por O. V. Pochê
Nos anos 1960, fazia sucesso nos cinemas o documentário italiano Mondo Cane (*). Era um longa metragem colorido que registrava bizarrices através do mundo. Os críticos logo criaram um termo para enquadrar a novidade: shockumentary. O filme era sensacionalista ao extremo, focalizava curiosidades, violência, hábitos e culturas exóticas, o grotesco e o incomum. Só usava cenas reais que faziam jus ao título. A Netflix, quem sabe, podia se inspirar no Brasil atual e lançar uma série sobre o mundo paralelo em que estamos mergulhados.
O Brasil perdeu o sentido e isso rende um Mondo Cane só nosso. Sintam a bizarrice dos fatos:
* Dinheiro bronzeado mostra seu valor - Paulo Vieira de Souza, apontado como operador do esquema de corrupção do PSDB, guardava em uma casa e em um apartamento cerca de R$ 100 milhões em cédulas. Ao contrário do político baiano Geddel Vieira de Lima (não são parentes, apesar do Vieira em comum), que mantinha em um apartamento R$ 55 milhões em notas acondicionadas de qualquer jeito em malas e caixas de papelão, o contador do tesouro dos tucanos tinha especial carinho pela grana. Ele se dava ao paciente trabalho de expor as cédulas ao sol, como se fossem finas folhas de chá, para evitar mofo e ataque de traças, pegar um bronze ou, talvez, pelo simples prazer quase orgástico de olhar a dinheirama acumulada. Daria uma cena ótima. Lembra Peter Sellers em "Muito Além do Jardim" que se isola do mundo - seu único contato com o exterior é a TV - e passa os dias a cuidar do jardim, recolher folhas secas, manejar a terra e as plantas.
* Retardados - O Brasil acaba de passar por sua primeira grande crise política que se desenrolou inteiramente nas redes sociais. A baixaria passou na timeline do país. WhatApp e twitter foram as tribunas em tempo real de um medíocre jogo de poder. Tanto nas gravações divulgadas quanto nas mensagens do ministro defenestrado, do paipai e do pimpolho, o conteúdo é de briga de adolescente. Tal qual teenager que desiste de "ficar". Após o bate-boca, os contendores bloquearam contas, mudaram fotos de perfis, eliminaram álbuns de imagens onde apareciam juntos e revisaram likes e deslikes. A crise que evoluiu em dois dedos - os de teclar - também daria um cena didática e inusitada.
* O massacre do contêiner - Mondo Cane tinha cenas reais de tragédias. Não havia a profusão de imagens que os smartphones proporcionam hoje, mas sequências de incêndios, inundações e avalanches tinham lá seu espaço. No Brasil, um clube de futebol, o Flamengo, alojou garotos em contêineres que tinham apenas uma mísera porta de saída. Um incêndio devastou o precário dormitório que se transformou em um forno de gás e chamas e fez dez vítimas fatais. Uma cena forte. O Brasil Bizarro tem disso.
* A goiabeira sagrada - Monde Cane focalizava, às vezes, seitas e misticismo em regiões remotas. O Brasil Bizarro também teve seu recente episódio transcendental. Uma ministra da "nova era" revelou que certa vez deparou-se com ninguém menos do que Jesus trepado em uma goiabeira. É a filmagem da cena pronta. A ministra não chegou a ser original. Em 1917, a mãe de Jesus apareceu para três pequenos pastores em Fátima, Portugal. Nossa Senhora, segundo os meninos, escalava uma azinheira. Em Portugal, a árvore virou local de peregrinação. O doc Mondo Cane, ou Brasil Bizarro, relacionaria as duas aparições e mostraria ao mundo a goiabeira sagrada que o nosso jornalismo investigativo ainda não localizou.
* Curso de engenharia à distância - Ainda na linha dos desastres, o novo Mondo Cane poderia dedicar uma sequência à engenharia cabocla. O povo gosta de cinema-catástrofe. Ciclovias que desabam, viadutos que racham, lama de barragens que desce encostas, prédios que se implodem, estádio que ameaça desabar e é interditado poucos meses depois de inaugurado... nem precisa filmar, tudo isso foi registrado em vídeos amadores.
* Fogo na Cultura - Nessa mesma linha, o novo Mondo Cane poderia abordar a mania que os brasileiros têm de tocar fogo em museus. Se não acendem o pavio efetivamente, deixam rolar por pura negligência. São cenas impactantes para o shockdoc.
* Tempestade na Floresta - Essa cena o novo Mondo Cane tem que esperar para ver se acontece. Mas não é impossível. Com Donald Trump à frente é cada vez maior a ameaça de invasão à Venezuela. Brasil e Colômbia, princialmente, seriam acionados pelos falcões de Trump. Esses países estão esperando Bogotá cair de maduro. Se não, a coalizão cucaracha vai agir. Dizem que os dois prováveis aliados dos americanos só teriam munição para uma hora de guerra e pouca vacina contra febre amarela, malária, dengue, zika e chikungunya. Nada que Tio Sam não resolva. As câmeras do Mondo Cane vão adorar.
* Territórios ocupados - Uma das coisas que o Brasil se orgulha é do seu imenso território, que se manteve íntegro e soberano apesar de invasões francesas, holandesas, paraguaia. A República era una e indivisível. Não mais. O novo Mondo Cane mostrará que em várias regiões organizações criminosas que dominam territórios que já pertenceram ao Brasil têm armas, exércitos, leis, taxas, serviços, setores de importação e exportação, estrutura financeira, religião, políticos e justiça próprios. Se instituir passaporte e criar bandeira e hino podem reivindicar uma cadeira na ONU..
*Ciência dos 'doidim' - A parcela de brasileiros que acredita que a Terra é plana já existia mas era, digamos, tímida. Agora eles chegaram ao poder, têm representantes no primeiro escalão. Fazem reuniões, seminários, planejam levar a teoria às escolas e preparam excursões náuticas para explorar o fim do mapa mundi, o local onde, segundo eles, a água do mar desaba em um uma cachoeira infinita. Mondo Cane poderá acompanhar uma dessas expedições.
Difícil vai ser editar esse shockdoc. O Brasil Bizarro escreve diariamente novos capítulos do seu roteiro surreal.
(*) Apesar do estilo tosco, "Mondo Cane" foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original de 1963. "More", de Riz Ortolani e Nino Oliviero, contrastava com a violência e até o mau gosto do documentário.
Ouça AQUI
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
Deu no G1 - Esse jogo não é um a um
por O. V. Pochê
A EA Sports elegeu recentemente os melhores zagueiros do 2018: Bonucci,Thiago Silva, Hummels, Godín, Boateng, Piqué, Alderweireld e David Luiz.
O juri que escalou essas feras não conhece os advogados de Michel Temmer. Por eles, não passa nada. Formariam a retranca mais poderosa do mundo.
Reveja o último lance: o inquérito que apura um jantar no Jaburu em que, segundo denúncias, a sobremesa foi um quindim de R$10 milhões ofertado pela Odebrecht, foi enviado à Justiça Eleitoral.
É como mandar Íbis de Pernambuco, com a camisa da Justiça Eleitoral, jogar contra o Manchester United, representando as cores de Temer. Detalhe: com mando de campo dos Red Devils, jogo no Old Trafford e juiz inglês.
Duvida?
Ouça Jackson do Pandeiro AQUI
Mídia: Quem vai podar o laranjal? Só a Folha deixa a fofoca de lado e remete hoje à origem da crise Bebiano
O nome da crise é corrupção. Pimpolhos, telefonemas, gravações, foro íntimo, ciúmes freudianos, traição, roupa suja, espionagem, X-9 no Planalto, humilhação e tudo o mais que saiu do balaio da comadre fofoqueira renderia um samba-canção. Só que o buraco é mais em cima.
O imbroglio envolvendo Gustavo Bebiano foi deflagrado pela Folha de São Paulo ao denunciar um esquema de desvio de verbas eleitorais por candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro, presidido, na época, pelo agora ex-ministro. Os indícios são de apropriação de dinheiro público, o que deveria ser investigado e não minimizado. Aparentemente, o novo laranjal entrou no bonde do caso Queiroz, também em ponto morto.
A fofoca armada por Carlos Bolsonaro, que acusou Bebiano de mentir ao dizer que havia falado com o presidente por telefone, desviou o foco e favoreceu o governo. Os principais veículos da grande mídia, com exceção da Folha, embarcaram na jogada. A partir daí, tudo se transformou em um bate-boca de baixíssima categoria. Picuinha no clã que tutela o patriarca tem sido a rotina. Mas foi este enfoque que prevaleceu entre os comentaristas políticos por mais de uma semana. Carlos jogou a isca e a mídia deixou-se pescar.
Confirmada a demissão de Bebiano, que sai elogiado por Bolsonaro, a Folha, hoje, foi novamente a única a colocar no principal título de capa a referência ao laranjal do PSL.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
Fotografia - Morreu ontem o último personagem da famosa e polêmica foto "The Kiss"
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Na foto da capa da Life, de Alfred Eisenstaedt, a enfermeira Greta Zimmerman aparece já rendida ao beijo do marinheiro George Mendonsa. . |
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Em quadro anterior, a foto de Eisenstaedt mostra que Greta Zimmerman tenta resistir ao mata-leão de Mendonsa. |
No último domingo, morreu o ex-marinheiro George Mendonsa, aos 95 anos, o último dos três personagens envolvidos em uma das mais famosas fotos da Segunda Guerra, celebrizada como "The Kiss".
O fotógrafo Alfred Eisenstaedt faleceu em 1995, aos 96 anos. A mulher, a enfermeira Greta Zimmer Friedman, morreu em 2016, aos 92 anos. Em comum, a longevidade, o trio passou dos noventa, e a polêmica.
