Mostrando postagens com marcador Veja. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Veja. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Arqueologia em centro de tortura: não vão encontrar o meu esqueleto nos porões do DOI-Codi, mas faltou pouco... • Por Roberto Muggiati


Vladimir Herzog em foto na redação na TV Cultura. O jornalista cfoi assassinado por torturadores da ditadura militar no DOI-Codi, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975.
Foto Reprodução TV Cultura

A coordenadora do projeto, Déborah Neves (à esquerda): pesquisas tentam identificar
indícios de vítimas ditadura militar torturadaas e assassinadas no DOI-Codi paulista.
Foto de Felipe Bezerra/Jornal das Unicamp 

Durante quinze anos – de 1969 a 1983, funcionou nos fundos da 36ª Delegacia
Policial de São Paulo, na Rua Tutoia, o DOI-Codi (Destacamento de Operações de
Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) – um complexo criado pela
ditadura militar para torturar e exterminar opositores do regime. De 1969 a 1983,
mais de sete mil pessoas passaram por lá e algumas não saíram, como Vladimir
Herzog, que não resistiu aos castigos corporais e teve sua morte dissimulada por um
grotesco “suicídio” nas grades da cela. Os prisioneiros chegavam encapuzados e
ficavam presos em celas diminutas, incomunicáveis e sem direito a defesa, à espera
das torturas.

Cinco universidades públicas, entre elas a USP e a Unicamp, iniciaram um
projeto de escavação no local onde ficava o DOI-Codi para fazer um levantamento
completo da extensão dos atos de violência ali praticados. Diz Andres Zarankin
professor de antropologia e arqueologia da UFMG, que também participa da
empreitada: “Dente, brinco, cabelo. Anel? Exato. Elementos pequenos que caíram e
vão nos permitir reconstruir essa história, a partir desses fragmentos. Existe toda uma
narrativa por trás desses pequenos objetos e a mesma coisa dentro do prédio”.

Segundo o Jornal da Unicampo, os arqueólogos vão examinar as paredes das celas, para verificar se encontram mensagens escritas nas camadas mais antigas de pintura. E uma investigação inédita
no país vai tentar encontrar vestígios de sangue invisíveis a olho nu, usando luzes
especiais.

O DOI-Codi paulista foi chefiado pelo major Carlos Alberto Brilhante Ustra e
atuou inicialmente de forma clandestina como sede da Operação Bandeirante (Oban),
a partir de 2 de julho de 1969. Cerca de 70 pessoas teriam morrido sob tortura no
local.

Adriano Diogo, militante do movimento estudantil, foi daqueles que chegaram
embuçados ao DOI-Codi. O major que lhe retirou o capuz perguntou:
– Você sabe onde está?
– Não faço a mínima ideia...
– Você está na antessala do Inferno.

Ironicamente, a Rua Tutoia fica no bairro do Paraíso.

Até o final de setembro de 1969 eu morava em São Paulo e fazia parte da
equipe de jornalistas pioneira da revista Veja. Em 9 de dezembro de 1968, numa
badalada noite de autógrafos, lancei o livro Mao e a China; na sexta-feira 13 foi
decretado o AI-5. Verdadeira declaração de amor ao comunismo chinês, último livro
lido por Carlos Lamarca antes de morrer metralhado no sertão baiano, Mao e a China
saiu das estantes das livrarias para exibição em mostras de “material subversivo”
apreendido pelo exército. Eu tinha tudo a ver com Vladimir Herzog: éramos da mesma
idade e ele ocupou minha vaga quando deixei o Serviço Brasileiro da BBC em Londres.
Vários colegas meus da Veja e da Realidade – para a qual eu também colaborava –
foram levados encapuzados para o DOI-Codi.

Minha sorte foi ter trocado a Veja em São Paulo pela chefia de redação da
Fatos&Fotos, no Rio de Janeiro. A volta ao “balneário da República”

Para mais informações sobre as escavações arqueológicas no Doi-Codi de São Paulo, visite o Jornal da Unicamp AQUI

