advogada do SJPMRJ, "a saída para que os jornalistas recebam o que lhes é devido mais rapidamente requer uma ação para que sejam privilegiados os créditos trabalhistas, que são de natureza alimentícia, e têm prevalência sobre as demais dívidas". Ou seja, a longa luta deverá continuar.

A Tribuna fechou as portas em dezembro de 2008. Na última edição, o proprietário, Hélio Fernandes (aos 98 anos, ele se mantém ativo no blog oficial da Tribuna), escreveu no editorial da primeira página que era "momentânea" a interrupção da circulação. E lá se vão quase dez anos. Hélio Fernandes acreditava que logo receberia uma milionária indenização do governo federal por ter sofrido censura prévia e represálias durante oposição à ditadura militar. Embora o STF tenha reconhecido o direito à indenização, esse processo ainda se arrasta.

Um comentário:

J.A.Barros disse...

E tenho a impressão que não vai sair nunca. A Empresa não tinha patrimônios em seu nome; quer dizer não tem dinheiro.