A foto foi feita no dia 14 de agosto de 1945, quando o Japão anunciava sua rendição e a multidão comemorava a vitória na Times Square em Nova York. Eisenstaedt fazia a cobertura para a Life quando Mendonsa agarrou Greta, praticamente deu-lhe um mata-leão e tascou um longo beijo registrado em uma sequência de fotos na qual vê-se que ela tenta escapar, mas acaba se rendendo ao marujo parrudo.
Era um dia feliz e a mídia preferiu apenas o suposto e ocasional romantismo da cena. A Life colocou na capa a foto em que a enfermeira aparece sem reação, como se estivesse inebriada. Em fotograma anterior ela leva a mão ao pescoço do rapaz mas não tem força para afastá-lo.
O casal só voltou a se encontrar 67 anos depois durante uma entrevista para a CBS.
Hoje, em tempos de "não é não", a foto seria um símbolo de assédio sexual.
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Foto Sarasota Police Department |
ATUALIZAÇÃO EM 24/2/2019 - Uma estátua inspirada na foto de Alfred Einsenstaed foi vandalizda em Sarasota, na Flórida, dias depois da morte do ex-marinheiro George Mendonsa. Ativistas do movimento Me Too, que denúncia casos de assédio sexual, gravaram em tinta um protesto contra o beijo forçado em Greta Zimmer.
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A rede social como ela é. E se Nelson Rodrigues navegasse na internet...
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Reprodução Twitter |
por Ed Sá
Nelson Rodrigues morreu em 1980. Na época, o mundo ainda estava longe de trocar relacionamentos por conexões digitais. De 1950 a 1961, ele escreveu na Última Hora a coluna "A vida como ela é", crônicas sobre dramas cotidianos, de preferência adultérios, crimes passionais, cobiça da mulher do próximo, crises de ciúmes em velórios e virgens seduzidas e abandonadas.
Nelson lia as notícias na página policial e a partir daí fazia um retrofit literário de pecados e paixões.
A coluna fez sucesso e, nos anos 1970, ganhou um revival durante pouco mais de um ano na revista Fatos & Fotos.
O post acima foi publicado ontem no twitter. Observem que é um conto contemporâneo real em poucos caracteres.
A dinâmica da rede social produz milhares semelhantes a esse, por hora, talvez. Fico imaginado como Nelson Rodrigues lidaria com os pequenos dramas em proporções diluvianas que hoje trafegam no Facebook, WhatsApp, Instagram, Twitter e outro outdoors da condição humana.
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Imprensa que Eu Gamo 2019: tem que respeitar...
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Foto Divulgação |
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Passaporte para a folia. Fotos bqvManchete |
O Imprensa que eu Gamo 2019 espalhou Democracia nas ruas de Laranjeiras. Cerca de 10 mil pessoas cantaram o refrão "nesse mar de lama não vou me calar/eu sou imprensa, tem que respeitar/ninguém vai censurar a nossa alegria/a pauta hoje é democracia.
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Ramiro Alves lembrado no bloco. |
O bloco homenageou o seu diretor Ramiro Alves, ex-editor de política do Globo, que faleceu em agosto do ano passado.
sábado, 16 de fevereiro de 2019
No baile colonial da "sinhá" Donata Meireles quem dançou foi a Vogue
A matéria é do Meio & Mensagem. Segundo o site, "a 15ª edição do tradicional Baile de carnaval da Vogue está adiada. A decisão foi tomada pela editora Globo Condé Nast após o desconforto manifestado pelos patrocinadores em relação aos acontecimentos recentes envolvendo a ex-editora da publicação, Donata Meirelles, que pediu demissão da revista nesta semana. O evento, que estava marcado para o próximo dia 21, acabou impactado pela polêmica envolvendo Donata Meirelles, que recebeu muitas críticas por conta do receptivo e da decoração de sua festa de aniversário, realizada em Salvador no último fim de semana. Muitas pessoas apontaram que a vestimenta das recepcionistas e o posicionamento delas nas fotos com os convidados fariam referência ao período colonial brasileiro e à escravidão".
LEIA A MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI
Na capa da Veja: a mais bizarra das crises políticas
O Veja vem com a capa sobre a mais nova crise que sacode o Planalto. "Paipai" explode o ministro Bebiano, depois que um dos seus filhos acendeu o estopim nas redes sociais.
A chamada de capa procede: "Veneno". Lembra o clima do Palácio de Inverno e as intrigas de Rasputin, que não tinha cargo oficial na corte do czar mas era o crupiê que dava as cartas nas conspirações de gabinete.
A chamada de capa procede: "Veneno". Lembra o clima do Palácio de Inverno e as intrigas de Rasputin, que não tinha cargo oficial na corte do czar mas era o crupiê que dava as cartas nas conspirações de gabinete.
Na capa da Carta Capital, o Papa Guerrilheiro. Selva!
O Brasil treina há década para lutar na selva amazônica. Aparentemente, há duas frentes de ação no horizonte: uma possível invasão à Venezuela para rifar Maduro e uma operação de defesa com o "perigoso" Sínodo dos Bispos para em outubro. O encontro, que tem o título de "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, preocupa o governo brasileiro, que já espiona os bispos e tenta descobrir seus planos. A edição da Carta Capital trata da segunda "ameaça", a dos "exércitos" do Vaticano, que o governo vê como uma nova "cruzada" contra a pátria. .
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
Bibi Ferreira (1922-2019) - Quando a Contigo! celebrou o talento da grande dama do teatro
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Revista Contigo!/Foto de Renata Xavier/Reprodução |
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 2011, a Contigo! homenageou Bibi Ferreira no Teatro Poeira, em Botafogo. A noite era do 5° Prêmio Contigo de Teatro, mas se transformou em uma celebração do talento e da trajetória de Bibi.
A reverência da classe artística, no momento em que a eterna dama do teatro subiu ao palco, deu à fotógrafa Renata Xavier a oportunidade de registrar a imagem mais sugestiva e emocionante, aquela que abriu a edição especial da revista. Aos 89 anos, Bibi permanecia ativa com atriz e cantora, seduzindo todas as gerações. No palco, quando os aplausos cessaram, ela falou sobre a carreira, os momentos marcantes, os obstáculos e a força para superá-los.
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Tribuna da Imprensa - 1973 - Reprodução |
Enquanto Bibi ecoava em cada frase seu amor pelo teatro, rebobinei algumas lembranças dos encontros que, como repórter, tive com ela. Em 1974, cobri para a Tribuna da Imprensa, os ensaios do espetáculo "Brasileiro, Profissão Esperança", no Canecão, com Clara Nunes e Paulo Gracindo, que Bibi dirigiu. Com muita firmeza, mas sem perder a serenidade, ela às vezes interrompia a cantora e o ator. Não lhes dizia didaticamente o que fazer. Mais parecia atrair Clara e Gracindo para a sua proposta cênica sem lhes tirar o espaço próprio de criação. Lembro que havia uma preocupação no ar: como dar ao espetáculo o clima intimista que as canções e o roteiro pediam em espaços tão vastos como o palco e a platéia do Canecão? (*). Durante os ensaios, Bibi observava constantemente a iluminação. Ali estava precisamente um dos seus segredos. A luz que incidia em Paulo Gracindo e Clara Nunes, projetada sobre um fundo de palco negro e vazio, dava ao público a sensação de "viajar" a uma pequena boate de Copacabana dos anos 1950, ouvindo "Ninguém me ama", "A noite do meu bem", "Fim de caso" e outras canções que se alternavam com o texto de Paulo Pontes. Acho que aquele "Brasileiro Profissão Esperança, sob a direção de Bibi, poderia ser levado até ao Maracanã que não perderia o clima.
Em 1975, no Teatro Tereza Rachel, dessa vez como espectador, reencontrei Bibi como a Joana, amante de Jasão, o casal que pontificava a tragédia urbana ambientada na favela carioca. Era "Gota d'água", escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes. Sob ameaça da censura em plena ditadura, a peça só estreou porque os autores negociaram alguns cortes. A "tesoura" não teve o poder de conter o impacto da montagem. Ao fim, o público deixava o teatro ainda sob choque.
No ano seguinte, 1976, fui entrevistá-la para a Fatos & Fotos, em Copacabana, em um apartamento na Barata Ribeiro, se não me engano, onde Bibi morava com Paulo Pontes e vivia um momento delicado. O dramaturgo lutava contra um câncer. Após uma breve separação, a atriz havia voltado para o companheiro a quem apoiou até o fim. Paulo Pontes morreu no fim de dezembro daquele mesmo ano. Ali era a Bibi vivendo seu drama da vida real.
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Prêmio Contigo! de Teatro homenageia Bibi Ferreira. Na foto de Dario Zalis, Danielle Winits, José Mayer, Sophie Charlotte, José Esmeraldo (então chefe de redação da revista) e Lília Cabral |
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Reprodução/Contigo! |
Ao final daquele Prêmio Contigo, enquanto os fotógrafos se preparavam para fazer a foto de capa, Sergio Zalis, diretor da revista, literalmente me levou a subir ao palco, onde me vi junto a Bibi Ferreira, Danielle Winits, José Mayer, Sophie Charlotte e Lilia Cabral. Eu não sabia, mas Sergio queria aquela foto para ilustrar o editorial que ele escrevia para a seção Carta, a "conversa com o leitor" da Contigo!. Dario Zalis fotografou.
Na hora foi um surpresa. Hoje, junto às pequenas lembranças da grande Bibi Ferreira, tenho a imagem do grupo onde só eu destoo como um desses privilégios que a profissão proporcionou.
(*) Bibi Ferreira dirigiu também no Canecão "Brasileiro, Profissão Esperança" , com Ítalo Rossi e Maria Bethânia. Existe um DVD gravado ao vivo em Porto Alegre, com a atriz fazendo dupla com Gracindo Jr. no mesmo espetáculo.
