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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Allan Richard Way II divulga suas previsões para 2024



O experiente ARW II alerta há anos para o agravamento da crise climática. Muitos cientistas têm feito o mesmo há décadas. O vidente inglês admite agora que nenhuma previsão é capaz de superar a realidade dramática do planeta. Ele vê nas estrelas algo terrível para os próximos 20 anos:  a cruel falta de água que assolará várias regiões da África, Ásia, das Américas e da Europa. Suas previsões para 2024 incluem outras áreas. Do esporte à política, de celebridades a catástrofes, de guerras aos avanços da tecnologia. Veja o que vem por aí no Brasil e no mundo segundo o vidente Allan Richard Way II.

A Era Milei

* O Brasil perderá um grande ídolo da música.

* Milei acaba com a Justiça na Argentina. Conflitos serão resolvidos em escritórios de advocacia terceirizados. Pendências policiais serão esclarecidas em duelos privados entre os contendores.

* Idosos argentinos não terão mais amparo estatal. Trens com vagões de gado e carretas idem transportarão o velhos improdutivos para a Patagônia. Agasalhos e remédios serão por conta das famílias dos indigitados.

* Economistas brasileiros ligados ao mercado organizam caravanas rumo à Argentina para ver de perto a revolução neoliberal e de extrema direita do ídolo Javier Mijei. A GloboNews vai cobrir a excursão. Alguns economistas ficarão em estado orgástico ao afagar a cabeleira do Milei.

* O Vasco escapa do rebaixamento na última rodada do Brasileirão 2024.

* A Câmara dos Deputados cria as chamadas Emendas Sobrenaturais. Consiste recolher os "direitos" de deputados falecidos que não tiveram tempo para usar a verba pública. A ideia é redistribuir o troco dos ausentes entre os deputados efetivos.

Ligações paraguaias 

* Bolsonaro é visto fazendo campanha eleitoral no Paraguai. É que alguns prefeitos e vereadores que ele apoia estão foragidos na fronteira.

* O Flamengo consegue que a prefeitura do Rio pague a construção do seu novo estádio em terreno público pertencente à Caixa. O clube cujo presidente é bolsonarista alegou que apoio o Fla dá voto. A Caixa deve cair nessa.

* A Guerra da Ucrânia só vai ser resolvida se a conferência de paz incluir boca-livre de vodca. Zelenski é dependente químico da guerra. O PIB da Ucrânia cresceu em 2023 cerca de 5% turbinado por dólares e euros dos Estados Unidos e União Européia. Isso pode ser mais um obstáculo à paz.

* Em 2022, ainda durante a transição, Lula pediu ao Papai Noel 100 deputados de presente. Não conseguiu. Papai Noel disse que não é Elon Musk. PT e Lula Rmrenovarão o pedido neste 2024. Com poucas de esperanças.

* Papa Francisco irrita a extrema direita ao nomear Isabelita dos Patins como bispa emérita.

Emenda parlamentar o sufoco

* Depois de construir o tempo de inspiração romana em São Paulo, "bispo" Macedo vai promover corrida de bigas na Avenida Paulista e luta de gladiadores contra umbandistas no Estádio  do Morumbi. Tudo com verba federal.

* Deputado federal de Alagoas é encontrada desmaiado e sufocado por emendas secretas.

* Neymar volta a jogar no segundo semestre desse ano. Infelizmente ele tropeça na bandeirinha de escanteio e, segundo os médicos, ficará no estaleiro por mais seis meses.

* Carlos Bolsonaro é internado no Pinel. Ele tem tido pesadelos e wet dreams com Stálin, Guevara, Luis Carlos Prestes e Queiroz. Também tem problemas com as chamadas classes mais baixas. Compreensível, a família inteira só sobreviveu à custas de verbas públicas.

* Pastor assedia ovelha.

* Importante nome da TV falecerá no segundo semestre 

* Novidades sobre Neymar. Ele se apresenta em agosto ao Al Hilal após se recuperar de lesão. Mas ao voltar a campo ele tropeça em um chumaço de algodão e machuca metatarso, tíbia, fíbula e falanges. Vai se recuperar na mansão do parça Bolsonaro.

* O Sul será castigado por enchentes. Células nazistas foram vistas à deriva.

TV aberta em crise

* Audiência da TV aberta cai tanto no Brasil que as pesquisas serão feitas apenas em um grupo representativo do Whatsapp que reúne Silvio Santos, os irmãos Marinho, Bispo Macedo, João Saad, Amilcare Dallevo, Luciano Huck, Mônica Waldvogel, William Bonner, Luva de Pedreiro, Ana Castela, Padre Kelman, Demétrio Magnoli, Gabigol e Ana Maria Braga.

* O mundo vai respirar aliviado: a Terceira Guerra Mundial não vai começar na Guiana. As principais potência nucleares desistiram do conflito por não conseguir localizar o país no Google Maps.

* O Congresso Nacional vai criar um Banco Central próprio para administrar seu Produto Interno Bruto cujo montante se aproxima do PIB brasileiro. É que deputados e senadores aprovarão nova leva de emendas bilionárias. Emenda Deputado Mais Velho, Emenda Senador Mais Jovem, Emenda do Solteiro Mais Cobiçado, Emenda da Deputada Mais Simpática, Emenda do Senador Mais Amigão, Emenda do Deputado Deixa Comigo. 

* Crime político no Brasil. Assassinato de líder choca o país.

* O Congresso vai tirar tanto dinheiro do Executivo que Lula vai pedir Pix à população pra pagar a conta de luz do Palácio do Planalto.

Mãe de deputado ganha pensão eterna

* A Câmara dos Deputados criará sua própria Casa da Moeda. Suas excelêcias poderão imprimir cédulas de Real com a foto de Arthur Lira.

* Político bolsonarista construirá casa em Miami com verba do programa My Home, My life.

* Político neoliberal tentará aprovar projeto em que mães de deputados são estatizadas e passam e ser mantidas com verbas de impostos sobre casas de swing.

* Arábia Saudita poderá processar Neymar caso ele não volte à forma. Pretexto será suposto descuido do atleta durante a recuperação.

* Brasil perderá Copa América. Argentina será campeã.

Político superfatura o próprio enterro

* Brasil ficará aquém do número de medalhas esperadas nos Jogos Olímpicos de Paris

* Morre ídolo sertanejo em acidente de carro em estrada do Centro-Oeste.

* Morre político brasileiro conhecido por superfaturar obras. Enterro pago pela Câmara está sob investigação.

* Milícia carioca instalará sede administrativa na Barra da Tijuca.

* Beija Flor será campeã do carnaval carioca.

* Incêndio em São Paulo abalará o Brasil.

Campo de golfe na Faixa de Gaza

* Maduro deixará a presidência da Venezuela e viaja para a Nicarágua. Situação ficará indefinida por meses.

* Lista de novos milionários da Forbes terá cinco ucranianos. É que o PIB do país em guerra crescerá pelo segundo ano consecutivo. 

* Faixa de Gaza será transformada em campo de golpe por empresários israelenses.

* Só sobreviverão dois lideres do Hamas, um venderá esfiha na Tijuca e o outro abrirá loja de burca na Arábia Saudita.

* Emmanuel Macron se divorciará e é visto com namorada de 77 anos. Jornal francês vaza mensagem em que ele se queixará de que a ex-mulher era muito nova para o seu gosto.

Colonoscopia revela corrupção

* Político bolsonarista será submetido a colonoscopia de emergência e médico chama a polícia: câmera mostrará que ele carregava na zona retal cerca de 100 mil reais. "É dinheiro honesto da verba partidária", dirá o político. Entre o material extraído havia uma foto do Bolsonaro.

* Putin é reeleito. Voto impresso confirma.

* Trump é eleito presidente dos Estados Unidos. Biden foi visto nos jardins da Casa Branca comemorando a "reeleição". 

* Trump fará um governos de vingança e retaliações.

* Convencido por assessores, Biden reconhecerá a derrota e parabenizará Gerald Ford pela vitória. 

* Agrava-se crise financeira da Alemanha. País pedirá à Ucrânia dinheiro emprestado ou antecipação de pagamento de armas entregues a Zelenski. 