quarta-feira, 16 de março de 2022

Orlando Brito (1950-2022) por amigos

Orlando Brito - Reprodução Instagram

O Brssil perdeu um dos seus grandes fotojornalistas.  Orlando Brito registrou 50 anos da história política do Brasil a partir de Brasília. Nesse campo, suas lentes espelharam o melhor e, infelizmente, o pior do Brasil (durante 21 anos da sua trajetória, ele foi levado pela profissão a fotografar os generais da ditadura e seus cúmplices. São memórias essenciais para a compreensão desse pobre e injusto Brasil. Mas Orlando Brito eternizou também a esperança nacional personificada pela Constituinte, a luta de Ulysses Guimarães e de tantos que formaram a lniha de frente possível em tempos sombrios, fixou cenas do futebol brasileiro em Copas do Mundo, mostrou a saga dos indígenas da Amazônia e, nos anos 1990, quando trabalhou para a revista Caras, fez memoráveis retratos de figuras da política em fase democrática, eram os dias de Itamar Franco, FHC e Lula. O jornalista Ricardo Noblat escreveu no portal Metrópoles sobre Orlando Brito. Noblat traça um belo perfil  do amigo sem deixar de analisar o atual panorama profissional, muitas vezes dramático, para jornalistas e fotojornalistas. Brito não foi poupado desse drama. Muito se escreveu sobre Orlando Brito nesses dias. Todos o homenagearam merecidamente. Destacamos aqui, além do texto de Noblat, um artigo de Fábio Altman, na Veja. Ambos retrataram com fidelidade e emoção os amigo que se foi.


Leia Ricardo Noblat AQUI


Leia Fábio Altman AQUI

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Quem foi que plantou a Rua Marcel Proust em Santa Teresa? • Por Roberto Muggiati


No meio da mata em Santa Teresa, RJ, a Rua Marcel Proust.

Eu sei muito bem. Foi um personagem mefistofélico na minha vida, o editor do meu primeiro livro. Depois de dez anos de carreira jornalística vitoriosa, iniciada aos dezesseis anos na Gazeta do Povo de Curitiba e consolidada por um curso de dois anos no Centre de Formation des Journalistes de Paris e por três anos no Serviço Brasileiro da BBC em Londres, eu me vi de volta à estaca zero no Rio de Janeiro. Mais precisamente na velha redação da Manchete em Frei Caneca, no final de 1965. Além de atuar como repórter especial da revista, comecei a abrir novas frentes: editando os Cadernos de Jornalismo da Bloch, escrevendo para a Enciclopédia Bloch e traduzindo livros para as Edições Bloch. 

Um deles foi Sexus, de Henry Miller, um dos livros mais vendidos de todos os tempos no Brasil. Existe um detalhe curioso aí: detentora dos direitos da trilogia Sexus/Plexus/Nexus, a Bloch não a publicou. Um intelectual de plantão, puxa-saco do chefe, avisou a Adolpho Bloch que os livros estavam cheios de palavrões. Exaltado, Adolpho soltou o verbo: “Que merda! Só tem palavrão na porra destes livros!” 

A trilogia de Henry Miller foi repassada para Hermenegildo de Sá Cavalcante, da Gráfica Record Editora. Bacharel de direito nascido em Aurora, no Ceará, Hermenegildo ganhou uma fortuna com a trilogia de Miller, ainda mais porque tinha o hábito incorrigível de nunca pagar direito autoral. Nem sei até se os livros que publicava eram legalmente contratados. A solidão segundo Hemingway, McCullers, Kafka, Bradbury e Borges parecia obviamente pirateado. Naqueles tempos não havia pecado ao sul do Equador

No auge da Revolução Cultural, sugeri à Bloch um livro que fundisse a biografia de Mao Tsé-tung com a história da China comunista. Alberto Dines, consultor editorial, ficou tão entusiasmado com o projeto que me deu um adiantamento de mil dólares e colocou à minha disposição as sucursais internacionais, que me forneceram farto material, em inglês, francês, italiano e espanhol – na época a China era um dos temas favoritos das editoras do mundo inteiro. Nas brechas da reportagem – e num mês de férias que dediquei exclusivamente ao livro – escrevi Mao e a China, um volume robusto de 502 gramas e 374 páginas. 

Naquele momento, o superaquecimento das receitas publicitárias para a mídia impressa em cores, provocou o surgimento de uma quantidade de novas revistas (EleEla, Pais e Filhos e Desfile na Bloch: Quatro Rodas, Cláudia, Realidade e Veja, na Abril.) Os bons profissionais eram disputados a tapa, como os craques de futebol nos tempos mais recentes. Foi assim que recebi uma proposta para assumir, em São Paulo, uma das quatro editorias principais da semanal de texto Veja, comandada por Mino Carta. Com toda a transparência, respeitando as regras do mercado, coloquei a Bloch a par da oferta e manifestei meu desejo de permanecer no Rio, caso a empresa cobrisse a proposta da Abril. Mas nada aconteceu, tudo o que me ofereciam era um hipotético aumento a partir do fim do ano, quando fosse lançada a mensal Pais e Filhos, da qual eu seria o editor, logo eu, que detestava crianças... Pedi demissão e me mudei para São Paulo, onde, por um ano e meio, participaria da grande aventura cultural que foi o lançamento da Veja, naquela época de intensa confrontação política. 