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Brasil acima de todos, a tosquice acima de tudo
por O.V.Pochê
Que o Brasil vive dias toscos, é só abrir a janela para comprovar. Parece que um fenômeno bestialógico abriu fendas na terra e das profundezas emergiram o bizarro, o grotesco e o surreal. Como dizia a carta-canção de Chico Buarque nos anos de chumbo, "muita mutreta pra levar a situação.Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça. E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça. Ninguém segura esse rojão"
Sinta o drama:
* O ministro Paulo Guedes acordou ontem pensando que era John Kennedy e afanou um pensamento do presidente americano. Em discurso para servidores, Guedes fez uma pausa dramática antes de dizer: "Todos os dias, vem gente de todo o Brasil para pedir coisas ao Brasil. Mas eu pergunto: o que eles podem dar ao Brasil?". A frase de Kennedy cujo conceito Guedes chupou foi: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país". Se era para copidescar a frase, teria sido melhor Guedes se inspirar em Orson Welles, que foi mais original ao recriar a mesma declaração de Kennedy: "Não pergunte o que você pode fazer pelo seu país. Pergunte o que tem para o almoço".
* O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também conhecido como ministro da Mineração, extraiu do intestino uma frase para desqualificar Chico Mendes, o líder ambientalista assassinado em 1968. "Que diferença faz quem é Chico Mendes?" (...) "O fato é que é irrelevante". A diarreia do ministro, que é réu por improbidade administrativa em ação pública ambiental, provocou reações no Brasil e no mundo.
* O Flamengo faz de um conjunto contêineres com uma só porta de saída alojamento para garotos da sua divisão de base. Acabou em tragédia.
* O general Heleno Nunes tem pesadelos recorrentes com a Nova Cruzada. Ele acha que a Amazônia é a nova Terra Santa e o Papa Francisco e os Cavaleiros Templários estão prontos para invadi-la. O general acha que o Sínodo sobre Amazônia, que o Vaticano realizará em outubro, é um Cavalo de Troia para ocupar a floresta. As fronteiras já estão avisadas para barrar Ricardo Coração de Leão e Godofredo de Bulhão.
* O ministro da Educação, Velez Rodriguez, colocou no seu currículo livro em "coautoria" com o escritor francês Tocqueville morto em 1859. A curiosa observação é do professor Rafael Mafei, da USP.
* Nova modalidade de salvação se espalha pelo país. Desde que um pastor instalou em estacionamento de uma igreja um drive in para oração, esse tipo de marketing da fé tem crescido. O fiel não precisa sair do carro, molha a mão do religioso e descola um conselho ou uma cura expressa.
* As redes sociais estão informando que Bolsonaro acaba de deixar o hospital.
* Professora de uma escola pública de Campinas (SP) estava obrigando alunos a rezar e anotar versículos da bíblia independentemente de a criança ser ou não cristã. A tosquice fundamentalista foi punida. Uma das alunas, que candomblecista, se recusou a participar e passou a sofre bullying. A mãe da criança processou a escola. O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o Estado deverá pagar uma indenização à aluna de R$8 mil. Só que sobrou pro contribuinte. Essa quantia não deveria sair do Estado mas da sacolinha da professora.
Que o Brasil vive dias toscos, é só abrir a janela para comprovar. Parece que um fenômeno bestialógico abriu fendas na terra e das profundezas emergiram o bizarro, o grotesco e o surreal. Como dizia a carta-canção de Chico Buarque nos anos de chumbo, "muita mutreta pra levar a situação.Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça. E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça. Ninguém segura esse rojão"
Sinta o drama:
* O ministro Paulo Guedes acordou ontem pensando que era John Kennedy e afanou um pensamento do presidente americano. Em discurso para servidores, Guedes fez uma pausa dramática antes de dizer: "Todos os dias, vem gente de todo o Brasil para pedir coisas ao Brasil. Mas eu pergunto: o que eles podem dar ao Brasil?". A frase de Kennedy cujo conceito Guedes chupou foi: "Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu país". Se era para copidescar a frase, teria sido melhor Guedes se inspirar em Orson Welles, que foi mais original ao recriar a mesma declaração de Kennedy: "Não pergunte o que você pode fazer pelo seu país. Pergunte o que tem para o almoço".
* O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também conhecido como ministro da Mineração, extraiu do intestino uma frase para desqualificar Chico Mendes, o líder ambientalista assassinado em 1968. "Que diferença faz quem é Chico Mendes?" (...) "O fato é que é irrelevante". A diarreia do ministro, que é réu por improbidade administrativa em ação pública ambiental, provocou reações no Brasil e no mundo.
* O Flamengo faz de um conjunto contêineres com uma só porta de saída alojamento para garotos da sua divisão de base. Acabou em tragédia.
* O general Heleno Nunes tem pesadelos recorrentes com a Nova Cruzada. Ele acha que a Amazônia é a nova Terra Santa e o Papa Francisco e os Cavaleiros Templários estão prontos para invadi-la. O general acha que o Sínodo sobre Amazônia, que o Vaticano realizará em outubro, é um Cavalo de Troia para ocupar a floresta. As fronteiras já estão avisadas para barrar Ricardo Coração de Leão e Godofredo de Bulhão.
* O ministro da Educação, Velez Rodriguez, colocou no seu currículo livro em "coautoria" com o escritor francês Tocqueville morto em 1859. A curiosa observação é do professor Rafael Mafei, da USP.
* Nova modalidade de salvação se espalha pelo país. Desde que um pastor instalou em estacionamento de uma igreja um drive in para oração, esse tipo de marketing da fé tem crescido. O fiel não precisa sair do carro, molha a mão do religioso e descola um conselho ou uma cura expressa.
* As redes sociais estão informando que Bolsonaro acaba de deixar o hospital.
* Professora de uma escola pública de Campinas (SP) estava obrigando alunos a rezar e anotar versículos da bíblia independentemente de a criança ser ou não cristã. A tosquice fundamentalista foi punida. Uma das alunas, que candomblecista, se recusou a participar e passou a sofre bullying. A mãe da criança processou a escola. O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o Estado deverá pagar uma indenização à aluna de R$8 mil. Só que sobrou pro contribuinte. Essa quantia não deveria sair do Estado mas da sacolinha da professora.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
Ricardo Boechat: uma ausência
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Em 1993, Manchete foi encontrar Ricardo Boechat na redação do Globo. O colunista posou para o fotógrafo Orlando Abrunhosa na mesa de trabalho, que era sua trincheira. |
O Brasil está precisando de indignação.
Muita.
E Boechat foi, na grande mídia, um dos poucos que não não se deixou calar e deu voz à justa indignação sem selecionar os alvos.
Em 1993, a Revista Manchete reuniu em uma matéria de várias páginas os principais colunistas da época. O título: "A guerra dos colunistas". O subtítulo: "Obrigados pela crise a dar menos importância às dondocas e badalações, eles partem para o jornalismo mais in do Brasil".
Boechat, um dos focalizados, comentou a mudança que motivava a pauta da revista.
- "O colunista teve que se transformar em repórter apurador", disse ele ao repórter Jorge Eduardo Antunes, sem sequer observar que sua obstinação pela notícia era um dos fatores da evolução do colunismo.
A força das redes sociais era então uma miragem, os fatos não eram acessados com um clique e os jornais impressos ainda eram a fonte mais disputada de notícias de várias áreas. Como apurador, Boechat era um cão farejador que se desafiava a contar o que nem sempre podia ser desvendado.
A internet provocou uma crise de identidade no jornalismo impresso, abalou a mídia, e Boechat, como tantos outros profissionais, teve que se reinventar. Firmou-se como âncora na TV aberta, sem se empolgar com sites, canais de You Tube e redes sociais. Curiosamente, foi encontrar seu melhor público em um veículo cuja força é hoje subestimada: o rádio e o seu programa nas manhãs da Bandeirantes, de grande repercussão.
Ricardo Boechat recebeu justas homenagens. Uma, talvez, simbolize a missão cumprida junto ao público, a razão de ser do jornalismo. Foi a manifestação espontânea dos taxistas, dos quais a voz de Boechat foi passageira e, agora, torna-se ausência e saudade.
VEJA O VÍDEO DA HOMENAGEM DOS TAXISTAS, EM SÃO PAULO. CLIQUE AQUI
Na capa da Revista do Brasil, a festa dos sem-impostos...
Na capa da Revista do Brasil, um tema do qual a velha mídia costuma passar ao largo: os três maiores bancos privados do Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) pagaram aos seus acionistas, em 2018, quase 37 bilhões de reais.
Essa gigantesca mufunfa não é tributada.
Pense nisso ao receber seu salário já com desconto de Imposto de Renda.
Com base em dados da Confederação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro, a revista mostra que o leão do fisco é mansinho quando se trata de magnata. Só nessa transação, o governo deixa de arrecadar quase 5 bilhões de reais.
Exerça pelo menos o seu direito de ficar indignado ao ver a tramoia em andamento da reforma da Previdência, do arrocho de aposentadores e benefícios. Isso vai ser fácil para as facções políticas. Mas cobrar impostos sobre dividendos e corrigir injustiças do sistema tributários, que ferra mais quem ganha menos, não se fala. Ao defender a reforma da providência, políticos, tecnocratas e colunistas de economia, mensageiros do mercado, acenam que o projeto acabará com as aposentadorias milionárias de privilegiados, marajás e categorias poderosas. Você sabe que isso dificilmente vai acontecer. No fim, vai sobrar para os de baixa renda e os idosos, que não conseguirão pagar nem o boleto da funerária.
Nenhum governo mexeu na facção dos dispensados de impostos.
Não por acaso, o sistema financeiro, que tem bancada própria no Congresso, é um dos maiores contribuintes para os caixas das eleições.
