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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Quando os presidentes comunicam e se trumbicam - "É a sintaxe, estúpido!"

por Ed Sá 

A linguagem dos presidentes já foi bem mais formal. Talvez porque eles se expressassem mais por discursos. Entrevista coletiva nunca foi o forte dos presidentes e ditadores brasileiros. E as exclusivas geralmente eram e são concedidas a jornalistas escolhidos e veículos idem, evitando maiores riscos. Bolsonaro, por exemplo, radicaliza essa seleção e tem promovido um amistoso café da manhã com coleguinhas de "lista amiga" onde ele dá as cartas, além do pão com manteiga, recebe tapinhas nas costas, sorrisos e likes ao vivo.

Mas nada incomoda mais do que as metáforas que os habitantes do Palácio do Planalto incorporam. Parece que há um vírus linguístico entranhado na tapeçaria do gabinete presidencial.

Lula usava e abusava do futebol. "Virar o jogo", "em time que ganha não se mexe", "catimba", "chute na canela" foram expressões usadas por ele ara nomear crises ou os bastidores da política. Em 2010, ao fim do segundo mandato, definiu a situação assim: "Vamos trabalhar para ganhar as eleições. Não é uma eleição fácil. É como time de futebol. Quando o time está ganhando de um a zero, de dois a zero, quando o time está ganhando, recua, não quer mais fazer falta, pênalti, fica só rebatendo a bola. E quem está perdendo vem para cima com tudo, e é com gol de mão, de cabeça, de chute, de canela. Não tem jogo ganho ou fácil"...

Temer era uma espécie de "novo culto", o equivalente de "novo rico", era um ser pronominal, mas tudo nele soava falso. Parecia se homiziar em erudição fast food. Preferia as mesóclises e as citações literárias ou juristas. "Procurarei não errar, mas se o fizer consertá-lo-ei". O capricho na colocação dos pronomes não livrou os problemas: o coronel Lima desconcertou sua biografia cheia de verbas e verbos. No discurso de posse, Temer mandou um "sê-lo-ia" que ecoou no Congresso. Inspirava-se provavelmente em Jânio Quadros, o do famoso "fi-lo porque qui-lo", que, aliás, segundo o professor Sérgio Rodrigues, está errado na segunda ênclise, já que o "porque" deveria atrair o pronome.

Temer também encaixava frases em latim no cipoal de pronomes. Ficou famoso o "verba volant, scripta manent" que ele inseriu em uma carta enviada a Dilma. "As palavras voam, os escritos permanecem", diz a frase. Ironicamente, mensagens escritas e permanecidas no Whatsapp estão entre os elementos do seu indiciamento por corrupção.

Sarney produzia frases rebuscadas. Político escolado, ele elaborava cada declaração como se falasse  à posteridade em busca da absolvição da História. Com uma característica: sempre exaltava sua própria figura. Achava-se o máximo, apesar de ter sido um presidente medíocre. “Consultei um futurólogo e ele previu que o Brasil só terá outro presidente nordestino daqui a 1.900 anos. Então, acho que mereço ficar os seis anos (argumento para prorrogar o mandato);  “Sou apenas um menino do Maranhão que o destino disse: vai José, ser Presidente” (quando se sentiu ungido pelo destino como um César do Maranhão); "Não me perdoam por ter chegado ao poder passando por cima do cadáver de Tancredo Neves" (usando o falecido para lamentar críticas); "Durante o meu mandato a história se contorceu, mas a democracia não murchou na minha mão" (no dia em que o espírito de Lincoln arrepiou seu bigode épico).

Dilma confundia a nação com seus anacolutos. No trono da República, era rainha na prática de desestruturar frases, eliminar o pé,o tronco e a cabeça de sentenças inteiras. "Quero dizer para vocês que, de fato, Roraima é a capital mais distante de Brasília, mas eu garanto para vocês que essa distância, para nós do Governo Federal, só existe no mapa. E aí eu me considero hoje uma roraimada, roraimada, no que prova que eu estou bem perto de vocês"; "Eu acredito que nós teremos uns Jogos Olímpicos que vai ter uma qualidade totalmente diferente e que vai ser capaz de deixar um legado tanto… porque geralmente as pessoas pensam: 'Ah, o legado é só depois'. Não, vai deixar um legado antes, durante e depois"; "Foi muito, houve uma procura imensa, tinham seis empresas que apresentaram suas propostas, houve um deságio de quase… Foi um pouco mais de 38%, mas eu fico em 38% para ninguém dizer: 'Ah, ela disse que era 38′, mas não é não. É 39, 38 e qualquer coisa ou é 36. 38, eu acho que é 39, mas vou dizer 38". Isso foi Dilma sendo Dilma.

