segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A CRISE DO JORNALISMO EM 60 SLIDES




Para os profissionais da área não há dúvida de que o debate sobre a crise do jornalismo - na verdade, as crises, a de identidade, de mercado, de conteúdo, de emprego, de comprometimento, de liberdade de expressão, de formato, de meios  etc- é um tema em pauta há, no mínimo, dez anos.

Nos últimos três ou cinco anos, a crise virou passageira de montanha-russa sem ponto final à vista.

O site Slide Share resumiu em 60 imagens as causas primárias e os sintomas do impasse.

Um álbum para reflexão, simples e direto.

Você poderá ver em slides cronológicos o antes, o durante e terá alguma ideia - não aprofundada porque o terreno é instável - do depois. 

Cada slide é legendado.

- Os jornalistas eram considerados a última fonte da verdade.
- Os fatos e as fontes eram verificados.
- Os leitores tinham um papel passivo e às vezes impotente.
- A Internet mudou tudo: qualquer pessoa pode criar e publicar conteúdo
- Os consumidores tornaram-se editores.
- A Internet capacitou as pessoas, dando-lhes uma voz e acesso não-filtrados à informação.
- Novos canais de publicidade surgiram.
- O Google e o Facebook passaram a controlar uma grande parte da publicidade na Internet.
- As verbas publicitárias se deslocaram das empresas editoras de notícias para os novos canais digitais.
- O custo dos anúncios caiu brutalmente.
- A mídia entrou na idade do conteúdo patrocinado.
- Muitas pessoas passaram a consumir notícias personalizadas, filtradas por algorítimos que identificam gostos e preferências.
- Jornais e revistas estão se alimentando "das sobras" do mercado publicitário.
- O futuro das notícias é móvel e personalizado. A audiência está de mudança para o celular.
- A receita de anúncios impressos de jornais como o New York Times continua a cair. O digital está apenas preenchendo a lacuna.
- Fatos e informações confiáveis ​​são essenciais para o funcionamento da democracia. E o digitaslç mostra isso a cada dia que passa.

Conheça todos os tópicos e clique AQUI  para ver de perto a crise do jornalismo desfilar na sua tela.


domingo, 8 de janeiro de 2017

É o vira... Michel vira Miguel em Lisboa

A reprodução da imagem
da SIC é do site Notícias
a Um Minuto.

Miguel Temer vai representar o Brasil no enterro de Mario Soares. Pelo menos é esse o nome que a TV portuguesa divulgou. Miguel, Michel, pra eles dá no mesmo. Se nenhum dos dois tem relevância nacional, o que esperar d' além mar? Portugal está desculpado.

Donald Trump não tomou posse mas já governa. Seu "diário oficial" é o Twitter




















por Flávio Sépia

Com Obama já pedindo a saideira, Donald Trump é o primeiro presidente norte-americano a começar a governar antes da posse.

Seu "diário oficial" é o Twitter.

E governa efetivamente, já que muitas das suas mensagens têm efeitos práticos imediatos. Foi o caso da Ford, que achou melhor cancelar a construção de uma fábrica no México e transferí-la para Michigan. A Ford pôs os amortecedores de molho após Trump ameaçar a GM e a Toyota de taxar alto carros que essas montadoras exportam para os Estados Unidos a partir de fábricas na terra de Zapata.

Em intensa atividade na rede social, Trump já mandou recados para a Coreia do Norte, China e para a grande mídia americana - que ele chama de "desonesta" -, pediu investigação sobre vazamentos de documentos secretos para a NBC e comunicou ao país que está "monitorando" a situação na Flórida, após o tiroteio no aeroporto de Fort Lauderdale. Isso depois de falar com o governador da Flórida, que nem se deu ao trabalho de ligar para Obama, segundo revelou em entrevista coletiva.

Deixou em alerta a União Europeia em mensagem que revela sua ansiedade para receber a primeira-ministra britânica Theresa May e classificou o Reino Unido como aliado especial, deixando claro que tem um lado na questão do Brexit.

Quanto à Rússia, escreveu que manter boas relações com o país é a "boa coisa" e, segundo ele, "só os estúpidos acham que isso é ruim".

Trump ainda avisou que dará ajuda federal ao prefeito de Chicago para combater a criminalidade em uma das cidades mais violentas dos Estados Unidos, caso o prefeito local lhe faça o pedido.

Veículos e jornalistas americanos tornaram-se "seguidores" da conta do Twitter de Trump.

Não há dúvida: o sinal do smartphone de Donald Trump já alcança o Salão Oval.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Barraco na mídia, colunista ameaçado


(do portal UAI) - CLIQUE AQUI

Pato sem cabeça: a selfie do novo Brasil...

por O. V. Pochê 

O pato que foi pra rua com a camisa da CBF lutar pelo "novo" Brasil deveria estar feliz pra caramba.

Só que não. Foi degolado

Veja alguns sintoma da "patologia" fracassada colhidos ao acaso:

* Embora escrevam por aí que o Ilegítimo é um sumidade em português, o sujeito definiu a chacina na prisão em Manaus como "acidente", mostrando que palavra e bom senso são coisas que ele não sabe juntar. Mas colunistas se curvam até o chão para encontrar um justificativa: foi de propósito, Temer, dizem, não quis usar uma palavra muito forte para não correr o risco de exagerar. Então, tá. O risco é o governo brasileiro, por extensão, nos comunicados de pesar aos países que sofrem atentados do Daesh,  passar a chamar atos de terroristas de "acidentes". "Lamentamos a 'acidente' em Nice", "lamentamos o 'acidente' do Charlie Hebdo", lamentamos o 'acidente' de Istambul".