Pegou a visão ?
Essa gigantesca mufunfa não é tributada.
Pense nisso ao receber seu salário já com desconto de Imposto de Renda.
Com base em dados da Confederação dos Trabalhadores no Ramo Financeiro, a revista mostra que o leão do fisco é mansinho quando se trata de magnata. Só nessa transação, o governo deixa de arrecadar quase 5 bilhões de reais.
Exerça pelo menos o seu direito de ficar indignado ao ver a tramoia em andamento da reforma da Previdência, do arrocho de aposentadores e benefícios. Isso vai ser fácil para as facções políticas. Mas cobrar impostos sobre dividendos e corrigir injustiças do sistema tributários, que ferra mais quem ganha menos, não se fala. Ao defender a reforma da providência, políticos, tecnocratas e colunistas de economia, mensageiros do mercado, acenam que o projeto acabará com as aposentadorias milionárias de privilegiados, marajás e categorias poderosas. Você sabe que isso dificilmente vai acontecer. No fim, vai sobrar para os de baixa renda e os idosos, que não conseguirão pagar nem o boleto da funerária.
Nenhum governo mexeu na facção dos dispensados de impostos.
Não por acaso, o sistema financeiro, que tem bancada própria no Congresso, é um dos maiores contribuintes para os caixas das eleições.
Pegou a visão ?
domingo, 10 de fevereiro de 2019
Fotografia: Há 60 anos, Ethan Russel fez a última foto dos Beatles
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Reprodução/The Guardian |
A última foto do Beatles juntos foi feita em 22 de agosto de 1969. O autor da imagem: Ethan Russell. O cenário: uma propriedade rural de John Lennon, perto de Ascot. Em matéria publicada hoje pelo Guardian, Russell recorda o dia. Os Beatles já estavam em crise: "Eu poderia pedir para eles sorrirem, mas seria totalmente falso e eu estou feliz por não ter feito isso".
Durante 10 anos, até 1978, o americano Ethan Russell fotografou outras estrelas e bandas de rock, como Rolling Stones, Jimi Hendrix, The Who.
Leia no Guardian, AQUI
Diretora da Vogue faz festa na Bahia e rede social vê racismo em noite temática de sinhás e mucamas
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Donata Meireles, diretora da Vogue Brasil, em modelito sinhá&mucamas. Reprodução Instagram |
Tão logo começaram a circular na web, as fotos da festa dos 50 anos da Meireles provocaram reações. O regabofe parecia ter o Brasil Colônia como "conceito", como costumam rotular os marqueteiros. Se Debret fosse convidado para a festa, realizada no Palácio da Aclamação, em Salvador, teria se sentido à vontade entre suas fontes de inspiração: só faltou o pelourinho, havia "mucamas", "sinhás", tronos e abanadores.
Como lembrancinha da volta ao passado, convidados posavam em tronos ao lado de "escravas". Aniversariante e convivas talvez esperassem likes e carinhas alegres a enfeitar as postagens rede social afora. Foi aí que entrou areia no coco e o acarajé passou do ponto. O bombardeio foi de críticas que assinalaram teor "racista' da badalação. A aniversariante pediu desculpas. se "causamos uma impressão diferente". Taoquei, mas entre mucamas, abanadores e tronos, que impressão deveria ser passada?
Houve quem gostasse. Segundo a colunista Paula Saldanha, do site GPSLifetime, "a brasilidade vibrou" na noite e "quem embalou os convidados foi o nativo Caetano Veloso". A coluna não informa se Caetano cantou "eu sou neguinha".
sábado, 9 de fevereiro de 2019
Barraco na mídia: jornal tenta chantagear executivo
por Flávio Sépia
O jornal National Enquirer, tabloide popular que circula nos Estados Unidos desde o fim do anos 20 do século passado, nunca teve boa fama. Antes da Segunda Guerra chegou a assumir uma linha pró-fascista. Especializou-se, depois, com mais ênfase, em cobertura de crimes, acontecimentos sobrenaturais, discos voadores e celebridades. Nos anos 1970, era a bíblia da fofoca e um fenômeno nas bancas. Enquanto a revista People, na mesma década, focalizava os famosos de uma maneira, digamos, mais amistosa, o National Enquirer investia na baixaria sem medo de ser feliz.
A Fatos & Fotos fez acordo de utilização de matérias no Brasil com as duas publicações, não ao mesmo tempo: a People, entre 1975 e 1978; Enquirer de 1979 até 1981, talvez. A parceria com a People funcionou, havia naturalmente forte interesse do leitor brasileiro na "intimidade" dos astros e estrelas de Hollywood. Já a dobradinha com o National Enquirer não decolou, embora o absurdo às vezes fosse cômico e divertisse os redatores que traduziam as matérias. Era baixíssimo o nível de gossips e escândalos dos famosos e dos personagens freaks que eles adoravam "investigar": algo do tipo a mulher com duas vaginas do Kentucky ou o pastor abduzido que pregou para extraterrestres em uma galáxia distante.
Precisou Donald Trump chegar ao poder para o National Enquirer, quem diria, entrar no radar da luta política que divide os Estados Unidos e virar assunto sério do Globo de hoje.
O National Enquirer, que é da American Media que, por sua vez, pertence a David Pecker, antigo parça de Trump, colocou repórteres e fotógrafos para acompanhar Jeff Bezos, dono da Amazon e do Washington Post, com o objetivo de flagrá-lo ao lado de uma suposta amante: a jornalista Lauren Sanchez, ex-apresentadora de TV.
Bezos denuncia que, de posse de "fotos íntimas", o National Enquirer ameaçou publicá-las caso ele não desmentisse publicamente que via "motivação política" na obstinação do tabloide em torno da sua vida pessoal.
Trump é crítico da Amazon e se incomoda profundamente com a cobertura política do Washington Post. Por isso, Bezos vê na relação entre o presidente e o Pecker a motivação do tabloide para segui-lo por cinco estados em busca das tais fotos íntimas. Em artigo publicado no seu blog, Bezos explica porque apesar de ameaçado pelo Enquirer decidiu não ceder à chantagem. "Se eu, na minha posição, não posso enfrentar esse tipo de extorsão, quantas pessoas poderiam?", escreveu ele, negando-se a entrar no jogo do amigo de Trump.
A American Media de Pecker já foi utilizada por Trump como "laranja" na intermediação dos pagamentos com que tentou comprar o silêncio da ex-modelo da playboy Karen Mc Dougal e da atriz pornô Stephanie Clifford, que supostamente tiveram casos com o atual inquilino da Casa Branca. Clifford acabou revelando em livro, como prova de que sabe do que está falando, que Trump tem um pau abaixo do tamanho médio, nada que possa ser chamado de "Trump Tower" e em um estranho formato de cogumelo. Depois de classificar como "nada impressionante" o sexo com o magnata, ela insinuou que Trump tem déficit de atenção durante a trepada e às vezes parece se desligar do que está fazendo. Trump e Pecker agiram para impedir que essas revelações cogumelianas contaminassem a campanha eleitoral.
Os escândalos políticos em Washington costumam ter esses detalhes fálicos, são bem produzidos e roteirizados, quase hollywoodianos. Remember a estagiária Monica Lewisky, que também teria vazado uma característica do pênis de Bill Clinton: seria torto e desgovernado, a ponto de tornar difícil uma performance do tipo "garganta profunda".
E pensar que Itamar Franco pagou caro por se envolver em um tosco escândalo carnavalesco por simplesmente posar ao lado de uma vagina esfuziante que até fora do seu campo de visão estava: só os fotógrafos viam a desejada comissão de frente enquanto Itamar sorria inocente.
Ô coitado!
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
Fotomemória: Boca de Anjo no palco do povo...
por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História)
A série "Bonecos da [minha] História [no Fotojornalismo]" recupera uma figura que foi bastante conhecida, em especial dos fotógrafos, nas praças e nas feiras mais populares no Rio de Janeiro na década de 1970, um pouco menos, um pouco mais.
Foi o povão que lhe deu o nome artístico: Boca de Anjo.
A espetaculosa figura me reapareceu há poucos dias no Facebook, numa postagem do perfil de Ricardo Beliel, colega que conheço desde os tempos em que me iniciei como fotojornalista nas revistas da Bloch Editores, em 1977, quando nos classificamos para o Curso Bloch de Fotografia, um dos caminhos mais valorizados, na época, para entrar na profissão (neste ano, por exemplo, foram mais de 800 candidatos para 30 vagas).
Na postagem, Ricardo Beliel, com uma foto de 1973 (uma entre tantas de alta qualidade que compõem o seu acervo), identifica o artista de rua como Boca de Anjo, apelido que é confirmado por outros colegas. Eu até já me esquecera disso, mas relembrei ter ouvido o nome à época. Agora, no entanto, gastei bastante tempo na Internet, mas não consegui qualquer outra referência a ele, e muito menos cheguei à sua verdadeira identidade.
Eu o fotografei em 1976, ele e os seus malabares de (quase sempre) fogo, numa roda de encantados espectadores, num domingo qualquer de sol, nas proximidades da antiga feira nordestina do Campo de São Cristóvão, junto à obra de um acesso à Linha Vermelha (as barras de aço ao fundo), em frente ao Colégio Pedro II, numa área geralmente vazia da grande praça do Campo, perto do início da Rua São Luiz Gonzaga, aquela que sai dali e bem que vai para Benfica...
Na época, fui algumas vezes à feira, como exercício fotográfico para os seguidos cursos que fiz no Senac da Rua Mal. Floriano, mas também por iniciativa própria (e com amigos), que era a grande, única do tipo, feira popular do Rio de Janeiro. A feira de São Cristóvão, a original, era montada, nos domingos de manhã, em torno do elegante pavilhão de exposições, desde a época da sua construção, no final dos anos 1950. Depois de várias ameaças de proibição, acabou oficializada nos anos 1990 e transferida, na década seguinte, devidamente “reciclada”, para o interior do pavilhão.