Fernando Henrique se sentou na cadeira de presidente mas nunca deixou a cátedra. Falava com se desse aula. “A barbárie não é somente a covardia do terrorismo mas também a intolerância ou a imposição de políticas unilaterais em escala planetária”;  “No candomblé, o mal e o bem coexistem. São irreconciliáveis, mas são eternos. Num momento em que há tantos maniqueístas no mundo, em que as pessoas querem simplificar as coisas – o bem está de um lado, o mal está de outro, uns são formidáveis, outros são horríveis -, o candomblé nos ensina que as coisas são um pouquinho mais complexas";  “Os países podem estar em um processo que, ao mesmo tempo, tenha concentração de renda e diminuição da pobreza"; "Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se" ; "O mundo nunca é maravilhoso para todos, mas há uma similitude efetiva entre um grande período da expansão do capitalismo comercial, da eclosão do Renascimento e das Descobertas -- naquela altura, em que o homem era a medida de todas as coisas, embora não fosse, na verdade, mas como referência passou a ser e é o que está acontecendo hoje em dia".

Apesar da erudição, FHC também dizia coisas como essa: "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata".

Bolsonaro, talvez acometido por algum espírito de quilombola freudiano, relaciona a política a casamentos, namoro, relacionamento, traição etc. Para disseminar seu "bolsonarês, ele tem, como nenhum outro presidente, o alcance das rede social.

Sobre parceria com Paulo Guedes quando ainda candidato"Aîn, estamos namorando"; Sobre desentendimento com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara: "Aîn, isso aí foi briguinha de namorado". Sobre o escritório de representação em Jerusalém e a futura transferência da embaixada do Brasil em Israel: "aîn, todo casamento começa com namoro e noivado".

Frequentemente, a linguagem do Bolsonaro é ofensiva. E esse é um diferencial marcante em relação a presidentes anteriores. "Abraço ´hetero" (em Gabeira), frases racistas e homofóbicas e ofensas às mulheres, aos negros, aos índios pontuaram o vocabulário do atual presidente. "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais"; "eu falei que não ia estuprar você porque você não merece" (para a deputada Mara do Rosário); “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu” (para Preta Gil).

Mas aí não é pra rir, é pra chorar.


quinta-feira, 4 de abril de 2019

Leitura Dinâmica - Tchutchucas, Neymar fecha com Debi e Loide, vovó sentou, Temer e Moreira (não deu match na madruga)...

por Ed Sá 

* Queimou o filme -  A imagem de Neymar na França e Espanha já não é lá essas coisas. E não vai melhorar com o último episódio em que se envolveu gratuitamente. Ao trocar mensagens com Debi e Loide (Netanyahu, atualmente processado por corrupção, e com Bolsonaro, visto na Europa como fascista), o brasileiro importou para as arquibancadas do PSG, onde não raro é vaiado, mais uma animosidade.

* "Tô fora" - A propósito, é fake news o rumor de que o Jesus ou o Messias evitaram baixar à Terra Santa no começo dessa semana para não sofrer o vexame de ser recebido pela dupla Bolsonaro-Netanyahu.

* República das tchutchucas - O deputado Zeca Dirceu foi injusto ao dizer que Paulo Guedes, o Posto Ipiranga, é "tigrão" com aposentados, agricultores e professores e"tchutchuca" com os privilegiados e"amigos banqueiros'. Injusto porque não é só o Guedes. O governo todo é "tchutchuca" carinhosa dos banqueiros, dos madeireiros, dos latifundiários, dos olavistas, dos militares, dos grandes empresários, dos fabricantes de armas, de Trump, de Netanyahu, da CIA, do Queiroz, dos terraplanistas, dos criacionistas, do Steve Bannon...