* O ministro da Justiça recusa por escrito pedido oficial de ajuda da governadora do Acre para conter tensão crescente e violência anunciada em presídio e diz que não recebeu a solicitação. Mas respondeu, por escrito, com timbre e tudo, com o cinismo de dizer que o pedido era "importante" mas não podia atender. A morte de mais 31 detentos em Roraima desmascarou a mentira.

* O Secretário da Juventude de Temer se diz coxinha e defende que "tinha era que matar mais". Ele falava das decapitações e esquartejamentos em presídios. Com um secretário desses a juventude nem precisa de carrascos. Aliás, Leonardo Sakamoto pergunta onde Temer acha esses haters para assessores. Na web?

* Na cara de pau, mandando os fatos às favas como o auxiliar de ditadura Jarbas Passarinho mandou os escrúpulos às favas, colunista elogia Temer e a carta de intenção para lançar uma ponte para o futuro de um sistema prisional perfeito. Deu azar: enquanto seu tosco escrito circulava, mais 31 presos eram assassinados. E o governo estava avisado desse novo "acidente". E o elogiado plano anunciado embute um detalhezinho: não tem prazo, todas as medidas vão se efetivar a "qualquer hora. É um plano do tipo "a gente se vê por aí".

* O cara que cuidava da movimentação bancária do PSDB e de José Serra - os jornais chamam de "operador" - dedurou que recebeu da Odebrecht, direto em conta na Suíça, 23  milhões de reais. Diz ele que foi "ressarcimento" de dinheiro adiantado para a campanha presidencial do atual ministro de Temer. O mais incrível: essa grana de responsa acaba de ser incluída na adesão do "operador" ao programa de "regularização de ativos" (que é como o governo chama a legalização de dinheiro lavado ou não declarado pelos figurões). Jornais destacaram na lei da deslavagem o lado "bom": trazer dinheiro de volta ao Brasil. Com a confissão do "operador" do PSDB, o povo descobre que os sonegadores podem legalizar mas não precisa repatriar a dinheirama (a justificativa do perdão trazer a grana de volta, lembra?). Pois o operador se deu bem: legalizou os 23 milhões de reais mas deixou a bufunfa lá curtindo o inverno suíço. Cunha deve estar indignado na cela em Curitiba: "por que não  eu"?

* A musa do golpe, Janaína Paschoal, aderiu à vassoura de João Dória e se propôs a inspecionar os banheiros do Parque do Ibirapuera. Faz mais sentido.

* O cara mata 12 pessoas em Campinas, inclusive a ex-mulher e o filho, atira na própria cabeça deixando uma carta que mais parece um manifesto de passeata da turma da camisa da CBF:
ódio ao feminismo, desprezo à democracia, cruzada fanática contra a corrupção, repulsa aos direitos humanos, chama as mulheres de "vadias", chama a Lei Maria da Penha de "Vadia da Penha". O manifesto do assassino pode ser emoldurado pela extrema-direita. É praticamente um resumo do que se lê por aí.

* O governo está construindo com todo o cuidado a República da Zona. Com todo o respeito à zona.

* É mais ou menos essa a selfie do Brasi nesses dias sufocantes. Nada que um sorvete Haagen Dazs não cure.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Fotomemória: há 30 anos, o povo gritava "Fora Sarney". E Gervásio Baptista estava na escada da história fotografado por Jorge Medeiros, que foi obrigado a se esconder após registrar a cena

Foto de Jorge Medeiros/Reprodução O Serventuário


Reprodução/Página 13
por Flávio Sépia 

O Brasil parece dar volta na História. Ou nó.

Há 30 anos, em 1987, as ruas gritavam "Fora Sarney".

A economia estava estagnada.

Assim como Michel Temer, Sarney chegara ao Planalto sem voto.

Se, agora, a polêmica é o golpe, em 1985 a discussão se deu em torno de quem deveria assumir a presidência após a morte de Tancredo Neves. Uma corrente afirmava que Ulysses Guimarães subiria a rampa já que Sarney era o vice de um presidente eleito que não tomou posse. Soube-se, mais tarde, que o general Leônidas Pires Gonçalves, já apontado por Tancredo como ministro do Exército, resolveu o impasse e Sarney subiu ao trono na alça do féretro do mineiro.

No dia 25 de junho de 1987, Sarney visitou o Rio. Com inflação em alta e salários comprimidos, ele acabou desembarcando em uma encrenca. O ônibus presidencial foi cercado e apedrejado na saída do Paço Imperial, que havia sido reformado com recursos da Lei Sarney, o que motivou sua visita ao local.

A mídia chegou a especular que um manifestante teria usado uma picareta para quebrar o vidro do veículo. Mas o fotógrafo Jorge Medeiros, que estava mais próximo da cena, viu a janela explodir com uma pedrada. A famosa picareta jamais apareceu. Um detalhe: Sarney atribuiu a indignação dos manifestantes à impopularidade de Moreira Franco, então governador do Rio de Janeiro. A propósito, em outro nó cego dos tempos, a história trouxe Moreira de volta ao poder, agora nos gabinetes do Palácio do Planalto, onde popularidade já não importa nem conta.

É de Jorge Medeiros a foto exclusiva, reproduzida no alto, feita segundos depois do impacto. Na imagem, o staff de Sarney ainda está perplexo. Na escada do ônibus, aparece Gervásio Baptista, o lendário profissional da Manchete, com longa trajetória no fotojornalismo, então fotógrafo da Presidência da República.