A China continuava nas manchetes, eu esperava que o livro saísse a qualquer instante. Por volta de maio de 1968, fui procurado em São Paulo por Alcídio Mafra, responsável pela edição de livros na Bloch. Avisou-me que Adolpho se recusava a lançar Mao e a China, considerava-me um traidor por ter ido trabalhar na Abril. Alcídio havia convencido Adolpho do prejuízo que representavam aquelas duas toneladas e meia de livros ocupando espaço na gráfica de Parada de Lucas e sugeriu que repassasse Mao e a China para outro editor. O primeiro a se apresentar, lépido de fagueiro, foi o Hermenegildo, embora o livro fizesse a propaganda do comunismo chinês e ele fosse amigo de muitos generais da cúpula da ditadura. Quando Ernesto Geisel foi escolhido para a Presidência em 1974, ele foi apresentado à imprensa num almoço no sítio de Hermenegildo em Itaipava.  

 – O Muggiati me deu sorte com o Sexus, vou publicar o livro dele.

Mao e a China ainda não tinha capa, Hermenegildo topou minha sugestão de que fosse desenhada por minha mulher Lina, artista plástica. Ele mesmo escreveu as orelhas, num tom bombástico, afirmando que eu tinha entrevistado quatro vezes o Grande Timoneiro. Ora, todo mundo sabia que Mao Tsé-tung só deu na vida uma entrevista a um jornalista ocidental, o americano Edgar Snow, por ser redator do órgão oficial do Partido Comunista Norte-americano. 


O crítico Leo Gilson Ribeiro, Roberto Muggiati, Hermenegildo e Nádia de Sá Cavalcante.

Mas o negócio do Hermenegildo era vender livros e isso ele sabia fazer. Resolveu lançar Mao e a China numa noite de autógrafos durante a inauguração da filial da sua editora em São Paulo, localizada justamente na Rua Maria Antônia, o foco das agitações estudantis em 1968. O braço direito de Hermenegildo na filial paulistana da Gráfica Record era o jornalista Walter Fontoura, então o manda-chuva do Jornal do Brasil em São Paulo.

Convidei Deus-e-todo-mundo da Abril para o lançamento. Coleciono até hoje dezenas de PSCs em que  os Civita, pai e filhos, e altos executivos da empresa, se desculpavam pelo não-comparecimento. (PSCs eram os bilhetinhos Para-o-Seu-Conhecimento, impressos pela Abril para estimular a comunicação entre seus profissionais) . A noite de autógrafos foi marcada para 9 de dezembro de 1968, uma segunda-feira. O Brasil vivia o momento crítico da confrontação direita-esquerda e do enfrentamento ao regime. A linha-dura militar resolveu dar um basta a tudo aquilo; na sexta-feira, 13 de dezembro, era decretado o AI-5. 

Yllen Kerr, da sucursal carioca de Veja, me telefonou aflito. O lançamento de Mao e a China no Rio fora cancelado:

– Por favor, Muggiati, nem pense em aparecer por aqui!

Mao e a China passou a figurar menos nas vitrines das livrarias do que nas mostras de material subversivo apreendido pelos órgãos de repressão. A partir daí, comecei a perder o contato com o Hermenegildo. Soube que em 1970 ele pagou, pela primeira vez, direitos autorais, muito a contragosto. O autor francês Jean Genet veio ao Brasil para o lançamento de suas peças produzidas em São Paulo por Rute Escobar. Tinha um dinheiro a receber da editora do Hermenegildo. Genet – um ex-presidiário que se tornou escritor de sucesso – era um homossexual brigão tipo Madame Satã que resolvia muita coisa na porrada. Muniu-se de uma sleeping bag e se instalou no suntuoso hall de entrada do edifício onde morava Hermenegildo. Em menos de duas horas era pago em dinheiro vivo e levantava acampamento.

Não sei como, com todo aquele dinheiro dos livros do Henry Miller, Hermenegildo faliu com a sua editora. Ou melhor, sei. Ele vivia à larga, sob a égide de Marcel Proust. Insinuante e com bons contatos, ainda jovem foi secretário comercial do Brasil em Paris, onde, segundo o Portal da História Cearense, “se aprofundou no estudo da obra de Marcel Proust, tornando-se vice-presidente da Société International des Amis de Proust.” Hermenegildo passou a ostentar esse lábaro com orgulho, publicou os livros Proust e o Brasil (1964); Quem foi e o que fez Marcel Proust (1966) e Marcel Proust - Roteiro Crítico e Sentimental (1972). Sua mania de Proust – e seu talento de lobista -legaram a  Rua Marcel Proust à cidade que por muitos anos adotou como sua. No número 201 funciona a Escola Municipal Juan Antonio Saramanch, considerada uma das mais avançadas do Rio. 

