terça-feira, 19 de setembro de 2017

Editora Abril procura nova casa. Velho prédio ficou grande demais para os novos tempos


O Grupo Abril vai deixar o prédio da Previ que ocupava na Marginal Pinheiros, em São Paulo.

Com a mudança de modelos na indústria de comunicação, a cirurgia bariátrica que levou ao emagrecimento da empresa com vendas de subsidiárias como Elemidia, Abril Educação e de títulos de revistas, centenas de demissões de jornalistas e o cancelamento das algumas edições impressas, a atual Abril ficou sobrando no edifício de 26 andares.

A editora, que já ocupou todo o edifício, já havia liberado 11 andares para o locador. Agora, procura nova casa, embora alguns setores devam ir para o velho prédio da Abril na Marginal Tietê.

Na mudança, levará a "árvore" que enfeitou o topo do NEA durante mais de 15 anos.

Curiosamente, empresas jornalístícas que fecham as portas, se reformulam e se adaptam aos novos tempos vão deixando referências imobiliárias dos seus passados. No Rio, é possível fazer um roteiro turístico por alguns desses "monumentos". As suntuosas sedes das revistas O Cruzeiro, na Rua do Livramento, e Manchete, no Russell, ambas projetadas por Oscar Niemeyer, foram vendidas e transformadas em prédios para escritórios.

O prédio do velho JB, na Av. Brasil foi abandonado e virou esqueleto antes de abrigar um hospital. O Última Hora, perto da Rodoviária Novo Rio, a Tribuna da Imprensa, na Rua do Lavradio, a antiga TV Tupi, na Urca, a Vecchi na Rua do Riachuelo permanecem aí, uns em ruínas outros reocupados. A antiga sede do jornal A Noite e, depois, da Rádio Nacional é o único prédio histórico ainda semi-arruinado na nova Praça Mauá.

A antiga sede do Correio da Manhã passou décadas fechada e abandonada, na Rua Gomes Carneiro, até que foi reformado para outros fins. Mas antes do retrofit, Carlos Heitor Cony, que foi um dos redatores e cronistas do jornal, onde manteve uma seção cujo título era "da Arte de Falar Mal", visitou as ruínas e escreveu uma crônica sobre o reencontro com sua antiga mesa. As salas empoeiradas e paredes - contou -  ainda exibiam ordens de serviço, lembretes e avisos colados em murais embolorados.

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