Anos depois, Jorge Medeiros, cuja foto histórica foi para as primeiras páginas de vários jornais, contou em entrevista que teve que chegar o mais perto possível do ônibus porque, como frila, precisava de algo exclusivo.

"Como fotojornalista independente minha pauta tinha que ser diferente dos outros fotógrafos para que meu material encontrasse publicação. E alí a única diferença era chegar o mais próximo possível para conseguir enquadrar o povo a menos de dois metros do presidente. Consegui uma foto de um manifestante gritando a plenos pulmões e com o dedo em riste quase tocando na janela do ônibus. A grande angular e um flash Metz eram parceiros fundamentais. Foi quando a janela do presidente explodiu numa pedrada. Fui o único a fazer a foto e durante um mês me escondi em São Paulo dormindo com meu negativo e recebendo o apoio dos companheiros da Agência Angular depois que Brossard  (Paulo Brossard, então ministro da Justiça) anunciou que iria confiscar todos os negativos dos jornais que cobriram o Sarney naquele dia sob o velho argumento da Segurança Nacional e para identificar manifestantes."

Memória: o que a publicidade vendia em janeiro de 1987





por Niko Bolontrin

A economia estava em caos. Os Planos Cruzado I e II naufragavam. Em um só dia, preços de produtos e serviços aumentaram de  60% a 120%.

Os anos 1980 ficaram conhecidos como a "década perdida".

No anúncio do alto, a Abap (Associação Brasileira de Agências de Propaganda) pedia idéias para superar a paralisia geral. Acima, um banco oferecia possibilidades de investimentos "discretos" (?). É impossível saber o que aconteceu com os correntistas da época, mas recentemente "aplicações do tipo "ninguém vai ficar sabendo" levaram alguns figurões ao xilindró.

(Os anúncios acima foram reproduzidos do "Propaganda em Revista". Conheça o site, clique AQUI 

O que você não vê na mídia dominante: plantações de eucalipto ameaçam comunidades


por Patrik Camporez Mação e Luísa Torre
Fotos e vídeos: Marcelo Prest
(para a Pública - Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo)

No Sapê do Norte, uma região tomada por plantações de eucalipto no extremo norte do Espírito Santo, 32 comunidades quilombolas vivem sob forte clima de tensão. Nos últimos sete anos, dezenas de descendentes de escravizados africanos foram parar na cadeia sob a acusação de formação de quadrilha ou furto de madeira.
O episódio mais emblemático ocorreu em novembro de 2009: foram presas pela Polícia Militar 39 pessoas na comunidade São Domingos, uma das maiores da região, onde vivem 150 famílias, entre elas mulheres e idosos, e até um morador cego.
A maior parte das prisões ocorre em uma área administrada pela empresa Fibria, líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus – mas que é reivindicada pelas comunidades como seu território ancestral. Ao todo, mais de 100 mil hectares de eucalipto deixam as residências “ilhadas” em meio ao que os quilombolas chamam de “deserto verde”, por causa da seca causada pela monocultura.
O começo
A monocultura do eucalipto começou a avançar sobre o território do Sapê ainda na década de 1960, com o apoio do regime militar. A implantação do monocultivo inicialmente foi considerada uma política de Estado, servindo para a produção de madeira e carvão e, posteriormente, à celulose e ao papel.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO PORTAL DA AGÊNCIA PÚBLICA, CLIQUE AQUI

Quem quer dinheiro! Em comercial para loja popular, filha de Silvio Santos reclama que o pai é pão-duro

VEJA O VIDEO, CLIQUE AQUI

Deu no Mashable: a brasileira que reza para um elfo do "Senhor dos Anéis". Valhei-me Lord de Rivendell!


por Niko Bolontrin 

Sem fronteiras, as redes sociais globalizadas repercutem os posts mais inusitados. O Mashable, portal americano de grande audiência, destaca o fato de uma bisavó brasileira devota de Santo Antonio rezar para ele todos os dias diante de uma pequena imagem. Beleza. Só que a imagem no altar caseiro não é a do santo. Trata-se de um boneco de um dos personagens de "Senhor do Anéis", mais precisamente, o elfo Elrond, Lord de Rivendell. O brinquedo está à venda, inclusive, no eBay. A matéria não informa como o elfo foi parar no altar da velha senhora e nem se suas preces têm sido atendidas. Aparentemente, sim, já que o Santo Antonio fake continua a postos.
VEJA NO MASHABLE, CLIQUE AQUI

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Charlie Hebdo lança edição especial para lembrar atentado de janeiro de 2015.



A revista satírica Charlie Hebdo postou no Facebook a capa da edição especial que marca os dois anos do atentado, em Paris, que matou onze profissionais da redação, entre chargistas e jornalistas.

Foi no dia 7 de janeiro de 2015. Dois terroristas islâmicos invadiram a redação, gritaram que "vingavam o profeta" e fuzilaram a equipe. A Al-Qaeda, no Iémen, assumiu a autoria da chacina. Os dois terroristas foram mortos em operação policial e o cérebro do atentado foi morto no Iraque depois de deixar a A-Qaeda e ingressar no Daesh (o autodenominado Estado Islâmico).

A capa especial do Charlie Hebdo foi desenhada por Foolz, um dos chargistas da nova geração. A edição está nas bancas, a partir de hoje, em Paris. Na chamada:"2017, por fim, o fim do túnel".