 Hermenegildo dava grandes festas no sítio de Itaipava, batizado de Combray, em homenagem à cidade fictícia de Em busca do tempo perdido. Promovia excursões aos locais da literatura proustiana, muitas vezes viajava em alto estilo com a mulher, Nádia, e as duas filhas pequenas, acompanhadas de aias (termo mais adequado do que babás ou baby-sitters...) Ele representava todos os valores que eu repudiava  (ou a falta absoluta de valores), principalmente seu compadrio com a ditadura militar. Morreu em 1995 em São Paulo, aos 68 anos. Ignoro os rumos que sua vida tomou depois da década de 1970. Mao e a China morreu com a falência da sua editora. Sexus seguiu vendendo bem ao longo de várias décadas e até hoje é procurado na Estante Virtual. Em 1980 ganhou nova tradução, de Sérgio Flaksman, na editora Schwarcz. 

A passagem do templo suavizou minha opinião sobre Hermenegildo. Até mesmo seus escritos – particularmente o Roteiro crítico e sentimental de Proust, que só procurei recentemente – não deixam de ter aspectos interessantes. Sua foto com a mão sobre meu ombro naquela sessão de autógrafos que se perde na noite dos tempos me faz lembrar hoje apenas o cearense cativante, verdadeiro mestre na arte da sobrevivência. 

sábado, 14 de março de 2020

Cuidado com os idos de março! • Por Roberto Muggiati


1954, Curitiba, Gazeta do Povo * Sentado à direita durante movimento que reivindicou melhores
condições de trabalho na redação.

1961, Berlim • Estudante de jornalismo em Paris, visitando o Muro, erguido quatro meses antes.



1964, Londres* No Serviço Brasileiro da BBC, com Floriano Parreira e Nemércio Nogueira

1968, São Paulo • na linha de frente da Veja, na extrema esquerda.

1977, Rio de Janeiro • O editor da Manchete e a brilhante equipe na famosa foto da Santa Ceia.

1986, Londres • Sempre repórter, no Palácio de Buckingham, cobrindo o casamento do Príncipe Andrew.

Ouvi a expressão pela primeira vez em Júlio César de Shakespeare, o filme de 1953, com Marlon Brando, dirigido por Joseph Mankiewicz.  Um vidente alertava César: “Cuidado com os idos de março!” A caminho do Senado. César passa pelo vidente e o provoca: “Os idos de março já chegaram”. O vidente, chamado Spurinna  –um arúspice que fazia adivinhações examinando as entranhas de animais sacrificados – replica: “Mas ainda não se foram...” Não deu outra: César é apunhalado por sessenta senadores, na conspiração liderada por Brutus e Cássio. Eu imaginava que os idos de março – pela forma plural da expressão – fossem o final do mês. Só muito tempo depois fiquei sabendo que os idos de março (em latim Idus Martiae, era um dia do calendário romano que correspondia a 15 de março, marcado por várias práticas religiosas e notável para os romanos como o prazo final para a quitação de dívidas.

Inadvertidamente, foi nos idos de março, dia 15, no ano de 1954, uma segunda-feira, que subi os 22 degraus do casarão na Praça Carlos Gomes, 4, em Curitiba, adentrando pela primeira vez a redação da Gazeta do Povo e iniciando uma carreira jornalística que fecha, neste turbulento 2020, 66 anos de muitas aventuras e emoções. Deixei a Gazeta em 1960 para estudar jornalismo em Paris durante dois anos; passei três anos em Londres no Serviço Brasileiro da BBC; de volta ao Rio em 1965, comecei uma temporada de 35 anos na Manchete, descontados os dois anos que passei em São Paulo na equipe inicial de Veja, em 1968-69.

Daqui para onde? Se eu viver mais alguns anos – com saúde sem motivo justo – em 2025, aos 88 anos, começo a superar os setenta anos de carreira de um jornalista esportivo paulista, de sobrenome Nicolino, morto recentemente aos 90, que detém o recorde internacional do Livro Guinness como o jornalista mais longevo na profissão.

Mas isso não chega a ser uma meta para mim.

O que conta são os dias que correm, um de cada vez, em que me ocupo de compartilhar com o próximo minha experiência como jornalista e cidadão – meu livro de memórias chama-se A vida é uma reportagem – esta gentil mistura de vida e escrita que supera todas as pedras do caminho.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Revista Veja é condenada em segunda instância por publicar reportagem falsa

A Veja perdeu mais uma causa na Justiça. Dessa vez, por plantar notícia falsa. A decisão em segunda instância é do Tribunal de Justiça de São Paulo, que condenou a revista a indenizar o ex-ministro da Saúde Alexandre Padrilha e sua mulher, Thássia Alves.
A matéria do jornalista da ultra direita Felipe Moura Brasil, foi publicada em 2015 sob o título "Farsa: Padilha turbina SUS para parto da filha! Petista dispensou plantonistas e chamou médicos de sua confiança”
Foi constatado que a reportagem era inteiramente mentirosa, fruto de invenção do repórter da Veja.
A notícia completa está na Rede Brasil Atual.

domingo, 20 de outubro de 2019

Carne artificial - Se a Veja tivesse esperado 35 anos não pagaria o mico do "Boimate": a mancada mais saborosa do jornalismo brasileiro

Reprodução

Na semana passada O Globo anunciou um novo colunista: Eurípedes Alcântara, ex-Veja. O jornal apresentou o articulista aos leitores e descreveu seu currículo. O próprio jornalista, ao comentar a nova função, contou que costuma se ligar em novidades que "realmente mudam o nosso dia a dia". Acrescentou que "pretende ser um antena para levar utilidades ao leitor". Nada mais inerente à condição de jornalista. Mas ter critério é sempre recomendável. E faltou um item importante no currículo.