O Posto Ipiranga virou tchutchuca - Irritado por ser chamado de 'tchutchuca", o "tchutchuca' Paulo Guedes xingou a mãe do deputado em rede nacional. Até aí, normal, sempre sobra para as mães nessa hora, mas o ministro resolveu incluir na praga a "vó". "Tchutchuca é a mãe, é a vó". Avós também são mães, claro, mas costumam ser poupadas no destempero popular, tanto que existe a expressão "filho da puta", mas não o xingamento "neto da puta".

* "Senta aqui vovó" - Já que a palavra "tchutchuca" entrou nos trend topics, vale relembrar a letra do "Bonde do Tigrão": "Vem tchutchuca linda/Senta aqui com seu pretinho/Vou te pegar no colo/E fazer muito carinho/Eu quero um rala quente/Para te satisfazer/Escute o refrão/É do jeitinho q eu vou fazer/Vem, vem/Tchutchuca/Vem aqui pro seu Tigrão/Vou te jogar na cama/E te dá muita pressão!"

*"Conje" na rede - Moro acaba de abrir uma conta própria no Twitter (@SF_Moro). Antes, só a mulher dele, a "conje", como ele prefere denominar, atuava nas redes sociais.

* Não deu match na madrugada - Segundo a Veja, a Operação Lava Jato entregou ao Tribunal Regional Federal da 2ª (TRF2) transcrição de rápido diálogo que Michel Temer e Moreira Franco tiveram via WhatsApp, em plena madrugada, horas antes de serem presos.  Temer digitou: "Estás acordado?". Moreira prefere telefonar de volta. Temer não atende e o parça digita: “Sim. Liguei, mas vc não atendeu". A PF avalia que a conversinha é indício de que Temer foi informado da ordem de prisão. Talvez não, vai ver Temer queria comentar o filme que estava vendo no Netflix.

*Dentro, Temer - Temer, aliás, que nunca foi bom de voto, continua péssimo em pesquisas de opinião. Depois de deixar o governo com 2% de aprovação, agora vê que, de acordo com enquete do Atlas Político, 87% dos brasileiros o querem atrás das grades.

* Com os cumprimentos de Ghiggia - O Flamengo perdeu do Peñarol, do Uruguai, por 1x0. O jogo foi no Maracanã. O detalhe é que o gol dos uruguaios foi na chamada "trave de Barbosa" ou "gol do Barbosa", onde Giggia decretou o fatídico 2x1 que tirou do Brasil a Copa de 50. Ghiggia, aliás, foi jogador do Peñarol. Ontem Viatri, autor do gol, foi o carrasco do Flamengo. Maracanã é terreno paranormal do vizinho do Sul.

* Deu ruim - No mais, como diz o escritor moçambicano Mia Couto sobre a expansão da ciranda financeira e o aumento da concentração de renda, "em vez de riquezas estamos produzindo ricos".

domingo, 24 de março de 2019

Fotomemória da redação - JK e Temer: a diferença entre o legítimo e o ilegítimo...

Ao desembarcar no Galeão, JK é intimado a depor. 

A multidão que o esperava cerca a viatura. 

Depois de duas horas de depoimento, JK deixa o quartel da PE. 

Na frente do prédio onde o ex-presidente morava, o povo fez vigília.

Essas fotos mostram o contraste.

A última semana foi marcada pela prisão de Michel Temer, sob a acusação de corrupção, recebimento de propina, lavagem de dinheiro etc.

Temer chegou à presidente no embalo de um golpe jurídico-parlamentar. Sua prisão, após deixar o cargo, foi acompanhada pelas emissoras de TV a partir de helicópteros. Apenas uma imagem repetida à exaustão mostrava o político na rua, em um carro, ao ser abordado por policiais.

Uma solidão que a ilegitimidade explica.

Temer pegou carona em um golpe. Não havia multidões a defendê-lo. Nem mesmo aquelas que foram às ruas apoiar sua posse envergonhada.

Em 1965, outro ex-presidente, este legítimo, era vítima e não beneficiário de um golpe.