* Anitta lançará 3.235 singles em 2024. Spotfy dirá que a memória da plataforma está cheia e pede que ela dê  um tempo. 

* Depois da acusação em redes sociais por ter usado aplicativos para corrigir voz em show em Salvador, Anitta vira polêmica por usar supostamente inteligência artificial na criação de músicas e letras

* Igreja pede ajuda a Lula para construir o parque temático JesusLand."Imersão no Paraíso", *Um dia com Adão", "Visita a entes queridos falecidos", "Carrossel das Curas" serão algumas das atrações.

* Datena desistirá de concorrer a vice prefeito e muda de partido pela 120° vez.

* Com o aumento das verbas para emendas, fundo eleitoral e fundo partidário, 133 deputados entram na lista de homens mais ricos do Brasil.

* Kim Jong Un ameaçará lançar uma bomba nuclear na Coreia do Sul. Só desistirá quando alguém lhe mostrar o mapa dos dois países.

Turistas morrem em voo espacial

* Nave que levava turistas espaciais explode e tira do Rio de Janeiro o título de destino mais perigoso do mundo.

* O Globo encerra edição impressa. Estadão vira jornal mural e Folha chega às ruas distribuída no verso de folhetos de casas de massagem. São os desejos da esquerda.

* Previsões do mercado mostram que inflação no Brasil vai a 35% em 2024. O colunista Sardenberg apostará que vai 50% e com Argentina em progresso  extraordinário o Brasil pedirá dinheiro emprestado a Milei.

* IBGE informa que 8 em cada 10 jovens brasileiros são MC. Os outros 2 são DJ.

* Luciano Huck anunciará sua candidatura a presidente nas eleições de 2026 e 2030.

* Gabigol baterá seu próprio recorde de cartões amarelos em 2024.

* Rei Charles ameaçará abdicar do trono caso família real não pare de vazar intimidades da corte.

* Sergio Moro perde mandato e anuncia que vai escrever livro "Minha tragetória contra a corrupição çalvou o Brasil". Ele pede que depositem "piqs" para ajudar na sua renda "mençal".

quarta-feira, 23 de março de 2022

Pastor pediu ouro para liberar verba. "Especialistas" afirmam que commodities antigas podem subir de cotação no mercado do gabinete dos atravessadores. Incenso, mirra, sárdio, crisólito e açafrão estão em alta no pregão

por Ed Sá

O Estadão, ao revelar mais um escândalo do governo Bolsonaro - dessa vez em um gabinete paralelo informalíssimo formado por certos pastores que fazem política e que mandava na grana no Ministério da Educação - e a Folha, em seguida, divulgando uma estarrecedora gravação da jogada, praticaram jornalismo do bom essa semana. Reportagem e investigação. 

Em alguns dos demais veículos, onde esses dois pilares do jornalismo andam escassos, o de sempre: comentaristas, âncoras e "especialistas" pegando carona nos furos dos outros e "repercutindo" o assunto junto com repórteres escalados para colher monótonos desmentidos já previstos e o twist carpado do governo para tentar contornar o incontornável: o uso de pessoas alheias à Educação como atravessadores de verbas públicas para prefeituras. Segundo um prefeito, um dos pastores pediu um quilo de ouro para facilitar o encaminhamento da bufunfa para um município. 

Esse aspecto interessante que não me escapa: o pastor recorre ao valioso ouro. Podemos esperar outras transações usando valores consagrados em tempos antigos? A mirra, por exemplo, era muito apreciada pelos efeitos terapêuticos. O incenso era bem cotado. Nos vilarejos mais imundos e onde mortos jaziam ao ar livre, essa resina aromática - acreditava-se que a fumaça subia aos céus -  chegava a valer mais do que o ouro. Entende-se. O mau cheiro devia ser um grande problema na época. Tanto que o olíbano, outra resina perfumada, também era commoditie. Era chamado de "suor dos deuses" e concorria em valor com o ouro. Podia ser usado como analgésico. Era produto de exportação e também servia para pagamento de dívidas e para limpar o nome nos "serasa" da Galiléia. A canela e o açafrão eram coisa fina. Supondo que um religioso influente da época pretendesse obter, digamos, a exclusividade de uma rota para transporte de especiarias, o "homem de bem" poderia prometer a autoridade um mimo em forma de carregamento de canela. Obteria a concessão, certamente. 

As pedras preciosas, claro, mandavam bem no mercado da corrupção. Além do valor em si, carregavam poderes místicos que lhes davam ainda maior importância. Se quisesse ter a mulher de um potentado com aliada, uma joia de jasper era tiro certo, simbolizava a paixão; sárdio, crisólito e calcedônia eram apreciados como reforço nos lobbies empreendidos por negociantes. 

Fica a ideia aos corruptos atuais. Em vez de carregar volumosas malas de dinheiro e entupir apartamentos com sacos de notas de 100 e 200 reais, poderão transportar com discrição pedras valiosos, incenso e mirra. As duas últimas também facilitariam a lavagem de dinheiro e evitariam problemas legais. Duvido que o Banco Central fiscalize o mercado de especiarias é e improvável que a justiça eleitoral exiga dos políticos candidatos declaração de bens em olíbano e açafrão.

Antes que eu me esqueça: não me venham falar em intolerância religiosa. Pastores que fazem politica são políticos e devem ser tratados como tal sempre que estiverem nessa atividade. Intolerância religiosa é outra coisa. É, por exemplo, atacar e incendiar terreiros de religiões afro-brasileiras e destruir imagens de santos católicos.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Para jornalistas e não jornalistas - "No Rastro Digital do Dinheiro Público": um curso para pegar corrupto...

(Do Knight Center/LatAm Journalism Review)

Já está disponível a versão autodirigida do curso “No Rastro Digital do Dinheiro Público: Como fiscalizar gastos da União, estados e municípios". Isso significa que todos os conteúdos, como videoaulas, leituras, testes e outros materiais, estão abertos na plataforma de aprendizagem online do Knight Center, JournalismCourses.org.

É uma oportunidade a mais para jornalistas e não-jornalistas aprenderem sobre como o orçamento público funciona e como identificar potenciais casos de uso indevido do dinheiro do contribuinte.

“Capacitar e fomentar o acesso à informação em relação à fiscalização das contas públicas, amplia o controle social e contribui para o aprimoramento da qualidade e da legalidade do gasto'', disse o instrutor Gil Castello Branco, que tem uma larga experiência ensinando jornalistas a como acompanhar os gastos do governo.

A partir de exercícios práticos em bancos de dados disponíveis, o curso torna os participantes aptos a investigar a qualidade e legalidade das contas públicas e a apontar suspeitas de mau uso do dinheiro público nos diferentes níveis de governo.

“Eu gostei muito do Siga Brasil. É um banco de dados complexo, mas completo. É uma grande fonte de dados. Porém, é preciso aprender um pouco de AFO - Administração Financeira Orçamentária. O site Compara Brasil também é excelente, sendo uma importante fonte secundária” disse o jornalista e aluno do curso Carlos Eduardo Matos, baseado em Brasília.

Para o jornalista Germano Martins, as orientações sobre como navegar nos portais do governo federal e do Senado foram as mais úteis. "Eu pretendo colocar em prática apresentando pautas no meu ambiente de trabalho. O curso vai ajudar a elaborar essas pautas," disse.

Em sua versão original, o curso foi ministrado de 7 de setembro a 4 de outubro de 2020 e contou com 2.276 alunos registrados. A maior parte deles do Brasil, mas também de Angola, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, mas também de países como Argentina, Colômbia e México.

Este curso é uma parceria do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas com a Associação Contas Abertas, com apoio do Google News Initiative. Para saber mais sobre o curso e acessar seus materiais, visite a página dos cursos autodirigidos do Centro Knight.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Deu no G1 - Esse jogo não é um a um



por O. V. Pochê 

A EA Sports elegeu recentemente os melhores zagueiros do 2018: Bonucci,Thiago Silva, Hummels, Godín, Boateng, Piqué, Alderweireld e David Luiz.