Em 1984 Eurípedes se apressou a levar um novidade ao leitor e causou uma das maiores mancadas da revista Veja. O feito se tornou conhecido em redações e faculdades como o "Caso Boimate". Na ocasião, o agora colunista do Globo leu uma matéria da revista britânica New Scientist sobre um cruzamento de genes do boi com células do tomate e se empolgou com o "avanço científico". No texto, detalhou que o novo fruto, chamado "Boimate",  tinha "50% de proteína vegetal e 50% de proteína animal" e saudou a experiência dos cientistas: "permite sonhar com um tomateiro do que já se colha algo parecido com um filé ao molho de tomate".

O jornalista fechou a matéria e, enquanto a Veja era impressa, provavelmente dormiu embalado pela perspectiva de um mundo de "boimanga", "jabutivaca", "boicaxi" e outros frutos híbridos.

Soube-se depois que a reportagem original da revista New Scientist era apenas uma brincadeira de 1° de Abril, tradição na imprensa inglesa que Eurípedes levou a sério e fez a Veja pagar um dos maiores micos da história do jornalismo.

Em 2015, o ilustrador Paulo Nilson revelou no Facebook que desenhou mas não assinou a ilustração acima: achou a história tão fantástica que preferiu dispensar o crédito.

E Eurípedes Alcântara ficou com as subidas honras de segurar o "boimate" sozinho.

Se tivesse esperado uns 35 anos, o jornalista escaparia, em parte, da gozação. Recentemente, revistas científicas, fora do 1° de Abril, revelaram técnicas de produção de carne artificial a partir do cultivo de células animais em laboratórios.

Sem o delirante molho de tomate da Veja.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Veja fotografou Queiroz. Fica faltando agora uma nova hashtag: "Fala Queiroz!". Mas o caso não tem prazo para sair do freezer


Veja fez paparazzo do Fabrício Queiroz. Ele está em São Paulo, segundo a revista, vai regularmente ao Hospital Albert Einstein, onde faria tratamento contra um câncer no intestino. Embora a pergunta "Cadê  Queiroz" tenha se popularizado, o pivô de movimentação financeira suspeita - o escândalo da "rachadinha", que viveu 15 minutos de fama e foi esquecido - que envolve figuras do clã Bolsonaro não é procurado pela PF e muito menos pelo MP. A matéria é de observação, não há declaração do suspeito e o texto reconta o caso atualmente congelado em muitos graus abaixo de zero. Embora convocados, Queiroz, mulher, filhas e Flávio Bolsonaro não compareceram ao MP que, apesar disso, não denunciou o grupo pela recusa em depor.
De qualquer forma, Veja responde: aí está Queiroz. Falta agora viralizar uma nova hashtag: "Fala Queiroz!"

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Essa edição da Veja está sinistra, acredita? :"Anhangá", da "Sociedade Secreta Silvestre", ameaça tocar o terror no Brasil

Que a Veja tem um longo histórico de apostas inacreditáveis, basta consultar a coleção da revista. A capa da edição desta semana está agitando as redes sociais.

Aparentemente, na busca de uma exclusiva, os editores fizeram uma jogada de risco. Foram buscar na internet profunda, a chamada Deep Web, o "Anhangá", um sujeito que se apresenta como membro de uma organização terrorista que se intitula "ecoextremista" e atende pelo bucólico nome de "Sociedade Secreta Silvestre". Das profundezas digitais, ele denuncia um suposto plano da SSS para matar Jair Bolsonaro, Ricardo Salles e Damares Alves.

Um jornalista da revista alega ter feito contato com o terrorista através do ambiente da Deep Web que é irrastreável, o que também torna difícil, quase impossível, confirmar a fonte da informação. O "Deep Troath" da Veja diz que tem contato com uma organização terrorista internacional, a "Individualistas que Tendem ao Selvagem (ITS), que fornece know how ao braço brasileiro da multinacional do terror. "Anhangá" se diz preparado e vai botar pra quebrar. Queria, por exemplo, segundo a revista, atacar Bolsonaro logo na posse, mas adiou a ação por causa do forte esquema de segurança. Em vez disso, os "Silvestres"teriam  colocado uma bomba em uma igreja católica a quilômetros de distância do Planalto. Apesar da assessoria técnica do ITS, a artefato não explodiu, supostamente por falha no detonador. O que a igreja tinha a ver com as calças, o terrorista e a revista não explicam. Depois, apesar de "ecologista", a "Sociedade Secreta Silvestre" teria incendiado carros do Ibama,  precisamente a instituição que tenta defender o que resta da Amazônia e que, por isso, tem sofrido fortes pressões do atual governo. O terrorista e a revista nem tentam  explicar a contradição.