Não apenas nós dois fotografamos Boca de Anjo... Imediatamente, colegas da época (como Januário Garcia, Marco Antonio Cavalcanti, Rogério Marques, Custódio Coimbra) se manifestaram, pois o conheciam, tanto dali quanto do Largo da Carioca. E sempre fazendo a mesma performance, vestido com um “roupão” típico de palhaços, controlando os malabares de fogo e, ao mesmo tempo, se balançando sobre uma pequena tábua enlouquecida sobre um rolete de madeira. Nisso, comparado a tantos outros artistas de rua, e apesar da dificuldade da arte, talvez até nem se destacasse tanto...
O que realmente atraía o público era uma mistura de muito bom humor nas falas, enquanto se mantinha no limite do equilíbrio, e a exorbitância de exageradas caretas, que fazia destacando os olhos e os dentes (ou a falta de muitos deles), o seu principal recurso cênico. É certamente em relação a este ponto, e de muita ironia (popular também), que lhe adveio o apelido...
Pois, agora, mais de 40 anos passados, me vem à mente uma preocupação (ou melhor, uma "pós-ocupação"...): como terá sido o final da vida (que suponho já tenha ocorrido) do Boca de Anjo?
Aliás, quem realmente era Boca de Anjo? De onde viera? Do que ele vivia? Apenas dos espetáculos improvisados (mas bem treinados) na rua ou de algum outro trabalho? Tinha uma profissão, digamos, “normal”? e conseguiu se aposentar? Teve uma velhice minimamente confortável? Quantos anos teria na época dessa foto, quantos anos viveu?
E não consigo deixar de extrapolar para os tempos atuais... E as tantas pessoas, cada vez mais, que vivem, que continuam vivendo, no Brasil, como artistas de rua? Como elas conseguem viver? E, afinal, qual será o futuro delas?
A série "Bonecos da [minha] História [no Fotojornalismo]" recupera uma figura que foi bastante conhecida, em especial dos fotógrafos, nas praças e nas feiras mais populares no Rio de Janeiro na década de 1970, um pouco menos, um pouco mais.
Foi o povão que lhe deu o nome artístico: Boca de Anjo.
Boca de Anjo - Rio, 1976 - Foto Guina Araújo Ramos
A espetaculosa figura me reapareceu há poucos dias no Facebook, numa postagem do perfil de Ricardo Beliel, colega que conheço desde os tempos em que me iniciei como fotojornalista nas revistas da Bloch Editores, em 1977, quando nos classificamos para o Curso Bloch de Fotografia, um dos caminhos mais valorizados, na época, para entrar na profissão (neste ano, por exemplo, foram mais de 800 candidatos para 30 vagas).
Na postagem, Ricardo Beliel, com uma foto de 1973 (uma entre tantas de alta qualidade que compõem o seu acervo), identifica o artista de rua como Boca de Anjo, apelido que é confirmado por outros colegas. Eu até já me esquecera disso, mas relembrei ter ouvido o nome à época. Agora, no entanto, gastei bastante tempo na Internet, mas não consegui qualquer outra referência a ele, e muito menos cheguei à sua verdadeira identidade.
Eu o fotografei em 1976, ele e os seus malabares de (quase sempre) fogo, numa roda de encantados espectadores, num domingo qualquer de sol, nas proximidades da antiga feira nordestina do Campo de São Cristóvão, junto à obra de um acesso à Linha Vermelha (as barras de aço ao fundo), em frente ao Colégio Pedro II, numa área geralmente vazia da grande praça do Campo, perto do início da Rua São Luiz Gonzaga, aquela que sai dali e bem que vai para Benfica...
Na época, fui algumas vezes à feira, como exercício fotográfico para os seguidos cursos que fiz no Senac da Rua Mal. Floriano, mas também por iniciativa própria (e com amigos), que era a grande, única do tipo, feira popular do Rio de Janeiro. A feira de São Cristóvão, a original, era montada, nos domingos de manhã, em torno do elegante pavilhão de exposições, desde a época da sua construção, no final dos anos 1950. Depois de várias ameaças de proibição, acabou oficializada nos anos 1990 e transferida, na década seguinte, devidamente “reciclada”, para o interior do pavilhão.
Não apenas nós dois fotografamos Boca de Anjo... Imediatamente, colegas da época (como Januário Garcia, Marco Antonio Cavalcanti, Rogério Marques, Custódio Coimbra) se manifestaram, pois o conheciam, tanto dali quanto do Largo da Carioca. E sempre fazendo a mesma performance, vestido com um “roupão” típico de palhaços, controlando os malabares de fogo e, ao mesmo tempo, se balançando sobre uma pequena tábua enlouquecida sobre um rolete de madeira. Nisso, comparado a tantos outros artistas de rua, e apesar da dificuldade da arte, talvez até nem se destacasse tanto...
O que realmente atraía o público era uma mistura de muito bom humor nas falas, enquanto se mantinha no limite do equilíbrio, e a exorbitância de exageradas caretas, que fazia destacando os olhos e os dentes (ou a falta de muitos deles), o seu principal recurso cênico. É certamente em relação a este ponto, e de muita ironia (popular também), que lhe adveio o apelido...
Pois, agora, mais de 40 anos passados, me vem à mente uma preocupação (ou melhor, uma "pós-ocupação"...): como terá sido o final da vida (que suponho já tenha ocorrido) do Boca de Anjo?
Aliás, quem realmente era Boca de Anjo? De onde viera? Do que ele vivia? Apenas dos espetáculos improvisados (mas bem treinados) na rua ou de algum outro trabalho? Tinha uma profissão, digamos, “normal”? e conseguiu se aposentar? Teve uma velhice minimamente confortável? Quantos anos teria na época dessa foto, quantos anos viveu?
E não consigo deixar de extrapolar para os tempos atuais... E as tantas pessoas, cada vez mais, que vivem, que continuam vivendo, no Brasil, como artistas de rua? Como elas conseguem viver? E, afinal, qual será o futuro delas?
Tragédia no campo dos sonhos...
Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zico, Roberto Dinamite, Neymar, Paulo Cesar Caju, Marcelo, Daniel Alves, Fernandinho, Willian, Jesus e tantos outros craques que brilharam no passado ou agora se destacam na Europa ou nos principais times brasileiros devem estar com o pensamento na tragédia que ocorreu hoje no Centro de Treinamento do Flamengo.
Eles sabem exatamente o que significava para garotos vindos de todo o Brasil estar ali, no ambiente de um grande clube, vislumbrando o sonho de se tornar profissional.
Não é fácil a vida de um menino que por vocação ou incentivo dos pais se dispõe a entrar desde cedo na máquina que faz ou desfaz carreiras. Milhares de jovens brasileiros perseguem essa oportunidade, poucos a alcançam.
Os dez jogadores que morreram no incêndio do CT rubro-negro já haviam ultrapassado muitas etapas da "peneira" brutal que seleciona os mais aptos. das escolinhas onde muitos entram aos nove anos, aos incontáveis testes. O grupo que chegou ao Flamengo estava, certamente, à beira do momento em que, enfim, poderia vislumbrar alguma recompensa a tanto esforço.
Hoje é um dia triste para o futebol e para as famílias das vítimas que compartilhavam a luta e o sonho dos seus jovens boleiros.
Eles sabem exatamente o que significava para garotos vindos de todo o Brasil estar ali, no ambiente de um grande clube, vislumbrando o sonho de se tornar profissional.
Não é fácil a vida de um menino que por vocação ou incentivo dos pais se dispõe a entrar desde cedo na máquina que faz ou desfaz carreiras. Milhares de jovens brasileiros perseguem essa oportunidade, poucos a alcançam.
Os dez jogadores que morreram no incêndio do CT rubro-negro já haviam ultrapassado muitas etapas da "peneira" brutal que seleciona os mais aptos. das escolinhas onde muitos entram aos nove anos, aos incontáveis testes. O grupo que chegou ao Flamengo estava, certamente, à beira do momento em que, enfim, poderia vislumbrar alguma recompensa a tanto esforço.
Hoje é um dia triste para o futebol e para as famílias das vítimas que compartilhavam a luta e o sonho dos seus jovens boleiros.
Na tela: Roberto Civita vai virar filme-exaltação, sessão-pipoca ou mostrará sem reverências o barão da comunicação?
O Portal dos Jornalistas informa que a biografia de Roberto Civita, ex-presidente da Abril, vai virar filme. O produtor Belisario Franca, adquiriu os direitos do livro "Roberto Civita: O dono da banca – A vida e as ideias do editor da Veja e da Abril", escrito por Carlos Maranhão, que trabalhou na editora por cerca de 40 anos.
Poderia ser uma oportunidade para dissecar um dos barões da mídia brasileira. Será? Não se pode falar ainda sobre a adaptação que o cinema fará, mas um problema dessas biografias é a chapa-brancura que ameniza as controvérsias. Algo parecido aconteceu com a biografia de outro barão, Roberto Marinho, encomendada a Pedro Bial, funcionário do grupo Globo.
A proximidade dos autores com o biografado costuma desfocar a grande angular crítica e favorecer a reverência.
Roberto Civita acumulou realizações editoriais, cometeu erros na condução dos negócios e foi controverso nas relações com o poder político. Civita faleceu em 2013. O seu legado vive hoje uma grave crise plantada desde que a Abril perdeu o vlt das mudanças no jornalismo, não entendeu os sinais da internet e gastou milhões em reformulações atirando para todos os lados, dos negócios em Educação (colégios e curso de inglês, livros didáticos), operadora de TV a cabo e TV UHF a provedor de internet, empresa de eventos, de logística e distribuição, loja digital etc.