A quartelada de 1964 cassou Juscelino Kubitschek. Apesar disso, os militares não se conformavam com a sobrevivência política do ex-presidente e decidiram processá-lo. Alegavam que JK tinha responsabilidade na "deterioração do sistema de governo" e o acusavam em Inquérito Policial-Militar, vagamente, de corrupção. Nada foi provado, mesmo assim ele foi silenciado e perseguido pela ditadura até o fim da vida. Nos seus últimos anos, JK foi acolhido na Manchete em cujo edifício mantinha um escritório cedido pelo velho amigo Adolpho Bloch. Ao morrer, em 1976, deixou um patrimônio considerado modesto.

Mas naquele outubro de 1965, JK voltava de Paris, onde se refugiara após a cassação e ameaças, quando soube que ao desembarcar seria conduzido para depor no quartel da Polícia do Exército. Uma multidão o esperava à saída do Galeão. O depoimento durou pouco mais de duas horas. Ao sair, JK foi recebido por amigos e admiradores. No dia seguinte, seria novamente ouvido pelos funcionários da ditadura.




Sua detenção motivou protestos que repercutiram internacionalmente. O povo fez vigília na frente do prédio onde ele morava e volta e meia exigia sua presença à janela. Em um desses momentos, foi feita a capa da edição.

A Manchete publicou uma grande reportagem sobre o assunto, parcialmente reproduzida acima. Murilo Mello Filho era o repórter. Jáder Neves, Gervásio Baptista, Hélio Santos, Orlando Abrunhosa e Eveline Muskat formavam a equipe de fotógrafos.

JK não estava sozinho.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Deu no G1 - Esse jogo não é um a um



por O. V. Pochê 

A EA Sports elegeu recentemente os melhores zagueiros do 2018: Bonucci,Thiago Silva, Hummels, Godín, Boateng, Piqué, Alderweireld e David Luiz.

O juri que escalou essas feras não conhece os advogados de Michel Temmer. Por eles, não passa nada. Formariam a retranca mais poderosa do mundo.

Reveja o último lance: o inquérito que apura um jantar no Jaburu em que, segundo denúncias, a sobremesa foi um quindim de R$10 milhões ofertado pela Odebrecht, foi enviado à Justiça Eleitoral.

É como mandar Íbis de Pernambuco, com a camisa da Justiça Eleitoral, jogar contra o Manchester United, representando as cores de Temer. Detalhe: com mando de campo dos Red Devils, jogo no Old Trafford e juiz inglês.

Duvida?

Ouça Jackson do Pandeiro AQUI

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O mundo bizarro do presidente com filtro

por O.V.Pochê

Temer é oficialmente um presidente com filtro. A prova está aí ao lado.

Moreira Franco, em dupla com um marqueteiro apropriadamente chamado de Elsinho Mouco, se encarrega de lavar a jato o noticiário eliminando as críticas ao ilegítimo. Só passa notícia boa. Um mundo filtrado por Moreira Franco só pode ser bizarro

Tá explicado porque Temer pensa que está agradando e toda noite ao voltar do 'serviço' conta em casa que foi informado pelo Mouco que os críticos são surdos e a voz do povo está levantando a sua bola.

Temer só toma conhecimento do que é cor de rosa choque. Vazou que seu livro de cabeceira é Poliana, de Eleanor H. Porter, e o "jogo do contente" é a diversão do Jaburu.



A coluna de Lauro Jardim, ontem, e a Folha, hoje, comentam a nova política de comunicação do Planalto. Deduz-se que Temer parou de ler jornais e revistas. Quase parou, ainda deve acompanhar o folhetim prisional dos parças Geddel e Cunha. Na verdade, para saber se eles deduraram alguma coisa e já ir separando muda de roupa e  escova de dentes.

Fora isso, recebe os "relatórios" do Moreira e do Mouco. Eles tentam aliviar. A Folha e o colunista não contam, mas vazou no barbará do Planalto que se um jornal publica que a febre amarela é uma ameaça, os filtradores minimizam, dizem que o amarelo pálido será a cor preferida dos brasileiros na folia. Amarelo é a febre do Carnaval? Temer fica feliz por saber que o povo está se divertindo. Se a mídia destaca que o presidente vai responder a um questionário sobre supostas falcatruas no Porto de Santos. Moreira e Mouco relevam, "relaxa, é apenas um formulário para concorrer a um cruzeiro no Caribe". Temer ri e comemora antecipadamente: "ganhá-lo-ei".