O juri que escalou essas feras não conhece os advogados de Michel Temmer. Por eles, não passa nada. Formariam a retranca mais poderosa do mundo.

Reveja o último lance: o inquérito que apura um jantar no Jaburu em que, segundo denúncias, a sobremesa foi um quindim de R$10 milhões ofertado pela Odebrecht, foi enviado à Justiça Eleitoral.

É como mandar Íbis de Pernambuco, com a camisa da Justiça Eleitoral, jogar contra o Manchester United, representando as cores de Temer. Detalhe: com mando de campo dos Red Devils, jogo no Old Trafford e juiz inglês.

Duvida?

Ouça Jackson do Pandeiro AQUI

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

"A Farra dos Guardanapos": quando a corrupção, além de criminosa, é ridícula...


Um escândalo que já nasceu folclórico vira livro. "A Farra dos Guardanapos", de Sílvio Barsetti bota na mesa um dos episódios mais bregas do longo histórico da corrupção no Brasil.

Além da roubalheira em si, o dinheiro fácil fez explodir a cafonice e o deslumbramento que as fotos vazadas eternizaram. O livro mergulha na lama e nos bastidores da pajelança que Paris não merecia sediar.

O projeto gráfico é de André Hippert que, nos anos 1980, foi um dos ilustradores da revista Fatos.

A noite de autógrafos, no Rio, será no dia 8 de agosto, às 19 horas, na Blooks Livraria, que fica no Espaço Itaú de Cinema, Praia de Botafogo, 316.

O livro "A Farra dos Guardanapos" marca o lançamento da Editora Máquina de Livros, fundada pelos jornalistas Bruno Thys e Luiz André Alzer.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Repórteres lançam livro "Rio sem Lei". É o B.O. de uma tragédia social...

Os repórteres Hudson Corrêa e Diana Brito acabam de lançar o livro "Rio sem Lei: como o Rio de Janeiro se transformou num estado sob o domínio de organizações criminosas, da barbárie e da corrupção política" (Geração Editorial).

Na capa, dois dos muitos símbolos da tragédia social: a juíza Patrícia Aciolli, assassinada em 2011 e a vereadora Marielle Franco morta em 2018.

Hudson Corrêa trabalhou nos Diários Associados de Campo Grande (MS), JB, Folha, Globo e Época.

Diana Brito foi da TV Brasil, UOL, Canal Futura. Folha de S.Paulo e BBC Brasil.

Hudson e Diana demonstram a partir de uma longa investigação como o Rio foi rendido pelo narcotráfico, milícias e corrupção.

quarta-feira, 28 de março de 2018

#DeleteNetflix repercute na mídia internacional







por Flávio Sépia 

A polêmica que agita o Brasil dividido em torno do conteúdo e dos objetivos da série "O Mecanismo", da Netflix, repercute na mídia internacional. Com destaque para a manifestação de internautas propondo boicote ao canal de streaming. As redes sociais acusam a Netflix de falsificar frases e fatos e interferir no momento político do Brasil em ano eleitoral. Não por acaso, algumas das matérias publicadas em jornais e sites internacionais fazem conexão com o caso do Facebook que, através da empresa britânica Cambridge Analytica, interferiu na campanha que elegeu Donald Trump, nos Estados Unidos, e na votação que aprovou a Brexit no Reino Unido.
À medida em que se aproximam as eleições, essa polêmica tende a crescer. A Netflix planeja lançar a segunda temporada de "O Mecanismo". E, fora do streaming, mas destinado aos cinemas e aos canais por assinatura, está anunciada a produção do "Polícia Federal, a lei é para todos 2".
Para os críticos, as duas obras militarão em uma espécie de "horário eleitoral" cinematográfico.


quarta-feira, 14 de março de 2018

Leitura dinâmica: Stephen Hawking, Bebeto, taxa de carioca, a volta da Moral e Cívica, mulher torturadora...

* Frase  que fica - De Stephen Hawking, que morreu ontem aos 76 anos: "Somos apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela muito comum. Mas podemos entender o universo. Isto nos torna muito especiais”. Foi dita em 1988, em entrevista à Der Spiegel. Em 1994, Pink Flyd "sampleou" a voz de Hawking na música Keepp Talking. Veja o clipe e ouça AQUI. *

* Fumaram a propina: O Esch Café foi templo badalado pela elite carioca. Era exaltado em matérias e colunas sociais. Entre baforadas, era centro de degustação de propinas. A Lava Jato acusa o dono do lugar, empresário Felipe Paiva, como "coordenador' do esquema de jabaculês com dinheiro público.

* O carioca frequentemente paga com a vida por morar em uma cidade onde o tráfico domina territórios. E paga em dinheiro o custo da violência. Além de dar as ordens nas favelas, os traficantes e milicianos agora unidos fazem dos assaltos nas ruas, roubo de carros, explosões de caixa, roubos de cargas, gatos de TV por assinatura, vans, venda de gás, de cestas básicas etc o franchising do crime. Para completar, as empresas, como Correios, Light e transportadoras agora transferem para o consumidor um taxa para compensar os riscos de atuar no Rio. E o cidadão sair perdendo em todas as situações.

* O Brasil vive um novo milagre econômico? A coluna de Míriam Leitão no Globo de hoje tanto louva o governo e pinta de rosa a conjuntura que poderia ser assinada pela Agência Brasil.

* O jogo Vasco 0 X 1 Universidad de Chile, ontem, foi truncado pela violência habitual nos jogos da Libertadores. Mas quem mais apanhou em São Januário foi a bola. A "gorduchinha", como apelidava o locutor Osmar Santos foi praticamente linchada pelos dois times

* Torturadora - Espera-se que a nomeação de Gina Haspel como primeira mulher a chefiar a CIA não seja comemorada por mais ninguém além do presidente dos Estados Unidos. A mulher era gestora de torturas nos porões da "Gestapo" americana. Para Trump a nomeação foi o seu jeito de comemorar o Dia Internacional da Mulher.

* Esculhambação ideológica - Nada define mais a coerência partidária no Brasil do que o PPS (Partido  Popular Socialista). O partido se diz "de esquerda" e originário do Partido Comunista. Pois o deputado distrital Raimundo Ribeiro é o autor da lei que impõe a volta de uma disciplina escolar da ditadura - Educação Moral e Cívica - às escolas de Brasília. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) até vetou o projeto, mas a Câmara Legislativa derrubou o veto e revalidou a lei de Costa e Silva. A pergunta que não quer calar: Raimundo Ribeiro vai buscar mais inspiração no regime militar? Vai ver ele sonha em recriar outras instituições goebbelianos da ditadura: "Povo Limpo é Povo Desenvolvido", "Ame-o ou Deixe-o",  "Ninguém Segura este Paí", "Doi Codi", Dops...

* Flamengo "amarelou" - Até os torcedores rubro-negros estão reclamando do novo uniforme do time, todo em amarelo. Parece um tentativa vulgar de pegar carona nas cores da Seleção em um ano de Copa. Falta trocar o Urubu pelo Canarinho.

* O criador da "Geração de Prata" do vôlei - Morreu Bebeto de Freitas. Era sobrinho de João Saldanha e tinha o esporte na veia. Foi o técnico da seleção na Olimpíada de Barcelona em 1994, quando ganhou a histórica medalha de prata e posterior evolução do vôlei brasileiro tem sua mão de ex=levantador.

* Campos para refugiados - Bolsonaro anuncia que vai revogar a Lei de Imigração e construir campos para concentrar na fronteira venezuelanos que buscam o Brasil.

* Para saber como funciona a igreja-indústria neopentecostal, leia o livro  "Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil", de Ricardo Mariano.

* Humor cotidiano - frase de Carmen Lúcia: "Simplesmente não me submeto a pressões".

* Essa suposta negociação da "Escolinha do professor Temer" com o governo Trump, após a taxação do aço, pode acabar em mais prejuízo para o Brasil. Por enquanto, podem ser colocadas na mesa mais imposições americanas, segundo matéria do Globo, hoje: que a Embraer passe para a Boeing o mais rápido possível e que o Brasil libere a importação de etanol de milho produzido na terra do Tio Trump. Enquanto outros países estudam retaliações, no Bananão, como dizia Ivan Lessa, os nossos Chicago Boys já fazem a lista do que podem entregar.

sábado, 18 de novembro de 2017

Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro usa "Lei Aécio", mostra quem manda e solta políticos investigados por corrupção... Tá pensando o que?