Perdido no espaço, o Grupo entrou em decadência, abriu mão dos seus melhores quadros, não pagou tudo o que deve a milhares de funcionários demitidos, entre jornalistas, gráficos e pessoal administrativo, caiu em Recuperação Judicial e, finalmente foi vendido.
Há muito o que contar.
Se a contradita e o desfecho não estiverem na tela, a cena vai ficar datada e virar sessão-pipoca.
Poderia ser uma oportunidade para dissecar um dos barões da mídia brasileira. Será? Não se pode falar ainda sobre a adaptação que o cinema fará, mas um problema dessas biografias é a chapa-brancura que ameniza as controvérsias. Algo parecido aconteceu com a biografia de outro barão, Roberto Marinho, encomendada a Pedro Bial, funcionário do grupo Globo.
A proximidade dos autores com o biografado costuma desfocar a grande angular crítica e favorecer a reverência.
Roberto Civita acumulou realizações editoriais, cometeu erros na condução dos negócios e foi controverso nas relações com o poder político. Civita faleceu em 2013. O seu legado vive hoje uma grave crise plantada desde que a Abril perdeu o vlt das mudanças no jornalismo, não entendeu os sinais da internet e gastou milhões em reformulações atirando para todos os lados, dos negócios em Educação (colégios e curso de inglês, livros didáticos), operadora de TV a cabo e TV UHF a provedor de internet, empresa de eventos, de logística e distribuição, loja digital etc.
Perdido no espaço, o Grupo entrou em decadência, abriu mão dos seus melhores quadros, não pagou tudo o que deve a milhares de funcionários demitidos, entre jornalistas, gráficos e pessoal administrativo, caiu em Recuperação Judicial e, finalmente foi vendido.
Há muito o que contar.
Se a contradita e o desfecho não estiverem na tela, a cena vai ficar datada e virar sessão-pipoca.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
Memória da propaganda: remédio dos anos 1930 curava autoridades nervosas
por Ed Sá
Terra plana, comunistas aterrorizando crentes em goiabeiras, possibilidade de guerra contra a Venezuela, pesadelos com boletos bancários, escola sem partido e sem vergonha, ameaça da China dominar o Brasil, denúncia de roubo de índia, filhos ensandecidos, o fantasma da mamadeira erótica, a conspiração LGTB, ambientalistas que atrapalham o progresso etc, a insistência em saber quem matou Marielle, a intimidade com milícias. Vamos combinar que os dirigentes têm razão para pirar.
Alguém avise a eles que esses problemas chatos são atuais, mas o remédio é antigo.
Nos anos 1930, o Neuro Fosfato Eskay já era prescrito para transtorno mentais. Havia um certo preconceito da propaganda ao dizer que era receitado para "mulheres geniosas" e de "lar infeliz".
Talvez fosse mera intolerância da época.
Hoje, o Eskay seria ideal para combater as crises de nervos e o fanatismo epidêmico no Planalto Central tanto em que veste azul quanto em quem veste rosa. Até os anos 1950, a palavra usada para definir esses doidões era "neurastênico". Rendeu até um famoso foxtrot, de autoria de Nazareno de Brito e Alberto Barros. 'Brruumm, sou neurastênico/ Brrruuuumm, preciso me tratar/senão eu vou pra Jacarepaguá"...
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Sinal dos tempos: cadê as musas dos novos escândalos?
por O.V.Pochê
Como é mesmo a letra de "Como uma onda", de Lulu Santos? "Nada do que foi será do jeito que já foi um dia"...
A "nova era" já produz seus escândalos, mas ainda não surgiu em meio à repercussão midiática das novas mutretas uma só musa que mereça esse título.
A culpa deve ser da edição brasileira da Playboy impressa, que foi extinta.
Desde que Lilian Ramos foi parar na capa da revista após cena explícita no camarote do então presidente Itamar Franco, no sambódromo carioca, em 1994, a revista emplacou várias e belas personagens de crises políticas.
Lilian foi catapultada para a mídia em um momento de descontração carnavalesca. Outras musas vieram, em seguida, no rastro de escândalos políticos, embora não estivessem envolvidas nos quesitos judiciais das investigações. O que as lincava com os episódios que ocupavam as primeiras páginas dos jornais era o relacionamento afetivo, familiar ou simplesmente por trabalhar com um dos eventuais investigados.
Mas a mídia em geral adorava tê-las como "protagonistas" e a Playboy escalá-las para capas. Se tinham dissabores com o excesso de exposição na TV e nos jornais, elas ganhavam uma compensação da Playboy, que acenava com bons cachês.
Lembra da Denise Rocha, a advogada e então assessora parlamentar no Senado? Em 2012, ela trabalhava no gabinete do senador Ciro Nogueira, que era membro da CPI do Caso Cachoeira. Enquanto a comissão investigava o escândalo político, vazou na internet um vídeo íntimo de Denise Rocha, que não tinha a ver com a história, a não ser o fato de trabalhar no Senado. Foi o bastante para a mídia apelidá-la de "Furacão da CPI" e a Playboy convidá-la para capa.
Outra "musa da CPI", no caso de uma investigação sobre o senador Renan Calheiros, em 2007, foi a jornalista Monica Veloso. Ela teve uma filha de um relacionamento com o senador, de quem recebia uma pensão supostamente paga por uma construtora, caracterizando-se propina. Renan Calheiros se defendeu afirmando que a pensão era paga com próprio dinheiro seu, Com a repercussão da investigação, Monica Veloso foi convidada e aceitou posar para a Playboy. Além dessas três, a Playboy botou na capa, a "prima de Jânio", "a cunhada dele", "a musa do mensalão" etc.
Esse obscuro 2019, contudo, começa com escândalos e polêmicas várias mas sem musas à vista. Mesmo se a Playboy existisse, Damares, Ricardo Velez Rodrigues, Flávio Bolsonaro, Queiroz, Marcelo Alvaro Antonio e Onix e Alcolumbre não emplacariam capas.
Como diria Lulu Santos, "tudo passa, tudo passará".
Passou.
Como é mesmo a letra de "Como uma onda", de Lulu Santos? "Nada do que foi será do jeito que já foi um dia"...
A "nova era" já produz seus escândalos, mas ainda não surgiu em meio à repercussão midiática das novas mutretas uma só musa que mereça esse título.
A culpa deve ser da edição brasileira da Playboy impressa, que foi extinta.
Desde que Lilian Ramos foi parar na capa da revista após cena explícita no camarote do então presidente Itamar Franco, no sambódromo carioca, em 1994, a revista emplacou várias e belas personagens de crises políticas.
Lilian foi catapultada para a mídia em um momento de descontração carnavalesca. Outras musas vieram, em seguida, no rastro de escândalos políticos, embora não estivessem envolvidas nos quesitos judiciais das investigações. O que as lincava com os episódios que ocupavam as primeiras páginas dos jornais era o relacionamento afetivo, familiar ou simplesmente por trabalhar com um dos eventuais investigados.
Mas a mídia em geral adorava tê-las como "protagonistas" e a Playboy escalá-las para capas. Se tinham dissabores com o excesso de exposição na TV e nos jornais, elas ganhavam uma compensação da Playboy, que acenava com bons cachês.
Lembra da Denise Rocha, a advogada e então assessora parlamentar no Senado? Em 2012, ela trabalhava no gabinete do senador Ciro Nogueira, que era membro da CPI do Caso Cachoeira. Enquanto a comissão investigava o escândalo político, vazou na internet um vídeo íntimo de Denise Rocha, que não tinha a ver com a história, a não ser o fato de trabalhar no Senado. Foi o bastante para a mídia apelidá-la de "Furacão da CPI" e a Playboy convidá-la para capa.
Outra "musa da CPI", no caso de uma investigação sobre o senador Renan Calheiros, em 2007, foi a jornalista Monica Veloso. Ela teve uma filha de um relacionamento com o senador, de quem recebia uma pensão supostamente paga por uma construtora, caracterizando-se propina. Renan Calheiros se defendeu afirmando que a pensão era paga com próprio dinheiro seu, Com a repercussão da investigação, Monica Veloso foi convidada e aceitou posar para a Playboy. Além dessas três, a Playboy botou na capa, a "prima de Jânio", "a cunhada dele", "a musa do mensalão" etc.
Esse obscuro 2019, contudo, começa com escândalos e polêmicas várias mas sem musas à vista. Mesmo se a Playboy existisse, Damares, Ricardo Velez Rodrigues, Flávio Bolsonaro, Queiroz, Marcelo Alvaro Antonio e Onix e Alcolumbre não emplacariam capas.
Como diria Lulu Santos, "tudo passa, tudo passará".
Passou.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
80 anos depois do começo da Segunda Guerra, Rússia lança o filme "T-34". O tanque que foi o pesadelo dos nazistas é o protagonista...
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Cena do filme "T-34", nova superprodução russa sobre a Segunda guerra Mundial. Foto Mars Media/Divulgação |
A Segunda Guerra Mundial é chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. A União Soviética perdeu então 27 milhões de cidadãos, quase 15% da sua população. Para demonstrar a grandeza desse número, a Alemanha perdeu menos de 9% da sua população, Estados Unidos 0,32%, Reino Unido 0,94%, França 1,44% e Japão menos de 6%.
A devastação material e humana que o país sofreu permanece uma ferida aberta 80 anos após o início da Segunda Guerra (no caso da Rússia, 78 anos desde a invasão das tropas alemãs em 1941). Hitler se desesperou quando os soviéticos empurrarem de volta para casa o que restou de suas tropas porque viu ali o prenúncio da derrota final.
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O tanque soviético T-34, o pesadelo de Hitler, entra em Berlim em abril de 1945 e decreta a derrota final da Alemanha. |
A superprodução da Mars Media, que estreou há poucas semanas, já foi vista, desde por mais de 10 milhões de pessoas.