Não é fácil a vida dos assessores. A nova estratégia de comunicação do Planalto é a 203ª a ser posta em prática em quase dois anos. A mídia bem que tenta ajudar. Os colunistas de economia se esforçam para mostrar ao povo que o Brasil é o mais novo "Barcelona" do desenvolvimento. A Veja fez até uma capa oferecendo um caminho vencedor para a conquista da popularidade. Deu em nada. Um grupo de jornalistas encenou uma coletiva para Temer brilhar. O homem foi exaltado até como bonito e conquistador. Virou mico. Armaram uma viagem de Temer à Noruega, como "estadista". Quase deu certo. O problema é que ele pensou o tempo todo que estava na Suécia. Quis até conhecer o estádio onde o Brasil foi campeão em 1958.

Os noruegueses não gostaram e o embarcaram de volta para o seu mundo bizarro. 

Esse mesmo, bem aqui onde moramos.


A política do filtro tem falhas. Só dará certo se Temer nunca mais sair do palácio. No último domingo, sem o Mouco para quebrar o galho e com Rodrigo Maia, genro de Moreira, ao lado, ele caminhou do Jaburu ao Alvorada. Riu quando foi chamado de "golpista", deve ter entendido "estadista", "ladrão", que ouviu "lindão" e foi xingado de "bandido, que soou aos seus ouvidos como "querido".

E foi em frente, feliz da vida.

Veja o vídeo AQUI 

sábado, 9 de setembro de 2017

Survival Internacional denuncia genocídio na Amazônia: "Governo Temer é extremamente anti-indígena e possui laços fortes com a poderosa bancada ruralista"


(da Survival Internacional) 

O Ministério Público Federal do Amazonas está investigando uma denúncia de que garimpeiros ilegais no rio Jandiatuba, na Amazônia, massacraram “mais de dez” membros de uma tribo isolada. Caso confirmado, isso significa que até um quinto de uma tribo inteira pode ter sido exterminada.

Dois garimpeiros foram presos.

As mortes ocorreram, supostamente, no mês passado na região do rio Jandiatuba dentro do território indígena Vale do Javari, mas a notícia foi revelada apenas após os garimpeiros se vangloriarem das mortes, mostrando “troféus” na cidade mais próxima.

Sertanistas da FUNAI confirmaram os detalhes do ataque à Survival International. Acredita-se que mulheres e crianças estão entre os mortos. A FUNAI e o Ministério Público Federal estão investigando atualmente.

A área é conhecida como a Fronteira Isolada Amazônica, pois é lar para mais tribos isoladas do que em qualquer outro lugar no mundo.

Diversas equipes do governo que protegem territórios de indígenas isolados tiveram seu orçamento reduzido pelo governo brasileiro, e diversas bases de proteção tiveram que ser fechadas.

O governo do Presidente Temer é extremamente anti-indígena, e possui laços fortes com a poderosa bancada ruralista.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA E CONHEÇA O SITE DA SURVIVAL INTERNACIONAL, CLIQUE AQUI



quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Fotografia 2: Lula Marques faz o retrato da República das Emendas... Quem quer dinheeeeeeiiiiiroooo?

O virtual com significado real. Foto de Lula Marques/Twitter 


por O.V.Pochê 

Lula Marques, de Brasília, tem feito nos últimos e conturbados meses as fotos que tiram a República Temer do armário.

De olho e lentes abertos para os detalhes que importam, o fotógrafo faz a diferença e capta as cenas mais reveladoras dos baixos dias do Congresso e da absoluta dissonância da folgada maioria da castas de supostos representantes com os cidadãos brasileiros.

Nas últimas semanas, Temer abriu a caixa, liberou as emendas parlamentares que garantiram sua vitória, aliviou dívidas de ruralistas.