A Veja diz que a Polícia Federal está investigando os terroristas silvestres. Esperar que as autoridades botem a mão no Anhangá talvez seja a única chance de provar mais essa inacreditável e especulativa reportagem de capa da revista que agora pertence a executivos do mercado financeiro.

Até aqui, o fato faz lembrar dois momentos tão surpreendentes quanto ridículos do bravo jornalismo brasileiro. Um, tendo a própria Veja como protagonista, foi o famoso caso do "Boimate". Os editores da revista leram na britânica New Scientist uma piada publicada no Dia da Mentira, brincadeira comum adotada tradicionalmente pelos veículos locais. Só que Veja acreditou e reproduziu a matéria que dava conta de um fantástico feito científico: a fusão de células bovinas com tomates que resultaram em uma nova espécie, a Boimate. A vantagem, dizia a Veja, seria poder colher um dia um filé ao molho de tomate diretamente da horta. Depois de sofrerem merecida gozação, os editores pediram desculpas aos leitores.
O outro momento deep foi do programa do Gugu. Talvez por achar complicado entrevistar bandidos do PCC, a produção resolveu... produzir. Arrumaram dois mascarados que, entrevistados, deram uma lista de autoridades e jornalistas ameaçados de morte. A farsa foi desmascarada e o SBT multado.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

O que vai na mídia: os fatos e os atos...







Milhões de "imbecis" e "idiotas", segundo a visão do governo, ocuparam as ruas do Brasil. Das capitais às pequenas cidades. Por apoiar incondicionalmente o confisco da Previdência, parte da grande mídia praticamente ignorou manifestações anteriores contra o regime (aparentemente, para evitar marolas políticas que atrapalhem o novo "herói", o Guedes), mas dessa vez, pela amplitude, foi impossível. Um dos principais fato da semana estava nas ruas.


No mesmo dia do grande protesto que mirou os cortes brutais na Educação, a Veja fez grave revelação sobre o caso Flávio Bolsonaro ao publicar matéria exclusiva sobre um documento de 87 páginas onde o MP detalha suposta simulação de "ganhos de capital ficticios" (através de uma negociação massiva de imóveis) que encobririam “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos” da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Foi a segunda grande pauta da semana.
Apenas um jornal, o Estadão, deu a notícia em chamadas de primeira página. A Folha tangencia o assunto na primeira limitando-se à quebra de sigilo dos investigados. O Globo não deu espaço na capa e registrou o fato na 8, com menor destaque, sendo a matéria principal daquela página o pedido da defesa de Fabrício Queiroz para suspensão da quebra de sigilo. Caso aceito, esse pedido beneficiará o clã no poder. 

Os jornais devem alegar que a matéria sobre a suposta ficção imobiliária era exclusiva da Veja. Daí preferirem não dar moral à rival. Mas em épocas passadas reportagens da Veja, também exclusivas e com base em relatos vazadas da Lava Jato repercutiam amplamente nos jornais, na TV, no rádio e nas mídias digitais dos concorrentes.

Eram outros tempos. Agora, no mínimo, tais opções são curiosidades da edição.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Jornalismo com crachá: VEJA abre as portas da PF e espiona rotina de Lula na prisão...


Matéria de capa da Veja provoca reações nas redes sociais. Depois de barrar políticos, médicos e amigos com Leonardo Boff, a Justiça ou a PF liberam a entrada de um repórter da Veja no prédio onde Lula está preso. Aparentemente, o "mecanismo" que tornava possíveis vazamentos seletivos também abre portas e fechaduras. O próprio texto da reportagem explica que "o acesso é permitido somente a pessoas autorizadas" e descreve ultrapassagem de "barreira de "agentes fardados" e armados. Informações privadas do ex-presidente, incluindo supostos procedimentos médicos, foram fornecidas à revista.

ATUALIZAÇÃO EM 05/5/2018 
POLÍCIA FEDERAL DIVULGA NOTA EM QUE DESMENTE A VEJA. LEIA:

Nota de Esclarecimento:

Em relação à publicação, da revista Veja, em 04/05/2018, de matéria intitulada “A vida no cárcere”, assinada pelo jornalista Thiago Bronzatto, que trata da suposta rotina do Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência Regional da PF em Curitiba, esclarecemos que:

1. Minucioso exame das imagens de circuito interno de segurança permite verificar que o autor da matéria não teve acesso à área restrita ao Ex-Presidente.