Em editorial, a revista lança uma pergunta: "Dois anos mais tarde, como falar de 7 de janeiro de 2015? Ou melhor, como falar "de novo" de 7 de janeiro?".  O CH lembra que depois do ataque à redação outros atos terroristas fizeram a França e Europa sangrarem. A revista destaca que é longa a lista de crimes e quer evitar a impressão de que dá um tratamento especial ao atentado que sofreu. O trágico 7 de janeiro deixou lembranças dolorosas que se renovam cruelmente na sequência de atos terroristas, como o mais recente, em Istambul.

A equipe do Charlie Hebdo fazia uma reunião de pauta quando foi fuzilada.

A revista lembrou, ontem, que nessa semana fez a sua 1276ª reunião. Espera continuar. E bem.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A Santa Ceia, au grand complet, versão 77

 
Foto: Arquivo Pessoal RM

Por ROBERTO MUGGIATI

Esta foto posada da redação da Manchete, feita em 1977, reproduz, por uma feliz coincidência, o leiaute do afresco famoso de Da Vinci, com uma pequena variação: sentados, não, mas eretos, como cabia àquela brava equipe.

Vamos recordar, a partir da esquerda: o impagável secretário de redação, Alberto de Carvalho, alma secreta da revista; o redator Ivan Alves, o Pato Rouco, que nos anos de chumbo foi protegido na Sucursal de Paris; Wilson Cunha, chefe de redação e cinéfilo, que saiu depois para a Rede Manchete e as TV Globos da vida; o crítico de arte Flávio de Aquino; este que vos escreve, que carregava uma cruz por semana; Heloneida Studard, escritora e líder feminista; R. Magalhães Jr., redator e imortal, um baixinho duro de lidar; Wilson Passos, o grande chefe de paginação da Manchete, que desenhou a revista dos anos 50 até o final (com um período sabático durante a “ditadura italiana” de Vincenzo e Massimo, em meados dos anos 90); Argemiro Ferreira, redator e líder sindical; Pedro Guimarães, diagramador, o primeiro a nos deixar: partiu dias antes da edição de Carnaval de 1980; Ney Bianchi (de Almeida), que cobria Copas e Olimpíadas e depois encontrou o filão místico: desvendou os mistérios do Dr. Fritz e tornou-se interlocutor exclusivo de Dona Neila Alkmin; Carlos Heitor Cony, romancista, escritor escalado para as grandes coberturas de Manchete, como a visita do Papa (veio com o Sumo no mesmo avião), casamento da Princesa Diana e, last but not least, ghost writer do grande vidente Allan Richard Way – vidente que foi literalmente cegado por Cony; e o redator Irineu Guimarães, que foi seminarista em Marselha e trabalhou no prestigioso Le Monde.

Treze diante da mesa. Um reparo: entre meu ombro direito e a cabeça do Flávio de Aquino aparece o contínuo Sammy Davis Jr. Só numa empresa como a Bloch, o contínuo tinha acesso direto ao dono da empresa. Sammy falava sempre com o Adolpho que iria conseguir para ele a casa que ficava ao lado do 766 da Rua do Russell, (que já estava em construção e seria aberto em 1980). Esta foto foi feita ainda no primeiro prédio, o 804. E o contínuo de codinome Sammy conseguiu finalmente convencer a senhorinha a vender sua casa. Ali, em 1986, Adolpho construiu a terceira fatia da fachada do Niemeyer, para abrigar parte da Rede Manchete. Que fim levou o Sammy Davis eu não sei. Não sei sequer se recebeu alguma comissão por ter conseguido o terreno para o Adolpho. Aliás, estes apelidos eram da lavra do Alberto. Outro contínuo, de cabelão afro avantajado como o do Tim Maia, foi apelidado de Tim. Acabou se tornando o grande repórter Tim Lopes.

Desta Santa Ceia 77, somos quatro sobreviventes: Wilson Cunha, eu, Argemiro e Cony. Ainda bem que sobrou alguém para contar a história. . . 

Ano Novo - Quando a Manchete repaginou "A Última Ceia" e quase deflagrou uma crise religiosa

Na última edição de 1952, Manchete (número 35) ofereceu aos leitores uma das muitas
reproduções renascentistas de A Última Ceia. Na diagramação, o quadro foi cortado
 e alguns apóstolos eliminados. A "heresia" provocou reclamações de católicos.


Na edição 38, a revista teve que se explicar na seção Leitor em Manchete. O então secretário
de redação argumentou que a mesa estava incompleta porque "a Ceia não havia começado ainda..."

por José Esmeraldo Gonçalves

Na última edição de 1952, a Manchete ofereceu aos leitores um encarte artístico, página dupla colorida, que reproduzia A Última Ceia. O quadro, que a revista chamava de Ceia de Cristo, foi fotografado em Ektachrome por uma câmera Clix, dos anos 1940, própria para registrar paisagens e hoje peça de coleção. A impressão bem cuidada mostrava qualidade excepcional para os padrões da época.

Até aí, tudo certo.

Ocorreu que o diagramador ou o fotógrafo, sabe-se lá porque, optou por enquadrar apenas o núcleo central da imagem, o que eliminou alguns apóstolos. Em vez das 13 figuras tradicionais, apenas oito integrantes do staff de Jesus, além do próprio, estavam à mesa, segundo a versão da Manchete. O erro pode ter acontecido também na confecção do suporte que foi para a máquina de impressão. O fato é que, de uma maneira ou outra, alguém achou que as figuras mais afastadas do anfitrião eram menos importantes ou, quem sabe, meros penetras. Em nome da estética da página, foram devidamente limados. Restou o que a diagramação considerou como área vip do evento. E nela se inclui Judas Iscariote, o conhecido delator premiado, o terceiro da esquerda para a direita..