Feitas as contas, pagou em reais vários neimares, que acaba de ser negociado para o PSG em cifras recordes, só de multa mais de 200 milhões de euros.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Turista acidental: Temer reinventa a máquina do tempo e vai visitar a "República Socialista Soviética da Rússia" e é recebido por Leonid Brezhnev




Temer desembarca na "República Socialista Federativa Soviética da Rússia". Foto Agência Brasil.
Leonid Brezhnev, estadista soviético, acena para Temer
e comitiva ao receber os brasileiros no aeroporto, em Moscou.


por O.V.Pochê 

Temer e outros citados em delações como envolvidos em corrupção estão na Rússia. Representando o Brasil. Só isso aí já é um absurdo. Alguns dos viajantes já deviam ter os passaportes entregues à PF.

Mas a "presidência da república", assim mesmo, em minúsculas e entre aspas, resolveu dar mais uma contribuição ao surrealismo nacional e informou ao mundo, oficialmente, ontem, que Temer estava de partida para a "República Socialista Federativa Soviética da Rússia". A informação foi publicada no site oficial, mas à maneira de Stálin, que mandava retocar fotos para corrigir o passado, o post foi devidamente apagado. Sorte que muitos internautas reproduziram e compartilharam a дерьмо (*) monumental.

O ilegítimo lançou há tempos um pretensioso programa a que deu o nome de "Ponte para o Futuro". A julgar pelo nível geopolítico do seu staff vai lançar agora o "Ponte para a Escola".

Sem saber nem o nome do país para onde seguiu, a comitiva assim desinformada estaria tentando marcar reuniões bilaterais com os líderes soviéticos Nikita Khrushchev, Leonid Brezhnev e Kostantin Chernenko.

Dizem que os representantes do Brasil estavam ansiosos para encontrar fora da agenda Mikahail Gorbachev, um comunista a quem admiram e com quem gostariam de fazer uma selfie.

Segundo um fonte ligada a um assessor de um megaempresário do setor de proteínas, Temer iria tentar parcerias comerciais. Ele estaria muito interessado em importar carros Lada e Niva. Já o ministro das "relações exteriores", Aloysio Nunes, tinha preocupações mais ligadas à Guerra Fria e se comprometeu com a embaixada americana a repreender a República Socialista Federativa Soviética da Rússia por instalar bases de mísseis em Cuba.

Outras reivindicações do ministro recomendada por seus tutores são insistir junto a Moscou para que liberte o piloto Francis Gary Power, que caiu de paraquedas em território soviético quando seu avião-espião U2 foi abatido e pedir "energicamente" que Moscou ponha abaixo o Muro de Berlim.

A comitiva também pretendia visitar a sede KGB, que considera deter know how que interessa à Abin, como, por exemplo, tecnologia para evitar gravações de reuniões no Jaburu. Assessores militares da comitiva queriam saber mais detalhes do Pacto de Varsóvia e demonstraram interesse em ter algo semelhante na América do Sul.

Em um item mais ameno da viagem e em tempo de Copa das Confederações, Temer gostaria de visitar o famoso goleiro Lev Yashin, que jogou contra o Brasil em 1958, e o cosmonauta Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço.

Segundo os correspondentes que acompanham a cúpula da República Friboi itinerante a viagem será muito produtiva. E os soviéticos estão receptivos e amáveis.

O clima está tão bom que um pequeno incidente foi perfeitamente contornado. Foi quando um diplomata soviético querendo agradar a comitiva perguntou como estão e porque não faziam parte da comitiva os tovarichs  Loures, Joesley, coronel João Batista Lima e Geddel, do politburo do Planalto.

(*) Merda, em russo

sábado, 20 de maio de 2017

"Toma que o filho é teu": Demorou, mas a grande mídia aderiu ao "Fora Temer"...

Editorial do Globo 


Mídia aderiu ao "Fora Temer" mas
não às "Diretas Já". Reprodução
A mãe de todas as bombas, a JBS, provocou uma tremenda saia justa na moçada da mídia dominante.

Antes de o gravador de Joesley disparar novos "segredos" - mesmo após o vazamento da denúncia da Odebrecht que incriminou o ilegítimo - Temer era algo como a encarnação da suprema ética, o "nosso guia", alguém imbuído da missão divina de fazer as reformas a qualquer custo. Editoriais, colunistas e o noticiário exaltavam a pérola preciosa resgatada do lamaçal do Tietê, digo, do PMDB. Até que o raio paralisante da JBS caiu na redações. Nas primeiras entradas ao vivo, a perplexidade estava exposta em closes. Falar de Lula e Dilma seria mais voltagem do mesmo choque dos últimos anos. A notícia tinha ingredientes viçosos. Um típico caso jornalístico em que o homem (Joesley) mordeu os cachorros (Temer e Aécio). Não dava mais pra segurar, explode coração.