2. Grande parte das informações constantes na reportagem são equivocadas e imprecisas. É absolutamente falso, por exemplo, que seja administrada insulina ao custodiado.

3. O jornalista esteve presente no edifício da Superintendência Regional recentemente, onde participou de uma reunião com um servidor que não possui relação com quaisquer procedimentos relacionados à custódia.

4. As circunstâncias que envolvem possível circulação do jornalista por outras alas do prédio, após a mencionada reunião, já estão sendo apuradas.


Comunicação Social da Polícia Federal no Estado do Paraná

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Capa da Veja revolta advogados da Lava Jato

por Flávio Sépia
A capa da Veja antecipada aqui na última sexta-feira, sobre advogados que estão ficando milionários no embalo das causas da Lava Jato provocou reações dos criminalistas.

O site especializado Conjur publica notas de Adriano Bretas, que aparece na capa fumando um charuto, e de Antonio Carlos Kakey, citado na matéria como sendo da "realeza" que cobra 10 milhões de reais por causa.

LEIA NO CONJUR, AQUI

terça-feira, 9 de maio de 2017

Hombre Mucielago e El Payaso denunciam: revista Veja faz blow job


por O.V.Pochê 

Uma dessas fontes paranormais não identificadas que o "jornalismo investigativo" costuma localizar - a vizinha de um desentupidor de privada de uma pessoa ligada ao sobrinho do Hombre Mucielago e ex-colega de colégio do El Payaso  -, revelou que a equipe da Veja teve que sair mais cedo rumo a Curitiba e não deu tempo criar uma capa original.

Sem problemas.

Por sorte, um estagiário que é fã da lucha libre mexicana, aquele telecatch remasterizado, coleciona cartazes de grandes embates, inclusive esse de La Pelea Eterna.

Resolvido.

Foi só pegar o poster do El Payaso e Hombre Mucielargo e chupar.

E todo mundo ficou liberado para a peregrinação da firma até Curitiba.

sábado, 31 de dezembro de 2016

Capa: a revista Veja aposta tudo na Nefertiti brasileira

A capa da Veja 


A imagem de Nefertiti, a "Esposa do Grande Rei" do antigo Egito.

por bqvMANCHETE

Nefertiti era mulher de Amenófis IV, o faraó que não devia ter sido.

Amen era carta descartada e só assumiu o poder porque o irmão mais velho, herdeiro legítimo, bateu as botas, melhor dizendo, as sandálias egípcias.

Nefertiti ganhou vários títulos, "Senhora de todas as mulheres", "Doce do Amor" e "Esposa do Grande Rei".

Deve ser por tudo isso que a Veja colocou na capa a senhora Temer em pose que sugere a antiga rainha do Vale do Nilo.

Já Amenófis era conhecido como "Touro Poderoso", "O  Que Leva As Coroas" e "Divino Regente".

Tensão da redação da Veja. Acima, o momento em que os jornalistas decidem
a importante e histórica capa da última edição de 2016. 
Por sua afinidade pública com o atual ocupante do topo da pirâmide política brasileira, Veja não deve tê-lo como o bovino destemido nem como o mero carregador de joias, mas deve achar que "divino regente" combina bem com o titular da dinastia que a revista espera prosperar no Planalto Central.

Não garanto, mas é possível, que o diretor de Arte da Veja divagasse em voo sobre as férteis margens do velho Nilo, como se fosse um drone dos sonhos, quando lhe veio à mente de artista a clássica imagem de Nefertiti.

Reparem na coincidência das linhas dos narizes, dos lábios, do suave maxilar e das sobrancelhas visíveis em Marcetiti e Neferla, perdão, entre a Marcela e Nefertiti.

Não há dúvida: essa edição de Veja deveria ter sido impressa em papiro.

Ou mumificada nos armários da ABI para consulta das futuras gerações.

É peça histórica que diz muito sobre a velha mídia, hoje.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Vaza na Operação Mobral - Revista cria um novo verbete: "exitou", supostamente de hesitar


por Holanda Aurélio Houaiss Buarque

Um vazamento da Operação Mobral revela que os passaralhos da Editora Abril podem ter atingido dois funcionários que antes atuavam nas redações: um deles tinha o apelido de "Português" e o outro atendia pelo codinome de "Ortografia".
Em matéria sobre o desdobramento do caso Fábio Porchat-Rita Cadilac - o apresentador pediu desculpas por ter sido grosseiro com a convidada do seu programa - a revista conta que, em sinal de paz, Porchat deu um beijo na lendária bunda da Cadilac.
Segundo o texto da Veja, Rita "exitou". Não se sabe se a intenção foi criar um novo verbo para nomear o "êxito' do beijo ou vagamente passou pela cabeça do sujeito dizer que Rita demonstrou dúvida, hesitou. O texto também erra o acento de derrière, mas aí é outro departamento fora da jurisdição da operação..
Aguarda-se um novo vazamento de depoimentos à força-tarefa da Operação Mobral para identificar o responsável.  Não vale "delassão" premiada

sábado, 23 de abril de 2016

Exclusivo: o que pensa, o que veste, o recato, a beleza e o que usa a mulher brasileira pós-golpe segundo a revista Scenna Muda

por Omelete
Estou há uma semana tentado descobrir quem é aquela mulher que a Veja apontou como símbolo da mulher brasileira, exemplo perfeito de bela, recatada e do lar.