A seção Leitor em Manchete, reproduzida acima, recebeu muitas queixas e acabou dando uma explicação meio mais ou menos. A redação confessou não saber a causa da falha, informou que uma sindicância estava em andamento. Junto com a explicação, foi publicada em preto e branco a reprodução do afresco de Da Vinci, na íntegra.

Curiosamente, a revista não pedia desculpas e até revelou que, ao atender a um telefonema de um leitor indignado, o Secretário de Redação respondeu ironicamente que o quadro publicado pela Manchete estava incompleto porque a Ceia não tinha começado ainda e nem todos os apóstolos estavam presentes. Na época, o diretor-responsável era o jornalista Hélio Fernandes. O secretário era Leon Eliachar que, anos depois, faria sucesso como autor de livros de humor.

A Manchete não registra se a piada provocou mais cartas e telefonemas de críticas à "blasfêmia" editorial.

 A Basílica de Santa Maria delle Grazie, em Milão, que guarda A Última Ceia, não reclamou da intervenção em uma das cenas mais caras ao catolicismo.

Também não ficou claro porque os editores da Manchete resolveram homenagear aquele fim de ano e a chegada de 1953 com A Última Ceia.

Que, como se sabe, foi uma ceia, mas o clima à mesa não era de Natal e muito menos de Réveillon.

Deu no Sensacionalista...

Reprodução Sensacionalista

Financial Times lista alguns eventos que poderão mudar o mundo em 2017...

por Jean-Paul Lagarride

O Financial Times acionou seu GPS jornalístico para relacionar os acontecimentos de 2017 já previstos e que terão impacto no mundo. Cada um desses eventos é capaz de mudar o futuro. Confira algumas dessas bombas factuais já armadas:

- Em Março - Depois do Brexit, segundo as regras, o Reino Unido, que está enrolando por temer um choque de mercado, tem que começar oficialmente o processo de saída da União Europeia. Os primeira efeitos já serão notados, embora, depois disso, se inicie um prazo de dois anos para o desligamento total.  

- Em Abril/Maio - Eleições presidenciais francesas. A França vai decidir se elege um conservador moderado ou se leva ao poder, de vez, a direita radical de Marine Le Pen. Socialistas não têm chance.

- Ao longo do ano, os possíveis aumentos das taxas de juros do Fed (o BC americano) abalarão economias de muitos países em todo o mundo. Estão previstos três aumentos.

- Também ao longo do ano a cotação do petróleo permanecerá instável e influenciará a economia mundial.

- Mais para o fim do ano, acontecerá o Congresso do Partido Comunista da China. As tensões previstas do país com o governo Trump vão pesar nos rumos do congresso.

- Em Setembro/Outubro, eleições na Alemanha. A linha liberal de Angela Merkel corre risco. A direita está à espreita.

Ano Novo: povão não esqueceu o Ilegítimo

Reprodução Twitter
por Flávio Sépia
O Brasil torce por 2017, brindou o Ano Novo, apesar de tudo, mas não esqueceu o infeliz ilegítimo.

Em Brasília, o rapper Criolo, que desde a primeira hora denuncia o golpe de Estado no Brasil e no exterior, mostrou no telão durante a contagem regressiva uma mensagem de protesto pedindo Diretas-Já.

Reprodução

No Rio, em show de Réveillon no Circo Voador, segundo nota na coluna Gente Boa, do Globo, a cantora Ana Carolina tentou um discurso político - "Em 2016 nós tiramos Dilma, o Cunha e o Renan. Espero que continuemos a nossa luta" - e o público lembrou o Ilegítimo que ela omitiu e emendou um "Fora Temer". A cantora deu um jeitinho de interromper o coro que certamente não a agradou e ironizou: "Pessoal, também seria legal se a gente tirasse a uva-passa do arroz, o que vocês acham, hein?".

Em São Paulo, repórter da Globo que cobria virada do ano na Av.Paulista mal disse duas palavras e interrompeu sua entrada ao vivo para devolver o som ao estúdio. Motivo? A galera gritando "Fora Temer" ao fundo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Gisele Bundchen, uma das campeãs do Instagram em 2017



A revista Maxim publicou a relação das 10 estrelas que mais ganharam seguidores no Instagram em 2016. A brasileira Gisele Bundchen ficou ficou em 8° lugar com 3.888.496. (Clara S. Britto)
Veja fotos e a lista completa, clique AQUI

O que os signos dizem da vida financeira dos librianos em 2017... Temer é de Libra

por Jean-Paul Lagarride

A astróloga Mystic Meg publica no The Sun, hoje, algumas dicas para as pessoas evitarem o sufoco financeiro de acordo com o signo de cada um.