Nos primeiros minutos, ainda no susto e na velocidade dos acontecimentos, havia tensa cautela cada vez que Temer tinha que ser encaixado no texto. As análises eram timidamente superficiais, com um "se comprovadas as denúncias" exaustivamente encaixado entre centenas de vírgulas.



Ontem, a leitura dos jornais ou um simples zapear na TV mostravam outro clima: a opinião e a ênfase voltaram da folga e passaram a trabalhar. Um editoral do Globo foi a senha para levar Temer ao paredão do reality institucional do Planalto Central. Um dia antes, a Folha ousou dizer que os diálogos entre Temer e Joesley não eram "conclusivos". Veja e Época aderiram ao "Fora Temer". A Istoé, que vinha em uma trajetória de marcado adesismo, diluiu Temer ao lado de Dilma e Lula e tardiamente "descobriu" que a Lava Jato "não escolhe partidos". Só em Istoé.

Em outras circunstâncias históricas (1964),
o  "Basta" do Correio da Manhã.
Por coincidência, ressalvadas as circunstâncias históricas,  Veja destacou um "Basta!", na capa. Lembrou o Correio da Manhã, em 1964, quando a mesma interjeição pedia que Jango fosse derrubado.

A Época fez um capa tétrica do momento nacional inspirando-se em um bullying que Temer sofre: a conhecida referência ao seu visual de mordomo de filme de terror.

Em geral, para muitos coleguinhas não deve ter sido fácil acompanhar a brusca guinada. Mas à medida em que os veículos conservadores explicitaram posição e ligaram seus radares e GPSs políticos, diminuiu a tensão, âncoras, articulistas e colunistas dessas redações puderam relaxar e coreografar com mais precisão suas intervenções. Mesmo assim, haja equilibrista. Um deles, tido como "porta-voz informal de Temer", foi buscar ajuda no escritor Robert Stevenson, autor de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde" para aliviar um pouco a barra e conceder a Temer pelo menos uma dupla personalidade. É preciso reconhecer a habilidade inserida na "opinião" que o dito jornalista construiu: "O presidente Michel Temer poderá ser levado a renunciar ao cargo por pressão do professor de Direito Constitucional Michel Temer, um homem tão cioso do cumprimento das normas constitucionais e dos princípios ético que regem a moral pública. O professor está envergonhado do ato praticado pelo presidente da República".

Por esse raciocínio de ficção, o Dr. Jekill Temer é inocente, a culpa foi do Mr. Hyde Temer. Se o culpado for para a Papuda, o STF vai ter que rebolar para saber o que fazer com o inocente.

Complicado vai ser se Mr. Hyde Temer fizer delação premiada e melar ainda mais a vida do Dr.
Jekill Temer. 

domingo, 19 de março de 2017

Trumpolini ou Mussolump?



por Jean-Paul Lagarride
Mussolini e Hitler
 em Berlim, 1937.
Em 1937, Mussolini visitou Hitler, em Berlim. Foi um choque de egos em praça pública. Três anos depois, Charles Chaplin ironizou o encontro dos dois ao lançar o filme "O Grande Ditador". 

Hitler era Adenoid Hynkel e Mussolini virou Benzino Napaloni. "O Grande Ditador" não foi um projeto assim tão fácil de emplacar. Chaplin teve que financiar do próprio bolso toda a produção. Hollywood tinha parcerias cinematográficas com a Alemanha e tentou desestimular Chaplin a filmar a paródia. 

"O Grande Ditador" foi indicado para o Oscar de 1941 em cinco categorias. Surpreendentemente, não levou nenhuma estatueta. Embora tenha feito uma genial e admirada caricatura da época, Chaplin revelou anos depois, quando os horrores patrocinados por Hitler e Mussolini
Os dois ditadores em cena
do filme de Chaplin
chocavam o mundo, que não teria feito humor com as duas figuras se soubesse do que acontecia nos campos e porões dos dois países.  Mas essa é outra história. 