Assembleia Legislativa RJ. Protestos contra a libertação dos político presos. Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Nos anos 70, o delegado do Dops Sérgio Fleury foi condenado por chefiar esquadrões da morte. Quase imediatamente, a ditadura militar impôs uma lei casuística que garantia ao "réu primário e de bons antecedentes", ele mesmo, o torturador Fleury,  responder a processos em liberdade. A inovação ficou conhecida como "Lei Fleury".

O fato vem sendo lembrado desde que o STF analisou o Caso Aécio Neves.

Naquela ocasião, por 6 votos a 5, os ministros do STF determinaram que seria necessário o aval do Legislativo para o afastamento de deputados e senadores de seus mandatos por ordem da Corte. O enunciado era genérico mas o  beneficiado tinha nome e sobrenome: Aécio Neves, que, logo em seguida, foi liberado pela Senado.

Essa interpretação do STF entra para a história como a "Lei Aécio".

É justo que se diga que os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e o decano Celso de Mello votaram contra; Alexandre de Moraes, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli empataram a questão. Em uma avaliação final que se tornou antológica pela confusão, indecisão  e aparente insegurança demonstrada ao vivo na TV, a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, desempatou a favor da "Lei Aécio".

A ministra tinha nas mãos sólidos argumentos constitucionais, espacialmente de Luis Roberto Barroso, o relator, e de Celso de Mello, o decano, mas preferiu dar um salto sem rede.

E deu-se o caos.

Depois que o Senado abraçou Aécio Neves, investigado por corrupção, Assembleias Legislativas e até Câmara de Vereadores passaram a considerar que têm a chave da cadeia e podem liberar colegas com foro privilegiado com base na "independência dos Poderes" e aval da exótica decisão do STF.

Investigados como participantes de um crônico esquema de corrupção no Rio de Janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa e os deputados Paulo Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB de Temer, tiveram prisão decretada pelo Tribunal Federal da 2ª Região. Durou pouco a cana dura de suas excelências. Depois de votação-relâmpago, a Assembleia mandou carros oficiais entrarem no presídio para resgatar os presos. A situação foi tão absurda que os políticos dispensaram até o alvará de soltura, documento que é expedido por juízes. Apenas de posse da resolução da Assembleia o comboio de carros oficiais entrou no presídio e soltou os políticos. Jogo rápido. Tudo isso em menos de 24 horas.

Manda quem pode, não é STF?.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Investigação que começou na França leva Carlos Nuzman à prisão sob acusação de compra de voto de delegado do COI para garantir a Rio 2016. Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 também estão sob suspeita


Repercute na França a prisão, hoje, no Rio, do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman, suspeito de participar de um suposto esquema de compra de votos para favorecer o Rio de Janeiro na escolha da sede para os Jogos Olímpicos de 2016.

O Le Monde digital noticia o caso. A investigação começou na França a partir da denúncia de um ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, Eric Maleson, um desafeto de Nuzman que foi demitido das funções em 2012 sob acusação de gestão temerária, falsificação de documentos e desvio de verbas. Na época, a Justiça brasileira afastou o dirigente, que mora nos Estados Unidos. Maleson nega ter cometido irregularidades

A suposta manobra para compra de votos para a Rio 2016 teria a participação de Laminine Diack, filho do um ex-dirigente senegalês do COI Massata Diack e envolveria a articulação do ex-governador Sergio Cabral e do empresário Arthur Soares Filho, que teria subornado Lamine Diack e conquistado o voto de Massata Dick.

O caso deve ter outros desdobramentos já que o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos por 66 a 32, uma ampla vantagem de 34 votos, superando Madri, Chicago e Tóquio. Entre os quatro finalistas, o Brasil era o único que representava um continente, a América do Sul, que jamais havia recebido os Jogos. Espanha já foi sede com Barcelona, Tóquio também recebeu uma Olimpíada e Los Angeles foi premiada duas vezes.

Os advogados de Nuzman, Sergio Mazzillo e Nélio Seidl Machado, afirmaram em nota que a escolha do Rio como sede olímpica foi feita "dentro da lei".

O COI faz sindicância interna e aguarda as provas que as autoridades brasileiras dizem ter. Embora admita que deva tomar medidas preventivas - Nuzman é membro do comitê de organização dos Jogos de Tóquio -  a entidade internacional divulgou nota em que afirma ter pedido às autoridades brasileiras acesso a todas as informações para que possa agilizar sua investigação. O COI diz, ainda, que respeitará a presunção de inocência e o direito de Nuzman de apresentar sua defesa.

A mídia brasileira destaca no escândalo apenas a Rio 2016, mas, segundo o Le Monde, a investigação  que começou na França em 2015, também apura suspeitas sobre a candidatura de Tóquio, que voltou a se apresentar após perder para o Rio e conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2020. Em 2013, Tóquio derrotou Istambul e, novamente, Madri.

Em julho de 2017, em Lima, depois de acordo entre os delegados e voto aberto, Paris foi escolhida a sede dos Jogos de 2024. Na mesma ocasião, o COI anunciou Los Angeles como anfitriã, pela terceira vez na história, das Olimpíadas de 2018.

ATUALIZAÇÃO EM 6/10/2017 - O Comitê Olímpico Internacional (COI) acaba de anunciar que afastou Carlos Nuzman das suas funções na entidade. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) também está suspenso. O COI acrescenta que os atletas brasileiros não serão prejudicados e poderão participar normalmente de competições internacionais.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Alô correspondentes estrangeiros. Dá pra não sujar ainda mais o nome do Rio de Janeiro? Falô...










por Niko Bolontrin 

Apesar de tudo, o Rio ainda resiste entre os principais destinos turísticos do mundo, entra no ranking das cidades mais divertidas, mais bonitas etc.

Temos problemas, claro: assaltos, alagamentos, Sérgio Cabral, Eike Batista, Adriana Ancelmo, os cariocas elegeram Crivella, Picciani, os Bolsonaro, Romário, os BBBs quando acaba o reality vêm morar aqui, o Carnaval tá a perigo, o Maracanã quase inativo...

Reconhecemos a maré braba e o baixo astral.

Mas pedimos a quem não puder ajudar que não atrapalhe, faz favor.

Mesmo não sendo o Rio a capital do país, muitos correspondentes estrangeiros ainda têm aqui sua base. Isso já foi uma enorme vantagem e facilitou a divulgação e a visibilidade da cidade. O Rio se saiu bem ao sediar os últimos eventos internacionais, do Pan 2007 passando por Jornada Mundial da Juventude, Copa da Confederações, final da Copa do Mundo e até a Olimpíada. OK.

Foi bom enquanto durou.

Com o Brasil em parafuso e com o vendaval de corrupção e propina que varre a relação entre políticos e empresários, o golpe e a crise econômica, ter correspondentes como vizinhos deixou de ser vantagem.

Temer viaja e, na imprensa internacional, a repercussão da desastrada incursão internacional do ilegítimo e irrelevante, é relatada como originária do Rio de Janeiro. Se a cana dura enquadra o presidente, tá lá, Rio de Janeiro: Relatório da Polícia liga Temer a esquema de suborno. 

Se os Estados Unidos proíbem a entrada de carne brasileira no país, a reportagem dos correspondentes estrangeiros sobre o assunto é aberta com o indefectível Rio de Janeiro, que não tem nada com isso, pouco conhece de boi, não gosta de rodeio e só associa carne a churrasco na laje, Fátima Bernardes e Tony Ramos.

Isso só para citar duas matérias do New York Times de hoje. Porque rebelião de preso, lamaçal no Rio Doce, cracolândia paulista, zika vírus, E.T de Varginha, Helicoca e desmatamento na Amazônia, tudo sai lá fora com a marca Rio de Janeiro abrindo a reportagem.