Vai aí um pequeno resumo para os nascidos entre 23 de setembro e 23 de outubro, do signo de Libra. Como Michel Temer:

"Sua previsão de caixa é complexa porque você tem muitas despesas, terá que fazer malabarismos. Mercúrio domina o mês de fevereiro, boa época para você fazer investimentos em ações. Mas Marte, a partir de junho, influenciará desvios, acordos fracassados e maus negócios. O fim do ano será favorável para compras por pechinchas ou ganhar em loterias. Em novembro haverá grandes possibilidades de você ganhar passagens para viagens inesquecíveis."

sábado, 31 de dezembro de 2016

TODA A VERDADE (QUE NUNCA FOI DITA) SOBRE O DESTEMIDO (E TEMÍVEL) VIDENTE ALLAN RICHARD WAY

Por ROBERTO MUGGIATI


O vidente segundo uma
 das clássicas representações
 clicadas por Cony.
Foi no início dos anos 70, o Justino Martins, além de grande jornalista, tinha um espírito brincalhão e resolveu inventar um vidente para acabar com todos os videntes. Como “segundo” dele na edição da revista Manchete vi tudo com estes olhos que a terra há de comer, ou melhor, que a fornalha irá queimar.

Allan Richard Way foi uma criação coletiva. O primeiro redator incumbido dele foi o Caio de Freitas, um senhor de ternos elegantes (e alma elegante) que tinha morado na Inglaterra (trabalhou na BBC) e inventou uma história em tom sherloquiano.

Havia um Dr. Watson – o jornalista inglês Robert McPherson – que era acionado em Londres pelo Célio Lyra, o homem da Manchete encarregado das relações com as sucursais. Cada início de dezembro, McPherson se dirigia para uma casa em estilo Tudor num subúrbio distante de Londres onde morava o grande astrólogo Alan Richard Way e recolhia do sábio homem suas previsões para o novo ano.

Depois, a tarefa de escrever as previsões de Allan Richard Way caiu nas mãos de Carlos Heitor Cony, que logo tratou de botar mais molho na história e no personagem.

De saída, ele cegou o vidente.

Inicialmente, a foto de Way publicada junto a suas previsões era a de um cientista qualquer de terno e gravata – uma foto de agência – que Justino puxou de uma gaveta. Depois, quando já era eu o editor de Manchete (a partir de 1975), Cony decidiu mudar o visual do professor. Numa de suas viagens pelo mundo, fotografou no aeroporto de Heathrow, em Londres, um indiano com a indumentária típica dos sikhs, incluindo barba e turbante. Este passou a ser o novo Allan Richard Way.

As previsões de Allan Richard Way rendiam chamada de capa
na edição da Manchete que abria o Ano Novo, como em 1988.
Para dar maior respaldo científico às previsões do vidente cego, o final da matéria trazia uma interpretação astrológica do ano vindouro, feita pelo Professor Arcturus – na verdade, nosso companheiro de redação Cláudio Hazan, que começara a estudar seriamente o universo astral.

Certo ano, o Allan Richard Cony previu que haveria um grave problema com as colunas centrais da Ponte Rio-Niterói. Na época, nosso chefe de reportagem Sérgio Ross havia se tornado assessor de comunicação do Ministro dos Transportes e sugeriu que fosse feita uma investigação. Não deu outra: as pilastras exibiam certas estrias de rachaduras cuja gravidade teria de ser avaliada.

Djuna, a célebre
vidente do
Kremlin.
Reprodução FB
Allan Richard Way começou a ganhar peso e notoriedade. Houve até uma ocasião, durante uma crise mundial, em que inventei uma edição extra: o encontro de Allan Richard Way com a lendária vidente do Kremlin, Djuna Davitashvili. O pior é que o Cony, que sempre foi a alma do texto, teve de abrir um espaço em suas férias no Mediterrâneo para escrever a matéria.

O nosso vidente cego quase provocou a demissão de uma prestigiosa jornalista de televisão da Globo. O Fantástico queria a todo custo uma entrevista exclusiva com nosso astrólogo. Sandra Passarinho, correspondente da Globo em Londres nunca conseguiu e chegou até a ser ameaçada de demissão.

De Nostradamus a Allan Richard Way, os videntes de hoje – se é que ainda existem – já não podem mais competir com o mundo real. Quem seria capaz de prever a explosão das Torres Gêmeas em 2001?

O negócio é ficar quietinho no seu canto e esperar as coisas mais absurdas deste planeta em choque consigo mesmo. Mas sempre achando um tempinho para curtir uma transgressão saudável à Justino ou à Cony. . .

Capa: a revista Veja aposta tudo na Nefertiti brasileira

A capa da Veja 


A imagem de Nefertiti, a "Esposa do Grande Rei" do antigo Egito.

por bqvMANCHETE

Nefertiti era mulher de Amenófis IV, o faraó que não devia ter sido.

Amen era carta descartada e só assumiu o poder porque o irmão mais velho, herdeiro legítimo, bateu as botas, melhor dizendo, as sandálias egípcias.

Nefertiti ganhou vários títulos, "Senhora de todas as mulheres", "Doce do Amor" e "Esposa do Grande Rei".

Deve ser por tudo isso que a Veja colocou na capa a senhora Temer em pose que sugere a antiga rainha do Vale do Nilo.

Já Amenófis era conhecido como "Touro Poderoso", "O  Que Leva As Coroas" e "Divino Regente".

Tensão da redação da Veja. Acima, o momento em que os jornalistas decidem
a importante e histórica capa da última edição de 2016. 
Por sua afinidade pública com o atual ocupante do topo da pirâmide política brasileira, Veja não deve tê-lo como o bovino destemido nem como o mero carregador de joias, mas deve achar que "divino regente" combina bem com o titular da dinastia que a revista espera prosperar no Planalto Central.

Não garanto, mas é possível, que o diretor de Arte da Veja divagasse em voo sobre as férteis margens do velho Nilo, como se fosse um drone dos sonhos, quando lhe veio à mente de artista a clássica imagem de Nefertiti.

