segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Censura: Protestos e agressões verbais promovidos por religiosos e organizações de direita fecham exposição sobre diversidade



Santander Cultural/Divulgação


"Eu e Tu", de Lígia Clark, 1967, uma das
obras exibidas em Porto Alegre
por Flávio Sépia 
Após o golpe que os levou ao poder e à ditadura de um único pensamento, os nazistas estruturaram o Ministério da Propaganda com o objetivo de "conquistar todos os alemães". O MP de Joseph Goebbels passou a controlar todas as formas de manifestação, desde jornais, revistas, filmes, livros, músicas, a rádio, reuniões públicas e exposições artísticas.

Mas antes disso, parte da sociedade, através de organizações já identificadas com as ideias nazistas, divulgava listas de obras que consideravam "impróprias". Grupos invadiam galerias e editoras, recolhiam livros e obras de arte e promoviam fogueiras em praças públicas.

Desde o dia 8 de agosto estava em cartaz no Santander Cultural, em Porto Alegre, a exposição  "Queermuseu - Cartografias da diferença na América Latina", sobre diversidades étnicas e de gênero.
São quase 300 obras, entre pinturas, gravuras, fotografias, serigrafias, colagens, esculturas e vídeo que abordam a diversidade e são assinadas por artistas como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Clóvis Graciano, Fabio Del Re, Flávio Cerqueira, Gilberto Perin, Ligia Clark, Sandro Ka, Yuri Firmesa e Leonilson.

Após ataques verbais a frequentadores por parte de religiosos e tropas de choque da direita radical,  de campanha nas redes sociais e pichações de frases nas imediações do espaço cultural, o Santander, acusado de promover "pornografia" e "blasfêmia", cancelou a exposição.

Segundo o Zero Hora, "dada a natureza específica do tema proposto, com de ampla divulgação da imprensa, a equipe de monitores estava orientada a alertar grupos acompanhados por crianças e menores de idade sobre obras com cenas de nudez ou com referências a sexo passíveis de provocar algum desconforto. A abordagem desses monitores indicava a localização dos trabalhos com essas características".

Em protesto contra o encerramento da exposição, acontece amanhã, 12, em frente ao Santander Cultural, em Porto Alegre, o Ato pela Liberdade de Expressão Artística e Contra a LGBTTFobia, "em defesa da liberdade de expressão artística e das liberdades democráticas".

Para entender o nível de violência dos "comandos" da direita, veja o relato abaixo que circulou em redes sociais antes da censura à mostra: 

VEJA VÍDEO SOBRE A EXPOSIÇÃO CENSURADA, CLIQUE AQUI

4 comentários:

Storm disse...

Cada vez mais parecido com o nazismo, além das tropas de choque agredindo pessoaos, já tem até filme de propaganda financiado por empresárips ocultos

Corrêa disse...

Moralismo é um atraso, combinado com fanatismo é nazismo e fascismo. E essas pessoas não são racionais, são agressivas e perigosas.Racismo, intolerancia tudo vem desses pensamentos de quem não sabe viver em um país livre.

Se não gostaram, não vão à exposição cujo conteúdo foi amplamente divulgado, não encham o saco.

Ludmila disse...

Óbvio que com essa decisão covarde o Santander vai devolver o dinheiro público que poupou de impostos da Lei Rouanet e indenizar artistas e curadores da exposição. Não se pode deixar a arte nas mãos de interesses corporativos.

Prof. Honor disse...

Talvez os organizadores da exposição não soubessem que nesse caso jamais contariam com a solidariedade do patrocinador Banco Santander. O banco espanhol Santander teve seus controladores ligados à organização católica fundamentalista Opus Dei. E se tivessem pesquisado a história veriam que o Santander se beneficiou da sangrenta ditadura de Franco na Espanha, foi periodo em que cresceu. A Opus Dei também tinha ligações prpfundas com a ditadura de Fraco. Não é surpresa então que esse banco tenha referendado a censura dos pelotões fascista de Porto Alegre.