Caros correspondentes, vocês não têm culpa da atual suruba política e econômica do Brasil. Mas o Rio já tem problemas demais para assumir as trapalhadas alheias. Enquanto não passar essa onda, dá para identificar suas matérias nacionais como originárias de Brasília?

É a nossa capital e, para ela, uma sujeira a mais nem chega a fazer diferença.

Os cariocas agradecem.

domingo, 11 de junho de 2017

Esgoto a céu aberto

Ar irrespirável: o jatinho da JBS que fez o voo da mentira. Reprodução


Foi uma semana fecal.

Houve a revelação de que Temer fez um voo-jabá no jatinho da JBS e o ilegítimo agora mais ilegítimo do que nunca negou a carona suspeita, mentiu, mas os fatos, esses desnaturados, desmascaram o elemento; o TSE (nas redes, internautas dão à sigla novas versões: "Tribunal Sem Ética", "Tribunal Sem Eleitores" ) escreveu cuidadosamente , como estava previsto e com o mesmo dedo oculto do passageiro que fez check in no jatinho, uma das páginas mais abjetas da história do Brasil; a Veja denunciou que o Planalto acionou a Abin para espionar o ministro do STF, Edson Facchin. E, como parte da estratégia para melar investigações sobre recebimento de propina, entre outras acusações, Temer também ajudou a  jogar um pouco mais de vergonha sobre certas figuras do jornalismo dominante ao plantar na mídia, com a ajuda de dois ou três colunistas amigos, fake news segundo a qual o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido ao STF autorização para grampear Temer. O golpista nega a acusação, mas coincidentemente, nas últimas semanas, os mesmos rapazes e moças da press deram divulgação a supostas irregularidades cometidas por Facchin no exercício da advocacia, no passado, como um explícita tentativa de levantar dados para impedir o juiz de julgar os processos contra o Temer. Não saiam às ruas sem usar suas máscaras contra flatulências, especialmente se morar em Brasília: o poder e seus penduricalhos estão sem fraldas.


A título de ilustração, verifique aqui como as semanais traduziram a semana fecal que abalou o Brasil.

A Veja dramatiza a reação de Temer, que parte pra guerra
com suas armas de desmoralização em massa
A Época registra o flagrante da submissão do TSE.
A Istoé rasteja na crise
e tenta alvejar um "inimigo" de Temer 




segunda-feira, 5 de junho de 2017

Mercado de luxo do Rio perde dinheiro sujo e entra em crise... E conheça aqui a agência independente de jornalismo investigativo que revelou há seis meses alguns petiscos do menu da corrupção

Reprodução Sportlight
Há quase seis meses, o site de jornalismo investigativo Sportlight, divulgou uma grande reportagem sobre o vertiginoso sucesso de um empresário ligado a Sérgio Cabral e membro destacado do elenco da "Turma do Guardanapo" e da "República de Mangaratiba".

Marco Antonio de Luca, o empresário guardanapeiro,  é um dos proprietários de uma "joia" cravada em plena orla do Leblon: o super quiosque de luxo Riba, uma espécie de point dos coxinhas.

O Riba, que tem mais três filiais, é apenas parte do "império" Luca, do qual fazem parte as empresas de alimentos Masa e Milano, principais fornecedoras de refeições e merendas para a prefeitura e o estado do Rio de Janeiro.

O empresário finalmente caiu na Lava Jato e foi preso na última quinta-feira pela Polícia Federal.

A reportagem do Sportlight era sustentada por documentos, mas, curiosamente, a grande mídia chegou atrasada ao caso que envolve o Riba ou não achou que merecesse espaço. Ponto para o Sportlight que, em janeiro, mostrou o cardápio suspeito do quiosque chique que, ironicamente, tem entre sua clientela muitos dos manifestantes champanhotas que foram para as ruas com a camisa da CBF pedindo o "fim" da corrupção. A investigação prossegue e muita sujeira ainda pode aparecer debaixo dos croquetes.


O Globo publicou ontem matéria sob o título "Efeito Lava-Jato esvazia mercado de luxo do Rio".  A reportagem focaliza restaurantes, especialmente. Mas, além da crise e dos problemas de segurança que afetam o Rio, grande parte do segmento comercial que atende ao chamado topo da pirâmide social entrou em parafuso por um motivo mais relevante: virou chave de cadeia. Acontece que ex-ilustre parcela da população que sustentava o milionário mercado de luxo está mais suja do que valão de esgoto da Baixada. Muitos restaurantes, joalherias, imobiliárias, agências de automóveis, locadoras de helicópteros e jatinhos, representantes comerciais de lanchas e grifes de moda sofisticada acusam, literalmente, o golpe. Conhecidos políticos e empresários, seus clientes, estão presos, investigados ou com contas bloqueadas. A prisão ou o afastamento de muitos corruptos e corruptores abala toda uma cadeia de beneficiários, desde aqueles que auferiam lucros com o superfaturamento de obras e serviços à estrutura comercial que se beneficiava dos esquemas, direta ou indiretamente, na ponta do consumo.
E esse pessoal trambiqueiro carregava no bolso um atrativo a mais para o mercado de luxo: os fulanos corruptos e suas famílias pagavam em dinheiro. Sujo, mas dinheiro.

Em tempo: o jornalismo independente fica devendo essa à Sportlight.
(Para conhecer outras pautas da agência, acesse AQUI)

domingo, 4 de junho de 2017

"Jornalismo" à venda: conversa gravada entre Aécio Neves, Moreira Franco e Douglas Tavolaro, sobrinho do "bispo" Macedo, indica negociação para entrevista na Rede Record em troca de patrocínio da Caixa...

(do DCM) 
Conversas entre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral de Governo) e um executivo da TV Record indicam uma negociação para a emissora ter demandas atendidas pela Caixa Econômica Federal em troca de fazer uma entrevista com o presidente Michel Temer (PMDB).

A conversa, travada entre Aécio e Douglas Tavolaro, sobrinho do bispo Edir Macedo e vice-presidente de jornalismo do grupo, fala em “juntar tudo num pacote e sair”.

Em outra conversa, citando o conhecimento do presidente Temer do pedido da Record, Aécio cobrou o ministro Moreira Franco para “entrar no circuito com o cara da Caixa” e este disse que já tinha encaminhado a demanda da emissora.

Tratava-se de um pedido de patrocínio da Record à Caixa — que foi negado pela área técnica do banco. Segundo a Caixa, foi o próprio Moreira Franco quem encaminhou o pedido da emissora. A entrevista da Record com Temer não foi realizada.

Em mais de um momento, durante um telefonema, Aécio e Moreira Franco dão a entender que há o aval de Temer. Em todos os diálogos, o telefone grampeado é o do senador Aécio Neves. Os grampos foram realizados na noite de 19 abril.

LEIA MATÉRIA COMPLETA E OUÇA A GRAVAÇÃO NO SITE DCM, CLIQUE AQUI

sábado, 20 de maio de 2017

"Toma que o filho é teu": Demorou, mas a grande mídia aderiu ao "Fora Temer"...

Editorial do Globo 


Mídia aderiu ao "Fora Temer" mas
não às "Diretas Já". Reprodução
A mãe de todas as bombas, a JBS, provocou uma tremenda saia justa na moçada da mídia dominante.

Antes de o gravador de Joesley disparar novos "segredos" - mesmo após o vazamento da denúncia da Odebrecht que incriminou o ilegítimo - Temer era algo como a encarnação da suprema ética, o "nosso guia", alguém imbuído da missão divina de fazer as reformas a qualquer custo. Editoriais, colunistas e o noticiário exaltavam a pérola preciosa resgatada do lamaçal do Tietê, digo, do PMDB. Até que o raio paralisante da JBS caiu na redações. Nas primeiras entradas ao vivo, a perplexidade estava exposta em closes. Falar de Lula e Dilma seria mais voltagem do mesmo choque dos últimos anos. A notícia tinha ingredientes viçosos. Um típico caso jornalístico em que o homem (Joesley) mordeu os cachorros (Temer e Aécio). Não dava mais pra segurar, explode coração.