Reparem na coincidência das linhas dos narizes, dos lábios, do suave maxilar e das sobrancelhas visíveis em Marcetiti e Neferla, perdão, entre a Marcela e Nefertiti.

Não há dúvida: essa edição de Veja deveria ter sido impressa em papiro.

Ou mumificada nos armários da ABI para consulta das futuras gerações.

É peça histórica que diz muito sobre a velha mídia, hoje.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Obama expulsa diplomatas russos e Rússia inova ao responder através de meme que mostra presidente americano como "pato manco"


por Jean-Paul Lagarride

Logo depois que Barack Obama anunciou a expulsão de 35 diplomatas russos, a embaixada da Rússia, em Londres, comentou a decisão através de meme.

Um "lame duck" ilustra a postagem.

O "pato manco" é uma referência nada sutil ao presidente em fim de mandato. Dizem os políticos que na fase pré-porta da rua é visível a perda de prestígio: o cafezinho já vem frio, a assistente já não abre a porta do carro, o paletó vem mal passado da tinturaria, o bacon do café da manhã é servido duro e ressecado, o ovo esparramado, o suco de laranja é de ontem, os conselheiros já pedem para ir pra casa mais cedo...

Com Obama já pedindo a saideira, a menos de um mês de voltar à planície, os russos minimizaram o episódio que seria uma retaliação a uma suposta intervenção de Moscou nas eleições presidenciais americanas através de hackers, assunto visto por eles igualmente como uma piada.

Do caso extrai-se uma conclusão: é cada vez mais comum o uso das redes sociais e até da sua linguagem descontraída e irreverente para assuntos de Estado. Donald Trump mostrou desde a campanha que sua rede social será fonte de notícias importantes da sua administração.

Não apenas políticos, mas celebridades, personalidades e dirigentes de várias áreas tendem a eliminar o "intermediário" quando querem divulgar algo. Aparentemente, a "fonte" que antes ligava para um jornalista amigo para tentar emplacar uma informação agora aciona o smartphone e lança a "exclusiva" na sua própria página.

Daí, jornalistas são obrigados e virar "seguidores". O que só resolve em parte o problema: têm acesso à informação, como todo mundo, mas perdem a "exclusiva" e ganham uma enorme ralação para, diante da "concorrência", obter um fato ou uma declaração realmente inéditos.

Coisas dos novos modelos de comunicação.

Azedaram o Réveillon de uns e outros: Segundo o site do Consultor Jurídico, anexos da Lava Jato trarão denúncias contra jornalistas e integrantes do Judiciário.



Reproduções acima: Blog do Conjur

por bqvMANCHETE

É bomba armada para 2017. O site do Consultor Jurídico revela que as denúncias da Odebrecht resultaram em 800 anexos ao processo.

Até aqui o foco das delações premiadas alcançou principalmente políticos, empresários, ex-dirigentes de estatais, agregados dos acusados (parentes, parceiros, amigos etc).

Determinadas acusações foram adiante, outras ganharam poeira.

A novidade agora, segundo a nota do Conjur, é o alcance do longo braço da delação: jornalistas e membros do Judiciários cairão na rede.

Uma notícia que vai fazer tremer o brinde de Réveillon de muita gente, azedar a mesa de frutas vermelhas, deixar queijos e antepastos passados e mofar o pernil confitado.

Jornalistas e veículos ameaçados pela mordaça judicial

Reprodução Comunique-se

por Tacila Rubbo (para o portal Comunique-se)

A censura contra a imprensa brasileira foi tema constante de reportagens no Portal Comunique-se durante o ano de 2016. Casos absurdos surgiram por todo o país, mostrando a ação da Justiça contra a atividade jornalística e seus profissionais. Pensando nisso, a reportagem do site organizou levantamento sobre casos de veículos e jornalistas que sofreram com a chamada censura judicial no período.

O balanço anual apresenta 18 casos em que profissionais da comunicação tiveram suas atividades cerceadas por processos. O número reacende o debate acerca da liberdade de imprensa.

Mordaça constitucional
Jornal curitibano, a Gazeta do Povo foi um dos alvos de arbitrariedade jurídica. Cinco repórteres e o veículo foram vítimas de 48 processos movidos por magistrados do Paraná. Os motivos eram reportagens publicadas em fevereiro de 2016, que abordaram o conceito de “teto constitucional” e remuneração que ultrapassa tal limite, ainda que dentro da legalidade. O conteúdo era baseado em informações públicas disponibilizadas no Portal da Transparência.

(Imagem: Antônio More/Gazeta do Povo)
Os processos foram abertos em diferentes cidades no Juizado Especial, que aceita causas de pequeno valor (até 40 salários mínimos). As ações indenizatórias contra os jornalistas foram ajuizadas mesmo após o veículo publicar o direito de resposta solicitado pela Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) e Associação Paranaense do Ministério Público (APMP).

A situação prejudicou o trabalho do impresso e dos profissionais, que foram obrigados a deixar a redação para comparecer às audiências, sob pena de serem condenados à revelia. As audiências eram marcadas para datas próximas ou mesmo coincidentes em locais distintos no Paraná.

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Da revista Zum, por Jake Romm: "Por que a capa da “Time” sobre Trump é uma obra subversiva de arte política"


por Jake Room 

(Artigo reproduzido da revista Zum, originalmente publicado em inglês no site Forward.com em 8/12/2016 e traduzido com permissão).