Esqueçam Pagu, Leila Diniz, Olga Benário, Anita Garibaldi, Iara Iavelberg, Maria da Penha, Maria Quitéria, Zilda Ars, Bertha Lutz, Nise da Silveira e tantas outras indisciplinadas e despudoradas que tentaram ir além do cafofo. Elas perderam suas batalhas.

De onde a Veja teria tirado esse novo padrão da mulher pós-golpe?

Rodando em sebos de revistas no Centro do Rio encontrei a prova que faltava e o livreiro nem precisou fazer delação premiada. A matéria da Veja é inspirada em uma edição da revista Scenna Muda, de 1922. As brasileiras "bellas", recatadas e do lar estão lá fotografadas e descritas. Até os anúncios da revista são dirigidos às mulheres perfeitas do começo do século passado.

Essa mesma imaculada que a Veja - com um texto caipirinha -  se orgulha de resgatar agora como espelho para suas leitoras.

As revistas atuais têm especialistas que fazem permanentes pesquisas sobre audiência para conhecer seus leitores. Não se enganem: se a Veja vendeu tanto a imagem da mulher ideal, a nova mulher brasileira pós-golpe, é porque suas leitoras assim se identificam e é o que esperam e o que vão imitar. A isso se dá o nome de formação de opinião. Coisa fina. Não desdenhe do perfil das vencedoras.

Como contribuição desinteressada, retiro da Scenna Muda algumas fotos das perfeitinhas de 1922. Figurinos, penteados, produtos que consumia, está tudo aí.
O pessoal vitorioso já pode tirar a camisa amarela: o figurino da Scenna Muda é a moda.

Sugestão para adereço ideal para cerimônias de posse.

A mulher pós-golpe não dá mole em rede social, usa diário e desabafa, quando o faz, em forma de sonetos. É o máximo que se permite de rebeldia chique. Ela e o marido adoram se comunicar por cartas.

Nada de decotes. Só um par de joelhos e nada de mostrar as coxinhas.

A mulher pós-golpe tem "criadas" e se orgulha disso. 


Vai um cházinho? A mulher pós-golpe é solícita e se antecipa aos desejos do "maridão". Entende que ele pode estar cansado de conspirar, de ir a manifestações e de receber ordens, de ouvir os pedidos, de ser chamado de traidor. "Coitado!, vivo pra ele" - ela escreve sempre no diário.  

O maridão precisa relaxar. A mulher pós-golpe entende isso, ela o distrai com seus dotes musicais e o incentiva a "libertar o galináceo" (era a expressão da época para "soltar a franga"). 

Mesmo quando leva um puxão de orelhas, ela sorri. É de brincadeirinha.
A harmonia conjugal permite tais folguedos. 

A mulher pós-golpe também se diverte: na foto, ela ensaia um minueto baseado nas músicas de Chiquinha Gonzaga, perdão pela comparação, vai aqui só como uma referência da juventude, que era uma Anitta da época. Mas tudo isso no recato dos jardins da mansão, longe de olhares indiscretos e de vazamentos para a imprensa. 
A mulher brasileira pós-golpe não compartilha nada do que vê e ouve em casa. Consciente do seu papel, ela orienta as amigas  e as "criadas" para não falar pra ninguém sobre os assuntos de trabalho do maridão,  política, programa de governo, inquéritos, essas coisas de homem. 

A Veja ainda não divulgou se fará uma eleição da "Mais Recatada de 2016", mas, em 1922, a "Revista da Semana" anunciava  na Scenna Muda o seu concurso da "A Mais Bella Mulher do Brasil ".  Era, dizia a revista, para escolher "a joia mais perfeita da nossa raça". 

A mulher pós-golpe usa pó-de-arroz em doses hospitalares: parecer sempre mais branca é essencial
Finalmente, por entender que a mulher brasileira pós-golpe viveu momentos de tensão na Av. Paulista
e em Copacabana, a Scenna Muda recomenda o Amargo Sulfuroso do Dr. Kauffmanns. Cura nervosismo, fraqueza, urina turva, "venenos mineraes que permanecem em vosso organismo" e  até eliminam "botões desgraciosos
no rosto".