Nos primeiros minutos, ainda no susto e na velocidade dos acontecimentos, havia tensa cautela cada vez que Temer tinha que ser encaixado no texto. As análises eram timidamente superficiais, com um "se comprovadas as denúncias" exaustivamente encaixado entre centenas de vírgulas.



Ontem, a leitura dos jornais ou um simples zapear na TV mostravam outro clima: a opinião e a ênfase voltaram da folga e passaram a trabalhar. Um editoral do Globo foi a senha para levar Temer ao paredão do reality institucional do Planalto Central. Um dia antes, a Folha ousou dizer que os diálogos entre Temer e Joesley não eram "conclusivos". Veja e Época aderiram ao "Fora Temer". A Istoé, que vinha em uma trajetória de marcado adesismo, diluiu Temer ao lado de Dilma e Lula e tardiamente "descobriu" que a Lava Jato "não escolhe partidos". Só em Istoé.

Em outras circunstâncias históricas (1964),
o  "Basta" do Correio da Manhã.
Por coincidência, ressalvadas as circunstâncias históricas,  Veja destacou um "Basta!", na capa. Lembrou o Correio da Manhã, em 1964, quando a mesma interjeição pedia que Jango fosse derrubado.

A Época fez um capa tétrica do momento nacional inspirando-se em um bullying que Temer sofre: a conhecida referência ao seu visual de mordomo de filme de terror.

Em geral, para muitos coleguinhas não deve ter sido fácil acompanhar a brusca guinada. Mas à medida em que os veículos conservadores explicitaram posição e ligaram seus radares e GPSs políticos, diminuiu a tensão, âncoras, articulistas e colunistas dessas redações puderam relaxar e coreografar com mais precisão suas intervenções. Mesmo assim, haja equilibrista. Um deles, tido como "porta-voz informal de Temer", foi buscar ajuda no escritor Robert Stevenson, autor de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde" para aliviar um pouco a barra e conceder a Temer pelo menos uma dupla personalidade. É preciso reconhecer a habilidade inserida na "opinião" que o dito jornalista construiu: "O presidente Michel Temer poderá ser levado a renunciar ao cargo por pressão do professor de Direito Constitucional Michel Temer, um homem tão cioso do cumprimento das normas constitucionais e dos princípios ético que regem a moral pública. O professor está envergonhado do ato praticado pelo presidente da República".

Por esse raciocínio de ficção, o Dr. Jekill Temer é inocente, a culpa foi do Mr. Hyde Temer. Se o culpado for para a Papuda, o STF vai ter que rebolar para saber o que fazer com o inocente.

Complicado vai ser se Mr. Hyde Temer fizer delação premiada e melar ainda mais a vida do Dr.
Jekill Temer. 

terça-feira, 21 de março de 2017

A nova conta do golpe... Instituições de Previdência Privada querem o FGTS

Reprodução o Globo

A mídia dominante e os colunistas de direita costumam criticar o FGTS por, segundo a visão neoliberal, onerar as empresas. Antes da criação do fundo, nos anos 1960, o trabalhador tinha apenas uma garantia: a estabilidade apos dez anos de vínculo com uma mesma empresa. Na prática, poucos alcançavam esse benefício. Os patrões costumavam despedir empregados, sem qualquer indenização, às vésperas da data que asseguraria a estabilidade.
A mídia como linha auxiliar do mercado financeiro costuma tratar o FGTS apenas como um "investimento" do trabalhador e cobra mais rentabilidade, o que seria até justo não fosse a má intenção sempre alardeada de transferir o montate do FGTS às instituições privadas.
Mas o FGTS tem função social, além da proteção contra demissões injustificadas. O Fundo é a mais importante fonte de financiamento habitacional em benefício, principalmente, dos brasileiros de menor renda e também destina recursos para o saneamento básico.
Historicamente, o mercado sempre quis meter a mão nos recursos do FGTS. Várias brechas foram criadas. Em 2008, sob pressão de políticos, foi parido o Fundo de Investimento FGTS, o Fi-Fgts, que passou a financiar rodovias, portos, ferrovias, hidrovias, transferindo recursos do fundo para concessionários de setores privatizados.
Agora, como mais um item da pesada conta do golpe - a contrapartida do atual governo ao sistema jurídico-legislativo-empresarial que se apossou do poder -, surge uma iniciativa para transferir o montante do FGTS às instituições de previdência privada. Segundo a nota publicada no Globo, o Banco Mundial enviou um economista ao Brasil para apresentar a medida à Comissão da Reforma da Previdência.
O interesse deve ser grande porque não é comum uma instituição multilateral, como o Banco Mundial, interferir diretamente e com tanta desenvoltura no Congresso de um país. O FGTS é regido por dispositivos constitucionais. Mas afinal, o que é a Constituição para uma milicia de interesses da qual fazem parte figuras delatadas em esquemas de corrupção e que acaba implodir a Carta ao destituir uma presidente legitimamente eleita?  

sábado, 18 de março de 2017

UPA: tratamento VIP e cinco estrelas. Quebrei a cara em Botafogo e recorri ao SUS. E não é que cuidaram bem de mim?


por Roberto Muggiati

Tropecei no meio-fio e mergulhei de cabeça no asfalto da rua. Imediatamente um rapaz e uma moça me ajudaram a levantar, queriam que eu encostasse na calçada. Agradeci e expliquei que morava perto e estava bem. Não estava tão bem assim.

O detalhe hediondo: eu tinha comprado um potinho de curau temperado com canela e o carregava como um bem precioso, mas de repente curau, sangue e canela se misturaram, ainda hesitei antes de jogar o pote fora. Em casa, avaliei o prejuízo: joelhos e palmas da mão ralados, o joelho esquerdo inchado e doendo e uma devastação geral no rosto na lateral do olho direito. A maçã do rosto escorchada, com perda de uma parte da pele. Um talho obsceno na pálpebra superior direita que obviamente requeria sutura. “Que saco,” pensei, “deixa pra lá.” Eram sete horas da tarde e eu nem havia almoçado, trabalhava para pagar as contas, tendo completado 63 anos de jornalismo nos idos de março, dia 15. Mas ainda persistem fiapos de bom senso nesta velha carcaça. Separei o livro que estou lendo, Os belos e malditos, de Fitzgerald, e – desobedecendo meu programa Transporte Zero – peguei um táxi até a UPA de Botafogo, esperando o pior dos horrores.

Entrei e me surpreendi: o ambiente parecia acolhedor, ar condicionado, tudo certinho. Muita gente esperando, aquilo me afligiu. Mas a mocinha da recepção logo sentiu que meu caso requeria “pronto atendimento”, como a sigla UPA promete. Achou que precisaria de sutura, tirou minha pressão (13/10) e me encaminhou adiante, dez minutos depois me convocam para a triagem na Classificação de Risco. Uma jovem robusta que, depois fiquei sabendo, sofreu um tombo parecido, senão pior que o meu, me levou para uma sala onde uma enfermeira simpática, a Jaci, fez os primeiros curativos. Ela comentou comigo que era imensa a quantidade de pessoas que davam entrada na UPA em consequência de ferimentos provocados por quedas devidas ao péssimo estados dos pisos e calçadas.

Veio então o cirurgião, Diego Nascimento, aplicou a anestesia e suturou quatro pontos. Um pessoal solidário, humano, rindo da própria desgraça – os salários atrasados – adorei a UPA de Botafogo. Mil vezes melhor e menos engessada do que o meu antigo Plano de Saúde Adventista Silvestre (religião embutida nunca dá certo). Na única emergência em que recorri ao Silvestre – e tive que subir até quase ao sovaco do Cristo Redentor – fui pessimamente tratado. Esperei das três da manhã até as onze, para ser medicado de uma luxação num dedo.

Lembro ainda de outro episódio, quinze anos atrás, com fortes lesões nas costelas, sem saber se tinham quebrado – meu filho me desovou na emergência do Miguel Couto, onde fui também muito bem tratado. E atendido em menos de hora e meia, com chapa de raios-X , laudo e medicação.
Voltando às reflexões costuradas com a enfermeira Jaci, enquanto o doutor suturava minhas pálpebras, concordamos que o acidente com a colega dela e meu tombo terrível tinham tudo a ver com o mau estado do piso das calçadas da cidade.