Ano após ano, o anúncio da “Personalidade do Ano” da revista Time é grosseiramente mal interpretado. A Time é clara quanto a seu único critério de seleção: “a pessoa que exerceu mais influência, para o bem ou para o mal, sobre os acontecimentos do ano”. Mesmo assim, uma simples busca no Twitter revela um sem-número de pessoas que parecem acreditar que a escolha da “Personalidade do Ano” equivale a um endosso. Entre os vencedores até aqui estão Joseph Stalin (1939, 1942), o aiatolá Khomeini (1979), Adolf Hitler (1938) e outras personalidades que acredito poder afirmar com segurança que não contam com o endosso da equipe da Time.

Este ano, não deveria causar nenhuma surpresa o fato de o presidente eleito Donald Trump ser escolhido para agraciar a capa da edição anual da Time (retratado pelo fotógrafo judeu Nadav Kander). “Para o bem ou para o mal”, Trump, durante sua campanha e agora, depois de eleito, sem dúvida foi uma das pessoas que mais influenciaram os acontecimentos do ano. Podemos encontrar algumas pistas sobre as impressões da Time sobre o assunto – “para o bem ou para o mal?” – analisando a imagem escolhida para capa da edição. As determinações da Time com respeito à maneira de fotografar Trump revelam um campo de referências nuançado, com diversas camadas, que fazem da imagem, na opinião deste cronista, uma das grandes capas da revista.

Para desconstruir a imagem, focalizemos três elementos-chave (deixando de lado o posicionamento do “M” de “Time”, que dá a impressão de que Trump tem chifres vermelhos): a cor, a pose e a cadeira.

 A cor

Observem como as cores estão ligeiramente lavadas, ligeiramente silenciadas, suaves. A paleta cria o que poderíamos chamar de efeito vintage. A nitidez e o detalhamento da imagem revelam a contemporaneidade da foto, mas a cor sugere um tipo mais antigo de filme, no caso o Kodachrome. O Kodachrome, filme produzido pela Kodak desde o início da década de 1900 e que teve recentemente sua produção descontinuada, tinha a função de operar a reprodução acurada das cores. Alcançou imensa popularidade entre o fim da década de 1930 e a década de 1970, e seu aspecto peculiar define nosso conceito visual comum de nostalgia.

Ao reproduzir uma paleta de cores Kodachrome, a capa da Time nos leva a reimaginar a capa como se ela fosse uma imagem da era em que o Kodachrome era muito popular. (Você é que sabe para onde vai sua mente quando pensa nos líderes da era da Segunda Guerra Mundial, da segregação e da Guerra Fria.) Esse deslocamento visual-temporal espelha, em certo sentido, uma série de tendências que impulsionaram a ascensão de Trump. A campanha de Trump se baseou em políticas e atitudes regressivas – antiproteção do meio ambiente, antiaborto, pró-carbono etc. Foi uma eleição voltada não apenas para políticas regressivas, como também para valores tradicionais (definidos basicamente pela direita cristã), para a nostalgia pela grandeza e pela segurança do país, para a nostalgia por um mundo pré-globalizado.

 A pose

A pose de Trump pode ser percebida como uma intervenção subversiva em uma pose tradicional em retratos de poderosos (para outra versão esplendidamente subversiva da pose, veja-se o retrato feito por Delaroche de um Napoleão vencido – embora o tom desse retrato seja elegíaco, por oposição a maquinador).

As pinturas de monarcas sentados podem ser vistas como imbuídas de duas funções estéticas – operar a associação entre o personagem sentado e o trono, dando, desse modo, solidez à metonímia, e reforçar o sentimento de servidão no observador. O observador é forçado a aproximar-se do monarca; o monarca não se levanta com a chegada do observador.

Em nossos tempos pós-monárquicos, o poder do trono está praticamente extinto, mas o poder de um personagem sentado permanece. A cadeira em si é desimportante, o que importa é o ato de sentar. Quando incluímos um retrato nessa tradição, a cadeira assume o papel de trono e o personagem sentado o papel de rei (ou rainha) – o efeito visual é o mesmo.

Considerem esta imagem do Lincoln Memorial (para mais referências, ver imagens de Vladimir Putin e LL Cool J). Assim como as outras duas imagens, ela é uma versão exagerada da pose tradicional. Vemos nosso personagem de frente, porém, o que é mais importante, vemos o personagem de baixo. O ângulo nos obriga a olhar para cima para o personagem, o que, por sua vez, cria a impressão de que o personagem está olhando para baixo ao olhar para nós. Essa pose e ângulo, com o observador aparentemente (e literalmente, no caso do Lincoln Memorial) aos pés do retratado, fazem o personagem parecer dominador, poderoso, julgador.

Mas basta girar a imagem para que de repente tenhamos um conjunto totalmente novo de conotações. Na capa da Time, em vez de ver a cabeça de Trump de frente e de baixo, nós o vemos sentado, de trás e praticamente à altura do olhar. A relação de poder se apresenta de forma inteiramente diferente.

O giro de Trump em direção à câmera cria um tom mais conspiratório que julgador. Há duas imagens em jogo aqui – a imagem de poder imaginada, tomada de frente, e a imagem real, na qual Trump parece dirigir uma piscadela cúmplice ao observador, como se dissesse: olhem só como nós tapeamos aqueles idiotas que estão lá na frente (tanto Trump como o observador olham de cima para baixo para os que estão lá na frente). Ao subverter a dinâmica típica de poder, a Time, em certo sentido, envolve o observador na eleição de Trump, antes de mais nada no fato de ele aparecer na capa da revista.



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