O lançamento coincide com o aumento das tensões com o Ocidente e com a Rússia alertando sobre a nova corrida armamentista empreendida por Donald Trump. Pesquisas recentes de um instituto local, o Levada, indicam que mais de 50% dos russos acreditam que o país enfrenta nova ameaça militar.
Geopolítica à parte, o "T-34" é apenas um filme que conta a história de um grupo de soldados soviéticos que escapam de um campo de concentração nazista utilizando um tanque T-34 que os alemães haviam apreendido.
O tema Segunda Guerra é ainda sensível aos russos. Para alguns críticos, o filme "T-34" peca por "romantizar" um episódio baseado em fato real. O diretor Alexei Sidorov explicou porque não optou por uma narrativa sombria. "Sim, é guerra. Sim, é a morte. Toda família perdeu alguém. Mas vencemos essa guerra e isso é importante", disse ele.
Ainda não há previsão para a exibição do "T-34" no Brasil.
ATUALIZAÇÃO EM 9/2/2019 -
Há poucos dias, a Federação Russa repatriou 30 tanques T-34, que foram desmobilizados pelo Exército da República do Laos. Os blindados estão em boas condições condições e são da série T-34/85, o mesmo modelo que participou da Batalha de Kursk. A Rússia pretende usar os tanques em paradas militares, museus e monumentos, além de disponibilizar os blindados para filmes históricos. O T-34 ainda foi usado durante a Guerra Fria por forças da Europa Oriental, onde ainda existem raros modelos. Museus da Coréia do Norte têm o blindado, que foi usado durante a guerra, em 1950. No Vietnã, o Museu da História Militar, em Hanói, exibe o veículo que também integrou divisões do Vietnã do Norte. No atual conflito do Iémen, há tanques T-34 ainda em combate.
domingo, 3 de fevereiro de 2019
Encaretou! - No intervalo comercial do Superbowl 2019 nada é como antes. Marcas e criadores temem acusações de exploração da mulher e só produzem anúncios "vitorianos"
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Nos intervalos comerciais do Superbowl em passado recente, a sensualidade... |
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... era ingrediente da festa e impulsionava a audiência e o compartilhamento nas redes sociais. |
por Ed Sá
Hoje tem Super Bowl. Tradicionalmente, há o espetáculo no campo - o jogo e o show no intervalo - e uma competição à parte que é quase o "Oscar" da propaganda. Não existe premiação formal, mas revistas e sites especializados costumam fazer um ranking dos melhores anúncios exibidos pela TV no intervalo que cobra o preço mais caro do mundo por segundo de exibição.
A revista Time fez a sua lista. Nunca o Super Bowl foi tão pudico. Empoderamento feminino, as inúmeras denúncias de assédio e os alertas de algumas atrizes e modelos que teriam sido constrangidas um dia a fazer cenas de maior exposição ou seminudez inibem diretores e roteiristas, que preferem não arriscar. Assim, os comerciais do Super Bowl 2019 assumiram um certo clima moralista e vitoriano. Nos link abaixo, você mesmo pode comparar.
Para ver os anúncios mais ousados dos Super Bowls do passado que incendiavam as redes sociais, clique AQUI
e AQUI
Para ver o ranking dos melhores comerciais do Super Bowl 2019, que poderiam ser exibidos até na Arábia Saudita, clique AQUI
Joan Baez faz turnê mundial de despedida dos palcos. A cantora voltará a Woodstock para comemorar em agosto os 50 anos do festival
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Joan Baez. Reprodução/http://www.joanbaez.com/photos/ |
No ano em que o Festival de Woodstock comemorará 50 anos, entre os dias 15 de 18 de agosto, Joan Baez faz sua última turnê mundial. A cantora, que há poucos dias completou 78 anos, iniciou seus shows de despedida no ano passado percorrendo cidades dos Estados Unidos e da Europa, onde divulga seu novo disco, Whistle Down The Wind. Ela deu à turnê mundial o nome de Fare Thee Well Tour, que terá agendas em vários países até 2020. Depois disso, não mais palcos, mas não dará adeus aos discos.
Com mais de 60 anos de carreira desde as primeiras apresentações em bares de folk music, Joan Baez tem seu nome ligado, para sempre, à canção de protesto, à antológica performance em Woodstock, onde cantou "Drug Store Truck Drivin Man" e "Joe Hill" (em homenagem ao sindicalista condenado à morte no começo do século passado), e ao ativismo político. Ela cantou no Vietnã, esteve na famosa marcha que ocupou as avenidas de Washington, em 1963, foi presa por participar de um ato de protesto em uma instalação militar, engajou-se em campanhas contra armas, em defesa dos direitos humanos e combateu a violência contra a mulher.
Joan Baez estará nos shows comemorativos de Woodstock 2019, ao lado de cantores e bandas de várias gerações, como Pearl Jam, Foo Fighters, Logic, Chance The Rapper, Pink, Lorde, The Weeknd, Coldplay, Kesha, Mumford and Sons, Lumineers, Demi Lovato, Ariana Grande, Eminem, Graham Nash, Neil Young, Santana, The Who, Phish, Bon Jovi, Elton John, The Doobie Brothers, Zac Brown Band, Florida Georgia Line, Jason Aldean, Daft Punk, Swedish House Mafia, Deadmau5, Skrillex, Steve Aoki, and Chainsmokers.
Joan Baez veio ao Brasil em 1981. Em pleno governo militar, a Polícia Federal da ditadura proibiu as apresentações em São Paulo, onde ela subiu ao palco apenas para dizer que estava impedida de cantar, e no Rio. Dessa época, restou um documentário da sua turnê pela América do Sul, exibido na TV americana, Baez aparece tomando cerveja com Lula em um boteco paulistano. Só em 2014, voltou ao Brasil e pode, enfim, cantar no Rio, em São Paulo e Porto Alegre.
No site oficial da cantora há um link para tour schedule até julho de 2019.
O Brasil não está lá.
Infelizmente.
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sábado, 2 de fevereiro de 2019
Escola sem partido - "Eu sou você amanhã"...
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Reprodução Pinterest |
por Flávio Sépia
Houve um país que implantou a "escola sem partido". O governo determinou que o ensino deveria ser nacionalista e, acima de tudo, deveria valorizar os princípios morais, nacionalistas e religiosos.
Dizia-se que a "nova escola" daquela "nova era" combateria a ideologia que contaminava as cabeças dos alunos. Em nome dessa eugenia educativa, Iniciou-se uma caça aos professores nas escolas e nas universidades. Muitos foram parar na cadeia.
A "escola sem partido" do regime, a pretexto de acabar com a "ideologia", nunca foi tão ideológica.
Como consequência, professores foram desvalorizados, reduziu-se o nível de competência exigida aos regentes. Foi intensificada a doutrinação religiosa e política. Para o governo, o importante é que professores fossem moralistas, crentes quase fanáticos e nacionalistas quase enlouquecidos, que acreditassem em "terra plana", que tivessem certeza de que jornalistas eram formados pela KGB,que colocassem o país acima de tudo, Deus acima de todos.
Tudo isso aconteceu em Portugal, a partir do anos 1930, quando começou a longa ditadura de Salazar.
A charge acima foi publicada no começo da "nova era" de Salazar, pouco antes da censura rigorosa tornar impossível qualquer crítica. Como ditador implacável, Salazar se inspirou no fascismo e governou o país entre 1933 e 1968.
Salazar não tinha twitter. Mas fazia um discurso por mês que funcionava como uma espécie de recado fatal aos apoiadores e aos opositores. Ele era a lei. Em um desses discursos, determinou que democracia, liberdade, direitos humanos, auto-determinação dos povos, nada disso eram "direitos". Direito, para o ditador, era baseado na relação de forças do momento. Manda quem pode, ora pois.
Salazar afirmava que essa coisa aí de direitos eram ideias aí que se espalharam depois da Segunda Guerra Mundial. Tudo viés ideológico, tá ok?
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Patrimônio fotográfico extraviado - Exposição que homenageou Gervásio Baptista conseguiu reunir apenas dez fotos históricas. A maior parte da obra do grande fotojornalista permanece sumida junto com o acervo de fotos que pertenceu à extinta Bloch Editores
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Gervásio Baptista observa uma das suas mais famosas fotos: JK saudando a inauguração de Brasília. Esta imagem foi capa da Manchete e inspirou a estátua do ex-presidente fixada no alto do Memorial JK. |
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Gervásio no Vietnã, no começo dos anos 1970, e na Galeria Olhos de Águia, que expôs suas fotos históricas. |
Aos 96 anos, o repórter fotográfico teve uma pequena parte da sua obra exibida às novas gerações.
Gervásio cobriu incontáveis eventos e registrou personalidades de todas as áreas, de presidentes a atletas, de misses a líderes mundiais, de atores a atrizes, de tragédias, guerras, revoluções a crises políticas e crimes de repercussão.
São apenas dez fotos históricas entre as milhares que sua câmera captou desde 1954, quando foi para a Manchete após uma passagem pela revista O Cruzeiro.
Certamente, o fotojornalismo brasileiro merecerá um dia um livro que reúna uma ampla seleção da obra de Gervásio Baptista.
Infelizmente, a maior parte de sua produção permanece em lugar incerto e não sabido, assim como não se conhece as condições de conservação do material, desde que um advogado do Rio de Janeiro arrematou em leilão promovido pela Massa Falida da Bloch todo o acervo fotográfico reunido pelas revistas da editora em mais de meio século de existência.
O arquivo desaparecido, assim como a impossibilidade de contato com o detentor dos direitos patrimoniais do acervo (os direitos autorais pertencem aos fotógrafos, que também não têm acesso ao material) imobilizam um patrimônio histórico, com grave prejuízo à Cultura.