"Eu me feri por causa de um
buraco na calçada do
Palácio da Cidade, a mansão de festas
do prefeito carioca,
na Rua São Clemente". 
Depois, ainda, me dei conta do simbolismo do acontecido: eu me feri por causa de um buraco na calçada do Palácio da Cidade, a mansão de festas do prefeito carioca, na Rua São Clemente. Nada acontece por acaso, a vida é rica em associações, e o desastre me aconteceu justamente no dia do terceiro aniversário da operação Lava-Jato. Concluindo, lembrei-me de uma declaração contundente lida dias antes, feita pelo procurador Deltan Dallagnol e publicada pelo blog da Política Brasileira.

A corrupção mata

“A corrupção mata. A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. É um serial killer que se disfarça de buraco de estradas, de falta de medicamentos, de crimes de rua e de pobreza” (Deltan Dallagnol, procurador da República)

A frase acima, proferida no discurso do procurador, em discurso à Câmara dos Deputados, revela bem o caráter da corrupção no Brasil. Sem dúvidas, ela é o nosso maior problema. Por conta da corrupção, direta ou indiretamente, a economia do país encolhe, pais de família perdem seus empregos, a criminalidade aumenta, e os cidadãos pagam a conta.

Se o senso comum for observado, veremos que a sensação de impunidade, e de que “tudo ficará como está” impregna as mentes dos brasileiros e, mesmo que surjam iniciativas populares com o objetivo de promover alguma mudança no cenário, muito pouco acontece, e a esperança acaba por se esvair.

Dallagnol (na foto) falou para poucos presentes, a maioria, membros da sociedade civil, e esta é a maior prova de que nossos representantes estão pouco comprometidos com atitudes que possam mudar os rumos da política no Brasil.

Mas, independentemente dos políticos, a sociedade precisa se comprometer mais. O brasileiro precisa encontrar e recuperar o gosto pela política, precisa debater, viver, participar. As estruturas partidárias precisam se revigorar e atrair novos membros, uma nova geração realmente comprometida com a mudança. Os políticos precisam se comprometer com a reforma política.

O país precisa encarar a política da mesma maneira que os gregos a encaravam na idade de ouro da civilização ocidental, com entrega e seriedade. A esperança reside nos espaços online, e na força de mobilização que o debate nas redes sociais incita. E reside no papel que o brasileiro desempenhará nas urnas, daqui em diante.

Do contrário, a corrupção continuará vitimando: pessoas, sistemas e estruturas.


sexta-feira, 29 de julho de 2016

Chegou a conta do golpe... Veja em um rápido clipping... Direitos sociais e trabalhistas sob fogo cerrado e caminho aberto para privilegiar setores...

Ampliação de prazos, acordos para adiar pagamentos de outorgas contratuais etc:
um pacote de medidas que antecipa o Natal dos concessionários e vai resultar em aumento
de taxas para consumidores e usuários. 

O bancos querem o FGTS. Alegam que poderão
remunerar melhor os trabalhadores. Será? Bancos privados já fazem repasse
de recursos públicos, como no caso dos financiamentos
da habitação, e praticam juros maiores do que os bancos oficiais.

Sonegadores também podem ter Papai Noel antecipado. O governo pós-golpe
quer facilitar ainda mais o pagamento de dívidas referentes
 a impostos não declarados e não pagos. Isso beneficia, claro, grandes corporações que preferem usar
a moleza do Refis  a quitar suas contas como normalmente fazem milhões de contribuintes.

Essa é uma política fiscal adotada por muito países mas que não emplaca por aqui. Às vezes ameaça
andar mas logo é esquecida por força de pressões. O golpe torna mais difícil taxações
sobre bilionários e grandes heranças. Os barões respiram aliviados. 

A CLT é o alvo. Empresários defendem um brutal expurgo
de direitos e conquistas.


Hora extra, exigência de trabalho intermitente (sem pausas) e mudança na liberação do FGTS.
Um tecnocrata chega a afirmar que o o FGTS é "um prêmio ao demitido". Falta pouco
para ele achar que o direito à indenização é um "propinoduto' de quem perde o emprego?

O combate ao trabalho escravo também incomoda alguns setores. Em recente seminário,
um sujeito classificou a atual lei de muito "genérica". A cada ano, centenas de empresas são
punidas por explorar mão de obra em condições de escravidão. Há projeto em andamento para
aliviar essa ofensiva contra os novos capitães-do-mato.  

E, por fim, passado o momento crítico, bola pra frente... 

Abra um jornal em um dia qualquer. Aleatoriamente. Você verá a pauta do golpe.
E entenderá claramente a ofensiva midiática dos últimos anos e, principalmente, a montagem e execução da destituição de uma presidente eleita. Não cai apenas Dilma Rousseff mas toda uma política que cometeu erros e acertos. Só que os alvos são os acertos.
Os argumentos para o golpe não se sustentam, como até tribunais vêm defendendo. Mas isso já não tem importância, a trama é político-partidária, o foco é o resultado final. O combate à corrupção, que levou muita gente bem intencionada às ruas, é relativizado, há escândalos que andam e há aqueles que dormem o sono dos injustos, depende da sigla. E há notórios protagonistas de escândalos que estão impunes e participam do novo governo.
Alguns juristas, certos políticos e jornalistas identificados com as corporações estão andando em volta há meses para provar um suposto crime que justifique o impeachment - este, o impedimento definitivo, está nítido, virá, mas sem o rótulo da legalidade constitucional.
As reformas chegam para dar uma cara ainda mais mais neoliberal ao país com as consequências de sempre na desigualdade de renda, na marginalização de parte da população, no controle da representação política por segmentos poderosos etc. E não poderia ser diferente diante das características das forças que se uniram para criar o roteiro do golpe.
Tanto que as prioridades que os títulos dos jornais expõem com incontida ansiedade pretendem mexer com políticas sociais, de educação, trabalhista, ambiental, habitação, renda e saúde.
E não para melhorá-las mas para amputá-las no interesses das minorias e grandes corporações.
Um defende que a Justiça trabalhista passe a ser algo como cenográfica; outro quer a terceirização sem limites; outro diz que a globalização impôs nova forma de produzir (faltou dizer que a face mais visível foi a criação de uma estrutura de produção na Ásia, especialmente, onde organismos internacionais denunciam intensa utilização de mão de obra escrava e exploração do trabalho infantil).
Até o trabalho escravo vai ganhar uma forcinha já que um tecnocrata qualquer defende aí que o conceito é muito amplo e não muito claro para ele. Advoga mudança na legislação.
Talvez o elemento queira uma lei de um artigo só.
Parágrafo único: se não tiver corrente no pé não é trabalhador escravizado...

sábado, 9 de julho de 2016

A pátria das tornozeleiras... Vai graxa aí, meu tio?

Reprodução Facebook
por José Esmeraldo Gonçalves 

Foi há 60 anos. Em 1956, o Botafogo partiu para uma longa excursão à Europa. Foram 22 jogos contra os principais times da época. Eram amistosos, mas o pau comia direitinho. Contra o Barcelona, vitória do Botafogo, a partida nem chegou ao fim tantos foram os jogadores expulsos.
Reprodução

Dizem que Garrincha - dono das canelas e tornozelos mais visados da história desde que o homem passou a andar em pé e a ostentar o apelido de Erectus -, chegava a usar duas "meias" emborrachadas em cada perna.

O nome do adereço? Tornozeleira.

Hoje os jogadores também usam protetores para as pernas importados das artes marciais, mas Garrincha não era desse tempo.

Pois é, ela, a tornozeleira, já teve funções mais edificantes.

Atualmente, se alguém falar em tornozeleira no metrô lotado ninguém vai perguntar em que posição você joga, mas em qual operação da PF foi indiciado. O velho protetor de metatarsos, astrágalos, tíbias e fíbulas dos atletas deixou as páginas esportivas e foi admitido nas seções policiais.