Se Chaplin captou na ficção o ridículo e o grotesco dos ditadores quando ainda havia quem os admirasse, quando da visita, diante das multidões da vida real, Hitler e Mussolini disputaram expressões corporais ensaiadas. Queixos pra cima, mãos nas cinturas, passos firmes, como dois arremedos de Césares. Os documentários da época não escondem a pirotecnia gestual que inspirou o filme. 

A postura de Donald Trump, há pouco dias, quando se recusou a apertar as mãos de Angela Merkel, finalmente revelou o modelo visual que inspira o presidente americano. Puro Mussolini nos gestos, nas atitudes, na permanente fixação em parecer "poderoso", "invencível" e "determinado". 

Nesses primeiros encontros com líderes mundiais, mesmo com aliados como Alemanha e Canadá, Trump parece disposto a passar um hostil recado de intimidação. Ou recusa cumprimento, como ao receber Merkel, ou tenta destruir o "oponente", no caso o  primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, com um aperto de mão que mais lembrou as "encaradas" dos lutadores de MMA nas coletivas de promoção dos combates. 

O "presidente" Michel Temer revelou todo excitado que recebeu um telefonema de Trumpolini, que teria convidado ou convocado o brasileiro a visitá-lo. Temer, que já se emocionou por ter uma suposta amizade com um vice-presidente americano - ele conta isso pra todo mundo, até em uma famosa carta para Dilma Rousseff - não vai dormir mais até chegar ao Salão Oval. Isso se não for barrado no aeroporto em função das restrições para estrangeiros. Temer que se cuide: se botar um bigode vai ficar com cara de Pedro Armendáriz, o ator mexicano de filme de cowboy; se for de touca branca dos antepassados sírios vai disparar o alame no aeroporto. Uns e outros não estão dando muito ibope no país do Tio Trump.  

Temer 'curtiu' telefonema de Trumpolini
e Angela Merkel levou uma humilhante
esnobada do americano.  

Trumpolini vira a cara ao ouvir um pedido de aperto de mãos formal para fotos. 

Os fotógrafos insistem e ele fecha a cara. 

Com um misto de delicadeza e submissão - que vai lhe custar alguns votos na Alemanha - Merkel fala baixinho: "eles querem um aperto de mãos". Trumpolini não está nem aí. 


VEJA O VÍDEO EM QUE TRUMPOLINI DÁ UMA ESNOBADA NA ANGELA MERKEL. CLIQUE AQUI

quinta-feira, 16 de março de 2017

Brasil diz não às reformas que o governo ilegítimo quer impor ao país...

Mais de 1 milhão de pessoas fora às ruas ontem em todo o Brasil. O Dia Nacional de Paralisação foi um marco na luta contra a supressão de direitos previdenciários e trabalhistas, a meta odiosa do governo golpista do "presidente" Temer. 
Brasília. Foto Mídia Ninja

Sáo Paulo. Foto de Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Foto de Paulo Pinto. Agência PT
Foto de Paulo Pinto/Agência PT
Rio. Foto AG.Brasil
São Paulo. Foto AG.Brasil
Rio.Foto AG.Brasil
São Paulo.Foto AG.Brasil
São Paulo. Foto Ag.Brasil
Brasília. Foto Lula Marques
Recife. Foto Frente Brasil Popular
Brasília. Foto AG Brasil

sexta-feira, 10 de março de 2017

No dia em que o "presidente" Temer diz que mulher tem que ser do lar e do supermercado, a atriz Anne Hathaway discursa na ONU contra a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico

Anne Hathaway discursa na ONU. UN Photo/Rick Bajornas

Como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a atriz Anne Hathaway fez sua primeira aparição como Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres. Em discurso na sede da organização, na última quarta-feira, ela falou sobre a importância da licença trabalhista concedida tanto para mães quanto para pais de recém-nascidos. Hathaway também criticou a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico, que pode acabar sobrecarregando mulheres com uma forma de trabalho não remunerada.

Como se sabe, no Dia Internacional da Mulher, o "presidente" Michel Temer exaltou a função "doméstica" da mulher brasileira.

A imprensa internacional repercutiu a opinião medieval do "presidente" do Brasil.