quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Considerações sobre o Janotgate e os malabarismos de uma primeira página que tira coelhos da cartola...


As posições do Globo são bem conhecidas. Mas o jornal sempre surpreende ao defender seus interesses políticos e corporativos.

Sabe-se que o procurador-geral Rodrigo Janot dá sinais de colapso na placa-mãe que comanda suas decisões. Diante de novos trechos de gravações de Joesley Batista, Janot teria caído no choro. A revelação não detalha se foi convulsivo ou não.

Segundo as últimas declarações, o homem entrou em modo DR (de discutir a relação), elogiou a própria coragem, depois falou que não é coragem, é medo, o "medo de errar" é o gatilho das suas decisões. Confuso, no mínimo. Uma das frases preferidas de Janot, mineiro de BH, é "Nu d'ês é bão, no meu não", segundo artigo de Eugênio Aragão, ex-procurador do MP.  Janot, a julgar pelos últimos movimentos, vai incorporar em breve outra frase em mineirês: "pronostamoindu".

Dois lances do jogo político, ontem, além do Janotgate, compõem a capa do Globo de hoje. Depois do vexame da nova gravação de Joesley, até então supostamente desconhecida e que ameaça anular a delação negociada por ele, o procurador usou a única flecha capaz de tirar o foco do breakdown público: tirou da gaveta uma denúncia contra Lula, Dilma e outros petistas. No mesmo dia, malas de dinheiro com mais de 50 milhões de reais foram encontradas em um apartamento em Salvador que, segundo a PF, era usado por Geddel Vieira Lima, até recentemente ministro de Temer, para guardar pertences do falecido pai. Por fim, a constatação de que após os novos áudios de Joesley, Michel Temer "ganha fôlego".

Tudo isso está na capa do Globo.

A edição da capa - teor dos títulos, disposição gráfica das fotos e dos textos - é que revela mais do que os conteúdos. Nada é por acaso em uma primeira página. Vamos lá: o titulo principal é "Janot denuncia Lula, Dilma e PT por organização criminosa". Logo abaixo, em três colunas e meia, a foto das malas de dinheiro apreendidas no que seria um bunker de Geddel.  A cena impressionante dos volumes abertos e de uma montanha de notas de 50 e 100 reais leva um título que não faz referência a Geddel; "A caverna de Ali Babá". Tudo isso compõe a metade superior da primeira página que, dizem editores e diagramadores, é a de maior importância e visibilidade de um jornal, a área mais nobre. Mas a solução visual do Globo não teve nada de nobre e induz uma leitura política: a foto, que acompanha em importância o título principal e "dialoga" com este, "retrata' os R&1,48 bi que Janot diz que foram entregues a Lula e Dilma e turma. Apenas na página dez, a da matéria das malas, está o título que tem ligação lógica com a foto da dinheirama: "PF apreende R$ 51 milhões ligado a Geddel".  Mas aí, já era, a capa cumpriu seu papel.

Por fim, o 'fôlego de Temer". Até recentemente, o Globo pedia em editorial a saída do ilegítimo. Visto por que está do lado de cá da página de hoje, essa inusitada rebelião parece vir perdendo impulso na medida em que Temer sai da UTI política em que se meteu. Alguns ministros do STF já defendem a anulação das provas existentes em toda a denúncia de Joesley Batista. Ponto para o governo. Está rolando uma reaproximação com o Temer que tudo indica vai cumprir o mandato até o fim?

A única notícia que não tem segundas intenções nessa capa está lá embaixo, no cantinho à direita: o Brasil empatou ontem com a Colômbia.

2 comentários:

J.A.Barros disse...

O Brasil ou a Argentina empatou com a Venezuela? Ontem, em uma esquina de uma rua de Icaraí, onde se senta um vereador, que era do PT e hoje é do PSOL, ao vê-lo sentado em sua cadeirinha vendendo panos para limpeza – o que sempre fez – olhando para ele aos gritos disse, – Não voto mais em ladrão – ele calado ficou e olhou para o lado como se não fosse com ele a referência,

Anônimo disse...

Deve ser um batedor de panela que leva o retrato de Temer e do Aécio na carteira. Ou seja, um babaca diplomado além de otário.