Nas arenas políticas e empresariais é tal a demanda por tornozeleiras eletrônicas que o produto está em falta no mercado. Nesses círculos, a calça boca-de-sino, que disfarça o equipamento, está voltando à moda e deixando doutores, excelências e CEOs mais confortáveis na medida do possível.

A geringonça não os impede de fazer nada. Podem caminhar, roubar normalmente e até transar, é só ter cuidado pra não contundir a canela da patroa. Os indiciados apenas evitam engraxar sapatos em público. Aí pega mal.

Reprodução web
Ironicamente, nessa semana, coube à tornozeleira eletrônica unificar as editorias esportivas e policiais. A lei"adentrou" o gramado e prendeu jogadores de futebol que participavam de um esquema que "entregava" o jogo para favorecer uma máfia de apostadores. Alguns já foram liberados e cumprem prisão domiciliar devidamente equipados com tornozeleiras. As rastreadoras, no caso. O ex-presidente da CBF, José Maria Marín, está em Nova York conectado à uma tornozeleira made in USA.

Além dos escândalos da Fifa, investigações sobre sonegação fiscal na venda de Neymar ao Barcelona e a condenação de Messi por fraude fiscal e falsidade ideológica sinalizam cartões amarelos e vermelhos no mundo da bola.

Há uns dez anos, o futebol brasileiro sofreu um abalo semelhante. Na época, o esquema de apostas ficou conhecido como a "Máfia do Apito". A polícia chegou a prender vários envolvidos. Ninguém foi punido. Os processos foram arquivados por minúcias jurídicas.

Embora escândalos esportivos não sejam "privilégio" do Brasil - as autoridades italianas e inglesas também já estouraram propinodutos alimentados por casas de apostas - a tornozeleira eletrônica entra em campo no momento em que o futebol brasileiro vive sua pior fase.

Melhor acreditar que a grande maioria - o time dos sem-tornozeleiras - vai virar esse jogo.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Glenn Greenwald, do Intercept: Enquanto a corrupção assombra o Temer, caem as máscaras dos movimentos pró-impeachment



por Glenn Greenwald (do Intercept)

O IMPEACHMENT DA PRESIDENTE do Brasil democraticamente eleita, Dilma Rousseff, foi inicialmente conduzido por grandes protestos de cidadãos que demandavam seu afastamento. Embora a mídia dominante do país glorificasse incessantemente (e incitasse) estes protestos de figurino verde-e-amarelo como um movimento orgânico de cidadania, surgiram, recentemente, evidências de que os líderes dos protestos foram secretamente pagos e financiados por partidos da oposição. Ainda assim, não há dúvidas de que milhões de brasileiros participaram nas marchas que reivindicavam a saída de Dilma, afirmando que eram motivados pela indignação com a presidente e com a corrupção de seu partido.

Mas desde o início, havia inúmeras razões para duvidar desta história e perceber que estes manifestantes, na verdade, não eram (em sua maioria) opositores da corrupção, mas simplesmente dedicados a retirar do poder o partido de centro-esquerda que ganhou quatro eleições consecutivas.

Como reportado pelos meios de mídia internacionais, pesquisas mostraram que os manifestantes não eram representativos da sociedade brasileira mas, ao invés disso, eram desproporcionalmente brancos e ricos: em outras palavras, as mesmas pessoas que sempre odiaram e votaram contra o PT. Como dito pelo The Guardian, sobre o maior protesto no Rio: “a multidão era predominantemente branca, de classe média e predisposta a apoiar a oposição”. Certamente, muitos dos antigos apoiadores do PT se viraram contra Dilma – com boas razões – e o próprio PT tem estado, de fato, cheio de corrupção. Mas os protestos eram majoritariamente compostos pelos mesmos grupos que sempre se opuseram ao PT.

É esse o motivo pelo qual uma foto – de uma família rica e branca num protesto anti-Dilma seguida por sua babá de fim de semana negra, vestida com o uniforme branco que muitos ricos  no Brasil fazem seus empregados usarem – se tornou viral: porque ela captura o que foram estes protestos. E enquanto esses manifestantes corretamente denunciavam os escândalos de corrupção no interior do PT – e há muitos deles – ignoravam amplamente os políticos de direita que se afogavam em escândalos muitos piores que as acusações contra Dilma.


Claramente, essas marchas não eram contra a corrupção, mas contra a democracia: conduzidas por pessoas cujas visões políticas são minoritárias e cujos políticos preferidos perdem quando as eleições determinam quem comanda o Brasil. E, como pretendido, o novo governo tenta agora impor uma agenda de austeridade e privatização que jamais seria ratificado se a população tivesse sua voz ouvida (a própria Dilma impôs medidas de austeridade depois de sua reeleição em 2014, após ter concorrido contra eles).

Depois das enormes notícias de ontem sobre o Brasil, as evidências de que estes protestos foram uma farsa são agora irrefutáveis. Um executivo do petróleo e ex-senador do partido conservador de oposição, o PSDB, Sérgio Machado, declarou em seu acordo de delação premiada que Michel Temer – presidente interino do Brasil que conspirou para remover Dilma – exigiu R$1,5 milhões em propinas para a campanha do candidato de seu partido à prefeitura de São Paulo (Temer nega a informação). Isso vem se somar a vários outros escândalos de corrupção nos quais Temer está envolvido, bem como sua inelegibilidade se candidatar a qualquer cargo (incluindo o que por ora ocupa) por 8 anos, imposta pelo TRE por conta de violações da lei sobre os gastos de campanha.

E tudo isso independentemente de como dois dos novos ministros de Temer foram forçados a renunciar depois que gravações revelaram que eles estavam conspirando para barrar a investigação na qual eram alvos, incluindo o que era seu ministro anticorrupção e outro – Romero Jucá, um de seus aliados mais próximos em Brasília – que agora foi acusado por Machado de receber milhões em subornos. Em suma, a pessoa cujas elites brasileiras – em nome da “anticorrupção” – instalaram para substituir a presidente democraticamente eleita está sufocando entre diversos e esmagadores escândalos de corrupção.

Mas os efeitos da notícia bombástica de ontem foram muito além de Temer, envolvendo inúmeros outros políticos que estiveram liderando a luta pelo impeachment contra Dilma. Talvez o mais significante seja Aécio Neves, o candidato de centro-direita do PSDB derrotado por Dilma em 2014 e quem, como Senador, é um dos líderes entre os defensores do impeachment. Machado alegou que Aécio – que também já havia estado envolvido em escândalos de corrupção – recebeu e controlou R$ 1 milhão em doações ilegais de campanha. Descrever Aécio como figura central para a visão política dos manifestantes é subestimar sua importância. Por cerca de um ano, eles popularizaram a frase “Não é minha culpa: eu votei no Aécio”; chegaram a fazer camisetas e adesivos que orgulhosamente proclamavam isso:


Evidências de corrupção generalizada entre a classe política brasileira – não só no PT mas muito além dele – continuam a surgir, agora envolvendo aqueles que antidemocraticamente tomaram o poder em nome do combate a ela. Mas desde o impeachment de Dilma, o movimento de protestos desapareceu. Por alguma razão, o pessoal do “Vem Pra Rua” não está mais nas ruas exigindo o impeachment de Temer, ou a remoção de Aécio, ou a prisão de Jucá. Porque será? Para onde eles foram?

Podemos procurar, em vão, em seu website e sua página no Facebook por qualquer denúncia, ou ainda organização de protestos, voltados para a profunda e generalizada corrupção do governo “interino” ou qualquer dos inúmeros políticos que não sejam da esquerda. Eles ainda estão promovendo o que esperam que seja uma marcha massiva no dia 31 de julho, mas que é focada no impeachment de Dilma, e não no de Temer ou de qualquer líder da oposição cuja profunda corrupção já tenha sido provada. Sua suposta indignação com a corrupção parece começar – e terminar – com a Dilma e o PT.

Neste sentido, esse movimento é de fato representativo do próprio impeachment: usou a corrupção como pretexto para os fins antidemocráticos que logrou atingir. Para além de outras questões, qualquer processo que resulte no empoderamento de alguém como Michel Temer, Romero Jucá e Aécio Neves tem muitos objetivos: a luta contra a corrupção nunca foi um deles.

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