Pouco antes do leilão, ex-funcionários da Manchete tentaram mobilizar o Ministério da Cultura, o Arquivo Nacional e até instituições privadas para que se habilitassem a adquirir o acervo de milhões de imagens que acabaram vendidas por pouco mais de 300 mil reais.
Desde então, sumiram.
Um alento, para quem valoriza a memória jornalística, foi a iniciativa da Biblioteca Nacional que digitalizou a coleção da Revista Manchete e disponibilizou para consulta pública, a seção Periódicos do site oficial, milhares de exemplares.
Não resolve os problemas dos pesquisadores, escritores e documentaristas, que não sabem a quem se dirigir para obter licenças legais para uso de fotos (os direitos sobre textos não foram objeto de qualquer leilão), mas torna possível conhecer o trabalho de gerações de jornalistas, cronistas e fotojornalistas que atuaram na revista Manchete, entre estes, Gervásio Baptista, cuja exposição, louvável por revisitar seu talento, só conseguiu reunir 10 fotos entre milhares virtualmente perdidas.
* As fotos acima foram enviadas ao blog por José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores (CEEBE), que as recebeu de Dalva Tosta e Gilberto Costa
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
Jornalista italiano faz o ranking histórico das melhores canções do Festival de San Remo e esquece Roberto Carlos
por Ed Sá
A revista italiana Panorama publica na última edição a lista das 25 canções "extraordinárias", "as mais belas de todos os tempos", apresentadas no Festival de San Remo, na cidade à beira do Mar de Ligúria.
O jornalista e crítico Gianni Poglio não incluiu no ranking "Canzone per te", de Sergio Endrigo, que o brasileiro Roberto Carlos defendeu no palco do Teatro Ariston e conquistou o primeiro lugar em 1968.
A maioria dos festivais de música deixou de existir ou perdeu relevância. O de San Remo está nessa última categoria, apenas resiste e ajuda a animar o inverno no balneário. Nos anos 1980. a Rede Manchete transmitia o evento que não mais atraiu brasileiros.
Não? Correção: no ano passado Ana Carolina e Daniel Jobim fizeram uma participação na apresentação do cantor italiano Mario Biondi. Eles interpretaram a canção "Rivederti". Na época, o Corriere della Sera elogiou o trio, mas considerou que a canção estava mais para uma jam session do que para o palco de San Remo.
Veja abaixo a lista da Panorama com as melhores canções de San Remo, em todos os tempos.
1) Luce (tramonti a Est) - Elisa
2) Vita spericolata - Vasco Rossi
3) Nel blu dipinto di blu - Domenico Modugno
4) Lucio Battisti - Un'avventura
5) La terra dei cachi - Elio e le Storie Tese
6) Chi non lavora non fa l'amore - Adriano Celentano e Claudia Mori
7) Spalle al muro - Renato Zero
8) Per Elisa - Alice
9) Ricomincio da qui - Malika Ayane
10) Gli uomini non cambiano - Mia Martini
11) Il cuore è uno zingaro - Nada e Nicola Di Bari
12) 4.3.1943 - Lucio Dalla
13) Gianna - Rino Gaetano
14) Un'emozione da poco - Anna Oxa
15) Mina - Le mille bolle blu
16) Controvento - Arisa
17) Jesahel - Delirium
18) Lontano dagli occhi - Sergio Endrigo
19) Una lacrima sul viso - Bobby Solo
20) Salirò - Daniele Silvestri
21) Una storia importante - Eros Ramazzotti
21) Chiamami ancora amore - Roberto Vecchioni
22) Il solito sesso Max Gazzè
23) Come saprei - Giorgia
24) E dimmi che non vuoi morire - Patty Pravo
25) Ti regalerò una rosa - Simone Cristicchi
A revista italiana Panorama publica na última edição a lista das 25 canções "extraordinárias", "as mais belas de todos os tempos", apresentadas no Festival de San Remo, na cidade à beira do Mar de Ligúria.
O jornalista e crítico Gianni Poglio não incluiu no ranking "Canzone per te", de Sergio Endrigo, que o brasileiro Roberto Carlos defendeu no palco do Teatro Ariston e conquistou o primeiro lugar em 1968.
A maioria dos festivais de música deixou de existir ou perdeu relevância. O de San Remo está nessa última categoria, apenas resiste e ajuda a animar o inverno no balneário. Nos anos 1980. a Rede Manchete transmitia o evento que não mais atraiu brasileiros.
Não? Correção: no ano passado Ana Carolina e Daniel Jobim fizeram uma participação na apresentação do cantor italiano Mario Biondi. Eles interpretaram a canção "Rivederti". Na época, o Corriere della Sera elogiou o trio, mas considerou que a canção estava mais para uma jam session do que para o palco de San Remo.
Veja abaixo a lista da Panorama com as melhores canções de San Remo, em todos os tempos.
1) Luce (tramonti a Est) - Elisa
2) Vita spericolata - Vasco Rossi
3) Nel blu dipinto di blu - Domenico Modugno
4) Lucio Battisti - Un'avventura
5) La terra dei cachi - Elio e le Storie Tese
6) Chi non lavora non fa l'amore - Adriano Celentano e Claudia Mori
7) Spalle al muro - Renato Zero
8) Per Elisa - Alice
9) Ricomincio da qui - Malika Ayane
10) Gli uomini non cambiano - Mia Martini
11) Il cuore è uno zingaro - Nada e Nicola Di Bari
12) 4.3.1943 - Lucio Dalla
13) Gianna - Rino Gaetano
14) Un'emozione da poco - Anna Oxa
15) Mina - Le mille bolle blu
16) Controvento - Arisa
17) Jesahel - Delirium
18) Lontano dagli occhi - Sergio Endrigo
19) Una lacrima sul viso - Bobby Solo
20) Salirò - Daniele Silvestri
21) Una storia importante - Eros Ramazzotti
21) Chiamami ancora amore - Roberto Vecchioni
22) Il solito sesso Max Gazzè
23) Come saprei - Giorgia
24) E dimmi che non vuoi morire - Patty Pravo
25) Ti regalerò una rosa - Simone Cristicchi
terça-feira, 29 de janeiro de 2019
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Jabazeiros da internet são condenados por fazer publicidade velada. É falta de ética e engana consumidores
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) enquadra influenciadores digitais, celebridades, blogueiros, atrizes, youtubers e geradores de conteúdo que fazem publicidade velada, o popular jabá.
A maioria dos influenciadores faz divulgação de produtos sem caracterizar que aquilo é propaganda.
O Conar adverte tanto os responsáveis pela ações disfarçadas quanto as marcas que utilizam essa forma de divulgação dos seus produtos.
Entre as marcas citadas pelo Conar e que utilizaram os influenciadores de forma dissimulada estão Bic, Cartoon Network, Foroni, Pampili, Ri Happy, Tilibra, Bag-Online, Portal do Brasil, Superflex, DS Distribuidora Haskell, McDonald´s, Mattel, Copra Indústria Alimentícia, Lupus, Sestini Mercantil, Kinder, Ferrero, Puket, Desinchá, Óticas Diniz, Jeans Sawary, Volkswagen, Unilever, L´Oréal, e Bauducco.
A maioria dos influenciadores faz divulgação de produtos sem caracterizar que aquilo é propaganda.
O Conar adverte tanto os responsáveis pela ações disfarçadas quanto as marcas que utilizam essa forma de divulgação dos seus produtos.
Entre as marcas citadas pelo Conar e que utilizaram os influenciadores de forma dissimulada estão Bic, Cartoon Network, Foroni, Pampili, Ri Happy, Tilibra, Bag-Online, Portal do Brasil, Superflex, DS Distribuidora Haskell, McDonald´s, Mattel, Copra Indústria Alimentícia, Lupus, Sestini Mercantil, Kinder, Ferrero, Puket, Desinchá, Óticas Diniz, Jeans Sawary, Volkswagen, Unilever, L´Oréal, e Bauducco.
Fotografia: a tragédia social do trabalho escravo é tema de exposição
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Exposição "Sobre o peso das correntes em teus ombros"., com fotos de Sérgio Carvalho. Divulgação |
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Jornal A Tarde/Reprodução |
Hoje, 28 de janeiro, é o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo e o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho. Não por acaso, as datas se completam. O Shopping da Bahia exibe desde a última sexta-feira a exposição "Sobre o peso das correntes em teus ombros".
O jornal A Tarde dedica uma página ao assunto.
A mostra já percorreu várias capitais brasileiras. Integrante das equipes que realizam ações contra a exploração de mão de obra em condições degradantes, o auditor fiscal Sérgio Carvalho, que é fotógrafo, registrou cenas impressionantes ao longo do seu trabalho.
Embora reconheça desde 1995, junto à ONU, a existência dessa modalidade vil de "emprego", o Brasil ainda não conseguiu eliminar o trabalho escravo. Empresários exploradores não deixam. Ao longo de vários governos, a fiscalização sofreu pressão política para "aliviar" a vigilância. No governo ilegítimo de Michel Temer, o quadro se agravou. O presidente investigado por corrupção emitiu portaria suspeita em que são reduzidas as situações que caracterizam o crime. As bancadas ruralistas, da construção civil, setores de confecções, entre outros, aplaudiram a medida desumana.
Além disso, segundo os auditores denunciaram na mídia, o presidente investigado por corrupção cortou em cerca de 70% a verba destinada ao combate ao trabalho escravo que explora, inclusive, crianças.
A exposição é oportuna no momento em que as mesmas forças atendidas por Temer prevalecem no atual governo que, publicamente, já debochou do trabalho escravo, a cujo combate atribui "viés ideológico", trata o assunto como piada e como instrumento que prejudica os empresários e investidores.
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